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Edifício e estrutura Edifício Residencial unifamiliar Casa Casa abastada
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Descrição
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Planta rectangular irregular com orientação N. / S., composta por vários corpos. Volumes articulados, subindo o edifício S. ligeiramente em relação aos restantes, com coberturas diferenciadas em telhados de águas múltiplas sobre beirais duplos e elegantes chaminés de lareira em alvenaria com tubos de folha pintados encimados por cata-ventos em forma de cavalos. Fachadas pintadas a rosa-velho e embasamento pintado a vermelho. Fachada principal virada a E., apresentando corpo principal avançado, demarcado por pilastras de alvenaria pintadas a branco, com 2 pisos e 5 vãos por piso; tem no piso térreo portas e janelas de guilhotina, com tapa-sóis de madeira fasquiada, e molduras a articularem-se com as varandas de sacada do piso superior; As molduras são de mármore branco continental com filete relevado exterior e lintel de balanço no piso superior; lambrequins e persianas fasquiadas no piso superior. Para o lado do mar, corpo mais baixo, com porta a E. e janelas a S. com molduras de cantaria regional no 1º piso, e, no 2º, varanda coberta por telhado de 2 águas assente em colunas pintadas a azul claro, articulado com corpo posterior oitavado de 2 pisos. Para o lado da serra, capela ligeiramente recuada, com portal de arco pleno e lintel, precedido por 3 degraus, e janelão superior ladeado por aletas, encimado por frontão triangular; remate em empena de cornija em cantaria regional com balanço e cruz. Para N., janela de sacada correspondente ao coro. Pequeno corpo da sacristia, ainda mais recuado e, articulado, corpo longitudinal de 2 pisos, mais baixos, com 7 vãos com portas e janelas com molduras de cantaria correspondentes ao edifício mais antigo. A fachada N. tem edifício mais recente, de 2 pisos com terraço. INTERIOR: no corpo principal, átrio ladrilhado com escadaria de balaustrada de madeira acedendo a ampla sala de recepção no corpo oitavado O., conduzindo à varanda revestida a azulejos da Fábrica do Rato, com as Fábulas de La Fonteine, decorada com bom mobiliário ao gosto inglês do séc. 18; comunicação por 3 largas portas, com molduras neoclássicas pintadas e douradas, ao corpo E., com ampla sala de jantar decorada no mesmo gosto; tectos de estuque sobre sanca relevada com aplicações, pintada e dourada; iluminação por lustres de cristal com pingentes. A capela tem pavimento de lajes, paredes com lambril de azulejos, dos finais do séc. 17, e cobertas por telas da feição popular; coro-alto com grade de fasquiado de madeira pintada, tecto de caixotão de madeira pintado, altar com magnífico frontal pintado a imitar entárcia, retábulo entalhado a emoldurar tela de Nossa das Angústias, ladeado por um conjunto de pequenos óleos dos Sécs. 17 e 18. No parque, junto à muralha sobre o porto, "Mirante de D. Guiomar", quadrado e de 2 pisos, tendo no térreo portal serliano para o lado do mar, encimado por varanda corrida de sacada assente em cachorrada, com acesso por 3 lanços de escadaria maneirista com corrimão e pilastras de cantaria; piso superior dotado de tecto de caixotão oitavado e pintado assente sobre pendentes e mísulas ainda ao gosto mudéjar. Sobre a muralha 2 "casinhas de prazer". |
Acessos
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Avenida do Infante; Parque de Santa Catarina |
Protecção
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Enquadramento
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Semi-urbano e sobre a orla marítima, integrado em amplo parque arborizado, com caminhos empedrados a calhau miúdo, e gradeado com ampla varanda sobre as arribas do porto. Confronta para O. através de muro com o complexo do Casino Parque Hotel, para E. com o parque que envolve a Capela de Santa Catarina (v. PT06220310033) e para N. com o antigo Asilo de Mendicidade e o Hospício da Princesa Dona Amélia (v. PT06220310085). |
Descrição Complementar
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Utilização Inicial
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Residencial: casa |
Utilização Actual
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Política e administrativa: edifício do governo regional |
Propriedade
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Pública: regional |
Afectação
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Época Construção
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Séc. 16 / 17 / 18 / 19 / 20 |
Arquitecto / Construtor / Autor
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Oficina de Gabriel del Barco ( azulejos da capela ); Arq. António Marques Miguel ( projecto de reabilitação, 1981 ). |
Cronologia
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1567 - planta de Mateus Fernandes refere um bloco residencial e um mirante sobre os arrifes da baía; 1661 - referência à propriedade do sargento-mor do Funchal Diogo da Costa do Quental acima de Santa Catarina e do "serrado das Amoreiras" de D. Sancho de Herédia; 1622, Abr. - instituição da capela de Nossa Senhora das Angústias pelo sargento-mor e sua mulher D. Mécia de Vasconcelos; 1650 - data provável da imagem da Senhora das Angústias; 1668, Out. - testamento do sargento-mor vinculando os seus "moios de trigo da freguesia do Bom Jesus de Ponta Delgada" ao morgado perpétuo com o encargo de duas missas rezadas todas as semanas na capela e nomeando seu herdeiro o sobrinho Diogo Valente do Quental; 1669, Jan. - falecimento do sargento-mor; 1669, Mar. - testamento de D. Mécia, nomeando seu herdeiro o sobrinho, Jorge de Andrade de Vasconcelos; 1692, Mar. - por seu falecimento, ficam herdeiras as suas irmãs Beatriz de Menezes, Bernarda de Vasconcelos e Serafina de Andrade e Vasconcelos; 1690 / 1700 - execução do retábulo da capela e dos azulejos; 1702, 12 Mai. - testamento de Serafina de Vasconcelos nomeando como herdeiro o seu sobrinho Francisco de Vasconcelos Bettencourt; 1705 - nascimento de D. Guiomar Madalena de Sá Vasconcelos Bettencourt Machado de Vilhena, filha de Francisco Luís de Vasconcelos Bettencourt e D. Mariana Inês de Vilhena; 1707 / 1709 - execução do frontal da capela pelo pintor frei Carlos de Brónio; 1709, 10 Dez. - falecimento de D. Serafina de Andrade e Vasconcelos, passando a posse do morgado das Angústias para Francisco de Vasconcelos Bettencourt; 1717, 4 Out. - por sua morte, os seus bens passam para o filho, pai de D. Guiomar; 1741, 29 Nov. - óbito de Francisco Luís de Vasconcelos Bettencourt, deixando como herdeira sua mulher e filhos; 1755, 18 Out. - óbito de D. Mariana Inês de Vilhena; 1766, 12 Nov. - posse de D. Guiomar da propriedade, dado o falecimento do irmão e rentabilização da propriedade com o plantio de "malvasia" na encosta de São Lázaro; 1770 / 1780 - reformulação e execução do corpo principal do conjunto, reconstrução e obras do "Mirante de D. Guiomar"; 1775 - referência do mirante na planta do Funchal do cor. Skinner; 1784 - testamento de D. Guiomar de Vilhena ficando seu herdeiro o sobrinho Luís Vicente de Carvalhal Esmeraldo; 1782 - abertura do "caminho da pontinha" e reforço dos muros da "caza de prazer" junto ao Mirante; 1789, Mar. - falecimento de D. Guiomar de Vilhena; 1790 / 1800 - painéis de azulejos com as fábulas de La Fontaine e construção da varanda S.; 1793 - casamento do Dr. António José Monteiro, natural de Pernambuco, filho do mercador Pedro Jorge Monteiro, em 2ªs núpcias, com sua sobrinha Mariana de La Tuellièrie; 1807 - construção do cemitério da Misericórdia e abertura do caminho das Angústias em terrenos da quinta, propriedade do Conde de Carvalhal; 1807 - casamento de Ana Carlota Monteiro, filha do 1º casamento do Dr. António José Monteiro na capela; 1810 - casamento de Maria Monteiro, também filha do 1º casamento do Dr. António José Monteiro, na capela, com Inácio Castelbranco do Canto Munhos Melo e Sampaio; 1815, Fev. - venda da Quinta por João de Carvalhal ao Dr. António José Monteiro, por 20:681$100 réis pagáveis em 6 prestações; 1816, Jul. - falecimento do Dr. António José Monteiro; 1820, Fev. - falecimento do cônsul francês Nicolau de La Tuellièrie, deixando a quinta à sua viúva Ana Carlota; Abr. - casamento desta com Luís de Ornelas e Vasconcelos; 1823 - aforamento perpétuo de terrenos anexos às Angústias do morgado António Caetano Aragão por Luís de Ornelas e Vasconcelos; 1842, 15 Mar. - arrendada por 300 mil réis aos restantes co-proprietários, Elvira e Maria Monteiro, com a obrigação de consertos na Quinta e urgentes reparações na "varanda da caza que faz frente para o mar" e sublocação ao Dr. Dugdale McKellar; 1847, Nov. / 1848, Abr. - ali reside a rainha Adelaide de Inglaterra; 1849, 27 Ago. / 1850, 23 Abr. - permanência do príncipe Maximiliano, duque de Leuchetemberg, filho do príncipe Eugénio Napoleão, e irmão do príncipe Augusto, 1º marido de D. Maria II, da imperatriz do Brasil e genro do czar Nicolau I; 1852, 28 Ago. - instalação da imperatriz viúva do Brasil e da princesa D. Maria Amélia; 1853, 4 Fev. - falecimento da princesa D. Maria Amélia; 1859, Out. - falecimento de Ana Carlota Monteiro de Ornelas, proprietária da Quinta, herdando-a Nicolau Hemitério de La Tuellièrie e Maria Monteiro; 1860, Jun. - arrendada à britânica Margarida Yuille Wardrop, por 550 mil réis anuais; 1862, Fev. - Nicolau Hemitério vende por 3.500 mil réis a sua parte ao procurador, João António Pereira; 1864, Mar. - venda da Quinta por 9.000 mil réis pelos proprietários, João António Pereira e João Gregório Rodrigues, herdeiro de Maria Monteiro, ao conde Alexandre Charles de Lambert, general de Cavalaria e ajudante de campo do imperador da Rússia; Out. - aquisição da faixa litoral a S. a Carlos Ridpath Blandy; séc. 19, 2ª metade - execução da fachada neoclássica e reparação da muralha sobre o porto, com a execução dos compartimentos enterrados, hoje arquivo da PGR; 1865, Fev. - casamento do conde de Lambert com Marie Louise Marguerite de Savary Lancosme Brèves; Ago. - morte do conde; 1866, Jan. - baptizado de Carlos Alexandre, filho deste, e empréstimo da firma russa Krohn Brothers de 12 contos à Condessa para transporte do cadáver do Conde para Paris e "repairos e outros arranjamentos" na Quinta; 1867, Ago. - saída da Condessa e do filho para França; 1879, Ago - compra pela firma Blandy Brothers & Companhia do domínio directo do foro de 1450 réis da Quinta, de que eram enfiteutas os herdeiros do conde de Lambert, dada a morte do conde de Castelo Melhor; 1886, Jun. - mudança da família do médico Paul Langerhans; 1888, 20 Jun. - falecimento do médico na Quinta, sendo enterrado a 22 Jul. no cemitério britânico; 1889, Primavera - saída da viúva Margarrethe Langerhans e filha para a Alemanha; 1903, 18 Ago. - compra por 150 libras esterlinas ( 831 mil réis ), à firma Blandy, dos prazos das Angústias, pelo bacharel Júlio Paulo de Freitas; 19 Ago. - compra da Quinta pelo bacharel à condessa de Lambert e seu filho, através dos seus procuradores no Funchal, Blandy Brothers & Co., por 4000 libras esterlinas ( 22 160 mil réis ); 1946, 26 Jan. - falecimento do Dr. Júlio Paulo de Freitas na quinta, que fica para a afilhada Isabel Vasconcelos da Cunha; 1964 - residência na Quinta do Eng. Tomaz da Cunha santos; 1967, 11 Dez. - decreto lei determinando a aquisição da Quinta para o Estado por permuta das Quintas Bianchi e Pavão pela Empresa dos Casinos Madeira; 1974, Dez. - ocupação da Quinta, então devoluta, para as "Festas da Cidade" sendo ali montadas várias exposições de artes plásticas e presépios; 1975 - funcionamento de ateliers e aulas do Instituto de Artes Plásticas da Madeira; 1979 - negociação pelo Governo Regional para ali se instalar a Presidência do Governo; 1981 - projecto de reabilitação; 1982 - resolução nº 444 da Presidência do Governo determinando a mudança da designação para "Quinta Vigia" ( in JORAM, 1ª série, nº 17, 17 Jun. 1982 ); 1984, 2 Mai. - inauguração como Presidência do Governo Regional da Madeira. |
Dados Técnicos
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Estrutura mista e paredes autoportantes. |
Materiais
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Cantaria mole e rígida regional aparente, alvenaria de cantaria regional rebocada, madeira ( carvalho, til e outras ), azulejos, talha dourada, pintura sobre tela, madeira e cobre, ferro, alabastros, vidro, telha de meio canudo e calhau rolado miúdo. |
Bibliografia
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CANE, Ellen e Florence du, The Flowers and Gardens of Madeira, Londres, 1904 e 1909; As três quintas, Diário de Notícias, Funchal, 29 Jan. 1935; SILVA, Padre Fernando Augusto da, Elucidário Madeirense, 3 vols., Funchal, 1945; SIMÕES, João Miguel dos Santos, Azulejaria portuguesa nos Açores e na Madeira, Lisboa, 1963; VIEIRA, Rui e PESSOA, Fernando, Inquérito aos espaços verdes e exemplares botânicos notáveis do Funchal, Novembro de 1966 e 1984; SIMÕES, Álvaro Vieira, Inventários Regionais na Madeira: Capela de Nossa Senhora das Angústias, DRAC, 1982; Quinta das Angústias, Tourist Journal, nº 6, Jovitur, Nov. Dez., 1988; FREITAS, Paulo de, Azulejaria na Madeira, Islenha, nº 4, 1989, pp. 25 - 34; MATA, Lília, Quinta Vigia - antiga residência de imperatrizes, rainhas e princesas, Diário de Notícias, Funchal, 29 Abr. 1989; CARITA, Rui, As capelas da freguesia de S. Pedro no século XVII: Nossa Senhora das Angústias - a capela de D. Mécia, in Diário de Notícias do Funchal, 1 Set. 1991; BERNARDES, Lília, Os jardins de Jardim, Das Angústias à Vigia, revista do Diário de Notícias, 20 Set. 1992; AFONSO, Miguel José, Funchal: flora e arte nos espaços verdes, CMF, 1993; GUERRA, Jorge Valdemar, A Quinta de Nossa Senhora das Angústias, em torno dos seus proprietários, Islenha, nº 14, Jan. - Jun. 1994, pp. 122 e 134; VERÍSSIMO, Nelson e TRUEVA, José Manuel de Sainz, Inventário de Escultura da Região Autónoma da Madeira, Funchal, 1998; BARROS, Bernardete, D. Guiomar de Vilhena, tese de Mestrado em História, UMa, Funchal, 1999. |
Documentação Gráfica
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Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro ( Planta do Funchal de Mateus Fernandes, 1567 ); Mapoteca do IGC ( planta do Funchal de Reinaldo Oudinot, 1804 ); GEAEM ( planta dos ancoradouros do Funchal e do Porto Moniz, António Pedro de Azevedo, 1847 ), Lisboa; GR / Equipamento Social; DRAC, Funchal |
Documentação Fotográfica
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Museu Vicentes Photographos; DRAC, Funchal |
Documentação Administrativa
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IAN/TT, Fazenda do Funchal; AHTC, Lisboa; APGR, Quinta Vigia; ARM; RP; CMF; Notários; ACMF: Obras, Funchal |
Intervenção Realizada
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GR: 1981 / 1982 / 1983 / 1984 - reabilitação e reconstrução parcial do conjunto para instalação da Presidência do Governo; 1986 - restauro do "Mirante de D. Guiomar". |
Observações
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Autor e Data
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Rui Carita 1999 |
Actualização
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