Hospital e Igreja da Santa Casa da Misericórdia de Portalegre / Conservatório Regional de Portalegre
| IPA.00006566 |
Portugal, Portalegre, Portalegre, União das freguesias da Sé e São Lourenço |
|
Arquitectura religiosa, renascentista. Igreja de nave única formando, com o consistório adossado, o conjunto típico das misericórdias. Não tem fachada principal, em resultado, provável, da sua construção no lugar onde existia uma outra igreja, medieval, havendo que se adaptar ao organicismo urbano daquele tempo. |
|
Número IPA Antigo: PT041214090009 |
|
Registo visualizado 734 vezes desde 27 Julho de 2011 |
|
|
|
Edifício e estrutura Edifício Religioso Edifício de Confraria / Irmandade Edifício, igreja e hospital Misericórdia
|
Descrição
|
Planta irregular, composta pelos corpos da igreja, de planta longitudinal, torre sineira e consitório; volumes articulados, massas dispostas na horizontal, sobre terreno inclinado; cobertura diferenciada em telhado de 2 águas na igreja e em terraços. Cabeceira a S.. Não existe fachada principal, sendo as laterais que apresentam os portais, sem que um se destaque em relação ao outro. A fachada O. dá para o Lg. da Misericórdia, e apresenta, entre uma banqueta ou embasamento corrido, um dos portais da igreja; este portal possui arco de volta inteira a nascer de impostas com ligeiro ressalto, ladeado por medalhões lisos nas enjuntas e pilastras rectangulares molduradas com bases; sobre a arquitrave, um frontão entre urnas: duas volutas ladeiam uma concha encimada por nicho rectangular sobrepujado por um pequeno conjunto de volutas e vestígios de uma cruz; os cunhais desta fachada foram construídos sob a forma de contrafortes, e um arcobotante, na zona central, ampara a parede, ligado-se a edifícios de habitação; junto ao beiral, um friso com medalhões lisos. A fachada N. é constituída por uma empena com óculo sobre o janelão rectangular do coro; na base apresenta banqueta corrida, e ao alto, um friso igual ao da fachada O.; o cunhal NE. é o único que não é contrafortado. A fachada E. apresenta banqueta corrida, escadaria semicircular de 7 degraus dando acesso ao outro portal da igreja, um arcobotante ligado a edifícios próximos, um friso igual aos anteriores e uma gárgula com figura demoníaca de mármore; o portal apresenta arco semicircular idêntico ao anterior, ladeado por medalhões lisos nas enjuntas e colunas caneladas a partir de bases de secção rectangular; sobre a arquitrave, entre bolas sobre bases, apresenta-se um frontão com nicho de arco semicircular e concha interior, encimando o conjunto uma meia concha. O Consistório liga-se perpendicularmente à fachada E. da igreja; na sua fachada N. apresenta dois registos de vãos: no primeiro, a porta da entrada, de moldura granítica rectangular, e duas janelas também rectangulares e de moldura granítica, gradeadas; no segundo, quatro janelas rectangulares de moldura granítica com sobreverga; no telhado é visível a ampliação recente e parte da torre da igreja; a fachada E. apenas possui, no 1º piso, uma fresta horizontal. INTERIOR: coro no topo N., sustentado por três arcos semicirculares apoiados em quatro colunas de fuste liso e capitéis dóricos; duas portas dão acesso ao piso do coro e a uma pequena arrecadação. A parede E. possui, para além da porta da entrada, mais duas portas, dando uma para o consistório e outra, junto ao altar, para a sacristia; ainda na mesma parede, o vão de um púlpito desaparecido. Da cabeceira, orientada a S., restam as arcadas do altar-mor e dos altares colaterais, todos no mesmo plano, e respectivos espaços interiores, vazios; são arcadas semicirculares de cantaria de granito com florões nas enjuntas; o altar colateral O. apresenta um frontão triangular com medalhão no tímpano; sobre os altares, um óculo. Está montado um palco frente as estes altares, apresentando, em baixo, duas montras com vestígios arqueológicos. A parede lateral O. apenas possui a porta lateral já descrita. Pavimento em tijoleira rústica enquadrada por um reticulado de pedra de granito formando rectângulos; duas pedras tumulares situam-se junto ao palco. Corre toda a caixa da igreja um friso de cantaria com seis mísulas em cada parede lateral, sobre as quais se apresentam esculturas em alvenaria e massa representando os apóstolos. O tecto é de abóbada de berço redondo dividido por caixotões com losangos, bicos e pontas de diamante em trabalhos de massa; por detrás de cada escultura, um caixotão pintado de preto, fazendo de nicho e favorecendo o destaque visual da escultura. A sacristia, com acesso pela igreja e pelo consistório, tem planta rectangular, dois nichos-altares nos topos e tecto abobadado; duas portas de verga e sobreverga rectas comunicam, a N., com o consistório, a S., após lanço de escadas, com o interior dos altares da igreja, com uma habitação, no piso térreo - a que a cabeceira da igreja se encontra adossada, com porta para a R. da Misericórdia -, e à cobertura. A ampliação do consistório, para servir o Conservatório de música, organizou-se à volta da torre sineira, - de quatro olhais e encimada por um corpo de secção rectangular com cruz e cata-vento - dando origem a um segundo andar recuado. Para a torre sobe-se por escada em caracol, interior, a que dá acesso uma porta de moldura granítica, rectangular, facetada e com molduras nas bases. Junto ao portal da igreja da fachada E., pequeno vestíbulo lajeado com os seguintes acessos: para a esquerda, uma sala com tecto de abóbada nervurada, rebaixada, formando estrela de quatro pontas, que por sua vez comunica com uma sala grande para E., uma saleta para S. e uma arrecadação em vão de escadas também para S.; as salas grandes têm janelas com conversadeiras para o adro da R. do Comércio; regressando ao vestíbulo, temos à direita uma porta para a igreja e em frente, após pequeno lanço de escadas sob arco de cantaria de volta inteira, um patamar dá acesso, em frente, à sacristia, e para a esquerda, a um lanço de escadas para o piso superior do consistório, com uma saleta e duas salas maiores, acesso ao antigo púlpito e ao 2º andar ampliado; a maior das salas, a do topo E., apresenta, do lado de dentro, a porta e duas janelas com molduras contracurvadas imitando mármore; todas as janelas deste piso superior do consistório têm conversadeiras e dão para o adro da Rua do Comércio. |
Acessos
|
Largo da Misericórdia e Rua do Comércio. WGS84 (graus decimais) lat.: 39,291741; long.: -7,432465 |
Protecção
|
Categoria: IIP - Imóvel de Interesse Público, Decreto n.º 33 587, DG, 1.ª série, n.º 63 de 27 março 1944 / Incluído na Área Protegida da Serra de São Mamede (v. PT041214020015) |
Enquadramento
|
Urbano, adossado, com os portais das entradas a dar para o Lg. da Misericórdia e para um pequeno adro, na R. do Comércio |
Descrição Complementar
|
|
Utilização Inicial
|
Religiosa: edifício de confraria / irmandade |
Utilização Actual
|
Educativa: conservatório / escola superior de música / Cultural e recreativa: auditório |
Propriedade
|
Pública: municipal |
Afectação
|
Sem afectação |
Época Construção
|
Séc. 16 |
Arquitecto / Construtor / Autor
|
|
Cronologia
|
1500 - 1501 - fundação da Santa Casa da Misericórdia de Portalegre e início de funções, utilizando as instalações da igreja medieval de São João Baptista, que foi sede de freguesia; séc. 16 - construção da nova igreja e consistório; estabelecimento de um pequeno hospital na R. da Figueira que será, pouco tempo depois, durante a administração do primeiro provedor (Lopo Ribeiro), reinstalado e fundido com a albergaria da Confraria do Espírito Santo, no Rossio; séc. 17 - 18 - a igreja beneficiou de revestimento de azulejos, tendo sido restaurada neste último século; 1922 - venda, em leilão, de todo o recheio da igreja por 50 mil escudos, investindo-se o dinheiro na compra de roupas para o Hospital da Misericórdia; posteriormente à venda do seu recheio, foi a igreja arrendada, tendo servido de casa de espectáculos (cinema, por exemplo) e sede do jornal "A Plebe"; 1943 - transferência dos azulejos para a Igreja de São Lourenço de Portalegre; 1947 - aquisição da igreja e consistório, por 66 000$00, em hasta pública, pela firma Filipe José Quezada e Irmãos; séc. 20, década 80 c. - compra da igreja e consistório pela Câmara Municipal de Portalegre, tendo-se iniciado obras de ampliação (piso 3), por administração directa, que estavam concluídas em 1991; 1991 - o Conservatório Regional de Portalegre passa a funcionar na igreja e consistório; 1995 - Protocolo de empréstimo das instalações da Câmara Municipal ao Conservatório Regional. |
Dados Técnicos
|
Paredes de alvenaria de pedra e tijolo com argamassa de cal; cunhais contrafortados e arcobotantes; estruturas de betão armado; cantaria em arcos e colunas; rebocos caiados; pavimentos de tijoleira; tectos abobadados e de laje de betão; coberturas telhadas e em terraço. |
Materiais
|
Mármore, granito, pedra indiferenciada, tijolo, argamassa de cal e de cimento, ferro, tijoleira, madeira, azulejos (sanitários), telhas. |
Bibliografia
|
KEIL, Luís, Inventário Artístico de Portugal - Distrito de Portalegre, Lisboa, 1943; MAIOR, Diogo Pereira Sotto, Tratado da Cidade de Portalegre, Lisboa, 1984; PESTANA; Manuel Inácio, A Santa Casa da Misericórdia de Portalegre, A Cidade, nº 12 (Nova Série), 1998. |
Documentação Gráfica
|
IHRU: DGEMN/DSID, DGEMN/DREMS |
Documentação Fotográfica
|
IHRU: DGEMN/DSID, DGEMN/DREMS, SIPA |
Documentação Administrativa
|
IHRU: DGEMN/DSID, DGEMN/DSARH, DGEMN/DREMS |
Intervenção Realizada
|
DGEMN: 1979 - remoção de entulhos, execução de pilares, vigas e lintéis de betão armado; alvenaria hidráulica, assentamento de cantarias e reparação de coberturas; Câmara Municipal de Portalegre: até 1991 - ampliação do consistório (3º piso). |
Observações
|
|
Autor e Data
|
Domingos Bucho 1999 |
Actualização
|
|
|
|
|
|
| |