Igreja e Convento de São Francisco / Convento de Nossa Senhora da Conceição / Igreja de Nossa Senhora da Esperança
| IPA.00007357 |
Portugal, Portalegre, Castelo de Vide, São João Baptista |
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Arquitectura religiosa, maneirista, barroca e vernácula. Convento franciscano composto por igreja de nave única com capela-mor rectangular constituindo um espaço amplo, igreja salão, com púlpito, retábulo de talha dourada com colunas estriadas, decoração plana, camarim com trono eucarístico ao centro. Fachada principal barroca com portal e janelão com molduras graníticas ligados por duas aletas com nicho ao centro. Espaço interior e retábulo-mor de finais do século 16, do período contrareformista, assim como o lateral da Epístola; retábulo lateral da Epístola com colunas do mesmo tipo, embora o fundo tenha sido pintado a branco o que lhe confere um cariz popular; posteriores, do séc.17, são os elementos decorativos do remate semi-circular do retábulo e a pintura do medalhão representando Nossa Senhora da Conceição. Retábulo lateral do Evangelho da segunda metade do século 18, com elementos rocaille - curvas em ormolu, estípites, etc. - , policromado, a imitar mármores, com acrescentos posteriores, do século 19 como o sagrado Coração de Jesus. Retábulos das ilhargas do arco triunfal e respectivos altares, da mesma época do anterior, com decoração plana, estípites, cariátides, policromados a imitar mármores em tons de rosa e verde. Mausoléu oitocentista em mármore com brasão, de 1896. Apesar das transformações ao longo do séc.18 e séc.19, manteve o seu carácter de igreja do período contrareformista. Único convento franciscano em Castelo de Vide, edifício emblemático na história da cidade, encontrando-se associado a algumas das mais importantes famílias nacionais. A igreja funcionou como asilo de cegos tendo utilizado na altura métodos de ensino inovadores, à semelhança do que era feito no resto da Europa. |
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Número IPA Antigo: PT041205040039 |
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Registo visualizado 660 vezes desde 27 Julho de 2011 |
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Edifício e estrutura Edifício Religioso Convento / Mosteiro Convento masculino Ordem de São Francisco - Franciscanos (Província dos Algarves)
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Descrição
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Planta longitudinal composta por nave única, capela-mor rectangular com espaço do trono eucarístico por trás e torre sineira. Volumes articulados, massas dispostas na horizontal. Cobertura exterior diferenciada com telhado de duas águas sobre a nave, capela-mor e espaço do trono eucarístico. Fachada principal a N., de pano único, limitado por cunhais em granito; portal com moldura granítica, de linhas rectas, com duas pilastras com capitéis coríntios, lintel recto encimado por aletas que ladeiam nicho com uma imagem de Nossa Senhora, também em granito, sobrepujado por janelão com moldura no mesmo material, rematado por dois pináculos que ladeiam meia vieira côncava encimada por cruz, tudo em granito; remate com cornija saliente, em granito, encimada por frontão triangular com óculo ao centro e três cruzes nos vértices. Fachada lateral O. de três panos, o primeiro com dois registos, o inferior adossado a uma capela funerária paroquial e o superior rasgado por quatro óculos e uma janela rectangular; o segundo pano, mais baixo, rasgado por uma fresta; o terceiro, mais baixo ainda, liso; os segundo e terceiro panos estão também adossados a construções, mais baixas, que pertencem ao edifício do antigo convento; remate com cornija pintada a amarelo e beirado recto. Fachada lateral E. adossada à torre sineira e ao edifício do antigo convento franciscano e abrindo para o claustro. Fachada posterior orientada a S., com um pano rasgado por uma fresta, dando para um quintal. INTERIOR: Nave única, parede fundeira rasgada por porta protegida por guarda-vento em madeira; subcoro rectangular com cobertura plana em madeira; coro-alto assente sobre três arcos de volta perfeita pintados a vermelho que descarregam em quatro colunas com bases proeminentes, guarda corpos com balaústres de alvenaria rebocada a intercalar outros mais finos e espiralados em madeira; porta de ligação ao antigo convento e óculo do lado do Evangelho; janelão rectangular e outro óculo na parede fundeira. Nave circundada por embasamento pintado a azul; a iluminação é feita através de quatro óculos e uma janela rectangular em cada um dos lados da nave, além do óculo e o janelão do coro-alto; parede da epístola com dois panos, o primeiro rasgado por duas portas entaipadas onde ficavam os confessionários, com molduras rectas em granito, e o segundo com uma capela pouco profunda, com um arco de volta perfeita assente sobre pilastras adossadas à parede, em granito, com o intradorso pintado a amarelo, com elementos vegetalistas em várias cores e as letras MA sobrepostas no fecho do arco e uma pintura figurando um jesuíta com uma criança ao colo e duas sentadas no chão; na pilastra da direita, um retábulo em madeira dourada e policromada, com três colunas estriadas, capitéis coríntios e o terço inferior dourado e o resto do fuste pintado a branco; nos intercolúnios três nichos, o central mais elevado, assente sobre base decorada com elementos vegetalistas pintados a dourado e com uma moldura do mesmo tipo, friso com o fundo pintado a branco, decorado com elementos vegetalistas e querubins pintados a dourado; remate semi-circular também pintado a branco com elementos vegetalistas a dourado e pintura em medalhão central de Nossa Senhora da Conceição. Pano do Evangelho idêntico ao da Epístola mas com púlpito em madeira escura, quadrangular, assente sobre uma coluna e com dossel da mesma madeira, um brasão na parede e a porta de ligação ao claustro do antigo convento, com moldura recta em granito no primeiro pano; no segundo pano um retábulo dourado e policromado, a imitar mármores em tons de rosa, verde e azul, com o intradorso pintado com elementos vegetalistas, duas estípites adossadas, um nicho central coroado por um querubim e remate semi-circular com Nossa Senhora da Conceição ao centro, em madeira entalhada e policromada, encimada pelo Sagrado Coração. Cobertura da nave em abóbada de berço e abóbadas cruzadas até um terço, marcando tramos, cada um correspondente a um óculo, limitados por cinco arcos de volta perfeita em granito que descarregam em mísulas do mesmo material, embebidas na parede ao nível dos óculos. Pavimento em tábuas de madeira. Capelas colaterais em arcos de volta perfeita assentes em pilastras, em granito, a da Epístola com retábulo em madeira dourada e policromada a imitar mármores em tons de rosa e verde, com nicho central, decorada com elementos vegetalistas cariátides e querubins em dourado; altar em madeira dourada e prateada com decoração profusa parcialmente tapado por um túmulo em mármore rosa e cinzento, assente sobre patas de leão, com um brasão na tampa, onde repousam os restos mortais dos fundadores do Asilo de Cegos de Nossa Senhora da Esperança, Dr. João Diogo Juzarte de Sequeira e Sameiro e sua esposa D. Helena Isabel de Barros de Castel-Branco Juzarte de Sequeira e Sameiro. Capela do lado do Evangelho idêntica mas sem túmulo. Arco triunfal igual aos arcos das capelas colaterais mas mais elevado. Capela-mor: planta rectangular com cobertura em abóbada de berço, sobre sanca envolvente, decorada com relevos em estuque, pintados de branco; pavimento em granito; embasamento pintado envolvente; parede da Epístola rasgado por uma porta com moldura recta, em granito, que actualmente se encontra encerrada por dar acesso à capela mortuária paroquial, e uma janela rectangular com moldura do mesmo material; parede do Evangelho rasgada por porta com moldura granítica, recta, de acesso a um vestíbulo que comunica com o claustro e com a torre sineira; retábulo-mor em talha dourada, sobrelevado, antecedido por cinco degraus, pentagonais, em granito; de planta concâva, em três planos, com quatro colunas coríntias estreadas, nos intercolúnios; ao centro, camarim profundo coberto por uma abóbada de berço, com trono eucarístico com quatro andares, dourado e policromado; lateralmente dois nichos sobrepostos; friso e cornija interrompidos pelo arco do camarim; remate semi-circular com pintura da estigmatização de São Francisco de Assis ao centro e a Anunciação no intradorso do arco do retábulo, com o Arcanjo São Gabriel, do lado direito e Nossa Senhora do esquerdo ladeando a representação de São Francisco; todo o retábulo-mor é decorado com elementos vegetalistas e querubins; altar-mor em granito, assente sobre quatro colunas estriadas; por trás da capela-mor fica o espaço ocupado pelo trono eucarístico ao qual se tem acesso por uma porta aberta no retábulo e que tem uma fresta rasgada na parede S.. |
Acessos
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Largo João José da Luz, junto à EN para Marvão (Estrada de São Vicente) |
Protecção
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Categoria: MIP - Monumento de Interesse Público / ZEP, Portaria n.º 513/2014, DR, 2.ª série, n.º 123 de 30 junho 2014 / Incluído na Área Protegida da Serra de São Mamede (v. IPA.00028261) |
Enquadramento
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Peri-urbano, encosta, isolada, com quintal e muro a S.. |
Descrição Complementar
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Utilização Inicial
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Religiosa: convento masculino |
Utilização Actual
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Religiosa: igreja |
Propriedade
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Privada: Igreja Católica |
Afectação
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Sem afectação |
Época Construção
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Séc. 16 / 17 / 18 / 19 |
Arquitecto / Construtor / Autor
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Desconhecido. |
Cronologia
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1585 - Gaspar de Matos e sua esposa Beatriz de Matos oferecem dinheiro para a construção do Convento de São Francisco; 05 Fevereiro - autorização para a Câmara doar mil cruzados para a construção de um convento de Recolectos Franciscanos, tendo Gaspar de Matos doado o terreno e mil cruzados; o resto da obra, orçada em 3 mil cruzados, seria paga com esmolas; 1589 - conclusão das obras de construção do convento; 1590 - concede-se o Padroado, a administração do convento ao povo, Câmara e vereadores, sendo o senhorio da Santa Sé; Séc. 17 - obras de remodelação; 1748 - obras de conservação e alteração nomeadamente da fachada onde se lê essa data; 1834 - extinção das Ordens Religiosas, ocupação do convento pelo Ministério da fazenda e pelo da Guerra; 1856 - o convento é posto à praça para ser vendido em duas fases; 1863 - fundação do Asilo de Nossa Senhora da Esperança no espaço do convento por João Diogo Juzarte de Sequeira Sameiro, esposo de Helena Isabel de Castel-Branco; 1896 - após a morte do irmão do fundador do Asilo, José Godinho Sameiro, a direcção do mesmo é entregue à Congregação do Coração de Jesus da Vila; no mesmo ano é erguido um mausoléu na igreja para onde foram trasladados os restos mortais do fundador do Asilo e sua esposa, Dr. João Diogo Juzarte de Sequeira e Sameiro e sua esposa D. Helena Isabel de Barros de Castel-Branco Juzarte de Sequeira e Sameiro; 1987 - criação da Fundação de Nossa Senhora da Esperança, actual administradora e proprietária do edifício; 1997, 14 janeiro - Despacho de abertura do processo de classificação pelo vice-presidente do IPPAR; 2001, 23 fevereiro - proposta da DRÉvora para classificação como Imóvel de Interesse Público; 2003, 07 maio - parecer favorável do Conselho Consultivo do IPPAR; 26 maio - Despacho de homologação da classificação como Imóvel de Interesse Público pelo Ministro da Cultura; 2009, 30 setembro - proposta da DRCAlentejo de fixação da Zona Especial de Proteção; 2010, 25 outubro - nova proposta da DRCAlentejo de fixação da Zona Especial de Proteção; 2010, 15 dezembro - parecer favorável do Conselho Nacional de Cultura; 2013, 06 fevereiro - publicação do projeto de decisão relativo à fixação da Zona Especial de Proteção, em Anúncio n.º 57/2013, DR, 2.ª série, n.º 26. |
Dados Técnicos
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Estrutura mista |
Materiais
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Alvenaria rebocada; cobertura de telha; granito nas molduras dos vãos e pavimento da capela-mor; madeira no pavimento da nave. |
Bibliografia
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COELHO, Laranjo e PROENÇA, Raúl, Guia de Portugal, s.d.; GIL, Júlio, As mais Belas Vilas e Aldeias de Portugal, Lisboa, Verbo, 1984; KEIL, Luís, Inventário Artístico de Portugal - Distrito de Portalegre, Vol. 1, Lisboa, 1943; PEREIRA, Esteves e RODRIGUES, Guilherme, Portugal. Dicionário,1906; TRINDADE, Diamantino, Castelo de Vide. Arquitectura Religiosa, 1989; VITERBO, Sousa, Diccionario Historico e Documental dos Architectos, Engenheiros e Construtores Portuguezes ou a serviço de Portugal, Lisboa, Imprensa Nacional, 1904, vol. II. |
Documentação Gráfica
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IHRU: DGEMN/DSID |
Documentação Fotográfica
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IHRU: DGEMN/DSID |
Documentação Administrativa
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Intervenção Realizada
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Observações
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Autor e Data
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Helena Mantas e Marta Gama 2000 |
Actualização
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