Castelo de Sernancelhe

IPA.00006667
Portugal, Viseu, Sernancelhe, União das freguesias de Sernancelhe e Sarzeda
 
Arquitectura militar, medieval. Castelo roqueiro, de planta circular irregular, adaptado à morfologia do terreno de locais altos e de difícil acesso. Porta do Sol, de arco pleno, virada a S., integrada em pano parcialmente sobrevivente da cintura de muralhas.
Número IPA Antigo: PT011818160017
 
Registo visualizado 231 vezes desde 27 Julho de 2011
 
   
   

Registo

 
Edifício e estrutura  Edifício  Militar  Castelo    

Descrição

Planta circular, irregular, adaptando-se à morfologia do terreno. A estrutura define-se em dois níveis, possuindo o inferior uma porta de arco pleno, virada a S. e a que se acede por uma escada aparelhada, inserida em pano de muralha que se estende para os lados, sendo relativamente significativo o troço que se desenvolve para O., interrompido por escadaria e estando, a SO., parcialmente flanqueado por casas de habitação. No sentido oposto, existe, na linha da muralha, uma construção com porta e janelas de arco apontado, rematada por merlões e encimada por outra construção, de menores dimensões. Esse pano murário inflecte para N., descortinando-se aqui vestígios ténues de outro troço de muralha, que, em semicírculo, se ligaria à restante cinta muralhada, circunscrevendo a área mais relevante no cume do monte. O acesso ao nível superior processa-se a S., por escadaria de oito lanços. No interior do recinto muralhado, há um parque de merendas, a E., um depósito de água, a O., e, já no topo, uma imagem de Nossa Senhora no centro de um caminho ajardinado que circunda a área, bem como um marco geodésico sobre o pano murário a N..

Acessos

Rua do Castelo, no cimo do monte

Protecção

Inexistente

Enquadramento

Peri-urbano, no cimo de um monte, a dominar um vale circundado por montanhas, isolado e parcialmente demarcado, a S., SE. e SO. por jardim e casas de habitação de construção recente. Situado em zona de interesse paisagístico. À ilharga da escadaria, o Cruzeiro do Senhor dos Aflitos.

Descrição Complementar

Utilização Inicial

Militar: castelo

Utilização Actual

Cultural e recreativa: marco histórico-cultural

Propriedade

Pública: municipal

Afectação

Sem afectação

Época Construção

Séc. 12 / 13 (conjectural)

Arquitecto / Construtor / Autor

Desconhecido.

Cronologia

960 - Dona Flâmula ou Chama, sobrinha da condessa Dona Mumadona, manda vender, no seu testamento, os seus castelos na Beira entre eles o de Sernancelhe, para os rendimentos serem aplicados no resgate de cativos, apoio aos peregrinos e mosteiros;; 1059 - referência a um castelo no inventário de Mumadona *1; 1124 - doação por D. Teresa aos irmãos João Viegas e Egas Gozendo, poderosos ricos-homens, com a obrigação de repovoarem o burgo de "Cernonceli", que se encontrava completamente abandonado, e de reedificarem o castelo; concessão do primeiro foral pelos novos donatários; séc. 12 - provável contacto visual com o castelo de Penedono igualmente inserido na linha de castelos de defesa da fronteira da época; 1220 - foral dado por D. Afonso II que confirma os privilégios; 1269 - reforma do foral, designada por "outorgamento" ou arrendamento, sob a forma de beneplácito concluído com o concelho e corroborado pelo bispo de Lamego; 1295 - concessão de foral por D. Dinis, que autoriza a realização de uma feira na vila; 1430 - sentença de foral dada por D. João I; 1504 - referência ao Castelo de Sernancelhe numa lista de trinta vilas com cercas ou fortificações, constante do "Auto das cidades, vilas e concelhos que há na comarca da Beira"; 1514 - foral novo de D. Manuel I, depois de mandar restaurar o castelo; séc. 17, 1º quartel - notícia respeitante a Manuel Severim de Faria, que, em passagem por Sernancelhe, achou o castelo de pedra solta quase desmantelado; séc. 18 - referenciado nas Memórias Paroquiais como estando em ruínas, conservando-se a Porta do Sol e havendo no seu interior um casarão a servir de capela em honra a São Pedro; séc. 19 / 20 - notícia de se terem encontrado moedas e vestígios romanos neste local; séc. 20, década de 20 - o castelo estava todo desmantelado, conservando-se de pé apenas a Porta do Sol e alguns panos de muralha, "largos e sólidos, num dos quais está levantado um marco geodésico" ( MOREIRA, Vasco, p. 232 ); reconstrução de alguns panos de muralha, presumivelmente os visíveis actualmente; década de 40 - notícia sobre os elementos sobreviventes do castelo medieval, como "alguns panos de muralhas, uma porta quási intacta e as ruínas de duas tôrres, podendo-se, no entanto, identificar todo o seu traçado" ( ALMEIDA, João de, p. 572 ); década de 80 - edificação de uma casa de habitação encostada, a E., à Porta do Sol.

Dados Técnicos

Paredes autoportantes.

Materiais

Granito, alvenaria, madeira, metal.

Bibliografia

LEAL, Augusto Soares de Azevedo Barbosa Pinho, Portugal Antigo e Moderno, vol. IX, Lisboa, 1880; PEREIRA, Esteves e RODRIGUES, Guilherme, Portugal. Diccionario historico, vol. VI, Lisboa, 1912; MOREIRA, Vasco, Terras da Beira - Cernancelhe e seu Alfoz, Porto, 1929; ALMEIDA, João de, Roteiro dos Monumentos Militares Portugueses, vol. I, Lisboa, 1945; COSTA, Américo, Diccionario Chorographico de Portugal Continental e Insular, vol. XI, Porto, [1948]; ALVES, M., Sernancelhe, in Enciclopédia Luso-Brasileira de Cultura, vol. 16, Lisboa / Rio de Janeiro, [1974], cols. 1825 - 1826; ALMEIDA, José António Ferreira de ( coord. ), Tesouros artísticos de Portugal, Lisboa, 1976; COSTA, M. Gonçalves da, História do Bispado e Cidade de Lamego, vol. II e IV, Lamego, 1979 e 1984; CORREIA, Alberto, Sernancelhe, Roteiro Turístico, Sernancelhe, 1992; GOMES, Rita Costa, Castelos da Raia, vol. I, Lisboa, 1996; FERREIRA, Natália Fauvrelle e BARROS, Susana Pacheco, Douro, rotas medievais, [Lamego], [2000].

Documentação Gráfica

IHRU: DGEMN/DSID

Documentação Fotográfica

IHRU: DGEMN/DSID

Documentação Administrativa

CMS; DTOU

Intervenção Realizada

CMS: 1999 / 2001 - obras de limpeza geral e beneficiação dos acessos ao Castelo e dentro do recinto muralhado; construção de um parque de merendas; colocação de mobiliário urbano, como iluminação pública.

Observações

*1 - não é claro que esse castelo corresponda exactamente ao imóvel em questão, pois as indicações bibliográficas são contraditórias: alguns autores mencionam a existência de um castro luso-romano nas redondezas e que, posteriormente, teria sido convertido em castelo "de que não restam vestígios" ( ALVES, M., col. 1825 ), assim como aludem a um antigo castelo reedificado cerca de 1124, mas "que está há muitos annos desmantelado, tendo-se depois transformado em cemiterio parte do seu terreno interior" ( PEREIRA, p. 823 ); desse mesmo castelo se afirmou ficas "na maior eminencia da povoação (...). Tinha duas torres, das quaes ainda há restos. Dentro do castello havia a capella de S. Pedro, que foi arrazada depois de 1834" ( LEAL, Pinho, p. 165 ); no entanto, há quem considere que o "velho castro deu o nome ao Monte do Castelo, mais tarde celtizadop e romanizado, como o comprovam os raros lanços de muralha ainda visíveis, e os variados achados arqueológicos" ( COSTA, M. Gonçalves, vol. II, pp. 285 - 286 ); uma terceira versão, conjuga vários aspectos, registando que "a tradição e alguns autores falam de um castelo que os Romanos ergueram em Sernancelhe; de facto, no cume de um cabeço denominado "Castelo" ainda hoje se vêem ruínas de uma fortaleza. A avaliar pela sua situação, presume-se que tivesse sido, na origem, um castro de fundação lusitana, à sombra do qual nasceu a vila; seria, sim, melhorado e ocupado pelos Romanos" ( COSTA, Américo, p. 249 ); primitivamente, denominava-se Sermozele ou Seniorzeli.

Autor e Data

João Carvalho 1999 / Marisa Costa 2001

Actualização

 
 
 
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