Estação Arqueológica da Quinta de Santa Maria de Ervamoira
| IPA.00006852 |
Portugal, Guarda, Vila Nova de Foz Côa, Muxagata |
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Mutatio e taberna do Baixo Império de planta rectangular, aparelho em xisto ( a mutatio assente em vala de fundação ) e cobertura em tégula e ímbrices ( GUIMARÃES, 1998 ). Basílica martirial com planta rectangular, aparelho em xisto assente em vala de fundação com cobertura em tégula e ímbrices decorados num dos casos com um "chrismon cruzado". Pequenas celas aproveitando os muros do edifício de época romana. Casas de habitação, oficina de fundição e oficina de ferreiro, em aparelho de alvenaria de xisto, sem talhe de vala de fundação, planta rectangular e dimensões modestas, sendo as casas dotadas de grande lareira exterior ( GUIMARÃES, 1997 ). A construção romana é associável à rede viária de época tardo-romana, ao longo do eixo que conduziria a N. a Calábria, que viria a ser sede de bispado alti-medieval, época para a qual está documentada ocupação também em Ervamoira. O edifício interpretado como basílica traduz, nas palavras do investigador responsável, "um dos mais antigos vestígios da chegada do cristianismo ao Vale do Douro e seguramente ao do Côa" ( GUIMARÃES, 1998 ). | |
Número IPA Antigo: PT010914100031 |
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Registo visualizado 1380 vezes desde 27 Julho de 2011 |
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Edifício e estrutura Edifício Comercial Estabelecimento de restauração
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Descrição
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A estação é constituída por um edifício de orientação SO. / NE. definido por um conjunto de muros em aparelho de xisto assentes em vala de fundação talhada para o efeito no afloramento xistoso, desenhando uma estrutura de planta rectangular, que seria coberta a tégulas e ímbrices, e que foi interpretada pelos investigadores que procedem ao seu estudo como uma provável mutatio; imediatamente a NE. do primeiro, definiu-se o que resta dos muros de um edifício de menores dimensões, de planta também rectangular, e que o responsável pela investigação designa taberna tendo em conta os materiais que daí provêm e entre os quais se contam abundantes fragmentos cerâmicos de "louça de copa e cozinha" ( GUIMARÃES, 1998: 205 ); edifício com a mesma orientação que os dois anteriores, a O. deste último, com "alicerce bem conservado" que guardava no interior da área definida pelos muros o telhado abatido. Os investigadores definem as tégulas como sendo de pior fabrico mas mais decoradas, bem como os próprios ímbrices, provindo daqui a tégula utilizada como símbolo do museu decorada com um "chrismon cruzado". Interpretado como basílica martirial, o espólio é constituído por um botão de vidro e restos osteológicos humanos ( GUIMARÃES, 1998: 206 ); um conjunto de construções que aproveitam os muros do edifício de maiores dimensões e são interpretadas como casas, pequenas celae com lareiras ( GUIMARÃES, 1998: 206 ); dois pequenos edifícios, num dos casos com diferente orientação dos anteriores, que se sobrepõem estratigraficamente à mutatio, num dos casos, ao edifício interpretado como taberna, noutro caso. Ambos são interpretados como casas de habitação dotadas de lareiras exteriores, neste segundo caso de grandes dimensões, tendo sido lajeada com tégulas aproveitadas da construção a que se sobrepõe ( GUIMARÃES, 1998: 206 ); dois edifícios cujos muros definem espaços de modestas dimensões sendo um interpretado como uma ferraria e outro como oficina de fundição. O primeiro integra uma área de forja e uma banca de trabalho em xisto (GUIMARÃES, 1998: 207). |
Acessos
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A partir do Lug. de Muxagata, estradão em terra batida em direcção E., por c. de 4Km até ao local. A visita é organizada pelos serviços da Quinta com marcação directa ou através do Parque Arqueológico Vale do Côa |
Protecção
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Categoria: MN - Monumento Nacional, Decreto nº 32/97, DR, 1ª série - B, n.º 150 de 02 julho 1997 / Incluído no Conjunto dos Núcleos de Arte Rupestre do Vale do Côa (v. PT01091417042) |
Enquadramento
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Rural, isolado e harmonioso, sobranceiro ao rio Côa, na sua margem esquerda. Um pouco a N. dos edifícios da Quinta, ocupa a vertente SE. de uma pequena colina que as águas do Côa banham. A área agricultada em redor, extensa mancha de vinhedos que as estações pincelam, ciclicamente, fazendo suceder uma paleta luxuriante de verdes, amarelos, vermelhos e castanhos, constitui destacada marca em toda a paisagem circundante, colinas de recorte ondulado e suave, cobertas de vegetação rasteira. |
Descrição Complementar
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Utilização Inicial
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Comercial: estabelecimento de restauração |
Utilização Actual
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Cultural e recreativa: marco histórico-cultural |
Propriedade
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Privada: pessoa colectiva |
Afectação
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Época Construção
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Época romana / Época medieval |
Arquitecto / Construtor / Autor
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Cronologia
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Época romana - construção do edifício interpretado como mutatio; séc. 04 - construção do edifício interpretado como taberna; séc. 05 - 06 - construção do edifício interpretado como basílica martirial; Época medieval, início - aproveitamento do edifício de maiores dimensões de época romana para adaptação a pequenas habitações; Época medieval - construção de uma casa que parcialmente se sobrepõe à taberna de época romana e de uma outra casa que se sobrepõe parcialmente à mutatio, construção da oficina de fundição e de uma oficina de ferreiro ( GUIMARÃES, 1997 ); 1985 - descoberta de um sarcófago medieval numa pequena colina da quinta; proprietários contactam dois arqueólogos do Gabinete de História de Vila Nova de Gaia, os quais, descobriram esta estação; 1997, 1 Novembro - inauguração do Museu de Sítio de Ervamoira; 2010, 15 novembro - Proposta da DRCNorte para redefinição de alguns núcleos classificados, clarificação dos limites de outros e ampliação da classificação, passando a abranger os oito núcleos em vias de classificação; 2012, 26 setembro - publicação do projeto de decisão relativo à alteração da classificação do conjunto dos Sítios Arqueológicos em Anúncio n.º 1347/2012, DR, 2.ª série, n.º 187. |
Dados Técnicos
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Materiais
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Xisto, cerâmica, metais, ossos, vidros. |
Bibliografia
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GUIMARÃES, Gonçalves, Ruínas Arqueológicas, Complexo turístico-cultural da Quinta da Ervamoira, Guia do Visitante, Museu da Ervamoira, 1997; GUIMARÃES, Gonçalves, Das escavações arqueológicas ao Museu de Sítio da Ervamoira. Um programa global de investigação multidisciplinar. Terras do Côa, da Malcata ao Reboredo, Vila Nova de Foz Côa, 1998, p. 205 - 208; http://www.patrimoniocultural.pt/pt/patrimonio/patrimonio-imovel/pesquisa-do-patrimonio/classificado-ou-em-vias-de-classificacao/geral/view/16004552 [consultado em 2 janeiro 2017]. |
Documentação Gráfica
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Documentação Fotográfica
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IHRU: DGEMN/DSID |
Documentação Administrativa
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Intervenção Realizada
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1985 - Desenvolvimento de projecto de investigação arqueológica; 1997 - o arqueólogo responsável refere que "está em curso um projecto para consolidação e reconstrução parcial das estruturas" e a envolvente da estação arqueológica preserva e continuará a manter "a sua biodiversidade natural" por decisão dos proprietários ( GUIMARÃES, 1997 ). |
Observações
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A quinta, cuja mestria na confecção dos vinhos a tornou afamada, ficaria submersa pelas águas da barragem. A administração da Casa Adriano Ramos Pinto ( Vinhos, S.A. ) procurou tirar sábio partido da complementaridade paisagem, qualidade vinícola e património arqueológico instituindo o Museu da Ervamoira e criando um circuito de visita que pode integrar mostra da Quinta e Museu, prova de vinhos e refeição. Uma funcionária da Quinta, que guia e acompanha as visitas, pode ser contactada também através dos serviços do Parque Arqueológico Vale do Côa. |
Autor e Data
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Alexandra Cerveira 1999 |
Actualização
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