Igreja Paroquial de Arronches / Igreja de Nossa Senhora da Assunção

IPA.00006570
Portugal, Portalegre, Arronches, Assunção
 
Arquitectura religiosa, manuelina. Igreja paroquial do tipo igreja-salão, com portal principal renascentista. Tecto das naves à mesma altura e sem separação entre as naves laterais e a central, como em Santa Maria de Belém e na Igreja Matriz de Freixo de Espada à Cinta (v. PT010404020001) e São Paulo de Pavia (v. PT040707040004).
Número IPA Antigo: PT041202010001
 
Registo visualizado 1998 vezes desde 27 Julho de 2011
 
   
   

Registo

 
Edifício e estrutura  Edifício  Religioso  Templo  Igreja paroquial  

Descrição

Planta composta, longitudinal, irregular, com os volumes articulados em disposição horizontal sobre terreno inclinado, com a cabeceira orientada a E.; cobertura com telhado de duas águas e telhas mouriscas. Frontaria voltada a O., antecedida de escadaria, com portal em arco redondo com querubins, entre pilastras e medalhões com bustos de guerreiros nas enjuntas; friso com a inscrição: PARAISO PARA SEMPRE INFERNO PARA SEMPRE; frontão triangular com a cruz de Cristo em medalhão; terminação ornamental, no vértice, com marcarão; sobrepujando o portal apresenta-se um janelão e um frontão interrompido, com volutas, entre fogaréus, já no topo da fachada; o conjunto é ladeado por contrafortes e pela torre sineira, saliente em relação ao plano da fachada, de secção quadrada, com seis olhais e coruchéu piramidal em eirado de espelhos e fogaréus. Fachada N. com embasamento, contrafortes terminando em gárgulas, porta lateral antecedida de escadaria, abrindo em arco redondo de granito lavrado com motivos vegetalistas e botões dentro de alfiz sobrepujado por terminação ornamental do mesmo tipo. Fachadas escalonadas da cabeceira, com contrafortes e cunhais de silharia. Fachada S. a dar para o quintal, semelhante à fachada oposta, com portal lateral, em arco redondo, emoldurado por decoração semelhante à do outro portal lateral. Transposta a porta principal e a do guarda-vento, encontramo-nos sob a abóbada rebaixada e nervurada do coro alto. O corpo da igreja apresenta três naves, sendo a principal de maior largura, definidas por duas filas de três grossas colunas a sustentar uma abóbada uniforme, de ogivas, de igual altura em qualquer das naves, sem separação entre as naves laterais e a principal; os fechos desta abóbada apresentam a cruz de Cristo, a esfera armilar, as armas de Portugal e floretes. A nave colateral do lado do Evangelho apresenta, de O. para E., a porta lateral, a antiga Capela de São Miguel ou de São João Baptista (ou do Jordão), hoje vazia, aberta em arco redondo, forrada a azulejos de padrão *2; a porta para uma arrecadação com sanitários; um pequeno altar de talha com o Senhor dos Passos, encastrado em vão com decoração pétrea semelhante às portas laterais. A cabeceira apresenta o altar-mor entre dois altares colaterais, todos a abrir em arcos redondos; o altar colateral do lado do Evangelho, forrado com azulejos de padrão e apresentando tecto em abóbada nervurada, rebaixada, formando um quadrado central com quatro bocetes, possui altar de talha com pintura central da Última Ceia a tapar a edícula, ladeada por duas colunas de cada lado (já foi o altar do Santíssimo); o altar-mor é de mármore branco e preto com edícula central onde está a padroeira, Nossa Senhora da Assunção, sobre peanha; ladeiam a edícula dois conjuntos de duas colunas escalonadas e sobre a arquitrave, de ressaltos, um frontão interrompido; todo o altar, sanefas dos janelões e tecto da capela, estão decorados com ornamentação rocaille dourada; a capela colateral do lado da Epístola, Capela das Chagas, tem a mesma configuração e altar que a do lado oposto, apresentando um calvário e um sacrário; possui porta de acesso à sacristia. A nave colateral do lado da Epístola apresenta, de E. para O., uma capela com o altar de Nossa Senhora do Rosário, em talha dourada, tendo de fronte um túmulo do Renascimento, em mármore; o tecto é de abóbada nervurada, rebaixada, pintada; esta capela possui porta de acesso a duas salas contíguas que se dispõem paralelamente à nave da igreja; a actual Capela do Santíssimo, antecedida por grade, com tecto em abóbada de canhão dividido em caixotões; o altar é de alvenaria com três nichos, possuindo o central Nossa Senhora do Carmo; a porta lateral S.; o baptistério, já sob o coro alto, com pia barroca e armário de mármore lavrado ao gosto maneirista; finalmente, a porta de acesso à torre. O pavimento das naves é de tijoleira rústica antiga dentro de reticulado de granito colocado a cutelo; adossado à primeira coluna, do lado do Evangelho, está o púlpito

Acessos

Praça da República. WGS84 (graus decimais) lat.: 39,122099, long.: -7,284805

Protecção

Categoria: MN - Monumento Nacional, Decreto n.º 8 217, DG, 1.ª série, n.º 130 de 29 junho 1922 / ZEP, Portaria, DG, 2.ª série, n.º 168 de 20 julho 1960 *1

Enquadramento

Urbano, isolada, dando a frontaria para a Praça da República, a principal da vila.

Descrição Complementar

Utilização Inicial

Religiosa: igreja paroquial

Utilização Actual

Religiosa: igreja paroquial

Propriedade

Pública: estatal

Afectação

Sem afetação

Época Construção

Séc. 16

Arquitecto / Construtor / Autor

ORGANEIROS: Pascoal Caetano Oldovino (1772); Pedro guimarães (2004).

Cronologia

1236 - doação da povoação ao Mosteiro de Santa Cruz de Coimbra; 07 janeiro - lançamento da primeira pedra da primitiva igreja por D. Teotónio, prior de Santa Cruz de Coimbra; 1242, posteriormente - conclusão da primitiva igreja; séc. 16, início - construção da actual igreja; 1541, 3 Agosto - carta sobre escrituras entre Santa Cruz de Coimbra e Arronches; séc. 17 - Construção e montagem dos cadeirais do altar-mor e aplicação de azulejos; grade de ferro forjado da Capela do Santíssimo; séc. 18 - decoração do eirado da torre; reconstrução da frontaria com decoração da parte cimeira; colocação da actual pia baptismal; construção e montagem de altares de talha; 1772 - feitura do órgão por Pascoal Caetano Oldovino; séc. 19 - altar do Senhor dos Passos; 1992, 01 junho - o imóvel é afeto ao Instituto Português do Património Arquitetónico, pelo Decreto-lei 106F/92, DR, 1.ª série A, n.º 126; 2007, 29 março - com a extinção do IPPAR, o imóvel deixou de estar afecto a este organismo.

Dados Técnicos

Paredes de alvenaria de pedra e tijolo com argamassa; rebocos caiados; tectos de abóbadas nervuradas e rebaixadas; contrafortes exteriores para contrariar os empuxos horizontais vindos das abóbadas; altares de talha e de mármore; cobertura telhada sobre armação de madeira apoiada no extradorso das abóbadas.

Materiais

Mármore, granito, pedra indiferenciada, tijolo, argamassa de cal e de cimento, cal, tijoleira, madeira, ferro forjado, telhas mouriscas.

Bibliografia

MARIA, D. Nicolau de Santa, Crónica da Ordem dos Cónegos Regrantes do Patriarca Santo Agostinho, 1668; KEIL, Luís, Inventário Artístico de Portugal - Distrito de Portalegre, Lisboa, 1943; Boletim MONUMENTOS da DGEMN, nº 101, 1960; CHICÓ, Mário Tavares, A Arquitectura Gótica em Portugal, Lisboa, 1981; COSTA, Alexandre de Carvalho, Arronches - suas freguesias rurais, Viseu,Tipografia, Guerra, 1984; FLOR, Pedro, "O portal da igreja matriz de Arronches e a escultura do Renascimento no Alentejo" in Actas do Simósio Internacional de História da Arte, Lisboa, 2004.

Documentação Gráfica

IHRU: DGEMN/DSID, DGEMN/DREMS

Documentação Fotográfica

IHRU: DGEMN/DSID, DGEMN/DREMS

Documentação Administrativa

IHRU: DGEMN/DSID, DGEMN/DREMS; Câmara Municipal de Arronches; DGARQ/TT: Corpo Cronológico, Parte I, maço 70, doc. 42

Intervenção Realizada

DGEMN: 1937 - demolição de muros e de dois anexos; reconstrução de telhados; reparação da escada da torre e da principal; limpeza de paramentos; 1958 - reconstrução de telhados e de degraus; instalação de sanitários; recuperação de paredes da torre, regularização de vãos e reparação dos cabeçotes dos sinos, vitral, portas e caixilhos; 1959 - demolição de alvenarias; construção de pavimentos de capelas; limpeza de nervuras no coro baixo; 1960 - colocação de pavimentos de tijoleira e degraus de cantaria; limpeza de cantarias; reparação do altar de talha; instalação eléctrica; 1973 - limpeza e reparação de telhados; rebocos, caiação e pinturas; 1975 - demolição de telhados, pavimentos, tectos e paredes; arranjo de terreno libertado e rebocos nas zonas libertadas da igreja; 1982 - reparação da torre sineira; reparação de cabeçotes de sinos e colocação de um novo; 1985 - construção, assentamento e reparação de portas; 1987 - construção e assentamento da porta da sacristia; caiações; IPPAR: DRE: 1996 - recuperação de fachadas - caiação; 2004 - restauro do orgão por Pedro Guimarães (Opus n.º 44).

Observações

*1 - DOF: Igreja Matriz de Nossa Senhora da Conceição da Arroches. *2 - esta capela, tal como a que se lhe opõe, apresenta, no pavimento, alçapões com tampo de mármore e fortes argolas que poderão constituir carneiros ou túneis de acesso a outros edifícios religiosos e até ao exterior da vila (versão popular). *3 - uma empresa de telemóveis instalou recentemente uma antena na torre da igreja, tendo substituído a anterior cruz em ferro forjado por uma antena em forma de cruz; instalou também aparelhagem eléctrica no interior da torre, tendo para o efeito demolido e reconstruído alvenarias para dar passagem à referida aparelhagem.

Autor e Data

Domingos Bucho 1999

Actualização

 
 
 
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