Igreja de Santo Cristo do Outeiro / Santuário de Santo Cristo
| IPA.00000694 |
Portugal, Bragança, Bragança, Outeiro |
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Arquitetura religiosa, seiscentista e setecentista. Santuário Cristológico de planta cruciforme, com nave única, transepto saliente e capela-mor, interiormente abobadada e com iluminação axial e bilateral, e possuindo lateralmente galilés e anexos. Fachada principal harmónica, com altas torres de cunhais almofadados, enquadrando pano central de cantaria, rematado em entablamento e balaustrada, dividido em cinco panos por duas ordens de colunas; no pano central abre-se portal de arco geminado encimado por óculo com moldura vegetalista, e, nos laterais, nichos com frontão interrompido. Nas fachadas laterais surgem galilés, com arcos de volta perfeita, interiormente seccionadas em três tramos, cobertos por abóbadas individualizadas, abrindo-se sob o central porta travessa de verga reta e moldura recortada entre pilastras sustentando entablamento. A zona do transepto, anexos e cabeceira é seccionada em vários panos e dois registos, rasgados por janelas de capialço, no inferior, e janelas de perfil curvo, no superior. No interior apresenta dois tramos cobertos por abóbadas polinervadas, coro-alto de cantaria sobre três arcos e dois púlpitos laterais confrontantes, no topo da nave. O transepto, parcialmente revestido a apainelados rococós, apresenta no topo retábulos de talha policroma, de planta reta e três eixos e, lateralmente, retábulos colaterais, de planta convexa. Capela-mor pouco profunda, com vestígios de pinturas policromas na cobertura, revestida a apainelados de talha dourada, com acantos, e retábulo-mor em barroco nacional, de planta côncava e um eixo. Santuário de grandes proporções e riqueza decorativa no contexto transmontano. A presença de mestres galegos e leoneses deverá ter sido preponderante para o desenho da igreja, sendo especialmente interessante a divisão da nave e transepto por arcos diafragmas, com as cantarias decoradas por almofadas côncavas ou sulcos muito pronunciados, o transepto coberto por enormes quartos de esfera nos topos e cúpula cega no cruzeiro, a grande decoração de muita da cantaria, com tratamento bastante volumoso, o desenho e decoração da fachada principal e das galilés, aparentemente filiáveis em modelos ibéricos da transição dos séculos 16 para o 17. Há ainda a referir no interior a grandeza do retábulo-mor ao gosto do barroco nacional, alternando no remate arquivoltas torsas com polilobadas, os retábulos colaterais, da transição do barroco nacional para o joanino, e dos retábulos rococós do topo do transepto, integrando ao centro janelas e sendo envolvidos por apainelados pintados e decorados, que se estendem às trompas das abóbadas. Destacam-se ainda os apainelados circundando os braços do transepto, formando falsos baldaquinos, ornados de caixotões pintados e rematados com lambrequins. O pintor Damião de Bustamente fez-se representar num dos caixotões da sacristia, por si pintados, assinando e indicando os seus 57 anos de idade e, a sua cidade natal, Valladolid. |
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Número IPA Antigo: PT010402260006 |
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Registo visualizado 1576 vezes desde 27 Julho de 2011 |
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Edifício e estrutura Edifício Religioso Templo Santuário
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Descrição
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Planta cruciforme, composta por nave única, transepto saliente e capela-mor, flanqueada por duas torres sineiras quadrangulares, galilés retangulares e sacristia e casa de arrumos retangulares. Coberturas escalonadas em telhados de telha de canudo, de uma água nas galilés, de três no corpo da igreja, rematadas em beirada simples, e de quatro águas nos coruchéus das torres. Fachadas rebocadas e pintadas de branco, com soco de cantaria e terminadas em frisos múltiplos, friso e cornija. Fachada principal virada a O., com pano central em cantaria de granito, dividido em cinco panos por duas ordens de colunas, assentes em altos plintos paralelepipédicos, almofadados, sendo a primeira ordem maior, dórica e, a segunda, mais pequena, torsa e de capitéis coríntios; as colunas sustentam o remate em entablamento sobreposto por balaustrada de cantaria, com balaústres ornados de elementos vegetalistas, e com acrotérios nos ângulos, decorados de acantos e tendo frontalmente gárgulas de canhão. No pano central, o mais largo, rasga-se portal de arcatura geminada, com moldura almofadada sobre pilastras com almofadas côncavas, encimado por entablamento com friso convexo; superiormente rasga-se amplo óculo circular com moldura decorada por elementos volutados e florões. No topo dos restantes quatro panos, ao nível das colunas torsas, abrem-se nichos longilíneos, em arco de volta perfeita sobre pilastras, interiormente concheados e desnudos, assentes em cornija sustentada por mísulas com elementos fitomórficos, e sobrepujados por frontões de volutas interrompidos por cruz sobre globo. As torres sineiras têm cunhais com pilastras almofadadas e rematam em balaustrada e acrotérios nos cunhais, também almofadados, coroados por pináculos piramidais com bola, possuindo de ângulo gárgulas de canhão canelada; as coberturas são coroadas por cata-ventos de ferro sobre esfera de cantaria. Dividem-se em quatro registos, o primeiro apenas por um friso e, os restantes por entablamentos, abrindo-se no inferior fresta de capialço, nos segundos e terceiros janelas de capialço, e, no último, sineiras em arco de volta perfeita sobre pilastras almofadadas, albergando frontalmente sinos. As fachadas laterais têm seis panos, o primeiro correspondendo à torre, os três seguintes às galilés, dispostas ao longo do corpo da nave, seguidos do pano do transepto e o das dependências anexas. As galilés são abertas por três arcos de volta perfeita, almofadados, de intradorso ornado por almofadas retangulares côncavos, assentes em pilastras de intradorso percorrido por profundos sulcos, separados por pilastras inferiormente escalonadas, coroadas, sobre a cobertura, por pináculos piramidais com bola. Interiormente apresentam três tramos demarcados, comunicantes por arcos, de volta perfeita, de arquivoltas muito profundas, e cobertos por abóbadas polinervadas, com bocetes e fecho central decorados com florões, desenvolvidas sobre friso decorado e cornija bastante avançada, ritmada por mísulas equidistantes. No tramo central abrem-se as portas travessas da igreja, de verga reta e moldura recortada, ladeada por duas pilastras caneladas, sustentando o entablamento, com pináculos piramidais no alinhamento das pilastras; o portal lateral N. é encimado por uma cruz e o lateral S. por um nicho em arco de volta perfeita, interiormente concheado e com mísula para sustentação de imaginária, atualmente inexistente. Nas paredes viradas a E., abrem-se no transepto janela retangular moldurada e gradeada. Os panos do transepto e anexos, separados por contrafortes escalonados sobrepostos por pilastras, coroadas por pináculos piramidais com bola, são semelhantes, dividindo-se em dois registos por duplo friso e cornija, e sendo o segundo rematado por cornija. No primeiro registo abre-se, em cada um dos panos, janela de capialço e, no segundo, três janelas de ângulos curvos, atualmente cegas. A fachada posterior divide-se em três panos igualmente definidos por contrafortes escalonados e pilastras, coroadas por pináculos com bolas, e de dois registos, o primeiro rematado em duplo friso e cornija e o segundo em cornija. No primeiro registo rasgam-se, em cada pano, duas janelas de capialço, à exceção do central, que apenas tem uma, e, no segundo, três janelas de ângulos curvos, cegas. O INTERIOR apresenta as paredes rebocadas e pintadas de branco e pavimento em cantaria de granito. A nave tem dois tramos, separados entre si e do transepto por arcos diafragma, decorados com almofadas côncavas, sobre pilares canelados, de sulcos muito pronunciados, e cobertos por abóbadas polinervadas, com grossas nervuras, de bocetes vegetalistas e largos fechos decorados com motivos vegetalistas, desenvolvidas a partir de cornija ritmada por mísulas equidistantes; o fecho do primeiro tramo é decorado com uma pomba ao centro. Na primeira metade do primeiro tramo surge o coro-alto de cantaria, assente em três arcos, o central deprimido e os laterais de volta perfeita, sobre mísulas decoradas e pilastras de caneluras muito pronunciadas e de terço inferior marcado; remata em entablamento e guarda em balaustrada de cantaria e acrotérios, ornados de acantos, no enfiamento dos quais surge inferiormente falsas mísulas com pingentes. O coro é acedido de ambos os lados por portas de verga reta, a partir das torres. O sub-coro, de três tramos, tem cobertura em abóbada de cruzaria de ogivas assente nas colunas e mísulas. De cada lado da nave, antecedendo o transepto, dispõem-se, num plano sobrelevado e no ângulo das pilastras, dois púlpitos confrontantes, com bacia retangular pintada de acantos, guarda em balaustrada e baldaquino em talha dourada e policroma, inferiormente pintada com acantos e tendo relevada a pomba do Espírito Santo sobre florão. Transepto com o cruzeiro coberto por cúpula cega e, no topo de cada braço, por abóboda em quarto de esfera, assentes sobre pendentes. As paredes E. e os topos dos braços do transepto apresentam retábulos de talha dourada e policroma e são revestidos a apainelados pintados a marmoreados fingidos, a azul e vermelho, com concheados e acantos. A capela-mor, pouco profunda, é coberta por abóbada de berço, pintada com acantos dourados integrados em caixotões, e tem as paredes revestidas a apainelados de talha dourada, com acantos e anjos segurando cartelas, envolvendo os vãos de acesso e janela da sacristia e espaço de arrumos. À parede testeira encosta-se o retábulo-mor, de planta côncava e um eixo, definido por seis pilastras, ornadas de acantos e anjos, assentes em dupla ordem de plintos, e por quatro colunas torsas, ornadas de pâmpanos e anjos, assentes em mísulas com anjos atlantes e plintos paralelepipédicos igualmente com anjos atlantes, que se prolongam no remate da estrutura, adaptada ao perfil da cobertura, de várias arquivoltas, polilobadas e torsas, decoradas de acantos, e unidas por aduelas. Ao centro abre-se tribuna de arco polilobado sobre pilastras ornadas de acantos e anjos, interiormente de perfil curvo, com apainelados de acantos e cobertura em quarto de esfera, igualmente ornada de acantos, e albergando trono expositivo de degraus galbados e retangulares intercalados, encimado por imagem de Jesus Crucificado. Sotobanco com portas de acesso à tribuna, em apainelados de acantos, e banco integrando ao centro sacrário decorado com acantos e vários anjos. A sacristia apresenta teto de caixotões, com molduras em talha dourada, contendo florões nos encontros, e possuindo os painéis pintados com Santos, devidamente identificados com inscrições, constando num deles o pintor Damião de Bustamente, a sua assinatura e a referência à sua cidade natal, Valladolid. |
Acessos
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Outeiro, EN 218; Rua do Santo Cristo |
Protecção
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Categoria: MN - Monumento Nacional, Decreto nº 14 615, DG, 1.ª série, n.º 260 de 24 novembro 1927 |
Enquadramento
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Urbano, isolado, no interior da povoação, inserido em adro murado, capeado a cantaria e com pináculos piramidais com bola, sobre plintos paralelepipédicos, dispostos nos ângulos e a flanquear as entradas, localizadas frontal e lateralmente, os da fachada principal com volutas. O adro é envolvido por zona arrelvada e ajardinada, pontuada por bancos de pedra. Em frente da fachada principal, num largo empedrado, ergue-se o Cruzeiro do Outeiro (v. IPA.00000386) e, junto à fachada posterior, a primitiva Capela de Santo Cristo, (v. IPA.00024166). Do outro lado da estrada nacional, ergue-se ainda a Capela de São Gonçalo. O Santuário é enquadrado por habitações de dois pisos e tem como pano de fundo o outeiro sobre o qual existem vestígios da Fortaleza do Outeiro (v. IPA.00002118). |
Descrição Complementar
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O brasão colocado na fachada principal, com o fundo azul celeste, ostenta as chaves do brasão da Santa Sé, com as respetivas cores (ouro e prata), o lenho em forma de Cruz, em alusão ao milagre de Santo Cristo, e um ramo de oliveira e seu fruto, a azeitona, como específico da freguesia do Outeiro. Na fachada norte encontram-se sobrepostas as inscrições "A 26 DE ABRIL / DA ERA ABAIX / O POSTA SUOU / O SANTO XPO" e "E NO ANNO DE / 1698 TEUE P / RINCIPIO E / STA CAPELA". Os retábulos dos topos dos braços do transepto, de talha policroma a rosa, verde, azul e dourado, apresentam planta reta e três eixos, definidos por duas pilastras exteriores e duas interiores, ornadas com motivos vegetalistas, e seis colunas coríntias, com fustes decorados com concheados, assentes em plintos paralelepipédicos igualmente decorados; no eixo central integra janela de capialço pintado com acantos e, inferiormente, pequeno nicho, em arco, interiormente pintado com flores e concheados, e albergando imaginária sobre mísula. Nos eixos laterais surgem apainelados, pintados com motivos vegetalistas e concheados relevados, sobrepostos por mísulas com imaginária. Sobre o entablamento, desenvolve-se o remate da estrutura, com apainelado recortado, ornado com seis estípides, ladeando a metade superior da janela, terminado em concheados, fragmentos de cornija e lambrequim, criando baldaquino central sobre a janela. Lateralmente as paredes são revestidas a apainelados, inferiormente ornados com acantos e concheados relevados e, superiormente, com caixotões pintados com concheados, azuis e rosa, surgindo igualmente apainelados a revestir as trompas de suporte da abóbada do transepto. Os dois retábulos colaterais, de talha dourada, têm planta convexa e três eixos, definidos por duas pilastras exteriores, ornadas de elementos vegetalistas, e seis colunas torsas, de terço inferior marcado e decorado com acantos e querubins, assentes em mísulas. No eixo central abre-se nicho de arco polilobado, albergando imaginária sobre peanha galbada e encimada por baldaquino decorado, com lambrequim. Nos eixos laterais surgem estreitos apainelados sobrepostos por mísulas com imaginária, sobrepujada por baldaquinos recortados e coroados por pináculos. Sobre o entablamento desenvolve-se o remate da estrutura, formando falsa tabela circunscrita por pilastras com anjos atlantes, rematada em cornija reta com lambrequim sobreposta por anjos laterais segurando atributos marianos e, ao centro, por anjos tenentes segurando coroa; lateralmente surgem ainda apainelados de perfil curvo, rematados em cornija, com acantos e anjo. No banco surgem apainelados com anjos e, ao centro, o sacrário tipo templete, terminado em domo, de onde caem drapeados a abrir em boca de cena, seguros por anjos, e tendo na porta cruz com sudário. Altar tipo urna, com frontal ornado de concheados e elementos vegetalistas. À volta dos braços do transepto e encimando os retábulos e apainelados das paredes, surgem apainelados, criando falsos baldaquinos, ornados de caixotões com concheados e rematados em lambrequim. No interior conservam-se algumas pedras tumulares, como a do fidalgo da Casa Real, José Sarmento, datada de 1742. |
Utilização Inicial
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Religiosa: santuário |
Utilização Actual
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Religiosa: santuário |
Propriedade
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Pública: estatal |
Afectação
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Sem afetação |
Época Construção
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Séc. 17 / 18 |
Arquitecto / Construtor / Autor
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CALEIRO: Manuel Martins Janas (1728-1729). CANTEIROS: António Luís (1745-1746); António Rodrigues (1726-1739); Domingos da Silva (1727-1728); Francisco Garcia (1738-1743); Francisco Rodrigues (1726-1729); Irmãos Guedes (1726-1729); Manuel Lopes (1726-1727); Ribeiro (1726-1727). EMPREITEIROS: Construções Anselmo Costa, Ldª (1991); Construções Alpuim Magalhães (1996); José Moreira & Filhos, Ldª (1986-1989); Manuel Domingues Chaves (1959-1961, 1973); Saul de Oliveira Esteves (1955). EXAMINADOR: Francisco Xavier Machado (1778). ENCARNADOR: Mateus Pereira (1684, cerca). ENTALHADORES: Estêvão Ferreira (1770, década); José Fernandes (1770, década). PINTORES: António José (1740-1742); Caetano de Magalhães (1744-1748); Damião de Bustamente (1768); Domingos Afonso (1730-1732); Gaspar de Magalhães (1733-1734); José de Magalhães (1744-1745). PRODUTORES DE TELHA: António Vilachão (1731-1732); José Fernandes (1731-1732). |
Cronologia
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1684, cerca - encarnação e estofamento da imagem de Cristo existente na Capela do Santo Cristo, pelo mestre Mateus Pereira, natural de Parada; 1698, 26 abril - a imagem de Cristo Crucificado milagrosamente verte gotas de água; maio, final - uma nota do Cabido da Catedral de Miranda do Douro confirma o reconhecimento da confraria; junho - o provisor do bispado encarrega o Dr. Manuel de Matos Botelho, abade de Duas Igrejas, de rubricar todos os fólios do livro dos Estatutos; início das obras segundo inscrição na fachada N.; 1700, 03 junho - o cónego doutoral Francisco Alves Teixeira, vigário geral do bispado e seu provisor, aprova os estatutos da Irmandade do Santo Cristo, sendo grande impulsionador da obra, o governador do castelo, Lázaro de Figueiredo Sarmento; 1713, 3 maio - transladação da imagem milagrosa da antiga para a nova capela-mor no dia da festa; 1716 - 1717 - é juiz da confraria o futuro arcebispo da Baía, o Dr. D. José Botelho de Matos, sucedendo ao exercício de D. João Franco, bispo da diocese de Miranda do Douro; 1721 - a igreja já se encontra coberta e está em execução o retábulo-mor, arrematado por 780$000; 1726 - 1727 - pagamento de 6$400 do que se devia ao canteiro António pela obra dos arcos; pagamento de 2$620 aos canteiros Guedes e Ribeiro pela obra de lajeado, 10$230 ao canteiro Guedes do lajeado e outras obras, 4$800 dos quais pagos pelo Alferes de Santulhão; pagamento ao canteiro Ribeiro de 9$600 dos bens do Alferes de Santulhão; despende-se com o canteiro António Rodrigues, do dinheiro da execução do Alferes de Santulhão, 18$400; pagamento de 4$800 ao canteiro Francisco Rodrigues, por conta do que se lhe devia da obra dos arcos e 1$200 ao canteiro Manuel Lopes; 1727 - 1728 - despende-se 4$800 com o canteiro Guedes pelo lajeado e 1$080 com o canteiro Domingos da Silva; pagamento de 4$320 ao canteiro Francisco Rodrigues pela obra dos arcos; 1728 - 1729 - despesa de $900 "no pedroso no corte da cantaria"; pagamento de 2$900 para a cal, com o caleiro Manuel Martins Janas, de Vimioso; pagamento de 8$640 ao canteiro Francisco Rodrigues, por conta do que se lhe devia da obra dos arcos, 7$710 aos irmãos canteiros, Guedes, $705 pelo aluguer das bestas que conduziram os púlpitos, 1$600 a João Machado de "um pau para fazer as estadas para as aranhas" e pagamentos finais aos canteiros das obras do lajeado da igreja, no valor de 19$885; 1729 - 1730 - despesa de 13$140 com o entalhador dos púlpitos e carreto dos guarda-pós; 1730 - 1731 - despesa de 24$560 com o relicário, 1$170 no desaterro do adro e 286$340 com o pintor Domingos Alonso; 1731 - 1732 - o pintor Domingos Alonso recebe 59$000 pelo término da obra do retábulo, 19$200 pela obra do arco, 14$400 pelo dia da festa, 14$270 pelo relicário e 411$760 de várias obras; pagamento de telha no valor de 2$400 a António Vilachão e de 2$400 a José Fernandes; 1732 - 1733 - despesa de 268$920 com o pintor; o entalhador recebe 16$800 por conta da obra de talha dos lados da capela e 26$480 por várias obras; pagamento de $900 "com o canteiro por abrir os buracos nas paredes para assentar a obra"; 1733 - 1734 - despesa de 6$000 com o pintor e de 13$100 com o pintor Gaspar de Magalhães; 1733 - 1740 - execução das estruturas retabulares; 1735 - despesa de $320 "na pedreira com auxiliares uma medida de vinho e vinte e cinco sardinhas" e de $320 com "um almude de vinho para o carreto da pedra"; 1737 - 1738 - despesa de 312$000 com o mestre António Rodrigues, de 13$375 "para os carretos da cantaria", de 1$000 "com quem foi ao lombo de Babe a procurar e conduzir os carretos de cantaria", de $160 "com um soldado que foi a Noz e Travassos com umas cartas para o carreto" e $480 com o carpinteiro para a madeira dos alpendres; 1738 - 1739 - despesa de 47$600 com António Rodrigues, mestre da obra dos pórticos de cima, de 5$300 com o oficial canteiro Francisco Garcia, à "conta da obra dos pórticos de baixo do mesmo", 7$340 pelos alpendres e 3$400 para lajear os alpendres; 1738 - acabamento dos portais, por pedreiros galegos e leoneses; 1739 - 1740 - pagamento de 18$480 ao canteiro Francisco pela obra do coro; 1740 - 1741 - pagamentos ao entalhador no valor de 102$400; despesa de 1$300 "com António José pelos ramalhetes"; 1741 - 1742 - despesa de 51$920 com o canteiro Francisco Garcia pela obra do coro e arranjos na capela; pagamento de 1$200 a António José por uns ramalhetes e 9$600 ao mestre que faz as grades do púlpito; 1742 - data inscrita na pedra tumular de José Sarmento, fidalgo da Casa Real; 1742 - 1743 - pagamento de $800 ao galego Francisco Garcia pelas "jeiras que deu na capela"; 1744 - 1745 - despesa de $200 com o contrato dos pintores; pagamento de 57$600 em ouro ao pintor José de Magalhães pela obra dos retábulos e 146$200 ao pintor Caetano de Magalhães por conta dos retábulos colaterais; 1745 - 1746 - despesa de 41$200 com os canteiros de lajear a sacristia e pagamento de cinco jeiras a António Luís, do lajeamento da mesma; despesa de $180 com o carpinteiro pela armação da estrutura para douramento dos retábulos, de $500 em pregos para obras na casa da alfândega e construção das estruturas para dourar os retábulos, de 1$080 por seis jeiras do lajeado da sacristia, de $480 com o pedreiro por alargar os retábulos; pagamento de 19$200 ao pintor Caetano de Magalhães pela pintura das grades do cruzeiro, 182$080 por dourar os retábulos e mais 3$360; 1746 - 1747 - dispêndio de 53$310 com o pintor; 1747 - 1748 - pagamento de 17$600 ao mestre de apainelar a sacristia, 28$190 ao pintor Caetano de Magalhães e de 19$280 com as obras da sacristia; 1749 - pagamento de 6$400 ao mestre canteiro pelo "feitio" da janela da sacristia e $200 com "o canto da cantaria para a fresta da sacristia"; 1758, 18 maio - segundo o pároco Tomás Teixeira nas Memórias Paroquiais da freguesia, toda a Igreja e capela são sumptuosas, a primeira erguida e a segunda reconstruída com esmolas dos crentes; a igreja tem adro lajeado, duas torres, o interior em abóbadas e arcos de cantaria, coro e três retábulos, respetivamente o retábulo-mor, dourado, com imagem de Cristo Crucificado, e dois retábulos colaterais gémeos, tendo o do lado do Evangelho as imagens de Nossa Senhora da Consolação, Santa Rita e Santo António e o da Epístola as de São Caetano, São Francisco e Nossa Senhora do Pé da Cruz; tem a confraria do Santo Cristo com festa a 3 de maio e catorze mil irmãos portugueses e espanhóis; tem ainda a confraria de São Caetano, constituída por sacerdotes e alguns irmãos leigos, com dois aniversários, ofício de nove lições e obrigação de cada irmão vivo dizer duas missas pelos que falecem; 1768 - execução dos caixotões da sacristia pelo pintor de Valhadolid, Damião Bustamante; 1760, novembro - encontra-se por dourar o retábulo de Nossa Senhora do Pé da Cruz; 1770, década - execução dos retábulos de São José e São João pelos entalhadores José Fernandes, natural de São Martinho de Angueira e Estêvão Ferreira; 1778 - a obra dos retábulos de São José e São João é examinada e aprovada pelo escultor Francisco Xavier Machado, natural de Veigas, povoação do antigo concelho de Bragança, atualmente integrada no de Macedo de Cavaleiros; 1947 - parte do telhado da igreja abate; 2014, 05 maio - bispo D. José Cordeiro solicita a atribuição do título de Basílica Menor à igreja santuário; novembro - leitura do decreto de elevação a Basílica Menor atribuído pela Santa Sé; 2018, 08 novembro - colocação de brasão na fachada principal assinalando o quarto aniversário da atribuição do título de basílica, o qual foi pensado pela artista Alexandra Diogo, que ofereceu o seu trabalho, e executado por uma firma local. |
Dados Técnicos
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Sistema estrutural de paredes portantes. |
Materiais
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Estrutura de cantaria de granito rebocada e pintada; soco, pilastras, pilares, colunas, frisos, cornijas, molduras dos vãos, pináculos, nervuras das abóbadas, bocetes e outros elementos em cantaria de granito; portas de madeira; grades de ferro; pavimento em cantaria de granito; púlpitos, retábulos e apainelados de talha policroma e dourada; cobertura de telha. |
Bibliografia
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AFONSO, Belarmino - "Confrarias e Mentalidade Barroca". in Actas do I Congresso Internacional do Barroco. Porto: Reitoria da Universidade do Porto; Governo Civil, 1991, vol. I, pp. 17-53; ALVES, Francisco Manuel - Memórias Arqueológico-Históricas do Distrito de Bragança. Bragança: Câmara Municipal, 1990; Bragança Boletim Municipal Especial, Bragança: Câmara Municipal de Bragança, fevereiro 2009, nº 22; Bragança, Boletim Municipal, Bragança, Câmara Municipal de Bragança, 2012, n.º 29 janeiro a junho; CAPELA, José Viriato, BORRALHEIRO, Rogério, MATOS, Henrique - As Freguesias do Distrito de Bragança nas Memórias Paroquiais de 1758. Memórias, História e Património. Braga: José Viriato Capela, 2007; GARRIDO, César - Outeiro - Apontamento Monográfico. Bragança: 1981, vol. I; LOPES, Glória - «Basílica do Santo Cristo do Outeiro já tem brasão». In Mensageiro de Bragança. 15 novembro 2018, p. 22; RODRIGUES, Luís Alexandre - "O santuário transmontano do Santo Cristo do Outeiro: obras e artistas" in Artis. Lisboa: Instituto de História da Arte da Faculdade de Letras de Lisboa, 2005, n.º 4, pp. 311-330; SERRÃO, Vítor - A Cripto História da Arte. Análise de obras de arte inexistentes. Lisboa: Livros Horizonte, 2001, pp. 193-199; SERRÃO, Vítor - Legitimar o Futuro em Abril de 1997 (estudo apresentado nos Encontros de Bragança), Bragança: 1997. |
Documentação Gráfica
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DGPC: DGEMN:DREMN, DGEMN:DSMN |
Documentação Fotográfica
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DGPC: DGEMN:DSID, DGEMN:DREMN, Arquivo "Mural da História"; Associação de Reitores dos Santuários de Portugal / Paulinas |
Documentação Administrativa
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DGPC: DGEMN:DREMN, DGEMN:DSID, DGEMN:REE, DGEMN:DSMN, DGEMN:DSARH; Fábrica da Igreja Paroquial do Outeiro |
Intervenção Realizada
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DGEMN: 1929 - orçamento para obras nos telhados no valor de 9.878$00; 1937 / 1938 - reparação dos telhados; 1947 - orçamento de 200.000$00 para as obras de substituição total das coberturas e arranjo dos arcos e abóbada do transepto, sendo o júri constituído pelos Arquitetos Baltazar da Silva Castro e Raul Lino; 1948 - reparação provisória do telhado abatido; 1955 - orçamento de 10.000$00 para obras pontuais nos telhados; adjudicação da obra a Saul de Oliveira Esteves, por 9.520$00; orçamento para obras de beneficiação; 1959 - orçamento de 9.615$00 para o restauro das cantarias do portal principal e execução de uma nova porta, sendo a obra adjudicada a Manuel Domingues Chaves, por 9.550$00; obras de consolidação do arco cruzeiro e abóbada, reajustamento do fecho do arco cruzeiro e do corpo central do transepto adjudicadas a Manuel Domingos Chaves, por 47.650$00; 1960 - apeamento e reconstrução das aduelas da abóbada da capela-mor e transepto, obra adjudicada a Manuel Domingos Chaves, por 38.250$00; 1961 - continuação dos trabalhos na capela-mor, cruzeiro e respetiva cobertura por Manuel Domingos Chaves, por 139.500$00; 1963 - orçamento de 69.942$00 para obras de beneficiação e introdução de estrutura de betão armado nas águas do telhado da nave; 1967 - as obras encontram-se suspensas; 1969 - encontram-se em curso obras de pavimentação da área circundante à igreja; reparação do telhado da galilé do lado S., com orçamento no valor de 10.125$00; 1970 - orçamento para as obras nos telhados da capela-mor e galilé S. no valor de 70.000$00 e abertura de concurso público; 1971 - projeto de derrubamento e reconstrução de parte do muro N. do adro da igreja devido ao crescimento das raízes de duas árvores antigas adjacentes; 1973 - obras no telhado da galilé N. e nos cunhais do lado E. por Manuel Domingues Chaves, de Figueira de Castelo Rodrigo, por 88.250$00; 1976 - revisão geral dos telhados, pintura de portas, substituição dos rebocos da sacristia e colocação de soalho de pinho tratado na sacristia, por 100.000$00; 1977 - orçamento de 200.000$00 e abertura de concurso para a conclusão das obras da sacristia; 1978 - reparação da vedação do adro; 1985 - início da beneficiação dos paramentos da fachada pela firma José Moreira & Filhos, Ldª, por 2.487.534$00 e 124.377$00; 1986 - beneficiação dos paramentos interiores pela firma José Moreira & Filhos, Ldª, por 4.050.000$00; 1988 - continuação das obras de beneficiação do interior, em especial as dos paramentos e cantarias das abóbadas da nave, do coro e do sub-coro pela firma José Moreira & Filhos, Ldª, por 1.999.361$00; 1989 - beneficiação dos paramentos das fachadas pela firma José Moreira & Filhos, no valor de 8.536.895$00; 1991 - remodelação da instalação elétrica pela firma Construções Anselmo Costa, Ldª, por 3.501.456$00; 1996 - arranjo do pavimento do transepto, com o nivelamento e reassentamento do lajedo, pela firma Construções Alpuim Magalhães, por 4.582.174$00; Junta de Freguesia do Outeiro: 1997 - drenagem do perímetro exterior e colocação de lajedo; restauro do pavimento da galilé em pedra miúda de xisto; e restauro e pintura do muro exterior; 1998 - obras de pavimentação e arranjos exteriores do pátio envolvente; recuperação do muro circundante e sistema de drenagem de águas pluviais; 2000 - arranjo urbanístico do Largo do Santo Cristo, obra financiada pelo programa Lider II / Corane e pela Câmara Municipal de Bragança; 2001 / 2002 - empuxe do coro para a posição original e criação de novo sistema estrutural; 2012, 30 junho - inauguração das obras de reabilitação da igreja, com investimento de cerca de 140 mil euros, comparticipados em 80% pelo QREN, 10% pela Direção Regional de Cultura do Norte e o restante pela Câmara Municipal de Bragança. |
Observações
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Autor e Data
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Ernesto Jana 1994 / Manuel Apóstolo 2011 |
Actualização
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Gabriel Andrade 2002 |
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