Praça de Touros da Nazaré
| IPA.00007232 |
Portugal, Leiria, Nazaré, Nazaré |
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Arquitetura recreativa, revivalista. Praça de touros de 1ª. categoria, composta por dois corpos sobrepostos, o primeiro poligonal e o segundo circular, assente nos ângulos do polígono e sobre longas mísulas, constituindo uma planimetria pouco comum. No interior possui arena central circundada por bancadas, desenvolvidas ao nível dos dois pisos, no segundo integrando alguns camarotes e tendo guarda em ferro, com a cobertura assente em colunas. Apresenta características revivalistas neo-árabes, sobretudo nas janelas exteriores e no remate interior do segundo registo, com arcos trilobados, e nos vãos das bilheteiras, que procuram reproduzir arco trilobadas, mas, na verdade, são arcos deprimidos encimados por círculos. A praça de touros foi construída entre 1891-1987, ainda que desde o início do séc. 18 existam referências à realização de touradas e à construção de curros ou arenas de madeira para as festas de Nossa Senhora da Nazaré, erguendo-se nessa altura mais próximas do terreiro do Santuário e do Palácio Real que, até 1830, tinha um passadiço de comunicação a partir da varanda. |
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Número IPA Antigo: PT031011020024 |
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Registo visualizado 1083 vezes desde 27 Julho de 2011 |
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Edifício e estrutura Edifício Cultural e recreativo Praça de touros
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Descrição
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Planta composta por corpo térreo poligonal sobreposto por um corpo superior circular. Volumes escalonados com coberturas em telhados de uma ou duas águas, ou plana. Fachadas rebocadas e pintadas de branco, com faixa vermelha e os vãos igualmente sublinhados a vermelho. Onde se verifica a sobreposição dos corpos, o circular avança do poligonal e apoia-se em longas falsas mísulas ou nos ângulos do polígono inferior. A SO. fica a zona das bilheteiras, rasgadas por três vãos, em arco deprimido encimado por círculos, e parcialmente preenchidas com tijolo de vidro sobre placas de mármore, onde se abrem pequenos orifícios em arco deprimido. Sobre o vão central, abre-se já no segundo registo janela em arco trilobado. À esquerda das bilheteiras abre-se janela jacente, com tijolo de vidro e porta de verga reta, de acesso ao setor 1-2. Mais à esquerda ainda, e já protegido por muro, desenvolvem-se escada para o corpo circular, circundado por longo balcão, com guarda plena, e rasgado por portas de verga reta e janelas em arco trilobado. Para SE., abrem-se duas portas encimadas no corpo circular por janelas de arco trilobado, a primeira dando acesso ao setor 2. A NE. avança do segundo registo corpo retangular, que se apoio na muralha, criando passadiço inferior, rasgado por janela jacente. INTERIOR: arena central, com pavimento em areia, vedada por uma barricada de madeira, pintada de vermelho, aberta por burladeros, pintados com losangos, separada das bancadas por um corredor. A arena é circundada por bancadas, que se desenvolvem ao nível dos dois pisos, integrando no superior alguns camarotes. As coberturas assentam em colunas lisas, pintadas de amarelo e vermelho, que no segundo piso sustentam o remate da praça, formado por duplos arcos trilobados, e são interrompidas por uma varanda; o segundo registo tem ainda guarda em ferro, de perfil contracurvo. Sob o anfiteatro do primeiro piso, a praça é circunscrita por corredores de acesso às diversas entradas e pelo touril, com passagem exterior direta à zona de pesagem e a outros compartimentos e à arena. |
Acessos
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Sítio da Nazaré; Largo Praça de Touros; Rua dos Tanques |
Protecção
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Inexistente |
Enquadramento
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Urbano, adossado, no limite NE. do núcleo mais antigo do Sítio da Nazaré, adaptado ao declive do terreno e junto ao pano da muralha que circundava o Sítio, construída para proteção do Santuário contra a invasão das areias, e onde possui porta. A O. e a NE. tem adossado alto muro com portões metálicos de acesso. Para SO. desenvolve-se praça, delimitada enquadrada por casas de habitação. |
Descrição Complementar
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Os vãos das bilheteiras são encimados pela inscrição: "PUBLICIDADE / BILHETEIRAS / TICKETS" e a janela do segundo registo é pela inscrição "PRAÇA DE TOUROS / NAZARÉ". |
Utilização Inicial
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Cultural e recreativa: praça de touros |
Utilização Actual
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Cultural e recreativa: praça de touros |
Propriedade
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Privada: Igreja Católica |
Afectação
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Sem afetação |
Época Construção
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Séc. 19 |
Arquitecto / Construtor / Autor
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ARQUITETO: Francisco da Silva Castro (1891). MESTRE: Domingos Manuel Gomes (1839). |
Cronologia
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Séc. 18 - realização de corridas de touros durante as festas em honra de Nossa Senhora da Nazaré; como não existe uma praça de touros, anualmente são construídas arenas improvisadas no local das festas, no terreiro, perto do Santuário; 1712 - já se realizam corridas de touros durante as festas; 1758 - o curro dos touros é armado com madeira vinda do Engenho; 1775 - corte de madeira do Pinhal da Casa para a praça de touros; junho - feitura dos palanques e curro dos touros; 1788 - começa-se a utilizar a madeira do Pinhal para a casa dos palanques; 1790 - arma-se o palanque dos touros no terreiro, junto à fachada S. do palácio, que tem uma porta na varanda, onde hoje está uma janela, com um passadiço de acesso até ao palanque; 1793 - construção de uma nova praça de touros num novo sítio, vindo para ela muita madeira de Pisões e outras localidades; 1794 - vinda de Lisboa da ferragem para a praça; 1802 - desmancha-se a praça velha e constrói-se uma nova, com madeira do Pinhal Real, de onde vêm 482 cerneiros, por 1.000$000, e tendo o seu transporte custado 500$000; 1808, julho - franceses queimam a praça de touros, construída de madeira; 1822 - Dâmaso Xavier dos Santos, do Ribatejo, pede licença para reconstruir a praça de touros; 1823 - manda-se construir a praça de touros no local onde hoje se ergue, funcionando pela primeira vez ainda nesse ano; 1839 - forno de cal volta a cozer para as obras da praça de touros; de Leiria vem para observar a praça o mestre Domingos Manuel Gomes; 1840, 03 janeiro - colocação do primeiro prumo na praça e touros; até agosto - canteiros aparelham cantarias para a praça; Francisco José Gonçalves, da Pederneira, fornece grande quantidade de pedra para a praça; 1846, 27 agosto - resolve-se entregar a praça de touros pelo valor de até 20 moedas; 1858 - iniciam-se leilões com prévia publicação nos jornais, referentes à praça; 1859 - aterra-se a praça de touros, fazendo-se uma estacaria; 1861 - neste ano a praça rende 290$000; 1874, setembro - grande incêndio destrói a praça de touros, que depois é reconstruída em madeira; 1874, 08 setembro - realização de tourada muito concorrida na velha praça; 10 setembro - realização de uma outra tourada que fica na memória pela sua grande afluência; 11 setembro - poucas horas depois da tourada, dá-se um incêndio na praça que, apesar de todos os esforços e socorros das autoridades civis e administrativas e da população, a reduz a cinzas em 2 horas; 12 setembro - o governador civil, Peito de Carvalho, manda dar uma ração de vinho a toda a força armada e aos policias que prestaram serviços na ocasião do incêndio e anuncia a intenção de mandar reedificar a praça de touros, mas com mais segurança, fazendo-se toda de pedra e cal, pois até essa data só o era até à altura dos camarotes; 1891 - o Ministério das Obras Públicas, a pedido da Real Casa de Nossa Senhora da Nazaré, manda o arquiteto Francisco da Silva Castro executar um projeto para a construção da atual Praça de Touros com lotação para cerca de 5000 espetadores; 1897 - inauguração da nova praça de touros no Sítio, com capacidade para 4.500 espetadores, sendo da responsabilidade da Confraria de Nossa Senhora da Nazaré; 1977 - divergência entre a confraria e a Associação Recreativa Planalto relativa à forma de arrematação da exploração da praça de touros, pois enquanto a Confraria pretendia um concurso público, a Associação Recreativa Planalto desejava a cedência por 3 anos, sem leilão; 1978 - acordo entre a confraria de Nossa Senhora da Nazaré e a Associação Recreativa Planalto passa pela criação de uma comissão para a gestão da praça; 1986 - construção de uma enfermaria na praça de touros. |
Dados Técnicos
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Sistema estrutural de paredes portantes. |
Materiais
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Estrutura de cantaria e alvenaria rebocada; elementos e placas de betão; portas e caixilharia de madeira; vidros simples e tijolo de vidro; barricada de madeira; elementos de cimento; cobertura de telha e em placa de betão. |
Bibliografia
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Confraria de Nossa Senhora da Nazaré. Boletim Informativo. n.º 1, agosto 2003; LEAL, Augusto Soares de Azevedo Barbosa de Pinho - Portugal Antigo e Moderno. Lisboa: 1875; PENTEADO, Pedro Manuel - Santuário da Senhora da Nazaré. Apontamentos para uma cronologia (de 1750 aos nossos dias). Lisboa: Edições Colibri; Confraria de Nossa Senhora da Nazaré, 2002; Praça de Touros, (http://www.cnsn.pt/portal/index.php?id=1179&layout=detail), [consultado em 07-05-2014]. |
Documentação Gráfica
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Confraria de Nossa Senhora da Nazaré |
Documentação Fotográfica
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IHRU: DGEMN/DSID, SIPA |
Documentação Administrativa
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Confraria de Nossa Senhora da Nazaré |
Intervenção Realizada
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PROPRIETÁRIO: 1789 - vários trabalhos de reparação na praça de touros; 1797 - pintura dos palanques dos touros; 1799 - pintura da praça e grande conserto da mesma; 1804 - reparação da praça de touros; 1842 - reparações na praça e conclusão da casa dos bilhetes com 200 tijoleiras; 1854 - reparações da praça de touros; 1945 - obras na praça de touros e colocação de uma boca de incêndio; levanta-se a trincheira e fazem-se duas retretes; 1947 - faz-se metade da placa sobre os curros; 1948 - construção do resto das bancadas em cimento, fazendo-se três em vez de dois assentos atuais; 1948 - grandes obras de remodelação nas chamadas da praça, feitas em alvenaria e cimento; 1949 - conclusão da obra das barreiras em alvenaria e cimento; feitura de um desenjauladouro anexo aos curros; construção de uma enfermaria e, sob ela, retretes e mictórios e desenjauladores da praça; colocação de extintores de incêndio; 1952 / 1953 / 1954 / 1955 / 1956 / 1959 - obras na praça de touros; 1961 - obras na praça; 1970 - instalação elétrica da praça; 1982 - estreia da iluminação noturna da praça de touros; 1988 - obras de beneficiação geral; 1995 - obras de pintura na praça de touros. |
Observações
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*1 - As touradas tiveram o seu apogeu com a influência do Juiz do Círio de Lisboa, o 2º Marquês de Marialva, D. José Tomás de Meneses. Quando o Círio de Lisboa chegava ao Sítio, era acolhido com grande entusiasmo pela população, sendo as touradas, eventos muito concorridos e pomposos. *2 - Atualmente a Confraria de Nossa Senhora da Nazaré aluga a praça de touros a uma empresa de espetáculos taurinos, realizando-se, em média, nove corridas por ano, sendo, por vezes, utilizada para outros eventos culturais, como concertos. |
Autor e Data
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Paula Noé 2014 |
Actualização
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