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Edifício e estrutura Edifício Religioso Convento / Mosteiro Convento masculino Ordem dos Eremitas de Santo Agostinho - Gracianos
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Descrição
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Planta longitudinal, orientada, composta; cabeceira mais baixa, tripartida e escalonada com ábside e absidíolos de planta poligonal. Volumes articulados, massas dispostas na vertical. Cobertura diferenciada em telhado de duas águas na nave e transepto, de uma água nas naves laterais. Fachada principal de três panos definidos por contrafortes; pano central de dois registos rasgado por pórtico, de 5 arquivoltas em arco quebrado, inscrito em alfiz, e por grande rosácea; remate em empena angular coroada por cruz de pedra. Fachadas laterais de pano único rasgadas inferiormente, no eixo dos tramos internos, por janelas em arco quebrado, maineladas, e ao nível da nave central por janelas idênticas, abertas no eixo dos pilares; nos topos dos braços do transepto grandes janelões; cabeceira contrafortada, aberta de lumes, cinco na ábside e três por absidíolo. INTERIOR: espaço diferenciado de três naves, de cinco tramos cada, as laterais mais baixas; transepto de dimensões próximas às da nave central; arcos quebrados assentes em pilares cruciformes, capitéis fitomórficos e antropomórficos; arco triunfal encimado por rosácea. Coberturas de madeira nas naves e transepto e de abóbada de cruzaria de ogivas na cabeceira *2. No braço direito do cruzeiro o túmulo de D. Pedro de Menezes e Beatriz Coutinho *3: grande arca quadrangular de calcário assente em oito leões tendo entre as garras despojos humanos e animais; tampa com os jacentes de mãos dadas, cabeças sobre almofadas protegidas individualmemte por grandes baldaquinos e pés assentes em mísulas esculpidas de figurinhas humanas envoltas na vegetação; D. Pedro sopesa montante e traja arnês sob cota de armas com o seu escudo; D. Beatriz segura na mão esquerda o Livro de Horas e veste túnica e capa presa por firmal; frisos decorados com anjinhos, querubins, carrancas e cordas flóricas; arca decorada nas quatro faces por ramos de azinheira envolvendo a divisa "Áleo" que se repete 35 vezes; no frontal direito e nos faciais o brasão de D. Pedro e no frontal oposto os de D. Margarida Sarmento de Miranda, sua primeira mulher, e o de D. Beatriz Coutinho, sua segunda mulher; no frontal direito, sobre o escudo, corre superiormente uma inscrição em caracteres góticos atestando a encomenda do túmulo. À direita deste, em campa rasa, o túmulo de D. Leonor Coutinho, filha de D. Pedro de Menezes e de D. Margarida de Miranda. No absidíolo direito, diante da mesa de altar, a sepultura de Pedro Álvares Cabral em campa rasa: laje rectangular simples gravada de inscrição em caracteres góticos. Dispersas na igreja várias outras sepulturas constituídas por arcas tumulares inseridas em arcossólios, de diversos estilos e épocas, uma delas ricamente lavrada. |
Acessos
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Largo Pedro Álvares Cabral (antigo Largo da Graça) |
Protecção
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Categoria: MN - Monumento Nacional, Decreto de 16-06-1910, DG, 1.ª série, n.º 136 de 23 junho 1910 / ZEP / Zona "non aedificandi", Portaria, DG, 2.ª série, n.º 282, de 04 dezembro 1946 *1 |
Enquadramento
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Urbano. Afrontando a via pública, harmonizado com o casario circundante, de dois e três pisos. |
Descrição Complementar
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Brasão de D. Pedro de Menezes: no frontal tem por trimbe uma cabeça de cervo esfolada cuja pele serve de paquife; escudo cortado por traços e partido de dois num total de 6 quartéis( I, II, V: dois lobos sotopostos; II, IV, VI: quatro palas sobre o escudete liso). Brasão de D. Beatriz Coutinho: partido com as armas de D. Pedro e cinco estrêlas de cinco pontas; brasão de D. Margarida de Miranda: partido com as armas de D. Pedro e uma aspa e quatro flores-de-lis. |
Utilização Inicial
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Religiosa: convento masculino |
Utilização Actual
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Cultural e recreativa: monumento / Educativa: escola profissional |
Propriedade
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Pública: estatal |
Afectação
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DGPC, Decreto-Lei n.º 115/2012, DR, 1.ª série, n.º 102 de 25 maio 2012 |
Época Construção
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Séc. 14 / 15 / 16 / 17 / 18 |
Arquitecto / Construtor / Autor
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PINTOR: Diogo Teixeira (1603-1606). |
Cronologia
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1376 - os padres Agostinhos fixam-se em Santarém, pedindo o patrocínio da família Meneses; instalam-se nas casas do Mestre Pedro de Lei, pertencentes ao Conde de Ourém, o padre João Torre e três religiosos; doação das casas para fundação de um mosteiro; 1380, 16 abril - lançamento da primeira pedra da nova igreja por D. João Afonso Telo de Menezes, Conde de Ourém, e pela sua mulher, D. Guiomar Vilalobos; séc. 15, 1.º quartel - termina a construção; 1437, cerca - túmulo do neto do fundador D. Pedro de Meneses (governador de Ceuta (1415-1437), 1.º Conde de Vila Real e 2.º de Viana do Alentejo (desde 1424)) e de sua mulher, D. Beatriz Coutinho, mandado edificar por sua filha; 1446, 08 Julho - a Condessa de Ourém, D. Guiomar de Freire Vila Lobos doa aos frades a Quinta da Goxa, em Almeirim; 1532 - fundação da Capela do Senhor dos Passos, na nave lateral S.; 1531 - 1548 - provável desmoronamento das abóbadas das naves e sua substituição por tectos de madeira; 1594 - D. Gil Eanes da Costa e a mulher, Margarida de Noronha, instituem a Capela de São Nicolau Tolentino, no braço N. do transepto; 1603-1606 - pintura do quadro da Capela de Gil Eanes da Costa por Diogo Teixeira; 1609, 26 Março - instituição do Morgado de São Nicolau Tolentino; 1612, 29 Maio - sepultado na Capela de São Nicolau Tolentino D. Gil Eanes da Costa; séc. 17 - 18 - decorações várias nos altares e capelas (pinturas, painéis cerâmicos, retábulos, etc.), substituição das cornijas e cachorros; séc. 18 - colocação da decoração azulejar nas paredes laterais da Capela de Santa Rita; 1725 - trasladação do túmulo de D. Pedro de Meneses da Capela de Santa Rita, situada no topo do cruzeiro do lado da Epístola, para a nave lateral esquerda, no sub-coro; 1755, 01 Novembro - o terramoto provoca estragos nas estruturas murárias e coberturas e consequente reparação; séc. 19 - entaipamento das portas de comunicação entre a ábside e os absidíolos e das frestas aí existentes bem como nas capelas das naves; 1829 - o edifício funciona como cadeia; 1830, 10 Novembro - os frades requerem a retirada dos presos; 1833, 14 Março - o Prior pede para serem transferidos os presos para o Aljube; 1834 - extinção das ordens religiosas; 1847, Novembro - Silvério Alves da Cunha adquire o mosteiro; 1849 - instalação do asilo de Santo António no edifício, legado pelo proprietário; 1865 - medição do edifício pelo Cónego Joaquim Maria Duarte Dias, referindo que a nave tem 35,60m de comprimento e 18,90m de largura, tendo o cruzeiro 32,24m x 7,10m; a capela-mor tem 10,15mx 7,20m, com a altura de 11,92m; a capela-mor tem forma elíptica; 1870, 05 Abril - por Alvará do Governo Civil são aprovados os Estatutos do Asilo; 1882, 06 Agosto - verificação dos ossos de Pedro Álvares Cabral; 1890 - demolição de parte do Convento; 1903, 10 Fevereiro - Portaria determina a exumação das ossadas de Pedro Álvares Cabral, para estudo e observação por parte do médico brasileiro Alberto de Carvalho; 1938, 04 Maio - o Ministro do Interior autoriza o Asilo a receber o legado deixado em testamento por D. Eugénia Maria da Silva Anacoreta; 1940 - cedência do altar de São Nicolau Tolentino para a Igreja de Marvila, por interferência do engenheiro Zeferino Sarmento, depois transferida para a Igreja de Jesus Cristo, do antigo Hospital; remodelação da Capela de Santa Rita com colocação de alguns azulejos na parede fundeira da capela-mor, indo outros para a Igreja Paroquial da Golegã; 1948 - terminam as obras de restauro da DGEMN; 1949 - início da última fase das obras; 1971, 16 Abril - a Secretaria de Estado da Saúde e Assistência autoriza a ampliação do Lar; 29 Abril - a Direcção-Geral de Assistência envia ao Director-Geral dos Serviços de Urbanização de Lisboa um projecto para ampliação do lar; 1983, 21 Novembro - a verba para a reconstrução e ampliação ainda não tinha sido concedida; 1985, 09 Maio - arquivo do projecto de ampliação; 1992, 01 junho - o imóvel é afeto ao Instituto Português do Património Arquitetónico, pelo Decreto-lei 106F/92, DR, 1.ª série A, n.º 126; 1998 - colocação da tela de São Nicolau no altar, após restauro; 2009, 24 agosto - o imóvel é afeto à Direção Regional da Cultura de Lisboa e Vale do Tejo, Portaria n.º 829/2009, DR, 2.ª série, n.º 163. |
Dados Técnicos
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Sistema estrutural de paredes portantes. |
Materiais
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Calcário; aparelho à vista no exterior, rebocado e caiado no interior. Uma cintagem em betão (oculta) consolida as estruturas murárias. Coberturas internas de madeira |
Bibliografia
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BRAZ, José Campos - Santarém raízes e memórias - páginas da minha agenda. Santarém: Santa Casa da Misericórdia de Santarém, 2000; CHICÓ, Mário Tavares - A Arquitectura Gótica em Portugal. 3.ª ed., Lisboa: Livros Horizonte, 1981; DIAS, Pedro - História da Arte em Portugal - O Gótico. Lisboa: Edições Alfa, S.A., 1986, vol. IV; GONÇALVES, António Augusto - Estatuária Lapidar no Museu Machado de Castro. Coimbra: s.n., 1923; GORDALINA, Rosário - «Simboli e significati di un quattrocentesco sarcofago portoghese». La Nuova Città. Firenze: 1995, n.º 9; GOULÃO, Maria José - «Figuras do Além. A escultura e a tumulária» in História da Arte Portuguesa. Lisboa: 1995; Igreja da Graça - Santarém. Boletim da Direcção-Geral dos Edifícios e Monumentos Nacionais. Lisboa: Direcção-Geral dos Edifícios e Monumentos Nacionais, 1951, n.º 65-66; Relatório da Actividade do Ministério no ano de 1952. Lisboa: Ministério das Obras Públicas, 1953; RODRIGUES, Martinho Vicente - O "Santíssimo Milagre" de Santarém. Santarém: Real Irmandade do Santíssimo Milagre, 2008; SANTOS, Reinaldo dos - A Escultura em Portugal. Lisboa: Academia Nacional de Belas-Artes, 1950; SARMENTO, Zeferino - História e Monumentos de Santarém. Santarém: Câmara Municipal de Santarém, 1993; SEQUEIRA, Gustavo de Matos - Inventário Artístico de Portugal - Distrito de Santarém. Lisboa: Academia Nacional de Belas-Artes, 1949, vol. III; SERRÃO, Joaquim Veríssimo - Santarém - História e Arte. Santarém: Comissão Distrital de Turismo, 1959; SERRÃO, Vitor - Santarém. Lisboa: Editorial Presença, 1990; VASCONCELOS, Padre Ignácio da Piedade - História de Santarém edificada. Lisboa: s.n., 1740, vol. II, tomo I. |
Documentação Gráfica
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IHRU: DGEMN/DSID |
Documentação Fotográfica
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IHRU: DGEMN/DSID |
Documentação Administrativa
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IHRU: DGEMN/DSID |
Intervenção Realizada
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DGEMN: 1947 / 1949 / 1951 - demolição de edifícios de época posterior adjacentes ao corpo da Igreja; demolição da galeria superior da ala N. do claustro e de quaisquer estruturas ou ornamentos considerados não originais (cúpula da capela no braço N. do transepto; coro-alto; revestimento de altares e capelas, etc.); consolidação das estruturas murárias e respectivos alicerces; reconstrução geral dos telhados, cornijas, fenestrações, elementos de suporte; são desta época o apeamento de um altar do absídiolo direito, retábulo e teia da capela de São Miguel, tendo sido transferidos para a Igreja de Moçarria (v. PT031416120137); apeamento de um altar em pedra, de uma capela, e transferido para a Igreja do Hospital da Misericórdia de Santarém (v. PT031416200018); 1983 - beneficiações em vitrais e portas; 1994 - obras de beneficiação na cobertura; 1995 - restauro das pinturas da capela-mor; CMS: 1994 / 1997 - limpeza e consolidação dos azulejos do Painel de Santa Rita. |
Observações
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*1 - DOF: Igreja de Santo Agostinho da Graça, compreendendo os túmulos designadamente os dos fundadores e de Pedro Álvares Cabral. Restauro e beneficiação das pinturas e talha da nave. *2 - é provável que em tempos a Igreja tivesse cobertura de abóbada nas naves como denunciam os pilares cruciformes de colunas adossadas e, acima dos capitéis, os vestigíos do arranque dos arcos torais; todavia as janelas do clerestório rasgam-se actualmente no eixo dos pilares inviabilizando tal solução. *3 - no túmulo de D. Pedro de Meneses o jacente feminino tem sido identificado pela crítica como sendo o de D. Beatriz Coutinho, D. Margarida de Sarmento Miranda e, erroneamente, como de D. Leonor Coutinho. *4 - na fachada O. da Igreja de Nossa Senhora das Ondas em Tavira ( v. PT05081405024 ) encontram-se duas lápides com a inscrição "ALEO" envolvida por ramos de zambujeiro. |
Autor e Data
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Rosário Gordalina 1990 |
Actualização
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2010 |
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