Palácio Ferreira Pinto Basto

IPA.00007131
Portugal, Lisboa, Lisboa, Santa Maria Maior
 
Arquitectura residencial, oitocentista. Palácio que tipologicamente oscila entre palacete e prédio de rendimento, dada a manutenção de algumas características da primitiva construção - designadamente, o tipo de implantação isolada e articulada com jardim, a definir quarteirão - e outras directamente resultantes das transformações que o mesmo sofreu, com vista ao desempenho de novas funções, nomeadamente hotel
Número IPA Antigo: PT031106200519
 
Registo visualizado 1977 vezes desde 27 Julho de 2011
 
   
   

Registo

 
Edifício e estrutura  Edifício  Residencial unifamiliar  Casa  Palacete  

Descrição

Planta em U, volumetria escalonada, cobertura efectuada por telhados a 3 e 4 águas. De 5 pisos (um deles apenas visível no alçado lateral E.), alçados em reboco pintado com soco e cunhais de cantaria, sendo a abertura de vãos predominantemente de verga recta com emolduramento simples de cantaria, a ritmo regular. No alçado principal a N., a organização da fachada surge em 3 corpos, defenidos não só pela diferenciação de tratamento dos vãos como pelo tipo de remate que exibem. Distingue-se módulo central, cujo embasamento, revestido com placagem de cantaria, se apresenta rasgado a eixo por portal de verga curva ladeado por 2 janelas de peito com guarda metálica. Os 2 pisos superiores exibem, cada um, 3 janelas de sacada de verga recta destacada, sobrepujada por apontamentos escultóricos relevados, servidas por varandim comum de base em cantaria e guarda em ferro fundido (destaca-se a janela central do andar nobre, sobrepujada por caixa de relógio). Quanto aos módulos laterais, idênticos, estes exibem vãos com tratamento e disposição análoga aos do módulo central, revelando-se contudo mais simplificados no 1º e 2º andar, aqui animados por janelas de sacada de verga recta destacada servidas individualmente por varandins. O edifício é superiormente rematado por cornija continuada, acima da qual se eleva, ao nível dos módulos laterais, um 4º piso - definido pela presença de janelas de sacada e rematado por platibanda em muro com pináculos nos extremos - interrompido, sobre o módulo central, por platibanda em balaustrada (ao nível da cobertura, registam-se 3 trapeiras). Os alçados laterais, a E. e O., exibem pano de muro animado pela abertura de fenestrações de peito, solução também observada no alçado posterior, composto por 3 corpos, com o central recuado, relativamente aos que o delimitam (excepto nos 2 últimos pisos dos corpos extremos, rasgados por janelas de sacada de verga recta recortada). INTERIOR: reconhece-se um eixo axial longitudinal (corredor com cobertura em abóbada de berço) articulado, nos extremos - coincidentes com os alçados principal e lateral - com átrios. No que respeita ao átrio principal, este permite o acesso a uma escadaria que se desenvolve contiguamente ao alçado E. e assegura a ligação a todos os pisos; quanto ao átrio posterior, o mesmo articula-se por meio de escadaria de lanços curvos convergentes com o jardim em terraço, e numa cota superior ao referido átrio. No lado S. da propriedade regista-se edifício anexo que delimita a zona arborizada e serve de apoio ao imóvel principal.

Acessos

Largo do Chiado, n.º 8

Protecção

Incluído na classificação da Lisboa Pombalina (v. IPA.00005966) / Incluído na Zona de Proteção do Aqueduto das Águas Livres (v. IPA.00006811) / Parcialmente incluído na Zona de Proteção do Castelo de São Jorge e restos das cercas de Lisboa (v. IPA.00003128) e na Zona de Proteção do Edificio na Rua Garrett n 102 a 122, Café A Brasileira do Chiado (v. IPA.00005957)

Enquadramento

Urbano. Ocupa um quarteirão de forma rectangular com frente para o Lg. do Chiado. A S. situam-se os teatros de São Luís (v. PT031106200506) e Nacional de São Carlos (v. PT031106200042), a O. situa-se a frente urbana na Rua António Maria Cardoso, pontuada no lado poente pelo edifício do antigo cinema Chiado Terrasse (v. PT031106150507) e Jardins do Palácio Quintela (v. PT031106150052), enquanto a E. se distingue no gaveto da Rua Paiva de Andrade com Largo do Chiado, os Armazéns Ramiro Leão. A fachada principal do edifício volta-se para o Largo do Chiado, cujo espaço fronteiro é marcado por uma área pedonal, sítio de estar (esplanada do café A Brasileira (v. PT031106270201) e de passar (acesso à estação de Metropolitano).

Descrição Complementar

No interior destacam-se os tectos de masseira de 4 salas do andar nobre (orientadas para o alçado principal) (*1), nomeadamente, a Sala do Conselho de Administração (antigo salão nobre), Sala da Direcção (antiga Sala da Música) e respectivas salas contíguas, cujas temáticas se integram no âmbito da mitologia antiga.

Utilização Inicial

Residencial: casa

Utilização Actual

Serviços: seguradora

Propriedade

Privada: pessoa singular

Afectação

Sem afectação

Época Construção

Séc. 18 / 19

Arquitecto / Construtor / Autor

ARQUITECTO: Porfírio Pardal Monteiro (1944-1950). PINTOR: Albino Moreira da Cunha (1944-1950).

Cronologia

1791 - construção do imóvel pelo negociante Francisco Higino Dias Pereira; 1801 - o edifício era propriedade da viúva de Francisco Higino Dias Pereira; 1802 - 1803 - o imóvel funciona como residência de João Lannes, depois duque de Montebelo, Ministro da França; 1805 - o palácio é residência do general Junot e da duquesa de Abrantes; 1808 - instala-se no edifício o quartel-general francês; 1809 - 1816 - funciona no imóvel o comissariado britânico; 1827 - passa a residir no palácio o industrial e comerciante José Ferreira Pinto Basto, fundador da fábrica da Vista Alegre; 1830 - aquisição do imóvel por José Ferreira Pinto Basto, o qual empreendeu uma campanha de obras transformadora e artisticamente enriquecedora dos interiores com a pintura dos tectos do andar nobre -, a fim de o converter na sua residência (e da sua numerosa família) e, posteriormente, o legou a seu filho José Ferreira Pinto Basto Júnior; 1833 - concluída a campanha de obras de transformação e enriquecimento do palácio pelo seu proprietário, recebendo o mesmo a visita do rei D. Pedro V por duas vezes nesse ano; 1843 - o edifício é sede do Banco do Porto; 1844 - 1848 - funciona no palácio o Hotel Peninsular ou da Península; 1854 - o imóvel instala-se a União Comercial; 1860 - funciona no edifício a sede do Banco Nacional Ultramarino; 1868 - encontra-se instalado no imóvel o Ministério do Reino; 1889 - neste ano instalam-se sucessivamente no palácio a sede dos Caminhos de Ferro da Beira Alta, do Hotel Mata e do Hotel Itália; séc. 19, final - Reinaldo Pinto Basto (filho de José Ferreira Pinto Basto Júnior) vende, em praça, o palácio ao comendador Nunes Teixeira; 1902 - o edifício é adquirido, pela quantia de 80 contos de reis, pela viscondessa, viúva, de Valmor, D. Josefina Clarisse de Oliveira, que depois o transmite, por legado testamentário, a sua afilhada D. Josefina de Herédia; 1913 - instala-se no andar nobre do palácio a companhia de seguros A Mundial, encontrando-se em funcionamento, noutra parte do imóvel a Associação Central de Agricultura; 1930 - 1945 - propriedade de D. António de Herédia; 1934 - colocação de seis tabuletas e duas águias na fachada principal do edifício; 1946, Outubro - a Associação Central de Agricultura deixa de ter instalações no edifício; 1947 - propriedade de Joana de Freitas Branco de Herédia; 1948 - o palácio encontrava-se integralmente ocupado pela companhia de seguros A Mundial; 1944 - 1950 - profunda campanha de obras de adaptação dos interiores às necessidades dos serviços da companhia de seguros, sob a direcção do arquitecto Porfírio Pardal Monteiro (1897-1957), mantendo-se na versão oitocentista apenas os compartimentos sociais do andar nobre, cujas composições pictóricas dos tectos foram restauradas pelo pintor Albino Moreira da Cunha (n. 1897); 1948-1972 - propriedade de Josefina Guedes de Herédia sobrinha da viscondessa de Valmor e proprietária de vários imóveis em Lisboa designadamente Largo do Chiado, n.º 8, Largo Conde Pombeiro, n.º 12, Campo dos Mártires da Pátria, n.º 49-50, Rua Ivens, n.º 43-45, Rua dos Sapateiros, n.º 87-95 e Rua do Carmo, n.º 23-27; 1990-1991 - o edifício é propriedade dos herdeiros de Josefina Guedes de Herédia (António Alberto Herédia de Bandeira.

Dados Técnicos

Estrutura autoportante

Materiais

Alvenaria mista, reboco pintado, cantaria de calcário, estuque, ferro forjado, madeira.

Bibliografia

PROENÇA, Raul, (dir. de), Guia de Portugal, Vol. I, Lisboa, 1924 ; CASTILHO, Júlio de, Lisboa Antiga. Bairros Orientais, 2ª ed., Vol. VIII, Lisboa, 1935 - 1938 ; ARAÚJO, Norberto de, Peregrinações em Lisboa, Vol. II, Lisboa, s.d. ; ARAÚJO, Norberto, Inventário de Lisboa, Fasc. IX., Lisboa, 1952 ; CASTILHO, Júlio de, Lisboa Antiga. Bairro Alto, 2ª ed., Vol. II, Lisboa, 1954 - 1966 ; COSTA, Mário, Chiado Pitoresco e Elegante, Lisboa, 1965 ; MACEDO, Luís Pastor de, Lisboa de Lés-a-Lés, 2ª ed., Vol. IV, Lisboa, 1968 ; COSTA, Fernando Marques da, Mundial Confiança 1913 - 1988, Lisboa, 1988 ; MOITA, Irisalva, (dir. de), O Livro de Lisboa, Lisboa, 1994 ; VALDEMAR, António, Chiado : o Peso da Memória, Lisboa, 1990 ; VALDEMAR, António, Chiado, in SANTANA, Francisco, SUCENA, Eduardo, (dir. de), Dicionário da História de Lisboa, Lisboa, 1994.

Documentação Gráfica

CML: Direcção Municipal de Planeamento e Gestão Urbanística, Arquivo de Obras, Procº nº 3953

Documentação Fotográfica

IHRU: DGEMN/DSID

Documentação Administrativa

CML: Arquivo de Obras, Procº nº 3953

Intervenção Realizada

PROPRIETÁRIO: 1879 - ampliação de duas furnas das chaminés; 1930 - reparação do telhado em virtude de um curto circuito ocorrido no salão da residência de Luísa do Carmo Pereira da Mota Ferreira, provocado pela humidade existente no tecto; 1937 - instalação de um letreiro luminoso; 1938 - obras de conservação interior e exterior; INQUILINO: 1939 - pinturas e retoques no tabuletão e dístico que ornamenta a fahcada principal; 1941 - instalação de aquecimento central; 1943 - construção de caixa e cabines de acesso ao ascensor; 1944 - instalação de ascensor no edifício; 1945 - reparações e pinturas interiores nas instalações da Sociedade de Ciências Agronómicas de Portugal ; alterações no 1º e 3º andar segundo projecto da autoria do arquitecto Pardal Monteiro; 1946 - obras gerais de beneficiação; 1947 - abertura de vãos de porta e montras no r/c para fins comerciais e obras interiores de conservação no 2º andar; 1948 - obras de beneficiação geral, conservação e restauro; alterações nas instalações da companhia de seguros A Mundial Confiança com a colocação de guarda-vento, demolição de paredes e chaminé da antiga cozinha, alargamento do hall e criação de gabinetes; 1949 - substituição do relógio existente na fachada principal; 1950 - cobertura do pátio interior; 1951 - obras gerais de beneficiação e conservação; 1955 - ampliação das instalações da companhia de seguros A Mundial Confiança; 1959 - obras de adaptação e remodelação; 1961 - modificações e ampliação dos escritórios da Mundial Confiança; 1964 - alterações e ampliações no 1º e 2º andar; 1972 - obras simples; 1976 - substituição das caixilharias originais em madeira por caixilhos de alumínio anodisado; 1984 - obras gerais de conservação e pintura dos paramentos exteriores e muros dos jardins; 1990 - medidas de segurança contra incêndios.

Observações

*1 - trata-se de decorações primitivas do 2º quartel do século passado.

Autor e Data

Teresa Vale, Maria Ferreira e Sandra Costa 2001

Actualização

 
 
 
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