Mosteiro de Santos-o-Novo / Recolhimento de Santos-o-Novo
| IPA.00007074 |
Portugal, Lisboa, Lisboa, Penha de França |
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Arquitectura religiosa, maneirista e barroca. Mosteiro das comendadeiras espatárias composto por claustro quadrangular maneirista, igreja joanina de planta rectangular, com entrada principal por fachada lateral, esquema obrigatório nos conventos femininos, perpendicular à ala E., com eixo interno, formado pela capela-mor, possuindo coro-baixo, coro-alto e sacristia adossada ao lado N.. Fachadas conventuais maneiristas, numa linha desenvolvida no período filipino, tomando como fonte o Mosteiro de São Bento, em Lisboa (v. PT031106170254), rasgadas por janelas de perfil rectilíneo com moldura de cantaria, algumas com grades, sendo circunscritas por duplas pilastras toscanas, único elemento de destaque na sobriedade das mesmas. O claustro de três pisos, dois com arcadas sobrepostas, assentes em pilares de cantaria e outro reentrante, formando terraço. As alas são profundas, com cobertura de berço com penetrações. Neste espaço, surgem várias capelas, com decoração do barroco nacional, caso da Capela de Nossa Senhora da Encarnação, onde surge o efeito de camarim, e rococó. Igreja barroca com cobertura em abóbada de berço e pavimento de calcários polícromos, formando motivos geométricos e flores estilizadas. Iluminação através de várias janelas em capialço. Decoração unitária, de talha, pintura, azulejo, embutidos de mármore florentinos e imaginária de madeira estofada, do estilo joanino. Retábulos com tribuna central, ladeada por colunas salomónicas e remate em sanefa, sendo o mor mais elaborado, com remate em frontão interrompido e anjos de vulto. Capela-mor decorada com painéis de talha com motivos florais e telas pintadas. Mosteiro de grandes dimensões, com igreja de amplitude mais modesta, ostentando vestígios da projectada galilé, sendo um dos raros exemplares que sobreviveram, mais ou menos íntegros, aos vários cataclismos naturais e à extinção das ordens religiosas. Celas de dimensões consideráveis, constituindo unidades habitacionais para as comendadeiras, correspondentes ao seu estatuto de não clausura, com as fachadas rasgadas por 365 janelas de perfil rectilíneo, correspondentes aos dias do ano. Capelas e oratórios claustrais situados nos ângulos, com acesso revestido a azulejo figurativo alusivo aos oragos ou com carácter cenográfico. Parte da cerca encontra-se, ainda, a envolver o conjunto. A capela-mor tem as mesmas dimensões da nave, encontrando-se separada por arco triunfal de madeira entalhada. O conjunto possui decoração unitária, de talha, pintura, azulejo, embutidos de mármore florentinos e imaginária de madeira estofada, do estilo joanino, formando um "bello composto", o mesmo se podendo apontar às capelas do claustro, com a sua decoração íntegra. Devemos destacar o efeito de camarim na Capela de Nossa Senhora da Esperança, com o tratamento da luz que entra de forma difusa pela janela da tribuna, iluminando o seu interior de forma mística, esquema recorrente no barroco nacional, de que se preservaram raros exemplares. Embora retiradas da sua ambiência, existem ainda várias esculturas dispersas, provenientes dos primitivos retábulos. |
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Número IPA Antigo: PT031106410143 |
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Registo visualizado 8205 vezes desde 27 Julho de 2011 |
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Edifício e estrutura Edifício Religioso Convento / Mosteiro Mosteiro feminino
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Descrição
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Planta composta por dois corpos justapostos, um deles dominante, o quadrado correspondente ao claustro, e outro rectangular, a igreja, perpendicular à ala E. do primeiro. Massas de tendência horizontal, com coberturas diferenciadas a 1, 2, 3 e 4 águas, sendo de terraço sobre as alas do claustro. As coberturas deste são rasgadas por várias janelas das águas-furtadas. IGREJA: de planta transversal, composta por nave, capela-mor com as mesmas dimensões, coro-baixo, coro-alto e sacristia. Fachada principal virada a S. dividida em cinco panos, marcados por contrafortes, rasgada por seis janelas rectilíneas com molduras de cantaria. No segundo pano, surge o portal de volta perfeita assente em pilastras toscanas e fecho volutado, enquadrado por pilastras jónicas sustentando frontão triangular. Vestígios da projectada galilé *3, onde são visíveis dois arcos de volta perfeita, entaipados e um que acede aos actuais recolhimentos. Fachada E. com dois contrafortes e remate em empena com cruz no vértice, surgindo pequeno óculo na zona superior. Fachada virada a N. tem adossada a sacristia, a torre sineira e outras dependências, sendo rasgada por seis janelas com moldura de cantaria. Fachada O. faz ligação à zona claustral através dos coros. INTERIOR: de uma nave que forma eixo longitudinal, com cobertura em abóbada de berço assente em cornija e pavimento lajeado. Os alçados dividem-se em três registos separados por cornija, o inferior decorado com oito painéis de azulejos azuis e brancos, com episódios da vida e martírio dos oragos da Igreja ( Veríssimo, Júlia e Máxima ) e os superiores com telas pintadas, o intermédio com cenas Cristológicas e as superiores com temática semelhante à dos azulejos. Ocupando os dois primeiros registos, surgem cinco capelas retabulares, inseridas em arcos de volta perfeita, de cantaria, apresentando estrutura semelhante. De talha dourada, planta recta, com tribuna ladeada por salomónicas sobre mísulas assentes em querubins e remate profusamente decorado com sanefa. Sobre a banqueta, existência de sacrário ladeado por volutas e coberto por cúpula gomeada, excepto o da Epístola junto ao coro-baixo, que possui a imagem de Santa Ana a ensinar a Virgem a ler. As capelas são dedicadas, no lado do Evangelho, aos Santos Mártires, Menino dos Atribulados, Nossa Senhora das Angústias e, na Epístola, Nossa Senhora da Piedade e Nossa Senhora do Carmo. No lado do Evangelho, púlpito quadrangular com acesso por porta de verga recta e guarda de mármores florentinos e na Epístola portal com guarda-vento, ladeado por duas pias de água benta concheadas. Arco triunfal de talha dourada, constituído por enrolamentos e, no fecho, o escudo real. Capela-mor com o altar sobre supedâneo, possuindo silhar e altar de mármores florentinos, com decoração fitomórfica, painéis de talha dourada sobre fundo verde, com elementos vegetalistas, concheados e cornucópias e duas telas enquadradas por molduras de talha, representando a recolha e transporte dos restos mortais dos Santos Mártires, intervaladas com duas janelas sobrepujadas por sanefa. Os silhares de mármores embutidos são rasgados por dois nichos, que servem de apoio ao culto. Retábulo-mor de planta côncava, com três eixos, o central com tribuna elevada e trono, surgindo na base dois nichos com imaginária a ladear um sacrário em forma de templete com colunas torsas e porta ostentando custódia e resplendor. Os eixos são divididos por salomónicas decoradas com elementos vegetalistas e, nos nichos laterais, com profusos concheados, surgem a Virgem e São José. O ático apresenta fragmentos de frontão, dois anjos na zona central e emblema, sendo o banco em embutidos de mármores florentinos. Sobre as portas que ladeiam o altar, de acesso ao trono, duas imagens de madeira estofada. No lado do Evangelho, um vão rectilíneo acede à sacristia, actualmente desactivada, mas que mantém o lavabo de mármore, decorado com volutas. Por baixo da capela-mor existe uma cripta, onde eram enterradas as comendadeiras. O coro-baixo, iluminado escassamente por três pequenas janelas, possui um oratório dedicado ao Crucificado, com talha dourada e policromada e, no coro-alto, subsistem fragmentos de silhares de azulejo policromo. A zona CONVENTUAL: desenvolve-se em três pisos em torno do claustro central, com as fachadas circunscritas por duplas pilastras toscanas e rasgadas por quinze janelas em cada um deles, com remate em cornija. À fachada E., adossam-se vários corpos e na S., aproveitando o declive do terreno, surge um piso inferior rasgado por nove portas de verga recta, uma delas de perfil abatido, e quatro janelas horizontais, com grades. Em cada ala interior, surgem treze tramos de dois níveis, compostos por arcada de volta perfeita assente em pilares com pilastras duplas, encimados por arquitrave de três faixas, friso liso e cornija, sendo cobertos por abóbada de berço com penetrações. O acesso ao andar superior é feito por escadaria na ala E., revestida com silhar de azulejo padrão, actualmente entaipada. Sobre as arcadas, surge um quarto andar reentrante, formando terraço, com volume mais elevado na zona E., marcando o local da antiga capela dos Santos Mártires. Em cada ala surgem quinze portas que dão acesso aos actuais recolhimentos e que constituíam as celas das comendadeiras, cada uma com cerca de cinco dependências, aparecendo, no inferior, um andar intermédio, marcado por igual número de janelas, e alguns oratórios e capelas, situadas nos ângulos das alas. No piso inferior, mantêm-se, na ala S., as capelas de Santa Isabel e o oratório de Santiago Maior, a Capela de Nossa Senhora da Encarnação, na ala O., do Senhor dos Passos, na N., e o oratório de Santiago Menor, na E.. Destas, distingue-se a Capela de Nossa Senhora da Encarnação, de planta rectangular, decorada com retábulo de talha dourada, com tribuna profunda, iluminada por janela, o que lhe dá efeito de camarim, ladeada por dois nichos com imaginária, tudo dividido por colunas torsas, que se prolongam no ático. Lateralmente, quatro painéis de azulejo azul e branco *4, sobreposto por quatro telas *5 e quatro lunetas, enquadradas por molduras de talha com decoração fitomórfica.Abóbada em berço, tem cartela central, representando a Virgem com o Menino, rodeada por acantos, festões, putti e emblemas com símbolos marianos. Capela do Senhor dos Passos de planta rectangular com retábulo de talha dourada com a imagem do orago, surgindo nas paredes laterais, silhar de azulejo azul e branco com seis painéis historiados com cenas da vida de Cristo e pequenos nichos entalhados, com imaginária alusiva à Paixão. A cobertura é em estuque. Nos pisos superiores do claustro mantêm-se vestígios das primitivas capelas dedicadas a Santa Bárbara, Santo António e São Francisco e São João Baptista, transformada em biblioteca. Na ala NE., o actual refeitório da Residência Pinto Peixoto, é decorado com medalhões trabalhados a estuque e pinturas e silhar de azulejo azul e branco. A quadra possui fonte central de onde partem acessos aos ângulos e à arcada central, rodeadas por buxos com desenho concêntrico. A igreja liga com o Claustro por uma dependência decorada com telas representando a Paixão de Cristo. |
Acessos
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Páteo das Comendadeiras (à Calçada das Lages) |
Protecção
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Categoria: IIP - Imóvel de Interesse Público, Decreto n.º 31/83, DR, 1.ª série, n.º 106 de 09 maio 1983 *1 |
Enquadramento
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Urbano, destacado, isolado. Implantado sobre pequena elevação de terreno, dominando o rio Tejo. Junto várias redes viárias e férreas. Dá-lhe acesso, a Calçada da Cruz da Pedra onde se localiza um dos portais, encimado pelas armas da Ordem de Santiago da Espada; o outro tem comunicação pela Calçada das Lajes. Ambos dão passagem ao Pátio das Comendadeiras, através dos quais se tem acesso à zona conventual. Encontra-se rodeado por uma parcela da primitiva cerca, a zona, actualmente, denominada Horta das Comendadeiras, outrora Cerca, tem acesso directo pelo Claustro; é um espaço murado, a norte do edifício, de planta rectangular; o eixo longitudinal, que estrutura formalmente a horta, culmina numa escadaria que dá acesso a um patamar arborizado sobrelevado, oferecendo uma perspectiva sobre o espaço da horta; esta apresenta uma retícula geométrica, ortogonal, definida por caminhos de terra batida e pelos canteiros; o elenco vegetal é representado por espécies arbóreas de carácter produtivo e ornamental e espécies arbustivas com características ornamentais. Ainda neste espaço, adossados ao edifício do convento, existem pequenos logradouros murados com acesso pelos compartimentos do Recolhimento *2. |
Descrição Complementar
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Os retábulos da nave possuem várias imagens de madeira estofada. No altar de Nossa Senhora das Angústias, surgem, a ladear uma tela representando a Virgem, São Pedro, São Paulo e, sobre a banqueta, o Menino Jesus e Santo António. Sobre o conjunto a imagem de Cristo entronizado. No altar do Menino dos Atribulados aparece a imagem do orago, rodeado por Santa Luzia e São João Evangelista, aparecendo, sobre a banqueta, a Virgem com o Menino. No altar dos Santos Mártires, as imagens de Veríssimo, Máxima e Júlia. No altar de Nossa Senhora do Carmo, surge a imagem do orago rodeado de D. Sancha Martins e São Gonçalo. Na ara deste, encontram-se as ossadas dos santos mártires Veríssimo, Máxima e Júlia, bem como da primeira comendadeira D. Sancha Martins. Na capela-mor aparecem, nos nichos sobre as portas de acesso ao trono, as imagens de São Leonardo e Santo Emídio. Os azulejos da nave têm, do Evangelho para a Epístola, a chegada dos Mártires a Roma, o Aparecimento do Anjo ordenando-lhes que regressem a Lisboa, a Chegada a Lisboa, Açoitamento, os Santos atirados à água. O painel junto ao coro, no lado da Epístola, não é visível, pois tem um confessionário encostado. Os restantes dois painéis ostentam as correntes e uma palma, símbolos de mártírio. Capela de Nossa Senhora da Encarnação apresenta medalhões no tecto com simbologia mariana: rosa, fonte, jardim fechado, navio, pomba e porta. Os azulejos representam David, Santa Ana, São Joaquim, Jessé e duas Primaveras, surgindo, nas telas, a Adoração dos Pastores, Visitação, Adoração dos Reis Magos e Circuncisão e, nas lunetas, o Nascimento da Virgem, Imaculada, Casamento da Virgem e Apresentação no Templo. A capela possui uma Anunciação em imagens de madeira, surgindo, ainda, os arcanjos Miguel e Rafael, Santo António e Santo Agostinho. No exterior, azulejo padrão. O oratório de Santa Isabel possui um enquadramento azulejar cénico, com drapeados e anjos-tocheiros, um retábulo de madeira policromada, com a imagem de Santa Isabel ladeada por São Benedito de Palermo e Santo António, e uma tela com a representação do Milagre das Rosas. A Capela do Senhor dos Passos ostenta várias imagens de barro, representando Nossa Senhora da Piedade, São João Evangelista, Santa Maria Madalena, Ecce Homo, Cristo preso à coluna, Santo Cristo, Senhor Sentado e Cristo Morto. Os azulejos ilustram a Adoração dos Pastores, Fuga para o Egipto, Apresentação de Jesus no Templo, Entrada em Jerusalém, Cerimónia da lavagem dos pés e Última Ceia, divididos por cariátides. Aparecem ainda dois serafins com símbolos da Paixão, temática que surge também a ladear a porta. O oratório de São Tiago Menor possui um pequeno retábulo de madeira policromada com a imagem do orago e, nas ilhargas, em estuque, a representação de Santa Emeresiana e Santa Isabel. No piso superior, as antigas capelas mantêm parte do seu revestimento azulejar, nomeadamente a de Santa Bárbara, surgindo na porta dois anjos a segurar uma custódia e uma palma, atributos dessa mártir. Na Capela de São Francisco e Santo António, a representação de ambos os santos e, na antiga Capela de São João Evangelista, surgem, no exterior, uma Anunciação e a Fuga para o Egipto, aparecendo, no interior, São João Baptista, São João com o Menino Jesus, Visitação, Nascimento de São João, Pregação de São João, São João entre os Gentios, Baptismo de Jesus e a Degolação do Santo. |
Utilização Inicial
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Religiosa: mosteiro feminino |
Utilização Actual
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Religiosa: igreja / Residencial coletiva: residência estudantil / Assistencial: lar |
Propriedade
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Pública: estatal (mosteiro) / Privada: Igreja Católica (igreja) |
Afectação
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Sem afectação |
Época Construção
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Séc. 17 / 18 / 20 |
Arquitecto / Construtor / Autor
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ARQUITECTO: Baltasar Álvares (atr., 1606); Mateus do Couto (1609-1617). ENTALHADOR: José Rodrigues Ramalho. PEDREIRO: Francisco Álvares (1617). PINTORES: André Gonçalves; António Machado Sapeiro; António Pereira Ravasco (atr.); Gregório Lopes (1540); Lourenço Nunes Varela; Marcos da Cruz; Miguel dos Santos. PINTOR de AZULEJO: Valentim de Almeida. OURIVES: Agostinho Belo (1624). |
Cronologia
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1490, 05 setembro - as comendadeiras da Ordem de Santiago de Espada abandonam o edifício de Santos-o-Velho, que até então ocupavam, e mudam-se para um outro na freguesia de Santa Engrácia, no local denominado Santa Maria do Paraíso, onde se ergue o Recolhimento Lázaro Leitão, sob a proteção do rei D. João II, sendo comendadeira-mor Catarina Nogueira; séc. 15, final - é nomeada comendadeira-mor D. Ana de Mendonça, mãe de D. Jorge, filho natural do monarca; séc. 15 - 16 - feitura de duas imagens de calcário, pelas oficinas de Lisboa e portal manuelino, actualmente no Museu da Cidade; 1513 - criação dos estatutos da Ordem, denominados de D. Jorge; 1540, cerca de - execução das pinturas do retábulo-mor por Gregório Lopes; 1551 - o recolhimento possui 24 professas e 15 noviças; 1580, 23 janeiro - o cardeal D. Henrique decreta que o mosteiro tenha continuamente 50 freiras professas, disponibilizando para o seu sustento a renda da vila de Canha e 3 mil cruzados das rendas de Santiago e Avis; 1579 - criados novos estatutos, denominados de D. Henrique, após a visitação de 1573; séc. 17, início - decide-se construir um novo mosteiro, nas imediações; o retábulo-mor é apeado e as tábuas que o compunham foram arrecadadas, provavelmente no coro-baixo, local onde aparecem referidas nos inventários de 1860 e 1894; 1605 - a Comendadeira-mor D. Ana de Lencastre, apresenta ao monarca as contas a aplicar à obra, dirigidas pelo provedor das obras reais, Gonçalo Pires Carvalho; 1606 - Domingos Ribeiro Cirne é nomeado para cobrar as dívidas aos credores das monjas, de forma a garantir financiamento para a obra; 1606, novembro - ordenada a feitura das traças do edifício, provavelmente executadas por Baltasar Álvares, arquiteto das Ordens Militares; 1609, 9 fevereiro - lançamento da primeira pedra do atual edifício, surgindo Mateus do Couto "como olheiro e apontador mor" (DGARQ/TT, Ordem de S. Thiago, liv. 10, fl. 270); 1612 - compra de terrenos a Francisco Álvares Varejão para a construção de pátios e casas exteriores; 1613, 28 janeiro - autorização régia para a compra de casas e quintal a Francisco Álvares Varejão para a execução do mosteiro e igreja; 1617 - Filipe III confirma Mateus do Couto como fiscal da obra; 1619 - contratado o mestre pedreiro Francisco Álvares; 1622 - D. Ana de Lencastre pede autorização ao arcebispo de Lisboa para reunir as suas relíquias numa cruz; 1623 - Mateus do Couto foi reconduzido no cargo de responsável pelas obras; 1624 - D. Ana de Lencastre oferece uma cruz-relicário, efetuada por Agostinho Belo, actualmente no Museu Nacional de Arte Antiga; 1627 - Filipe IV ordena a providência de uma sepultura comum, no coro-baixo, Sala do Capítulo ou claustro; reformulação da ordem de Santiago com base nos Estatutos de 1513; 1629 - as freiras transferem-se para o novo edifício ainda em construção; 1640 - Margarida de Sabóia, duquesa de Mântua, encarcerada em Santos-o-Novo, na sequência da Restauração; 1685 - conclusão do edifício, sendo comendadeira-mor D. Isabel de Castro; instituição da Capela de Nossa Senhora da Encarnação e ornamentação da mesma; séc. 18 - instituição da Irmandade de Nossa Senhora das Angústias; 1705 - instituição da Irmandade do Senhor dos Passos; 1708 - o recolhimento contava com 16 freiras professas, 16 senhoras recolhidas e 83 criadas; 1708, 23 março - a rainha D. Luísa de Gusmão ingressa na Irmandade da Bem Aventurada Virgem Maria da Encarnação, sediada na capela com este orago; 1730 - 1740 - realização da decoração da actual igreja; 1750 - alargamento dos estatutos da Irmandade do Senhor dos Passos; 1755, 1 novembro - o terramoto deixa o edifício inabitável, tendo o terceiro piso do claustro caído; seguem-se obras de reconstrução; 1773 - incêndio no edifício, tendo ardido os dormitórios, uma capela e a sacristia; 1793, 18 março - novo Regimento do Mosteiro, por ordem de D. Maria I; 1833 - D. Pedro ordena às religiosas que abandonem o edifícios e se refugiem dentro do perímetro das Linhas de Torres, tendo as religiosas partido para o Mosteiro da Encarnação; 1834 - apesar do decreto de expulsão das ordens religiosas, é permitido às comendadeiras de Santos-o-Novo permanecer no edifício; 1860 - realização do primeiro inventário aos bens do convento; 1894 - realização de um inventário do património do convento *7, mais completo que o inicial, efetuado por António Ramalho, Alfredo B. de Barros e Silvério António Marques *8; 1895 - mosteiro formalmente extinto, ainda que a última freira fosse viva, se bem que demente; 1899 - são efetuadas obras no mosteiro, por razões de saúde pública; séc. 20, 1ª metade - colocação de contrafortes na fachada S. da igreja, para escorar a abóbada; 1911 - instalação da Escola Primária Superior D. António da Costa; 1911, 22 agosto - as seis tábuas de Gregório Lopes, são recolhidas no Museu Nacional de Arte Antiga, representando Natividade, Adoração dos Reis Magos, Cristo no Horto, Deposição no Túmulo e Ressurreição *9; 1921, novembro - transferência dos objectos pertencentes ao convento, entre os quais doze imagens para o Palácio de Queluz e para o Museu Nacional de Arte Antiga; 1927 - instalação da secção masculina do Instituto do Professorado Primário; 1932 - instalação do Instituto Sidónio Pais para os filhos dos professores do ensino primário; 1936 - igreja e o recheio são entregues à Irmandade do Senhor dos Passos; 1997 - o Instituto Sidónio Pais fica integrado nos Serviços Sociais do Ministério da Educação; 1998, 17 junho - o Instituto Sidónio Pais passa a designar-se Residência Pinto Peixoto; 2001 - envio da tela a representar a Última Ceia para restauro, na qual se integravam 6 tábuas, provavelmente de um retábulo quinhentista, atribuível a Gregório Lopes. |
Dados Técnicos
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Paredes autoportantes. |
Materiais
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Alvenaria mista, cantaria de calcário, reboco pintado, ferro forjado, azulejos, talha dourada, embutidos de mármore. |
Bibliografia
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Lisboa: Oficinas Gráficas da Biblioteca Nacional, 1927; Regimento do Mosteiro de Santos da Ordem de Santiago da Espada, Lisboa, 1793; SANTANA, Francisco, Lisboa na segunda metade do século XVIII: plantas e descrições das suas freguesias, Lisboa, s.d.; SERRÃO, Vítor, O antigo retábulo renascentista pintado por Gregório Lopes na Igreja das Comendadeiras Espatárias de Santos-o-Novo, in Monumentos, n.º 15, Lisboa, Setembro 2001, pp. 48-55; SILVA, Olga Moreira da, Intervenção da DGEMN, in Monumentos, n.º 15, Lisboa, Setembro 2001, pp. 92-95; SIMÕES, J. M. Santos, Azulejaria em Portugal no Século XVIII, Lisboa, 1979; SOROMENHO, Miguel, Os grandes programas arquitectónicos filipinos para as Ordens Militares e o Mosteiro de Santos-o-Novo, in Monumentos, n.º 15, Lisboa, Setembro 2001, pp. 18-23; SOUSA, António Caetano de, História Genealógica da Casa Real Portuguesa, tomo XI, Lisboa, 1745-52; SOUSA, Tude Martins de, Comendadeiras de Santiago, in Arquivo Histórico de Portugal, vol. IV, Lisboa, 1940; TEAGUE, Michael, Convento de Santos-o-Novo, in Panorama: revista portuguesa de arte e turismo, série 3, n.º 22, Lisboa, Junho 1962; VITERBO, Sousa, Dicionário Histórico e Documental dos Architectos, Engenheiros e Construtores Portugueses ou ao serviço de Portugal, vols. I e III, Lisboa, 1899. |
Documentação Gráfica
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IHRU: DGEMN/DSID, DGEMN/DRELisboa/DRC/DIE/DEM; CML: DPC Arquivo do Arco Cego; CEDRU |
Documentação Fotográfica
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IHRU: DGEMN/DSID, DGEMN/DSARH; MNAA: DDF/IPM; CML: Arquivo Fotográfico Municipal, Museu da Cidade |
Documentação Administrativa
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IHRU: DGEMN/DSID, DGEMN/DRELisboa, DGEMN/DSARH; DGARQ/TT: AHMF, Convento de Santos-o-Novo, caixa 2001, capilha 5 e 6; Ordem de Santiago, liv. 10, fl. 270, Corpo Cronológico, parte 2, mç. 242, Mesa da Consciência e Ordens, mç. 12, l. 4; Ministério das Obras Públicas, caixa 443, processo n.º 23; Biblioteca da Ajuda: 51-V-71; 51-V-84; 51-VIII-6; 51-VIII-9 |
Intervenção Realizada
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Séc. 20, anos 30 - destruição de cinco capelas do segundo piso do claustro, devido às obras de readaptação para o Instituto Sidónio Pais; DGEMN: 1926 / 1929 - reparação de algumas moradias, casas individuais habitadas pelas senhoras do Recolhimento; obras de reparação na portaria e claustro; reparação no pavimento inferior do claustro; construção da rede de esgotos das águas pluviais; beneficiação das coberturas; 1930 - reparação e limpeza dos claustros e casas da entrada do edifício; 1931 / 1932 / 1933 / 1934 / 1935 / 1936 / 1937 / 1938 - reparação das canalizações de água no claustro; obras de limpeza de cantarias do claustro, frontarias, ante-coro e casa da entrada, caiação de paredes, reparação do pavimento de betonilha no claustro, trabalhos de consolidação da igreja; 1936 / 1937 - reparações gerais na igreja; arranjo da escada de acesso à torre sineira e do arco do cruzeiro; construção de dois alpendres para dar passagem para a sacristia e púlpito e para a igreja e torre sineira; 1941 - reparação dos estragos causados pelo ciclone ocorrido em fevereiro do mesmo ano; obras de conservação gerais nas coberturas; pavimentação do claustro e de algumas moradias, reparação de tectos e paredes e fornecimento de bancos de pedra para o claustro; 1942 - construção de um frontão sobre o portão principal; arranjo do muro de suporte e vedação da cerca; 1944 - demolição de coberturas e beirais; 1947 / 1948 / 1949 - reparações na igreja; ajardinamento do claustro; 1950 - restabelecimento de estuques e ornatos do coro da igreja; 1950 / 1951 - início da reparação da capela do Senhor dos Passos; reparações gerais em algumas moradias; 1957 / 1958 / 1959 - reparação de coberturas; arranjos exteriores em terrenos anexos ao recolhimento e fronteiros à escola comercial de Patrício Prazeres; 1952 / 1953 / 1954 / 1955 / 1956 / 1957 / 1958 / 1959 / 1960 / 1961 / 1962 / 1963 - reparações gerais no coro, sacristia, arco do triunfo e abóbada da torre, obras no Instituto; continuação da reparação da capela do Senhor dos Passos e em algumas moradias; 1961 / 1962 / 1963 / 1964 / 1965 / 1966 / 1967 / 1968 / 1969 - ampliação das instalações e obras de adaptação do quarto piso, reparação de cantarias e caixa da escadaria na secção masculina do Instituto ; 1964 - impermeabilização do piso inferior do claustro; limpeza e reparação do claustro, portaria e recolhimento; 1970 - obras de reparação na sacristia devido ao aparecimento de infiltrações; 1970 / 1971 / 1972 - reparação e beneficiação da sexta e sétima cave; construção da escadaria de acesso aos pisos superiores; obras de adaptação de uma moradia; colocação de uma rede de arame nas janelas da igreja; 1974 - obras para abastecimento de água a algumas moradias e substituição da rede de canalização à volta do claustro; obras de reparação na fachada, interiores da igreja e anexos do recolhimento; 1978 - instalação de um elevador junto à escadaria de acesso aos pisos superiores *10; 1979 - reparação do claustro e anexos do recolhimento; 1990 - reparação de danos causados nas instalações do recolhimento pela explosão de um contentor junto à Estação de Santa Apolónia; conservação das coberturas, com colocação de subtelha e telha de aba e canudo; substituição do zinco nas caleiras; reparações no refeitório; picagem e reposição dos rebocos do quarto piso; impermeabilização do claustro; remodelação das cozinhas e instalações sanitárias, com equipamento específico para idosos; ampliação da ala junto aos serviços administrativos; 1992 - reparação do salão de jogos / convívio do Instituto; 1993 / 1994 - restauro dos azulejos na zona de entrada do recolhimento; restauro dos painéis e do pavimento do alta-mor; reparação das arcadas do Instituto; 1998 / 1999 / 2001 / 2002 / 2003 - beneficiação das coberturas e das fachadas do terceiro piso do claustro, fectas ao Ministério da Educação, para transformação em quartos de estudantes, cada um com uma instalação sanitária e construção de instalações sanitárias comuns; 2004 - arranjo das caixilharias do Recolhimento; 2004 / 2005 - projecto e execução de remodelação da cozinha, refeitório e lavandaria; 2005 - conclusão da remodelação das duas últimas alas de quartos (sul e poente), pertencentes aos Serviços Sociais do Ministério de Educação. Foi adjudicado o fornecimento de mobiliário para a instalação dos estudantes na referida ala. |
Observações
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*1 - DOF:.. Convento de Santos-o-Novo, incluindo a Igreja, o claustro e as respectivas dependências. *2 - "Uma propriedade rustica, murada, sita junto ao edifício do convento, denominada - "a Cerca" composta de terra para horta, terra para semeadura e terra de sequeiro, com parreiras, oliveiras e diversas arvores de fruto, com quatro casas d'habitação, mas quasi todas bastante arruinadas, três poços com nora, funcionando, cinco tanques e outras tantas almacegas e officinas de agricultura; a qual propriedade se acha actualmente dividida, na direcção Nascente-Poente, por uma faixa de terreno expropriada pela Companhia das Águas para a canalização do Alviela." (descrição séc.19, ANTT: Arquivo Histórico do Ministério das Finanças, Convento Santos-o-Novo, caixa 2001, capilha 5 ). "He a fabrica tam magnifica que leva os olhos a todos os que nella a empregam, admirando a grandesa dos dormitórios, numero das janelas em os diversos andares, que multiplicados humas sobre outras fazem huma soberba e magestosa apparencia, logrando dellas as moradoras do mosteyro huma varia e deleytosa vista sobre o rio Tejo, em que nam falta nunca que ver pellas muytas embarcações que continuamente discorrem por elle, e quando da corrente do rio passam aos olhos à terra que fica da outra banda os empregam em muytas quintas e povoações que tem assento na margem fronteyra do rio e, estendendo a vista mays pera diante se descobrem largas campinas e levantados montes formando tudo huma muy agradável vista pera as moradoras do sumptuosissimo mosteyro de Sanctos, cuja fabrica está lançada em quadro, ficando no meyo delle um grandioso claustro que formam os muytos pilares que sustentam os arcos dos quatro lanços delle, e por cima das abobedas dos lanços de bayxo correm varandas, que tudo faz hum grandioso e suberbo claustro" (História dos Mosteiros, Conventos e Casas Religiosas de Lisboa, tomo II, Imprensa Municipal de Lisboa, Lisboa, 1972). "O centro é decorado com um jardim à francesa refrescado por um tanque circular no cruzamento das diásporas, que ficou a dever-se ao Dr. Pinto de Aguiar, director do Recolhimento." (Fernando Afonso de Andrade e Lemos, Santos-o-Novo: A Lenda do Masculino, in OLISIPO, Boletim do grupo "Amigos de Lisboa", II série, n.º 6, Junho de 1998). *3 - o plano primitivo compreendia, à semelhança do Mosteiro de São Bento, de 1598, uma igreja central, com galilé, presumivelmente com cinco arcadas, três naves, as laterais formando capelas intercomunicantes, transepto pouco saliente, com o cruzeiro em cúpula, ladeada por dois corpos conventuais de iguais dimensões, um correspondente ao actual e que, segundo alguns autores, se destinaria a albergar a vertente masculina da Ordem; a grandiosidade do programa foi contudo abandonada, optando-se por um único corpo conventual e uma igreja de dimensões mais modestas. *4 - a representação da Primavera baseia-se na gravura do flamengo Jacob Matham ( 1571-1631 ). *5 - a pintura copia algumas figuras das gravuras de Jacob Matham, Michel Dorigny e Simon Vouet. *6 - sede provisória da Paróquia de São Francisco. *7 - segundo este, existiam no claustro superior o altar de Nossa Senhora da Conceição, com esculturas do orago, de São Joaquim, Santa Ana, Menino Jesus e São Sebastião; na de Santo António, as dos Três Reis Magos e do orago, insertos em altar de madeira pintada com três nichos; a Capela de São João tinha retábulo de talha pintada de branco, com tribuna central; no coro, existiam os altares de Jesus, Maria e José, Nossa Senhora da Soledade, Nossa Senhora das Mercês e Nossa Senhora da Conceição, surgindo na escadaria do claustro o de Nossa Senhora da Luz; no oratório de Santa Isabel, existiam as imagens de Nossa Senhora da Salvação e São Domingos, além das que actualmente existem no local. *8 - Silvério António Marques possuía um estabelecimento de venda de imagens e obras de talha no Lg. do Convento da Encarnação. *9 - é possível que as tábuas existentes na Igreja de São João Baptista de Tomar sejam provenientes deste conjunto, representando a Última Ceia, Abraão e Melquisedeck, Missa de São Gregório e Apanha do Maná. *10 - a máquina do elevador foi trazida de um ascensor do Palácio Foz ( v. PT031106310083 ). |
Autor e Data
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Teresa Vale e Carlos Gomes 1994 / Aurora Carapinha e Paula Figueiredo 2001 |
Actualização
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