Instituto Bacteriológico Câmara Pestana

IPA.00007287
Portugal, Lisboa, Lisboa, Arroios
 
Arquitectura científica, oitocentista. Complexo hospitalar e laboratorial de investigação, com disposição pavilhonada, projectado e construído de raiz. Segue um esquema geral de influência francesa, reflectindo os modelos desenvolvidos naquele país, que se traduzem em edifícios sóbrios e estritamente funcionais, com coberturas amansardadas e vãos de grandes dimensões, dispostos simetricamente, com molduras simples ou recortadas. Interior com soalho corrido à inglesa nas áreas administrativas, gabinetes e Biblioteca e o pavimento dos laboratórios em mosaico.
Número IPA Antigo: PT031106240448
 
Registo visualizado 3368 vezes desde 27 Julho de 2011
 
   
   

Registo

 
Edifício e estrutura  Edifício  Científico  Laboratório    

Descrição

Conjunto de vários pavilhões *1, dispostos regular e simetricamente a partir de um edifício central, que se destaca pela sua altura e tratamento dos cunhais e remates. CORPO PRINCIPAL, antigo edifício da administração, de planta rectangular simples, evoluindo em três pisos, com cobertura homogénea em telhado de quatro águas, amansardada e rasgada por trapeiras rectilíneas. Fachadas rebocadas e pintadas de bege, percorridas por soco de cantaria, com cunhais apilastrados da ordem colossal, tendo cada um dos pisos divididos por frisos de cantaria. Fachadas rasgadas por vãos dispostos de forma simétrica, todos eles rectilíneos e com molduras recortadas em cantaria, correspondendo, no piso inferior, a portas ou janelas de peitoril, que possuem meias-portadas exteriores de madeira pintadas de verde, e, nos superiores, a janelas de peitoril e ou de varandim, estas com guardas metálicas. As portas possuem duas folhas de madeira almofadadas, com bandeira vazada por envidraçado oval. O CORPO DO LADO ESQUERDO, antigo serviço de microbiologia e soros, é de planta rectangular simples, evoluindo em dois pisos e cobertura homogénea em telhado de quatro águas. Fachadas rebocadas e pintadas de rosa vivo, com soco de cantaria, cunhais do mesmo material e os pisos divididos em friso de cantaria, rematadas em platibanda plena. Fachada principal virada a E., rasgada por portal central, ladeado por ladeado por seis janelas de peitoril e, nos extremos, duas bíforas, todas com peitoril de cantaria e verga pintada de branco, que se prolonga sobre os vãos, formando uma linha quebrada equidistantemente. O esquema repete-se no segundo piso, surgindo, ao centro, uma janela de peitoril. Na base, surgem vários respiradouros rectilíneos, que são constantes em todas as fachadas. Fachadas laterais e posterior com janelas rectilíneas, semelhantes às da fachada principal. Os CORPOS DO LADO DIREITO, correspondente aos antigos laboratório e biblioteca, formam dois volumes rectangulares, articulados por pequeno corredor de ligação, com coberturas diferenciadas em telhados de duas e quatro águas. O corpo virado a E. tem dois pisos e é semelhante ao do lado esquerdo, sendo o corpo posterior de um único piso, mas com pintura do mesmo tom e vãos com o mesmo perfil. INTERIOR com paredes rebocadas e pintadas, tectos planos e soalho corrido, à inglesa, nas áreas administrativas, gabinetes e Biblioteca, sendo o pavimento dos laboratórios em mosaico. Junto à escadaria de acesso ao piso superior surgem dois vitrais idênticos, com motivos ornamentais a envolver as figuras dos dois pioneiros da investigação bacteriológica e sa criação de institutos, Louis Pasteur (1822-1895) e Robert Koch (1843-1910). No piso superior localizam-se a biblioteca e o laboratório. Existem laboratórios, um anfiteatro com estrutura de ferro e cadeiras em madeira com embutidos e a enfermaria, com a sua subdivisão por divisórias em caixilharia de ferro e vidro, com um alpendre em ferro fundido para abrigo das visitas.

Acessos

Rua do Instituto Bacteriológico; Rua Câmara Pestana; Rua do Forno do Torel

Protecção

Incluído na classificação do Campo dos Mártires da Pátria (v. IPA.00005967) e na Zona de Proteção do Ascensor do Lavra (v. IPA.00003040)

Enquadramento

Urbano, isolado, implantado num cume relativamente plano de uma das colinas da cidade de Lisboa. Ocupa parte de um quarteirão situado a O. da Escola Médico-Cirúrgica / Faculdade de Ciências Médicas (v. PT031106240449), correspondendo a uma vasta parcela ocupada pelo desaparecido Mosteiro de Santa Ana. Encontra-se rodeado por vias públicas, de que se separa por passeios pavimentados a calçada. Possui, no mesmo quarteirão, um edifício de construção novecentista. No exterior do edifício, está colocado um busto homenageando Luís da Câmara Pestana, da autoria de Leopoldo de Almeida e datado de 1926.

Descrição Complementar

Sob um dos pavilhões, existe uma cisterna com 7 m de altura, de planta rectangular, com tecto em abóbada de arco de volta inteira.

Utilização Inicial

Científica: laboratório

Utilização Actual

Devoluto

Propriedade

Pública: pessoa colectiva

Afectação

Sem afectação

Época Construção

Séc. 20

Arquitecto / Construtor / Autor

ARQUITECTOS: Joaquim Pedro Xavier da Silva; Pedro Romano Folque (1897). EMPREITEIRO: Virgílio Preto (1943). EMPRESAS: Alberto da Silva & Irmão (1950-1953); Construções e Reparações Eléctricas, Lda. (1953); Figueira, Simões & Silva, Lda. (1958); Sociedade de Fornecimentos Técnicos e Industriais - SOTECNA, Lda. (1950-1953). VITRALISTA: Oficina de Ricardo Leone (séc. 20).

Cronologia

1892, 29 Dezembro - Decreto a criar o Instituto Bacteriológico Português, apenas quatro anos após a criação do instituto de referência internacional na época - o Instituto Pasteur, de Paris - e no ano imediatamente seguinte aos congéneres de Berlim (Robert Koch) e Londres (Lister); foi patrocinado pela Rainha D. Amélia (1865-1951), permitindo evitar a ida a Paris receber curativo contra a raiva e criar um local onde se efectuassem as análises microbiológicas exigidas pela moderna higiene, com aplicação ao ensino e à prática da medicina; formação da biblioteca com as funções de complementar as suas três missões primordiais: ensino, investigação e serviço público em microbiologia e medicina experimental; 1897- início da construção do edifício, conforme plano de Pedro Romano Folque, que acompanhou o início da obra, tendo sido substituído por Joaquim Pedro Xavier da Silva, sobre o antigo Convento de Santa Ana, então demolido; 1911 - integra o complexo de edifícios pertencentes à Universidade de Lisboa, passando a funcionar como um estabelecimento anexo à Faculdade de Medicina; 1943 - abertura de uma nova porta para permitir a recolha de automóveis, nas cavalariças; 1946 - incêndio na chaminé da cozinha, mostrando-se necessário, no sentido de evitar novos focos, alargar e altear a chaminé - nesse mesmo ano a DGEMN diz fazer semelhante melhoramento aproveitando-se "a realização de obras destinadas à instalação de um laboratório químico" (DGP); 1949 - segundo o cadastro da DGP desta data, o conjunto é composto por um edifício de três pisos, onde funciona a secretaria, tesouraria, habitação do pessoal médico, um de dois pisos e com aproveitamento de água-furtada, onde funcionam laboratórios, gabinetes do pessoal técnico, sala de autópsias, biblioteca, sala e laboratório de bacteriologia e fotografia; num terceiro edifício, com dois pisos e aproveitamento de cave surgem serviços anti-rábicos e de soro e na retaguarda forno crematório em tijolo e ferro; num outro edifício, com um piso e aproveitamento de cave e águas-furtadas, funciona a zona de hospitalização e tratamento de difterias; um edifício com um piso, destinado a pestes; o antepenúltimo edifício é de um piso, onde funciona o pavilhão dos animais e de experiências; o penúltimo, com um piso e reaproveitamento de cave e sótão, onde estão instalados os serviços de inoculação de raiva e as cavalariças dos animais produtores de soro; existe, ainda, um barracão com duas divisões, construído de tijolo e coberto de telha, situado a N. do pavilhão onde se encontra instalado o laboratório geral; 1950 -1953 - adaptação de um pavilhão Laboratório de Preparação da Vacina BCG, com instalação de aquecimento e nova instalação eléctrica, obra adjudicada a Alberto da Silva & Irmão e à Sociedade de Fornecimentos Técnicos e Industriais - SOTECNA, Lda.; 1958 - 1959 - fornecimento de equipamento de laboratório de produção de tuberculina, pela empresa Sociedade de Fornecimentos Técnicos e Industriais - SOTECNA, Lda., com instalação de uma câmara estufa, câmara frigorífica, tratamento de ar, caldeira, zona de esterilização; aquisição de mobiliário para o laboratório; 1966 - despacho a definir a área do Campo dos Mártires da Pátria como uma zona com interesse patrimonial; séc. 20, década 80 - o edifício passa a ser menos utilizado com a mudança da Faculdade de Medicina para o Hospital de Santa Maria e a criação aí de áreas de microbiologia avançada; 1999, Julho - Agosto - demolição de dois edifícios, intervenção que veio a suscitar controvérsia por o imóvel se encontrar numa zona classificada e semelhantes obras não se encontrarem devidamente licenciadas, projecto este da responsabilidade da Universidade Nova de Lisboa; 2000 - na sequência deste acto é requerida a classificação do Instituto, sobretudo depois de ter sido redescoberta uma cisterna que se supõe pertencer ao antigo Mosteiro de Santa Ana.

Dados Técnicos

Sistema estrutural de paredes portantes.

Materiais

Estrutura em alvenaria mista, rebocada e pintada; cunhais, modinaturas, socos, balcões em cantaria de calcário; pavimentos de madeira; portas, portadas e caixilharias de madeira; janelas com vidro simples; cobertura em telha.

Bibliografia

Ministério das Obras Públicas, Relatório da Actividade do Ministério no ano de 1950, Lisboa, 1951; Ministério das Obras Públicas, Relatório da Actividade do Ministério no ano de 1955, Lisboa, 1956.

Documentação Gráfica

IHRU: DGEMN/DREL/DRC/DIE; DGP: uma planta de 1978/está fotocopiada

Documentação Fotográfica

IHRU: DGEMN/DSARH, SIPA

Documentação Administrativa

IHRU: DGEMN/REE-0095/15, DGEMN/CAM-0340/02, 0371/05, 0371/06, DGEMN/DREL-2011/07; DGP: Proc. n.º 21-LFB-F-30

Intervenção Realizada

PROPRIETÁRIO: séc. 20, início - restauro dos vitrais pela oficina de Ricardo Leone; DGEMN: 1943 - obras de conservação, realizadas pelo empreiteiro Virgílio Preto; 1953 - reparação da instalação eléctrica por Construções e Reparações Eléctricas, Lda.; 1968 - beneficiação da instalação de aquecimento e água, pela firma Figueira, Simões & Silva, Lda.; 1950 - obras de conservação e reparação pela Direcção Regional; 1955 - execução de obras de conservação no edifício, pela Direcção dos Serviços de Construção e Conservação.

Observações

*1 - esta ficha tem correspondência à ficha de inventário da Universidade de Lisboa (UL): UL_IBCP_IM001.

Autor e Data

Filomena Bandeira 1999 / Ana Pascoal, Catarina Teixeira (Universidade de Lisboa - UL) e Paula Figueiredo (IHRU) 2011 (no âmbito da parceria IHRU / UL)

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