Igreja de São Francisco / Igreja da Ordem Terceira de São Francisco

IPA.00007065
Portugal, Viseu, Viseu, União das freguesias de Viseu
 
Arquitectura religiosa, barroca e rococó. Igreja franciscana, com nave única, coro-alto, capela-mor e sacristia, no mesmo enfiamento. Exuberância decorativa da fachada em detrimento de outros alçados. Fachada principal com portal central profusamente ornamentado, com janelões laterais e óculo superior. Sineira lateral com remate em coruchéu bolboso. Coro-alto sobre arco em asa de cesto, contendo órgão rococó dourado e policromado. Janelas em capialço, rematadas por frontão. Cobertura em abóbada de berço na nave e em cúpula na capela-mor. Púlpitos centralizados na nave. Profusão de talhas douradas, do estilo rococó. Painéis de azulejos historiados, alusivos à vida do Orago, inseridos em molduras policromadas.
Número IPA Antigo: PT021823240033
 
Registo visualizado 721 vezes desde 27 Julho de 2011
 
   
   

Registo

 
Edifício e estrutura  Edifício  Religioso  Templo  Igreja de Confraria / Irmandade  Ordem de São Francisco - Franciscanos Terceiros

Descrição

Planta longitudinal composta por nave e capela-mor, ligeiramente mais alta e estreita, tendo sacristia e dependências adossadas, de volumes articulados, com coberturas diferenciadas de duas, três e quatro águas. Fachadas rebocadas e pintadas de branco, com cunhais apilastrados, firmados por pináculos, embasamentos escalonados e remates em friso e cornija. Fachada principal voltada a NNE. com pórtico convexo, enquadrado por pilastras e encimado por brasão central com as armas da Ordem e rematado por frontão curvo. É ladeado por duas tarjas epigrafadas, de recorte polilobado. Dois janelões de arco em asa de cesto encimados por frontão triangular curvado e emoldurados por pilastras e avental de pingentes, ladeiam superiormente o portal. Em plano superior e centralizado, óculo quadrilobado com moldura de cantaria. Remate em empena recortada, com cornija e cruz no vértice. As pilastras são encimadas por fogaréus. À direita e em plano ligeiramente mais recuado, torre com três registos divididos por frisos, apresentando, no superior, sineiras de arco a pleno centro, uma em cada face. Remate em balaustrada com fogaréus nos ângulos e cobertura em coruchéu bolboso. Alçado lateral direito virado a NNO., marcado pelo corpo da torre, em plano mais saliente com dois óculos de arco abatido e frisos. Na zona da nave, dois janelões de arco abatido, tendo, no volume da capela-mor e, em plano superior, janelão quadrangular. Na sacristia, dois janelões rectangulares no piso térreo e três no superior. Alçado lateral esquerdo, voltado a ESE. com fenestrações no piso térreo, janela rectangular e outra dupla de sacada, no superior. Sobre o telhado, mansardas. Em plano mais avançado, corpo que se adossa à capela-mor, com janelão rectangular e três pequenas fenestrações. Lateralmente e no referido corpo avançado, três degraus dão acesso a porta emoldurada, ladeada por duas fenestrações, abre para divisão incaracterística comunicante com a sacristia, capela-mor, residência e Casa do Despacho. No piso superior, duas janelas de sacada. No corpo da capela-mor, janelão quadrangular e, no volume da nave, quatro degraus dão acesso a porta encimada por frontão triangular curvo. Dois janelões iguais e simétricos aos do alçado fronteiro. Alçado tardoz de construção moderna de planos e volumes diferenciados para residência conventual. Nesta zona, acede-se ao interior por porta alpendrada e situada no primeiro andar. Em plano mais recuado, o corpo cego da capela-mor. INTERIOR com fachadas rebocadas e pintadas de branco, com cobertura em falsa abóbada de berço de tijolo, rebocada e pintada, apoiada em cornija marmoreada. Silhares de azulejo azul e branco com molduras recortadas e policromas, com cenas da vida de São Francisco. A proteger a entrada axial, guarda-vento encimado por coro-alto de balaustrada assente em arco rebaixado, iluminado directamente pelas fenestrações da fachada principal. No centro da guarda do coro-alto, órgão de talha dourada e policromada. No lado do Evangelho, porta transversal, surgindo em ambos os lados, portas de acesso aos púlpitos, ambos de planta quadrangular, com bacia de cantaria e guarda de madeira pintada a fingir marmoreados, com cartelas douradas. Possuem baldaquino com remate bolboso, encimado por figura alegórica de vulto. Retábulos laterais de talha dourada e policromada, dedicados ao Calvário e ao Sagrado Coração de Jesus. No lado da Epístola, pequeno capela retabular, de talha dourada, dedicado a Santa Luzia. Arco triunfal a pleno centro ladeado por retábulos de talha dourada e policromada, dedicados a Santo António e a São Luís, rei de França, acede à capela-mor de planta octogonal, com cobertura em falsa cúpula de tijolo, rebocada e pintada. Nas primeiras faces, à esquerda e à direita, portas de tímpano triangular curvo, seguindo-se-lhe duas faces, fronteiras entre si, com janelão emoldurado, de frontão triangular curvo e avental com pingentes, um deles servindo de tribuna da Casa do Despacho. Nas faces seguintes, duas portas iguais às já referidas, de acesso à sacristia. Existência de quatro telas com molduras decoradas com acantos, enrolamentos e concheados, representando cenas alusivas a São Francisco e retábulo-mor de talha dourada e policromada com marmoreados fingidos, de planta côncava, com tribuna e trono, ladeado por duas colunas de capitéis coríntios, tendo nos fustes alguns concheados e elementos florais dourados, as interiores com festões e as outras com pendentes fitomórficos. No intercolúnio, mísula com baldaquino em cortina, com imagens de madeira. Remate com duplo frontão interrompido com anjos, fragmentos de frontão e espaldar decorado com as insígnias da Ordem Franciscana. Sacristia com retábulo de talha dourada, com pinturas alusivas à vida de Santo António. Sala do Despacho funciona no primeiro andar do anexo e abre directamente para a capela-mor. É coberta por tecto engamelado e tem as paredes revestidas com panos de Tunes, representando festas galantes e uma caçada ao veado.

Acessos

No Parque Aquilino Ribeiro, junto ao Rossio em Viseu. WGS84 (graus decimais) lat.: 40,656325, long.: -7,914530

Protecção

Incluído na Zona de Proteção da Capela de Nossa Senhora da Vitória (v. PT021823240007)

Enquadramento

Urbano, em superfície inclinada, isolado, implantado num vasto adro, antiga cerca do convento. Localiza-se no Parque Aquilino Ribeiro, antiga cerca do Convento de Santo António de Mançorim, com acesso por dupla escadaria de granito, de recorte curvo, que, formando patamar, conduz a outra de recorte polilobado, que acede a adro murado e gradeado. Confina com zona nobre da cidade.

Descrição Complementar

Retábulos laterais compostos por tribuna central pouco profunda, onde se insere imaginária, ladeado por estípides e pilastras, estas prolongadas em arquivolta semicircular. Tímpano decorado com resplendor. No sotobanco, sacrário. Apresentam policromia, fingindo marmoreados e decoração dourada com acantos, concheados e insígnias douradas. O do lado do Evangelho é dedicado a Cristo Crucificado; no fronteiro, o Sagrado Coração de Jesus. Altares colaterais com tribuna ladeada por colunas, sobrepujado por frontão interrompido com anjos e frontão de lanços. Elementos decorativos semelhantes aos anteriores. O "grande órgão" surge implantado no centro do coro-alto, com coreto saliente, formando mísula sobre o arco abatido. Composto por 3 castelos, o central proeminente, com 4 nichos intermédios sobrepostos, divididos por pilastras. Os castelos possuem gelosias vazadas em cortina, e os nichos em harpa, com elementos decorativos semelhantes. O instrumento possui coroa, resplendor, anjos músicos e urnas no remate. A caixa e coreto são marmoreados, com poucos elementos dourados, que surgem, sobretudo, na saliência da base do órgão e nas gelosias. Existência de flautas em leque. Cartela com a inscrição "HOC TEMPLUM FRAMCISCUZ / DEO TUA ? / CONDEIT EXTENSIS / O ? OS / ?"

Utilização Inicial

Religiosa: igreja de confraria / irmandade

Utilização Actual

Religiosa: igreja de confraria / irmandade

Propriedade

Privada: Igreja Católica

Afectação

Sem afectação

Época Construção

Séc. 18

Arquitecto / Construtor / Autor

CAIADOR: António João (1762-1770). CARPINTEIRO: Francisco Baptista; João Loureiro (1764). ENTALHADOR: António Almeida (1714-1715), Agostinho da Fonseca (1768-1769). José da Fonseca Ribeiro (1764-1770). ESCULTOR: Francisco Matos (1768-69); Manuel Machado (1769-70). ESTOFADOR: Manuel de Matos. FERREIRO: António Rodrigues Braga. MESTRE de OBRAS: Francisco José (1762). ORGANEIRO: Luís António dos Santos (1796). PEDREIROS: José Ribeiro, Alexandre Vaz, Pascoal Rodrigues e André Pereira Pinto, Inácio Pereira, Manuel Ferreira (1748-1766); António Mendes Coutinho (1757). PINTORES: Francisco de Almeida (1714-1716), Joaquim Ferreira (1737-1738), António José Pereira (séc. 19). PINTOR AZULEJO: Sousa Carvalho (atr.). PINTORES - DOURADORES: Manuel de Carvalho (1727), Leonardo José da Mota, Manuel de Almeida e Arcângelo de Almeida (1769), Manuel de Matos (1769-70), José António (1747-1769), Simão Pais (1739-40). SERRALHEIRO: Manuel Francisco (1762-1763). SIRGUEIRO: Francisco de Lemos (séc. 18). TAPEÇARIA: Fábrica de Tunes.

Cronologia

1557, 1 Novembro - a Ordem Terceira de São Francisco teve início numa das capelas do claustro da Sé, passando sucessivamente pela Igreja da Misericórdia e pelo Convento de São Francisco de Monte de Orgens; séc. 17 - execução da imagem do Senhor dos Aflitos; 1635, Maio - a Irmandade instala-se no Convento de Santo António de Mançorim; 1639, 11 Fevereiro - desde esta data era patrono da Ordem São Roque; séc. 18 - o sirgueiro Francisco de Lemos executou 3 frontais; 1714-1715 - feitura de um bufete pelo entalhador António Almeida por $400; 1714-1716 - pintura do retábulo e caixotões por Francisco de Almeida; 1728, Novembro - devido a problemas com os frades, transferem-se para a Capela de Santo Amaro, no Terreiro de Santa Cristina; 1737 - 1738 - pagamento de 1$200 a Joaquim Ferreira, pela execução de umas pinturas; 1739, Agosto - a Irmandade encontra-se sediada na Capela de Nossa Senhora da Vitória, cedida pelos cónegos da Sé; 1739 - 1740 - encarnação da imagem do Senhor dos Aflitos por Simão Pais, por 4$400; 1744, 11 Outubro - contrato com o mestre pedreiro Francisco de Sousa para a feitura da capela, que não se concretizou; 1746, 9 Abril - o bispo Júlio Francisco de Oliveira benzeu a primeira pedra da igreja, contribuindo com 480$000 réis para as obras; a obra de pedraria foi arrematada pelo mestre José Ribeiro, natural de Santiago de Poiares; 1747 - 1748 - pintura e douramento das insígnias da Irmandade e dos martírios da Paixão, por José António, por $440; 1748, 18 Agosto - o mestre passa as obras aos seus conterrâneos, Pascoal Rodrigues, Alexandre Vaz e André Pereira Pinto; 1749, 4 Setembro - devido à derrocada da obra, D. João V autoriza a cobrança, durante sete anos, do imposto sobre a carne e o vinho vendidos na cidade, para a continuidade das obras; 1757 - plano do edifício efectuado por António Mendes Coutinho, mestre pedreiro da Sé de Lamego; 1758 - 1759 - feitura de seis grades pelo ferreiro António Rodrigues Braga, por 2$100; 1762 - execução da abóbada por Francisco José; 1762-1763 - ferragens do sino e redes da casa do despacho pelo serralheiro Manuel Francisco; 1762 - 1770 - trabalha no local o caiador João António; 1763, 16 Janeiro - benção da Igreja pelo bispo D. Júlio Francisco Oliveira; 1764 - termina a obra da escadaria e balaustrada do adro, para a qual contribuíu o bispo D. Júlio com 6 mil cruzados, em cujos cunhais colocou a sua pedra de armas; 1764 - 1766 - feitura do pavimento e corredor das grades, pelo pedreiro Manuel Ferreia; 1764 - 1770 - execução dos retábulos, púlpitos e molduras pelo entalhador José da Fonseca Ribeiro, de Pinhanços, Seia, por 140$000; pintura dos painéis de azulejo, talvez da escola de Coimbra; execução das tapeçarias da Casa do Despacho na Fábrica de Tunes; 1767 - obra de carpintaria por Francisco Baptista; 1768 - execução das abóbadas por Inácio Pereira, da região da Maia, por 60$000 réis; conclusão das obras; 1768-1769 - acrescento do sacrário por Agostinho da Fonseca, por 5$100; execução da imaginária, as de Santo António e São Luís pelo escultor Francisco Matos, por 14$400, e estofadas por Manuel de Matos; 1769, 12 Setembro - contrato com Leonardo José da Mota, Manuel de Almeida e Arcângelo de Almeida para a pintura e douramento do retábulo-mor, por 200$000, com descrição minuciosa das cores a aplicar; 1769 - 1770 - o escultor Manuel Machado recebeu $120 por desmanchar o florão do tecto da igreja; 1773, 14 Junho - benção das imagens de São Pedro de Alcântara e São Benedito na Sé de Viseu; 1781 - execução do mobiliário da sacristia; 1796, 16 Junho - marcada escritura para a feitura do órgão com Luís António dos Santos, que não se concretizou por haver desacordos entre as várias partes; a obra seria feita por organeiro mais tarde; séc. 19 - António José Pereira pinta algumas das telas pintadas, para substituir as que se encontravam deterioradas, com temas da vida de São Francisco.

Dados Técnicos

Estrutura autónoma.

Materiais

Granito, rebocos, madeira, talha dourada e policromada, azulejos.

Bibliografia

VALE, A. Lucena, Viseu Monumental e Artístico, Viseu, 1949; Guia de Portugal, vol. III - II, Lisboa, 1985; ALVES, Alexandre, Igreja dos Terceiros de S. Francisco, Viseu, 1988; CORREIA, Alberto, Viseu, Lisboa, 1989; EUSÉBIO, Maria de Fátima dos Prazeres, Retábulos da Cidade de Viseu, in Beira Alta, vol. L, n.º 3, Viseu, 1991; ALVES, Alexandre, Artistas e Artífices nas Dioceses de Lamego e Viseu, 3 vols., Viseu, 2001.

Documentação Gráfica

IHRU: DGEMN/DSID

Documentação Fotográfica

IHRU: DGEMN/DSID

Documentação Administrativa

IHRU: DGEMN/DSID; Cartório da Ordem Terceira de São Francisco de Viseu; Arquivo Distrital de Viseu: Notas de Viseu ( n.º 565 - 72; 600 - 95 )

Intervenção Realizada

PROPRIETÁRIO: 1727 - conserto e pintura do esquife do Senhor do Enterro, por Manuel de Carvalho; 1764 - João Loureiro compôs os andores; 1768 - 1769 - arranjo das imagens de São Francisco e do Senhor dos Aflitos por José António, por $160; DGEMN: 1955 - assentamento dos degraus da escadaria principal.

Observações

Autor e Data

João Carvalho 1999

Actualização

 
 
 
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