Igreja de São Francisco / Igreja da Ordem Terceira de São Francisco
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Portugal, Viseu, Viseu, União das freguesias de Viseu |
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Arquitectura religiosa, barroca e rococó. Igreja franciscana, com nave única, coro-alto, capela-mor e sacristia, no mesmo enfiamento. Exuberância decorativa da fachada em detrimento de outros alçados. Fachada principal com portal central profusamente ornamentado, com janelões laterais e óculo superior. Sineira lateral com remate em coruchéu bolboso. Coro-alto sobre arco em asa de cesto, contendo órgão rococó dourado e policromado. Janelas em capialço, rematadas por frontão. Cobertura em abóbada de berço na nave e em cúpula na capela-mor. Púlpitos centralizados na nave. Profusão de talhas douradas, do estilo rococó. Painéis de azulejos historiados, alusivos à vida do Orago, inseridos em molduras policromadas. |
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Número IPA Antigo: PT021823240033 |
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Registo visualizado 721 vezes desde 27 Julho de 2011 |
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Edifício e estrutura Edifício Religioso Templo Igreja de Confraria / Irmandade Ordem de São Francisco - Franciscanos Terceiros
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Descrição
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Planta longitudinal composta por nave e capela-mor, ligeiramente mais alta e estreita, tendo sacristia e dependências adossadas, de volumes articulados, com coberturas diferenciadas de duas, três e quatro águas. Fachadas rebocadas e pintadas de branco, com cunhais apilastrados, firmados por pináculos, embasamentos escalonados e remates em friso e cornija. Fachada principal voltada a NNE. com pórtico convexo, enquadrado por pilastras e encimado por brasão central com as armas da Ordem e rematado por frontão curvo. É ladeado por duas tarjas epigrafadas, de recorte polilobado. Dois janelões de arco em asa de cesto encimados por frontão triangular curvado e emoldurados por pilastras e avental de pingentes, ladeiam superiormente o portal. Em plano superior e centralizado, óculo quadrilobado com moldura de cantaria. Remate em empena recortada, com cornija e cruz no vértice. As pilastras são encimadas por fogaréus. À direita e em plano ligeiramente mais recuado, torre com três registos divididos por frisos, apresentando, no superior, sineiras de arco a pleno centro, uma em cada face. Remate em balaustrada com fogaréus nos ângulos e cobertura em coruchéu bolboso. Alçado lateral direito virado a NNO., marcado pelo corpo da torre, em plano mais saliente com dois óculos de arco abatido e frisos. Na zona da nave, dois janelões de arco abatido, tendo, no volume da capela-mor e, em plano superior, janelão quadrangular. Na sacristia, dois janelões rectangulares no piso térreo e três no superior. Alçado lateral esquerdo, voltado a ESE. com fenestrações no piso térreo, janela rectangular e outra dupla de sacada, no superior. Sobre o telhado, mansardas. Em plano mais avançado, corpo que se adossa à capela-mor, com janelão rectangular e três pequenas fenestrações. Lateralmente e no referido corpo avançado, três degraus dão acesso a porta emoldurada, ladeada por duas fenestrações, abre para divisão incaracterística comunicante com a sacristia, capela-mor, residência e Casa do Despacho. No piso superior, duas janelas de sacada. No corpo da capela-mor, janelão quadrangular e, no volume da nave, quatro degraus dão acesso a porta encimada por frontão triangular curvo. Dois janelões iguais e simétricos aos do alçado fronteiro. Alçado tardoz de construção moderna de planos e volumes diferenciados para residência conventual. Nesta zona, acede-se ao interior por porta alpendrada e situada no primeiro andar. Em plano mais recuado, o corpo cego da capela-mor. INTERIOR com fachadas rebocadas e pintadas de branco, com cobertura em falsa abóbada de berço de tijolo, rebocada e pintada, apoiada em cornija marmoreada. Silhares de azulejo azul e branco com molduras recortadas e policromas, com cenas da vida de São Francisco. A proteger a entrada axial, guarda-vento encimado por coro-alto de balaustrada assente em arco rebaixado, iluminado directamente pelas fenestrações da fachada principal. No centro da guarda do coro-alto, órgão de talha dourada e policromada. No lado do Evangelho, porta transversal, surgindo em ambos os lados, portas de acesso aos púlpitos, ambos de planta quadrangular, com bacia de cantaria e guarda de madeira pintada a fingir marmoreados, com cartelas douradas. Possuem baldaquino com remate bolboso, encimado por figura alegórica de vulto. Retábulos laterais de talha dourada e policromada, dedicados ao Calvário e ao Sagrado Coração de Jesus. No lado da Epístola, pequeno capela retabular, de talha dourada, dedicado a Santa Luzia. Arco triunfal a pleno centro ladeado por retábulos de talha dourada e policromada, dedicados a Santo António e a São Luís, rei de França, acede à capela-mor de planta octogonal, com cobertura em falsa cúpula de tijolo, rebocada e pintada. Nas primeiras faces, à esquerda e à direita, portas de tímpano triangular curvo, seguindo-se-lhe duas faces, fronteiras entre si, com janelão emoldurado, de frontão triangular curvo e avental com pingentes, um deles servindo de tribuna da Casa do Despacho. Nas faces seguintes, duas portas iguais às já referidas, de acesso à sacristia. Existência de quatro telas com molduras decoradas com acantos, enrolamentos e concheados, representando cenas alusivas a São Francisco e retábulo-mor de talha dourada e policromada com marmoreados fingidos, de planta côncava, com tribuna e trono, ladeado por duas colunas de capitéis coríntios, tendo nos fustes alguns concheados e elementos florais dourados, as interiores com festões e as outras com pendentes fitomórficos. No intercolúnio, mísula com baldaquino em cortina, com imagens de madeira. Remate com duplo frontão interrompido com anjos, fragmentos de frontão e espaldar decorado com as insígnias da Ordem Franciscana. Sacristia com retábulo de talha dourada, com pinturas alusivas à vida de Santo António. Sala do Despacho funciona no primeiro andar do anexo e abre directamente para a capela-mor. É coberta por tecto engamelado e tem as paredes revestidas com panos de Tunes, representando festas galantes e uma caçada ao veado. |
Acessos
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No Parque Aquilino Ribeiro, junto ao Rossio em Viseu. WGS84 (graus decimais) lat.: 40,656325, long.: -7,914530 |
Protecção
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Incluído na Zona de Proteção da Capela de Nossa Senhora da Vitória (v. PT021823240007) |
Enquadramento
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Urbano, em superfície inclinada, isolado, implantado num vasto adro, antiga cerca do convento. Localiza-se no Parque Aquilino Ribeiro, antiga cerca do Convento de Santo António de Mançorim, com acesso por dupla escadaria de granito, de recorte curvo, que, formando patamar, conduz a outra de recorte polilobado, que acede a adro murado e gradeado. Confina com zona nobre da cidade. |
Descrição Complementar
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Retábulos laterais compostos por tribuna central pouco profunda, onde se insere imaginária, ladeado por estípides e pilastras, estas prolongadas em arquivolta semicircular. Tímpano decorado com resplendor. No sotobanco, sacrário. Apresentam policromia, fingindo marmoreados e decoração dourada com acantos, concheados e insígnias douradas. O do lado do Evangelho é dedicado a Cristo Crucificado; no fronteiro, o Sagrado Coração de Jesus. Altares colaterais com tribuna ladeada por colunas, sobrepujado por frontão interrompido com anjos e frontão de lanços. Elementos decorativos semelhantes aos anteriores. O "grande órgão" surge implantado no centro do coro-alto, com coreto saliente, formando mísula sobre o arco abatido. Composto por 3 castelos, o central proeminente, com 4 nichos intermédios sobrepostos, divididos por pilastras. Os castelos possuem gelosias vazadas em cortina, e os nichos em harpa, com elementos decorativos semelhantes. O instrumento possui coroa, resplendor, anjos músicos e urnas no remate. A caixa e coreto são marmoreados, com poucos elementos dourados, que surgem, sobretudo, na saliência da base do órgão e nas gelosias. Existência de flautas em leque. Cartela com a inscrição "HOC TEMPLUM FRAMCISCUZ / DEO TUA ? / CONDEIT EXTENSIS / O ? OS / ?" |
Utilização Inicial
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Religiosa: igreja de confraria / irmandade |
Utilização Actual
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Religiosa: igreja de confraria / irmandade |
Propriedade
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Privada: Igreja Católica |
Afectação
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Sem afectação |
Época Construção
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Séc. 18 |
Arquitecto / Construtor / Autor
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CAIADOR: António João (1762-1770). CARPINTEIRO: Francisco Baptista; João Loureiro (1764). ENTALHADOR: António Almeida (1714-1715), Agostinho da Fonseca (1768-1769). José da Fonseca Ribeiro (1764-1770). ESCULTOR: Francisco Matos (1768-69); Manuel Machado (1769-70). ESTOFADOR: Manuel de Matos. FERREIRO: António Rodrigues Braga. MESTRE de OBRAS: Francisco José (1762). ORGANEIRO: Luís António dos Santos (1796). PEDREIROS: José Ribeiro, Alexandre Vaz, Pascoal Rodrigues e André Pereira Pinto, Inácio Pereira, Manuel Ferreira (1748-1766); António Mendes Coutinho (1757). PINTORES: Francisco de Almeida (1714-1716), Joaquim Ferreira (1737-1738), António José Pereira (séc. 19). PINTOR AZULEJO: Sousa Carvalho (atr.). PINTORES - DOURADORES: Manuel de Carvalho (1727), Leonardo José da Mota, Manuel de Almeida e Arcângelo de Almeida (1769), Manuel de Matos (1769-70), José António (1747-1769), Simão Pais (1739-40). SERRALHEIRO: Manuel Francisco (1762-1763). SIRGUEIRO: Francisco de Lemos (séc. 18). TAPEÇARIA: Fábrica de Tunes. |
Cronologia
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1557, 1 Novembro - a Ordem Terceira de São Francisco teve início numa das capelas do claustro da Sé, passando sucessivamente pela Igreja da Misericórdia e pelo Convento de São Francisco de Monte de Orgens; séc. 17 - execução da imagem do Senhor dos Aflitos; 1635, Maio - a Irmandade instala-se no Convento de Santo António de Mançorim; 1639, 11 Fevereiro - desde esta data era patrono da Ordem São Roque; séc. 18 - o sirgueiro Francisco de Lemos executou 3 frontais; 1714-1715 - feitura de um bufete pelo entalhador António Almeida por $400; 1714-1716 - pintura do retábulo e caixotões por Francisco de Almeida; 1728, Novembro - devido a problemas com os frades, transferem-se para a Capela de Santo Amaro, no Terreiro de Santa Cristina; 1737 - 1738 - pagamento de 1$200 a Joaquim Ferreira, pela execução de umas pinturas; 1739, Agosto - a Irmandade encontra-se sediada na Capela de Nossa Senhora da Vitória, cedida pelos cónegos da Sé; 1739 - 1740 - encarnação da imagem do Senhor dos Aflitos por Simão Pais, por 4$400; 1744, 11 Outubro - contrato com o mestre pedreiro Francisco de Sousa para a feitura da capela, que não se concretizou; 1746, 9 Abril - o bispo Júlio Francisco de Oliveira benzeu a primeira pedra da igreja, contribuindo com 480$000 réis para as obras; a obra de pedraria foi arrematada pelo mestre José Ribeiro, natural de Santiago de Poiares; 1747 - 1748 - pintura e douramento das insígnias da Irmandade e dos martírios da Paixão, por José António, por $440; 1748, 18 Agosto - o mestre passa as obras aos seus conterrâneos, Pascoal Rodrigues, Alexandre Vaz e André Pereira Pinto; 1749, 4 Setembro - devido à derrocada da obra, D. João V autoriza a cobrança, durante sete anos, do imposto sobre a carne e o vinho vendidos na cidade, para a continuidade das obras; 1757 - plano do edifício efectuado por António Mendes Coutinho, mestre pedreiro da Sé de Lamego; 1758 - 1759 - feitura de seis grades pelo ferreiro António Rodrigues Braga, por 2$100; 1762 - execução da abóbada por Francisco José; 1762-1763 - ferragens do sino e redes da casa do despacho pelo serralheiro Manuel Francisco; 1762 - 1770 - trabalha no local o caiador João António; 1763, 16 Janeiro - benção da Igreja pelo bispo D. Júlio Francisco Oliveira; 1764 - termina a obra da escadaria e balaustrada do adro, para a qual contribuíu o bispo D. Júlio com 6 mil cruzados, em cujos cunhais colocou a sua pedra de armas; 1764 - 1766 - feitura do pavimento e corredor das grades, pelo pedreiro Manuel Ferreia; 1764 - 1770 - execução dos retábulos, púlpitos e molduras pelo entalhador José da Fonseca Ribeiro, de Pinhanços, Seia, por 140$000; pintura dos painéis de azulejo, talvez da escola de Coimbra; execução das tapeçarias da Casa do Despacho na Fábrica de Tunes; 1767 - obra de carpintaria por Francisco Baptista; 1768 - execução das abóbadas por Inácio Pereira, da região da Maia, por 60$000 réis; conclusão das obras; 1768-1769 - acrescento do sacrário por Agostinho da Fonseca, por 5$100; execução da imaginária, as de Santo António e São Luís pelo escultor Francisco Matos, por 14$400, e estofadas por Manuel de Matos; 1769, 12 Setembro - contrato com Leonardo José da Mota, Manuel de Almeida e Arcângelo de Almeida para a pintura e douramento do retábulo-mor, por 200$000, com descrição minuciosa das cores a aplicar; 1769 - 1770 - o escultor Manuel Machado recebeu $120 por desmanchar o florão do tecto da igreja; 1773, 14 Junho - benção das imagens de São Pedro de Alcântara e São Benedito na Sé de Viseu; 1781 - execução do mobiliário da sacristia; 1796, 16 Junho - marcada escritura para a feitura do órgão com Luís António dos Santos, que não se concretizou por haver desacordos entre as várias partes; a obra seria feita por organeiro mais tarde; séc. 19 - António José Pereira pinta algumas das telas pintadas, para substituir as que se encontravam deterioradas, com temas da vida de São Francisco. |
Dados Técnicos
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Estrutura autónoma. |
Materiais
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Granito, rebocos, madeira, talha dourada e policromada, azulejos. |
Bibliografia
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VALE, A. Lucena, Viseu Monumental e Artístico, Viseu, 1949; Guia de Portugal, vol. III - II, Lisboa, 1985; ALVES, Alexandre, Igreja dos Terceiros de S. Francisco, Viseu, 1988; CORREIA, Alberto, Viseu, Lisboa, 1989; EUSÉBIO, Maria de Fátima dos Prazeres, Retábulos da Cidade de Viseu, in Beira Alta, vol. L, n.º 3, Viseu, 1991; ALVES, Alexandre, Artistas e Artífices nas Dioceses de Lamego e Viseu, 3 vols., Viseu, 2001. |
Documentação Gráfica
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IHRU: DGEMN/DSID |
Documentação Fotográfica
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IHRU: DGEMN/DSID |
Documentação Administrativa
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IHRU: DGEMN/DSID; Cartório da Ordem Terceira de São Francisco de Viseu; Arquivo Distrital de Viseu: Notas de Viseu ( n.º 565 - 72; 600 - 95 ) |
Intervenção Realizada
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PROPRIETÁRIO: 1727 - conserto e pintura do esquife do Senhor do Enterro, por Manuel de Carvalho; 1764 - João Loureiro compôs os andores; 1768 - 1769 - arranjo das imagens de São Francisco e do Senhor dos Aflitos por José António, por $160; DGEMN: 1955 - assentamento dos degraus da escadaria principal. |
Observações
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Autor e Data
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João Carvalho 1999 |
Actualização
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