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Edifício e estrutura Edifício Extração, produção e transformação Forno Lagar de cera
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Descrição
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Planta rectangular, de volume simples, com cobertura em telhado de 1 água encimado por chaminé com abertura protegida por um telheiro de 1 água sobrelevado em relação ao telhado. Paredes em alvenaria de xisto. Fachada principal virado à rua e a O.. Porta de verga recta, com moldura em cantaria de granito, colocada assimetricamente junto ao cunhal S., contituindo o único vão existente no edifício. No interior, junto à parede N., à esquerda da entrada, encontra-se sucessivamente - a fornalha, construída com pedras de granito, com uma forma cúbica, com uma altura de 1,35m por 1,65m de largura e 1,40 m de comprimento, tendo na face virada a S. uma boca para introdução do combustível no seu interior; na parte superior tem uma abertura circular que comunica com o interior e sobre a qual se colocava uma caldeira de cobre contendo os favos de cera. A prensa de vara, constituída pela vara feita com a parte inferior de um olmo, com cerca de 4,5m de comprimento e tendo como terminal parte da raiz, o resto da peça foi talhada por forma a ter secção quadrangular, a outra extremidade da vara encontra-se fixada na parede através de uma peça de ferro - a agulha - que lhe permite movimentar-se acima e abaixo conforme os movimentos do fuso - peça de madeira, talhada em forma de rosca e que atravessa a vara, tendo fixo na parte inferior um peso de granito. A rotação do fuso, devido ao peso a que se encontra fixo, obriga à movimentação da vara, prensando a broca - peça de madeira paralelepipédica, colocada debaixo da vara e que tem uma perfuração circular, com 67cm de diâmetro e 37 de profundidade, sendo no fundo vasada em 13 buracos subquadrados, nesta cavidade são colocadas esteiras circulares, denominadas capachos, embebidas em cera derretida na caldeira e que depois são prensadas por um tronco de madeira - o chapuz - pressionado pela vara; a cera derretida e espremida escorre para uma pia situada debaixo da broca e de onde é retirada por uma caldeirinha para um molde em granito - pia - que lhe confere uma forma de barra com 35 a 40 kg de peso. O pavimento é em terra batida com excepção de uma zona central em que existe um pequeno lajeado em xisto. |
Acessos
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A partir de Torre de Moncorvo, pela EN 220, em direcção a Mogadouro, após 8 Km., à esquerda por Estrada Municipal, 4Km em direcção a Felgueiras, após o centro da aldeia, junto à Ribeira de Santa Marinha à direita, 150m até ao lagar, situado numa rua na parte S. da aldeia |
Protecção
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Enquadramento
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Rural, flanqueado, ribeirinho, meia-encosta. Situa-se num bairro limítrofe da aldeia, numa rua de pendente acentuado sobranceira à ribeira de Santa Marinha. Tem adossado a S. construção, sensivelmente mais alta, a N. muro limite de propriedade e a E. uma outra construção. |
Descrição Complementar
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Utilização Inicial
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Extração, produção e transformação: lagar de cera |
Utilização Actual
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Extração, produção e transformação: lagar de cera |
Propriedade
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Privada: comunal |
Afectação
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Sem afectação |
Época Construção
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Séc. 18 (conjectural) |
Arquitecto / Construtor / Autor
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Desconhecido. |
Cronologia
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Séc. 18 - Provável construção, visto localmente ser normalmente referido que o lagar tem mais de 200 anos, podendo, no entanto, ter uma origem mais antiga. |
Dados Técnicos
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Sistema estrutural de paredes portantes. |
Materiais
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Estrutura de xisto, granito; porta e elementos de madeira; cobertura de telha. |
Bibliografia
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SANTOS JÚNIOR, J. Rodrigues dos, Lagar comunitário da cera - Felgueiras - Moncorvo, Trabalhos de Antropologia e Etnologia, vol. 24, fasc. 3, Porto, 1983. |
Documentação Gráfica
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IHRU: DGEMN/DSID |
Documentação Fotográfica
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IHRU: DGEMN/DSID |
Documentação Administrativa
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Intervenção Realizada
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Câmara Municipal de Torre de Moncorvo - 1980, final da década - obras de conservação, nomeadamente do telhado e colocação de uma chaminé. |
Observações
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O tipo de construção de carácter popular e tradicional não permite propor cronologias rigorosas. O lagar foi objecto de recuperação pela Câmara Municipal de Torre de Moncorvo encontrando-se ainda em utilização, embora pontual e estando aberto ao público para visita. Segundo um informador local, citado por Santos Júnior teriam existido lagares semelhantes em Jou, concelho de Murça e Cogulo no concelho de Trancoso. A tradição de produção de cera nesta aldeia tem origem centenária, provavelmente medieval. Os cortiços eram recolhidos pelos cereeiros pelas aldeias em redor e após lhes ser retirado o mel, os favos de cera eram esmagados e colocados com água na caldeira de cobre sobre a fornalha onde deviam ferver pelo menos 1/2 hora, após o que a cera que sobrenadava era deitada sobre os capachos colocados na broca; depois de prensados pela acção da prensa de varas o líquido daí resultante acumulava-se na pia existente sob a broca, sendo daí recolhida a cera ainda líquida para moldes que lhe davam a configuração de barra de cera amarela, com 65 a 70cm de comprimento por 40 de largura e 15 de altura, atingindo um peso entre 35 a 40 kg (SANTOS JÚNIOR, 1983). |
Autor e Data
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Alexandra Lima e Miguel Rodrigues 1999 |
Actualização
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