Capela de São Sebastião / Igreja de São Sebastião

IPA.00006546
Portugal, Setúbal, Almada, União das freguesias de Almada, Cova da Piedade, Pragal e Cacilhas
 
Arquitectura religiosa, barroca, chã. Igreja chã de edificação plana, sóbria e bem equilibrada, com fachada de impulsão vertical, que contraria a divisão em 2 planos horizontais, com cunhais de pilastras bem destacados, e as 2 massas laterais, com grande ressalto, como contrafortes. Vê-se o barroco nos dois frontões agrupados ao centro e nos ornamentos da cartela, nas volutas, nos orelhões e nas conchas. O frontispício tem uma relativa riqueza de cantaria, de boa pedra calcária, ao contrário da maioria das igrejas almadenses.
Número IPA Antigo: PT031503010009
 
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Registo

 
Edifício e estrutura  Edifício  Religioso  Templo  Capela / Ermida  

Descrição

Planta retangular, de massa simples, e cobertura em telhado de duas águas. Fachada principal orientada a O., com embasamento e terminada em empena angular, pilastras nos cunhais. É marcada por dois registos definidos por moldura em ressalto, abrindo-se no inferior portal em arco de asa de cesto, e, no superior janela de sacada, com dois batentes, ladeado por largas volutas, rematando em cornija e frontão curvo aberto, de cuja abertura nasce a moldura ornamentada de uma cartela de medalhão, com feixe de setas esculpido (símbolo do martírio de São Sebastião). Flancos e fachada posterior encobertos, parcialmente, por edificações das casas que formavam o pátio: provavelmente, piso térreo do século 18 e piso superior dos séculos 19 ou 20. Flancos com dois corpos recuados, um de cada lado, acompanham o pé-direito do edifício, adossando-se a ele. Interior de uma nave; flanco direito com escada de caracol, no interior da parte recuada, talvez de acesso aos sinos, com pequena abertura de iluminação.

Acessos

Rua Capitão Leitão; Rua dos Espatários; Rua Dr. Julião de Campos (Largo das Andorinhas)

Protecção

Categoria: IM - Interesse Municipal, Decreto nº 2/96, DR, 1.ª série-B, n.º 56 de 06 março 1986

Enquadramento

Urbano. Na confluência de dois arruamentos, com pequeno largo fronteiro. Ergue-se entre edificações modernas de porte aproximado ao seu. Na proximidade da igreja, cerca de 80 metros a SO. foi construído o forte de São Sebastião.

Descrição Complementar

Utilização Inicial

Religiosa: capela

Utilização Actual

Religiosa: capela

Propriedade

Pública: municipal

Afectação

Época Construção

Séc. 16 / 17 / 18 / 21

Arquitecto / Construtor / Autor

ARQUITETO: Maria José Lopes (séc. 21). CARPINTEIRO: António Dias (1669). DESIGNER: Ricardo Nunes (2005-2009). ESCULTOR: José Aurélio (séc. 21). PEDREIRO: Domingos Ribeiro (1669); João Baptista (1732 - 1739).

Cronologia

1554 - D. João III determina edificarem-se igrejas dedicadas a São Sebastião em todas as vilas e lugares do Reino para a proteção contra a peste (LOPES); 1565 - ermida referida nas visitações da Ordem de Santiago, como tendo origem numa confraria de São Sebastião que em 1534 se achava instituída na Igreja de São Tiago de Almada; 1587, 26 julho - notícia constante num assentamento dos Irmãos da Mesa da Misericórdia de Almada; 1669 - conforme referência no Santuário Mariano, por essa data, fora colocada uma imagem da Senhora dos Prazeres na igreja, doada por gentes de Lisboa; 1676 - 1681 - os Juízes da vila de Almada contratam com o pedreiro Domingos Ribeiro e o carpinteiro António Dias as obras de restauro da ermida; séc. 17 - alterações na capela; 1729 - provisão régia autoriza o município a desviar do cabeção das sisas a verba necessitada à re-edificação da capela; esta provisão reconhecia que o templo pertencia ao povo de Almada (e não ao Patriarcado de Lisboa), ainda que a Câmara pagasse ao cura para que ensinasse português e latinidades, e que rezasse missa; séc. 18, primeira metade - reconstrução total da capela, desde os alicerces do edifício, com os mesmos materiais do séc. 17, com exceção da escada de caracol que não teve intervenção; 1732, 15 junho - "Auto que se fez do dia e forma com que se celebrou a cerimónia de benzer a primeira pedra fundamental da Irmida do Senhor S. Sebastião2; 1732 - 1739 - as obras da nova capela tiveram a direção do mestre pedreiro João Baptista; 1733 - auto lavrado relativo à fixação, perto do altar-mor, de uma lápide autorizada pelo Patriarcado referindo que a igreja pertencia ao povo de Almada; 1738, 9 setembro - a Ordem Terceira de Nossa Senhora do Monte Carmo, então estabelecida na vila de Almada, contrata com Câmara Municipal a fim de se estabelecer na nova ermida de São Sebastião "colocando-se na Capela-mor a imagem da Soberana Senhora"; 1739, 18 janeiro - a Ordem Terceira de Nossa Senhora do Monte Carmo obriga-se "a paramentar à custa de seus rendimentos a sobredita Ermida conservando-se sempre com a decência precisa para se celebrar os ofícios divinos"; 20 janeiro - bênção da nova ermida no dia de São Sebastião, "com a Música e concurso de muito povo e pessoas previligiadas e pregou o Reverendo Padre Mestre Fr. Francisco de Santo Thomas Religioso Dominico"; 1755, 1 novembro - com o terramoto, o edifício fica muito arruinado devido ao desabamento da abóbada, salvando-se a fachada, embora com estragos; 1758, agosto - Gazeta de Lisboa informa que os devotos de São Sebastião haviam promovido uma festa de touros, na Piedade, para proceder à reconstrução do templo; 1775 - provável conclusão das obras de re-edificação, as quais devem ter mantido o aspeto dado em 1729 ao templo; 1827, 12 setembro - a Câmara de Almada coloca em arrematação "o concerto da Igreja e casas pertencentes á Ermida de S Sebastião na mesma Villa" (Gazeta de Lisboa, 7 / 9 / 1827); 1856 - a casa anexa à capela serve de Hospital para as vítimas de Colera Morbus; 1889 - a capela já se achava profanada, sendo transferidas algumas alfaias e acessórios para outros templos de Almada; 1891 - entrega do sino da capela para a torre do Relógio da Igreja do Monte de Caparica; 1895 - a Imagem do São Sebastião tinha as suas festividades no Largo do Espírito Santo; 1899 - 1900 - empréstimo de paramentos à Igreja do Monte de Caparica; entretanto, por falta de licitante, não pode efetuar-se a venda dos azulejos da extinta Igreja de São Sebastião (atualmente a decorar o jardim do Convento dos Capuchos, segundo informação facultada em 1980 pelo falecido Dr. Mário Bento); 1904 - a propriedade é vendida pelo município; séc. 20 - obras no conjunto das edificações, passando as casas a servir de habitação, e a igreja a servir como taberna "as Andorinhas"; 1982 - a Câmara Municipal pede a classificação da igreja como imóvel de Interesse Público; 1984, 1 agosto - aprovada a classificação de Interesse local ou concelhio pelo então IPPC; 1995 - demolição das casas que formavam o pátio e colocação do painel de azulejos colocado nos jardins do Convento dos Capuchos; 2009, 25 julho - reabertura da igreja ao público.

Dados Técnicos

Sistema estrutural de paredes portantes.

Materiais

Alvenaria, cantaria, cerâmica (telhas e encasque de tijolo)

Bibliografia

CASAL, Milene Gil D., Ermida de São Sebastião: estudo preliminar a uma intervenção de conservação e restauro, in Anais de Almada: revista cultural N.º 4, Almada, Câmara Municipal, 2001, pp. 63-95; LOPES, Maria José (conceção e coord), et al, Entre memória e criação: a reabilitação da Ermida de São Sebastião em Almada, Almada, Câmara Municipal, 2010; MENDES, Rui M., Património Religioso de Almada e Seixal: Ensaio sobre a sua história no século XVIII, in Anais de Almada: revista cultural N.º 11-12, Almada, Câmara Municipal, 2010, pp. 67-138; POLICARPO, António Manuel Neves, Ermida de São Sebastião em Almada, 2ª ed. corrigida e aumentada, Almada, Junta de Freguesia, 2009; SOUSA, R. H. Pereira de, Fortalezas de Almada e seu Termo, Almada, 1981; IDEM, Almada, Toponímia e História das Freguesias Urbanas, Almada, 1985; IBIDEM, Igreja de São Sebastião, Revista Al-madan, nº 1; VIEIRA, Aires P., A Vila de Almada e o seu Termo: 1640-1706, Tese de Doutoramento, 2 vols., 2004, p. 804.

Documentação Gráfica

IHRU: DGEMN/DSID; A.D. Setúbal; Arquivo Histórico Militar; Arquivo Histórico da Misericórdia de Almada; C.T.M. do terreno da Península de Setúbal 1813, C.A.L. 1901, C.M.P. 1961

Documentação Fotográfica

IHRU: DGEMN/DSID

Documentação Administrativa

Intervenção Realizada

CMA: 1999 - após a saída do último residente, iniciam-se as demolições da coberturas e dos espaços anexos; através da picagem das paredes tem sido possível identificar alguns elementos arquitectónicos que ajudam à caracterização do imóvel do século 18; CMA: 2000 - obras gerais de recuperação e conservação do edifício, tratamento da envolvência; 2005, abril - 1º fase da obra de restauro que corresponde á consolidação dos elementos estruturais e à colocação da cobertura; 2005 / 2006 / 2007 / 2008 / 2009 - obras de requalificação da igreja com projeto da arquiteta Maria José Lopes, sendo também responsável por alguns dos elemento decorativos (lavabos, altar, via sacra, ambão e cruz exterior); feitura do sacrário pelo escultor José Aurélio, da pia batismal pelo designer Ricardo Nunes

Observações

*1 - DOF: Edifício da antiga Igreja de São Sebastião. O lugar chamava-se de São Sebastião até aos fins do Séc. 19 e retirava o seu nome do orago da igreja; *4 - Fazendo, então, parte da propriedade algumas casas que se encostavam à igreja e, nas traseiras, agrupavam-se à roda de um pátio que, entre os Séc. 18 e 19, teriam sido utilizadas como recolhimento. No portão de entrada do pátio existia um painel de azulejos onde se lia: hoje he retiro de cuidados / 1776, que foi retirado quando se demoliram as casas, na década de 50 e colocado encimando um portal, nos jardins do convento dos Capuchos; *5 - No dia de Todos-os-Santos, segundo documentação quinhentista dos Arquivos da Misericórdia de Almada, era costume recolher e referenciar os corpos ou ossadas já enterrados em várias locais sem cerimónia - especialmente os afogados - e enterrá-los nesta igreja.

Autor e Data

Albertina Belo 1998

Actualização

Carolina Silva 2005 / Rui Manuel Mendes 2012
 
 
 
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