Convento de Santa Marta / Hospital de Santa Marta
| IPA.00006531 |
Portugal, Lisboa, Lisboa, Santo António |
|
Arquitetura religiosa, maneirista e arquitetura hospitalar, do séc. 20. Mosteiro feminino de clarissas urbanistas dependentes do ordinário, composto por igreja de estrutura maneirista com nave de capelas laterais intercomunicantes e capela-mor, tendo a zona conventual a desenvolver-se na fachada posterior da igreja, em torno de um claustro quadrangular. Igreja de planta retangular com eixo longitudinal interno e acesso lateral, iluminada unilateralmente por janelas em capialço rasgada no lado O., enquadradas por contrafortes que suportavam uma primitiva abóbada, substituída, no séc. 18, por uma de lunetas. Para a igreja abrem os coros, iluminados por janelas virada a O.. Claustro com arcadas no piso inferior e terraços no superior, com a quadra ajardinada, dividida em quatro canteiros que enquadram um chafariz de pedra. Para o claustro, abrem capelas domésticas, a Portaria e Casa do Capítulo. As capelas da igreja e do claustro encontram-se forradas a azulejo de tapete policromo, surgindo, na Casa do Capítulo e na Portaria azulejo figurativo, de produção joanina. O edifício foi remodelado e transformado em hospital, recebendo vários corpos adossados e outros de feitura recente, construídos na antiga cerca. Antigo Mosteiro feminino, adaptado a hospital, mas mantendo a estrutura da igreja e algumas dependências conventuais, bem como parte do seu recheio decorativo. O edifício apresenta uma estrutura maneirista, alterada pontualmente por elementos introduzidos no final do séc. 18, fazendo face a necessidade de reconstrução pós-terramoto, sendo de destacar a opção por abóbadas mais leves, de lunetas, surgindo falsas lunetas em locais destituídos, atualmente, de luz natural. Em termos decorativos, destaca-se o espólio azulejar abrangendo azulejaria de padrão do séc. 17, nas capelas da nave e espaços de transição, azulejo de figura avulsa, composições seriadas de açafates na ala inferior do claustro, bem como painéis de composição figurativa na Casa do Capítulo que formam um conjunto de grande interesse iconográfico, ilustrando a vida de Santa Teresa de Ávila, São Francisco, Santa Clara e, intimamente ligados com a Ordem de São Francisco, painéis alusivos aos Pia Desideria, legendados e inspirados em gravuras de Boetius Van Blomswert, destinadas a ilustrar uma edição dos Pia Desideria *6. Desconhece-se se o revestimento de azulejos se encontra tal como foi concebido, uma vez que o teto parece ter sido rebaixado, as dimensões da porta foram reduzidas e os próprios azulejos revelam manipulações várias, devendo considerar-se a possibilidade de alguns dos painéis terem vindo de outras salas do Convento. O teto da nave apresenta influências das gravuras de Hironimus Cock, de 1553, a partir de desenhos de Benedetto Battinini, de 1550. |
|
Número IPA Antigo: PT031106140062 |
|
Registo visualizado 10375 vezes desde 27 Julho de 2011 |
|
|
|
Edifício e estrutura Edifício Religioso Convento / Mosteiro Mosteiro feminino Ordem de Santa Clara - Clarissas (jurisdição do ordinário)
|
Descrição
|
Núcleo edificado de planta retangular irregular, composta por vários edifícios construídos em períodos distintos, integrando parte do primitivo Mosteiro de Santa Marta. Antigo CONVENTO de planta retangular irregular, desenvolvido em redor de um claustro quadrangular, com a igreja desenvolvido a O., estando os demais corpos dispostos a E.. IGREJA de planta retangular com eixo longitudinal interno, composta por nave para onde abrem seis capelas laterais intercomunicantes e capela-mor, ladeada por capelas colaterais, com sacristia externa adossada ao lado esquerdo, com coberturas diferenciadas em telhados de três águas. Fachadas rebocadas e pintadas de branco, a principal virada a S., à Rua de Santa Marta, de que se separa por um portão e dois lanços de escadas divergentes, de acesso a pequeno adro, pavimentado a lajeado. Fachada ritmada por panos definidos por pilastras com gárgulas em forma de balaústre, surgindo, ao centro, portal de verga, flanqueado por pilastras firmadas por pináculos de bola, que ladeiam frontão triangular interrompido por cruz latina. Num registo superior, cinco janelas em capialço, divididas por contrafortes. No lado direito da fachada, um pequeno pano rasgado por frestas, revelando uma zona de escadas. INTERIOR rebocado e pintado de branco, com pavimento em soalho e cobertura em abóbada de lunetas, rebocada e pintada de branco, assente em amplo friso e cornija. Na parede fundeira, o vão retilíneo do coro-baixo, ladeado por dois vãos em arco de volta perfeita, surgindo, num segundo registo, um pequeno vão retilíneo, correspondente à ligação ao coro-alto. As capelas têm acesso por arcos de volta perfeita, com correspondência de arcadas no lado do Evangelho, uma delas a enquadrar o portal, ao lado do qual surge uma porta de acesso a pequeno corredor lateral. No espaço entre os suportes dos arcos, surgem painéis de azulejo figurativo. No lado do Evangelho, a bacia do antigo púlpito, em cantaria. Arco triunfal de volta perfeita, flanqueado pelos vãos dos primitivos retábulos colaterais. Capela-mor com acesso por três degraus de cantaria, com pavimento em lajeado e cobertura em abóbada de arestas, fechadas por painel pintado com a representação da pomba do Espírito Santo *2. No lado do Evangelho, uma tribuna em arco abatido. Sobre alto supedâneo de cantaria, erguia-se o retábulo-mor. Zona CONVENTUAL de planta retangular irregular, com as várias alas do claustro a prolongarem-se longitudinalmente, com as alas de quatro pisos, com coberturas diferenciadas em duas, três e quatro águas, tendo as fachadas rebocadas e pintadas de branco, rasgadas regularmente por vãos retilíneos. Ao lado da igreja, ergue-se o corpo dos antigos coros, a que foi adossado um novo corpo menos elevado e cobertura de três águas, com as fachadas rebocadas e pintadas de lilás, sendo a principal, virada a S., marcada por cinco registos divididos por frisos de cantaria e um pano central ligeiramente saliente, os inferiores rasgados por três arcos de volta perfeita, surgindo no segundo registo a bandeira, e, nos extremos, portas de verga reta, encimadas por óculos circulares. Os dois pisos imediatos têm três janelas de peitoril em arco abatido, com molduras de cantaria, os do piso inferior com fecho saliente, surgindo, nos extremos, janelas de peitoril de verga reta. No piso superior, cinco janelas de peitoril retilíneas, com molduras de cantaria e remate em cornija bastante saliente. O INTERIOR desenvolve-se em torno de claustro quadrangular, com as alas rasgadas por seis arcos de volta perfeita, com pavimentos em ladrilho e paredes rebocadas e pintadas de branco, percorridas por painéis de azulejo seriado, formando silhar. O segundo piso forma terraço, para onde abrem várias portas e janelas retilíneas, possuindo silhar de azulejo seriado. A quadra possui quatro canteiros de buxo, que centram um chafariz em cantaria. O coro-baixo, atual CAPELA de planta retangular, com as paredes revestidas a azulejo de padrão e cobertura em falsas abóbadas de lunetas, pintadas a brutesco, centrando um painel com a representação de Santa Marta, possuindo nos panos laterais das lunetas pequenos painéis com elementos fitomórficos. Abrindo para o claustro, a antiga Casa do Capítulo, de planta retangular simples e pavimento em ladrilho axadrezado e cobertura em falsa abóbada de lunetas, rebocada e pintada de branco, com as paredes totalmente revestidas a azulejo figurativo, com a zona inferior, marcando as áreas dos bancos corridos, azulejo de figura avulsa em bicromia azul e branco. Surgem, ainda, no lado direito, dois corpos de feitura mais recente e, na fachada posterior, dois volumes articulados. |
Acessos
|
Rua de Santa Marta (junto ao n.º 56); Travessa de Santa Marta |
Protecção
|
Categoria: IIP - Imóvel de Interesse Público, Decreto nº 35 532, DG, 1.ª série, n.º 55 de 15 março 1946 / ZEP, Portaria n.º 529/96, DR, 1.ª série-B, n.º 228 de 01 outubro 1996 (igreja) *1 |
Enquadramento
|
Urbano, adossado a edifícios, nomeadamente ao Palácio do Condes do Redondo (v. PT031106140087), no lado esquerdo. Destaca-se na malha urbana, pela vasta área que ocupa, implantado em acentuado declive. A fachada principal abre para a Rua de Santa Marta, estreita e pavimentada a calçada em cubos de granito, de que se separa por estreito passeio público, pavimentado a calçada. |
Descrição Complementar
|
No exterior do edifício surge um painel moderno com Santa Marta. A IGREJA possui algumas das capelas laterais revestidas a azulejo de padrão, onde surgem os padrões policromos do P-401, P-385, P-22 (variante muito rara), P-85, P251, limitados pelas cercaduras C-72, C-76, C-7 e por frisos F-10. Entre as capelas, surgem painéis de azulejo figurativo, em bicromia azul e branca, quatro de cada lado na nave e dois na parede fundeira representando São Francisco, São José, Santa Clara, Santa Ana a ensinar a Virgem a ler, São Joaquim, Santa Isabel. Numa das capelas, a inscrição: "ESTA CAPELA HE DE ESTEVÃO CVRADO FLORIM COMENDADOR DA ORDEM DE CRISTO E DE SVA MOLHER ANNA DENIS A QVAL MANDOV FAZER E DOTOV POR SVA MORTE COM DVAS MISSAS QVOTIDIANAS E COM QUE ESTEIA HVA ALAMPADA ASEZA PERA SEMPRE E FABRICA NECESSARIA AS RILIGIOZAS DESTE CONVENTO SAM ADMINISTRADORAS NÃO SE ENTRARA NELLA SENÃO QVEM NOMEAR EM SEV TESTAMENTO FALECEO A 10 de SETEMBRO DE 1620". Está encimada por um escudo envolto por cartela e bipartido com as armas dos Sá e Taveira. Numa outra capela, a inscrição: "ESTA CAPELLA HE DE DIOGO DA SILVA FEITOR DA DESCARGA D'ALFANDEGVA DESTA SIDADE E DE SVA MOLHER MARIA CORESMA E DE SEVS ERDEIROS COM OBRIGAÇÃO DE HVA MISSA COTIDIANNA 18 DE OVTVBRO DE 1637". A terceira capela tem a seguinte inscrição: "ESTA CAPPELLA MANDOV FAZER DONA IOANA PEREIRA MOLHER DE ALVORO ROIZ VRITO ESTRIBEIRO QUE FOI DE SVA MAGESTADE E A DOTOV COM 12 MISSAS EM CADA HV ANNO NA FORMA DA INSTITVIÇÃO QUE FEZ BERTOLAMEV BERNARDEZ TABALIÃO DAS NOTAS NESTA CIDADE EM 8 DE AGOSTO DE 1617 ANOS PARA SI E PARA TODOS OS SEVS HERDEIROS". No lado oposto, a inscrição: "MIGVEL PEREIRA BORRALHO DO CONCELHO DEL REY NOSSO SENHOR COMENDADOR DE DVAS COMENDAS DA ORDEM DE CRISTO FILHO DE ALVARO RODRIGVEZ BORRALHO E DE DONA IOANA PEREIRA INSTITVIDORA DESTA CAPELLA ESTA AQVI SEPVLTADO DEPOIS DE AVER SERVIDO ESTA COROA NA GVERRA TODA SVA VIDA E MAIS DO TEMPO EM LVGARES SVPRIORES PEDE A QVEM LER ESTE LETREIRO HVM PADRE NOSSO E AVE MARIA DEIXOV SE LHE DICESSE HVA MISSA COTIDIANA PARA SEMPRE NESTA CAPPELLA". Surge, ainda, uma inscrição noutra capela lateral: "ESTA CAPPELLA HE DE CHRISTOVÃO FERNANDES DA ROCHA FIDALGO DA CAZA DE SUA MAGESTADE E CIDADÃO DESTA CIDADE E DE SVA MOLHER DONA CATHERINA CARDOZA E SEVS HERDEIROS COM MISSA QVOTIDIANA PARA SEMPRES NA QVAL MANDOV FAZER PERA SEV JAZIGVO NO ANNO DE 1667". Numa outra capela, a inscrição: "GASPAR VIEIRA DE ARAVIO CIDADÃO DESTA SIDADE DE LISBOA QVE PELA MVITA DEVAÇÃO QVE TEM A ESTA CAZA POR TER NELA DVAS FILHAS RELEGIOZAS PROFESSAS COMPROV ESTA CAPELLA PERA SVA SEPVLTVRA HE DE SVA MOLHER FILHOS HE ERDEITOS EM 2 de OVTVBRO DE 1642 A QVAL DOTOV COM HVA MISA COTEDIANA POR SVA ALMA E DE SVA MOLHER FALECEO A 16 DE AGOSTO DE 1651 E ELLA EM 13 de FEVEREIRO DE 1660". A capela-mor mantém vestígios do revestimento em azulejo de padrão policromo azul, amarelo, castanho e branco, formando o P-999 (12 x 12 azulejos) disposto em diagonal, limitado pela barra B-1. No lado da Epístola, a inscrição: "ESTA CAPELLA HE DE DONA ILLENA DE SOVSA MOLHER DE DOM DIOGO LOPES DE LIMA VEEDOR E ESMILER DEL REI DOM SEBASTIÃO QUE COM ELLE SE PERDEO EM AFRICA NA BATALHA D'ALCASERE E A INSTITVIO E MANDOV FAZER A SVA CVSTA E DOTOV A ESTA CAZA 90 MIL REIS DE IVRO ASENTADO NA ALFANDEGA DESTA CIDADE COM OBRIGAÇÃO DE SE NÃO PODER NELA ENTERRAR OVTRA PESSOA ALGVA E COM MISA REZADA COTIDIANA E RESPONSO CANTADO NO CORO PELLAS MADRES DESE COMVENTO E 6 MISAS CANTADAS CASA ANO COM LADAINHAS E RESPONSOS POR SVA ALMA E DE SEV MARIDO NOS DIAS DECLARADOS NA INSTITVIÇÃO E COMPRIMISO FEITO POR VERTOLOMEV GOMES PINHEIRO TABELIAM PUBLICO NESTA CIDADE A 18 DIAS DE IVNHO DE 1588 E HVM TRESLADO DELLE ESTA NO CARTORIO DESTE MOSTEIRO E OVTRO NO DESTE ARCEBISPADO DE CVIA OBEDIENCIA ESTE MOSTEIRO HE PERA QUE SEMPRE DVRE ESTA MEMORIA SE MANDOV FAZER ESTE LETREIRO NA ERA DE 1598". Junto à inscrição, a pedra de armas dos Lima e Sousa Prado (ou Chichorro). No acesso da capela-mor ao claustro surge azulejo de padrão do séc. 17 e as escadas de acesso à capela-mor têm azulejo de figura avulsa. O CLAUSTRO tem no primeiro piso das alas silhar de azulejos de composição ornamental seriada, em bicromia azul de cobalto e branco, representando açafates, envolvidos por uma barra com enrolamentos de acantos, encimado por varra recortada, representando um entablamento ornado de consolas, urnas, figuras infantis aladas tocando corneta. No segundo piso, no terraço, surgem silhares recortados em bicromia azul e branco, com motivos ornamentais de cariz barroquizante, formando figuras infantis aladas, máscaras, carrancas, urnas floridas, assinados "Victória Pereira 1906". No claustro surgem duas capelas totalmente forradas a azulejo policromo de padrão tipo tapete. A Capela de Santo António tem os padrões P-422, P-604, P-462, P-41 limitados por barras B-12 e B-19, possuindo um painel central representando Santo António Pobre, sobre um frontal de altar policromo, com motivos de aves e ramagens. A outra capela apresenta o padrão P-404 limitado por barra B-12 e, na parede do fundo, nicho revestido de azulejos de padrão P-701 (bastante raro e inspirado em tecidos orientais). No centro do claustro, um CHAFARIZ de planta lobulado e com tanque galbado, com bordo liso, tendo ao centro uma coluna galbada, encimada por taça com o mesmo perfil do tanque e rematada por pináculo em balaústre. O CORREDOR PARA O CORO apresenta azulejos de padrão policromo, tipo tapete, figurando os padrões P-41, P-404, P-35, limitados por friso F-39, cercadura C-76, barra B-12. Surge, ainda, um frontal de altar em azulejo policromo, representando aves e ramagens, sanefa e sebastos amarelo em fundo azul, ornados com cabeças de figuras infantis aladas. O CORO-BAIXO tem as paredes revestidas a azulejos de padrão policromo, tipo tapete, com os padrões P-221, P311, P-665, P-602 limitados por barra B-35, cercadura C-33 e C-59. Numa das paredes, integrada no tapete de azulejo, surge uma cruz de azulejo, datada de 1692. Possui um nível de azulejo branco, recentemente colocado. A PORTARIA ostenta dois painéis historiados, representando Santa Clara a salvar o Mosteiro de São Damião e São Francisco a dar o hábito a Santa Clara. A ANTIGA SALA DO CAPÍTULO apresenta vários painéis de azulejo de composição figurativa, dispostos em duas fiadas, em bicromia, azul e branco. A parede E. tem, na primeira fiada episódios da vida de São Francisco de Assis, com 11 azulejos de altura, surgindo, no segundo nível e com 7 azulejos de altura, episódios da vida de Santa Clara. O tímpano apresenta cenas da vida de Santa Teresa de Ávila. Na parede S., a primeira fiada representa episódios alusivos à vida de São Francisco, surgindo, na segunda fiada, 12 painéis alusivos aos Pia Desideria, legendados, e um outro painel, com os azulejos muito degradados e mal montados, sendo impossível identificar o tema, todos com 7 azulejos de altura. Na parede N., fronteira à porta, um painel de azulejo de composição figurativa, representando São João Baptista na prisão e, junto à porta, Santa Clara e um anjo. Na escada, aparecem três painéis, representando uma alegoria à Primavera, São Miguel e uma paisagem campestre e o corredor de ligação à escada tem um altar de Nossa Senhora da Salvação com revestimento de azulejo. A Sala dos Médicos ou dos Passarinhos tem azulejos de figura avulsa, provenientes doutro local. |
Utilização Inicial
|
Religiosa: mosteiro feminino |
Utilização Actual
|
Saúde: hospital |
Propriedade
|
Pública: estatal |
Afectação
|
Sem afetação |
Época Construção
|
Séc. 17 / 18 / 20 |
Arquitecto / Construtor / Autor
|
ARQUITETOS: Nicolau de Frias (1587); Teodósio de Frias; Padre Manuel Pereira (1701-1705); Pedro Nunes Tinoco (1616); João Antunes (1698, 1701-1705); João Vasconcelos Esteves (1957-1958); Santos Pacheco de Lima (séc. 18). AZULEJADOR: Domingos Pinto (1636-1654); Manuel da Costa (1692). CARPINTEIROS: António Álvares (1620, 1631); António Gonçalves (1620, 1688); António Rodrigues (1698-1699); Gonçalo de Lima (1588); José de Melo (1719); José de Sousa (1697); Manuel da Costa (1719); Manuel de Sousa (1698-1699); Nuno Álvares (1664); Rafael Álvares (1629). ENGENHEIRO: Luís de Melo (1905-1908). ENTALHADOR: José Pessoa (1723). FERREIROS: António Monteiro (1704); Manuel da Costa (1698-1699). LADRILHADOR: João Silveira (1702). PEDREIROS: António Correia (1587-1593); António João (1664, 1688, 1692, 1693, 1696); Francisco dos Santos (1756); Jerónimo Dias (1616); João Pereira (1719); João Ribeiro (séc. 17, 1658); João Rodrigues (1703, 1704); Jorge Dias (1611); José Baptista (1696); Luís Pires (1631); Manuel da Costa (1703, 1704); Manuel de Oliveira (1698-1699); Manuel Dias (1776); Manuel Gonçalves (1719, 1721, 1725, 1729, 1730-1733); Manuel João (1703, 1704); Manuel Pereira (1605); Miguel Fernandes (1616); Pedro Domingues (1616, 1636). PINTORES: Agostinho Cabral (1958); Amaro do Vale (1584); Bento Coelho da Silveira (séc. 18); Lourenço Nunes Varela (1692); Miguel dos Santos (1692). PINTORES de AZULEJO: Francisco de Paula e Oliveira (séc. 18); Fábrica do Rato (séc. 18); Gabriel del Barco (atr., 1692-1700); Vitória Pereira (1906). |
Cronologia
|
1569 - a pedido do Padre António de Monserrate, representante dos Padres Jesuítas de São Roque (Companhia de Jesus), o rei D. Sebastião autoriza a fundação do asilo de Santa Marta, para recolher as órfãs dos serviçais reais vitimados pela peste; deu para o sustento das crianças recolhidas 20 móios de trigo e mil cruzados de renda; às recolhidas que pretendiam casar, doou um dote, ficando as demais a viver em comunidade num hospício situado entre o Largo da Anunciada e o Largo do Andaluz; séc. 16, década de 70 - é solicitado ao rei D. Sebastião, através do cardeal D. Henrique, que o hospício passe a mosteiro, para o que foram solicitadas as devidas autorizações ao Vaticano; 1571, 25 junho - venda de um terreno e casas às religiosas de Santa Marta pelos herdeiros de Diogo Caldeira, pela quantia de 950$000, o qual estava aforado a Diogo Botelho; 1577, 23 setembro - o Papa Gregório XIII autoriza a fundação e define que se guiassem pela regra de Santa Clara; 1583, 5 novembro - D. Jorge de Almeida, arcebispo de Lisboa, autoriza a instituição de um convento de religiosas clarissas de 2ª regra (urbanistas), sob a invocação de Santa Marta, sendo fundadoras três religiosas do convento de Santa Clara de Santarém; a comunidade começou a angariar esmolas para a aquisição de um terreno com casas onde se pudessem recolher e construir igreja; entram no convento freiras provenientes de Santa Clara de Santarém, do Mosteiro da Esperança, em Lisboa e do de Estremoz, para instruir as recolhidas na regra de Santa Clara; os estatutos foram redigidos pelos Padres Jesuítas; 1584 - risco do retábulo da capela-mor, onde se enquadra uma pintura de "Jesus em cada de Marta", por Amaro do Vale; 1587 - a Madre Superiora Maria do Presépio, proveniente de Santa Clara de Santarém e membro da Casa de Sortelha, torna-se a primeira abadessa, de uma comunidade constituída por 12 freiras; decorrem as obras da nova igreja, sob o risco de Nicolau de Frias e mosteiro, dirigidas por António Correia; obras de adaptação nas casas adquiridas; 19 fevereiro - Frei António Cardoso, freire da Ordem de São Francisco, aceita 30$000 de juros para o Mosteiro, dados por D. Helena de Sousa; 1588, 18 maio - o monarca aprova que D. Helena de Sousa se torne a padroeira da capela-mor, que se faria sepultar no local com o seu esposo, D. Diogo de Lima, falecido em Alcácer Quibir; 18 junho - contrato das freiras com D. Helena de Sousa, a qual doou dinheiro para a construção da capela-mor, recebendo uma sepultura no local, com um capelão para missa perpétua quotidiana; esta obriga-se a fazer a nova capela-mor; 30 setembro - D. Helena de Sousa ajuda a comprar um terreno anexo, avaliado em 30$000; trabalham no edifício os mestres pedreiro António Correia e o carpinteiro Gonçalo de Lima; em troca da ajuda financeira, D. Helena é autorizada a construir uma casa sobre a sacristia, onde poderia rasgar tribuna para assistir às funções litúrgicas; 1589, 08 março - as freiras conseguem que o contrato de aforamento com Diogo Botelho fosse impugnado, entrando em posse direto do terreno e das casas adquiridos; 1598, 23 janeiro - um Breve de Clemente VIII determina que as monjas se regulem pela regra de Santa Clara de Urbano IV; 1593 - terminam as obras da capela-mor; 1597, 11 março - escritura de dote da professa Antónia da Cruz, cunhada de António Soares e irmã de Francisca da Mota, que constava em, anualmente disponibilizar 210 alqueires de trigo, 96 de cevada, um porco de dois em dois anos e meia dúzia de queijadas; testamento do mesmo, deixando a Quinta da Abóbada em Cascais, com várias propriedades ao Mosteiro; António Soares e a mulher fazem a doação da Quinta da Abóbada em Cascais; 23 maio - D. Paulo de Alarcão e D. Catarina de Brito deixam dois moios de trigo anuais, provenientes de uma quinta que aforara Mor de Faria, em Algés, os quais ao serem vendidos davam a quantia de 360$000; 1605, 16 setembro - Manuel Pereira declara que as freiras lhe devem 1:418$000 pela obra do claustro, a ele trespassada; 1611, 07 janeiro - dívida a Jorge Dias de 70$000 das obras da cozinha, refeitório, degraus da chaminé e parede sobre os locutórios, para tomar as vistas, pelas janelas do dormitório, muros da cerca e construção do lajeado da casa do lavor e ramada e obra na casa dos bois; 1612 - inicio da construção da nova igreja; 1613, 20 agosto - pedido de autorização da madre abadessa para trasladar os restos mortais do Afonso Guerreiro, prior do Convento de Santa Justa, da igreja velha para o novo edifício; 1616, 15 fevereiro - contrato com os pedreiros Miguel Fernandes, Jerónimo Dias e Pêro Domingues, para a execução da nave, coro, ante-coro e dependências conventuais, conforme traça de Pedro Nunes Tinoco, arquiteto régio; 1617, 08 agosto - instituição de uma capela lateral por D. Joana Pereira, com a obrigação de 12 missas anuais; 1620 - contrato com os carpinteiros António Álvares e António Gonçalves para a feitura do madeiramento do coro; 10 setembro - falecimento de Estêvão Curado Florim, que instituiu uma capela lateral na igreja, com a sua mulher Ana Dinis, com a obrigação de duas missas quotidianas e a manutenção de uma lâmpada acesa no altar; 1629 - feitura do sacrário pelo carpinteiro Rafael Álvares, por 6$500; 1631 - obra do portal da igreja por Luís Pires; 1636 - conclusão das obras da igreja; 13 maio - o pedreiro Pedro Domingues executa o portal do pátio, degraus e parapeito da entrada da loggia, lajeado dos tabuleiros e ladrilho, grades e ralos nos confessionários; 1637 - fundação de uma capela lateral por Diogo da Silva, feitor da alfândega de Lisboa, e por sua mulher, D. Maria Quaresma, com obrigação de uma missa quotidiana; 1638, 6 março - referência ao facto de se estar a terminar o azulejo, colocado por Domingos Pinto; 08 março - concessão da capela colateral do Evangelho à Irmandade de Nossa Senhora da Natividade; 1642, 02 outubro - fundação de uma capela lateral da nave por Gaspar Vieira de Aravio para nela se fazer sepultar, bom como para a esposa e herdeiros; séc. 17, último quartel - pintura dos azulejos da capela-mor e de algumas capelas laterais da igreja; 1692, 20 novembro - pintura do teto do coro-baixo em grotesco por Lourenço Nunes Varela e Miguel dos Santos, por 180$000; data no azulejo do coro-baixo; 1693 - abertura de uma tribuna na capela-mor para a rainha D. Catarina de Bragança assistir aos atos litúrgicos, enquanto habitou o Palácio do Conde do Redondo, que seria encerrada pelas religiosas com a saída da rainha para o Palácio da Bemposta; feitura do forro e janelas do coro-baixo por António Rodrigues por 333$790; 1654 - termina a colocação de azulejo; 1698 - obra do dormitório por João Antunes; séc. 17, 3.º quartel - início da feitura do retábulo-mor e retábulos laterais; 1692-1700 - pintura dos azulejos da portaria, atribuíveis a Gabriel del Barco; 1692 - colocação de azulejo no coro-baixo por Manuel da Costa, por 39$515; séc. 18 - pintura de telas por Bento Coelho da Silveira (1630-1708); intervenção como arquiteto do entalhador Santos Pacheco de Lima (1684-1753); 1701-1705 - execução do claustro, desenhado por João Antunes e o Padre Manuel Pereira, atualizando o existente, da autoria de Pedro Nunes Tinoco e acrescentando um chafariz central; 1704 - obras no convento pelos pedreiros Manuel João, Manuel da Costa e João Rodrigues (COUTINHO: 406); 1707 - o convento tinha 65 religiosas, uma noviça e três educandas, com 16 irmãs para servir; descrição do edifício *3; 1719, 12 abril - feitura do dormitório pelos pedreiros Manuel Gonçalves e João Pereira e pelos carpinteiros Manuel da Costa e José de Melo (COUTINHO: 400); 1723, 15 julho - obra do retábulo da Capela de Nossa Senhora da Soledade pelo entalhador José Pessoa (FERREIRA, vol. II, pp. 515 e 525); 1730 - 1740 - revestimento azulejar da sala do capítulo; 1743 - obra do novo dormitório com pedra, telha, azulejo das cantareiras, pilares e grades de ferro por 1:413$770; 1755, 01 novembro - grandes danos causados pelo terramoto obrigaram as freiras a permanecer abarracadas na cerca até que estivesse concluída a reconstrução; séc. 18, final - Francisco de Paula e Oliveira executa os painéis representando Nossa Senhora da Salvação com São Sebastião e Santo António, na Fábrica do Rato; 1833 - segundo Luís Gonzaga Pereira a Igreja tem 12 capelas, a mor, ladeada por duas colaterais, surgindo mais quatro no lado do Evangelho e cinco na Epístola; tem a confraria do Santíssimo e licença para a exposição do Lausperene, conseguida pelo Conde de Redondo, por troca com sua capela de Nossa Senhora de Monte Agudo; 1834 - extinção das ordens religiosas; 1858, 28 maio - vivem no edifício 10 religiosas, 7 pupilas e 4 seculares; 1873, 16 abril - instalação da Associação Devota da Irmandade Conceição da Virgem Maria, legalizada a 01 julho 1880; 1877 - estatutos da Irmandade dos Clérigos; 1887, 15 dezembro - extinção do Mosteiro, por morte da última religiosa; 1888, 22 fevereiro - a Fazenda Nacional toma posse do edifício e demais bens; 07 abril - inventário da pintura existente no edifício *4; 16 agosto - o pátio e as casas são cedidos à Paróquia do Sagrado Coração de Jesus; 1889, 13 julho - é cedido à Irmandade dos Clérigos Pobres, com sede na Igreja da Encarnação; 19 julho - inventário do edifício das religiosas *5; 1890 - o edifício conventual é transformado em hospital improvisado na sequência de uma epidemia de gripe; 1893, 16 abril - está na Igreja, a Associação Nossa Senhora de Lourdes; 1894 - está instalada no mosteiro a Irmandade dos Clérigos Pobres; 1899 - inventários dos bens do Mosteiro, sendo referidos bens em Lisboa, Alenquer, Almada, Arruda, Cascais, Loures, Mafra, Olivais, Sobral de Monte Agraço, Setúbal, Sintra, Torres Vedras e Torres Novas; 1901 - a entrada para o pátio é feita por um vão sem portadas, onde habitam pessoas; 1903, 7 maio - o edifício e a sua cerca passam para o Ministério do Reino, sendo englobados nos anexos do Hospital de São José; a cerca é cultivada por particulares, entre os quais António Manuel da Fonseca; a igreja é doada à Irmandade de Clérigos Pobres; 06 junho - a Paróquia do Sagrado Coração de Jesus pede alfaias e paramentos; 1904 - remoção das estruturas retabulares pela Real Associação dos Arquitetos Civis Portugueses, indo o mor para a Igreja de Santo António do Estoril; 05 março - no pátio funciona uma escola com a residência do professor e, no mesmo local, reside o pároco do Coração de Jesus; 05 agosto - o Hospital de São José pede a cedência do edifício; 1905, 18 maio - concessão do pátio, casa e anexos à administração do Hospital de São José; 1905 - 1908 - obras de reconstrução do novo hospital, sob a direção do Engenheiro Luís de Melo, adaptando-o ao tratamento de doenças venéreas; na cerca foram construídos dois pavilhões para enfermarias, um bloco operatório e uma secção de pessoal; surgem, ainda, uma casa mortuária, caldeiras, estufa de desinfestação e forno de incineração; no vestíbulo foi construída uma zona para observações e consultas externas; restauro e ajardinamento do claustro; ficou com 15 enfermarias e 34 quartos, num total de 700 camas; possuía elevador e foi dotado de luz elétrica; feitura dos azulejos do claustro por Vitória Pereira; 1906 - pintura dos azulejos do segundo piso do claustro por Vitória Pereira; 1910, 13 setembro - cedido à Escola Médico-Cirúrgica com o nome de Hospital Hintze Ribeiro; numa parte do mesmo, funcionava um quartel de bombeiros municipais; colocação, no piso superior do claustro, de painéis de azulejo da autoria do coronel Vitória Pereira e Pereira Júnior; 1911 - passa a denominar-se Hospital Escolar da Faculdade de Medicina de Lisboa; 1913 - integra os Hospitais Civis de Lisboa; 1918 - reforma dos Hospitais Civis com Lobo Alves, tendo passado para a posse da Faculdade de Medicina de Lisboa; 1922, 22 junho - a lei n.º 1785 dá autonomia financeira e administrativa à instituição; 1927 - a igreja foi cedida ao hospital, totalmente despojada de objetos de culto, dispersos por outras igrejas; a nave da igreja passa a servir de economato e o coro-baixo transformado em capela; 1946, 20 abril - publicação da Lei n.º 2011, que definiu o Plano de Construções Hospitalares; 30 abril - por Decreto n.º 35621 é criada a Comissão de Construções Hospitalares, para execução do Plano de Construções Hospitalares; 1949, 5 abril - a Irmandade do Santíssimo Sacramento do Santíssimo Coração de Jesus pede autorização para celebrar os seus atos litúrgicos na igreja de Santa Marta, pelo facto da sua se encontrar em ruínas; 10 maio - a DGEMN dá parecer favorável, invocando a necessidade de criar uma capela destinada aos utilizadores do hospital; para tal, era necessário proceder ao arranjo do mobiliário litúrgico; 1950 - a Direção dos Serviços de Construção e Conservação estuda e dirige as obras realizadas no hospital; 12 maio - é pedido a elaboração de um caderno de encargos para proceder aos arranjos necessários na igreja; 1950 - 1953 - o edifício volta a ser integrado nos Hospitais Civis de Lisboa; 1957 - adaptação do coro-baixo a capela do hospital; 1957 - 1958 - continuação das obras de construção do hospital Central de Santa Marta; remodelação para instalação dos Serviços de Cardiologia e Cirurgia Cárdio-toráxica por João Vasconcelos Esteves (1924); 1958 - colocação de um novo aparelho no serviço de radiologia; 1959 - o edifício é submetido a obras de adaptação para instalação do Ministério da Saúde e da sede da Ordem dos Médicos; 1960 - terminam as obras de remodelação; 1970 - colocação de azulejo de figura avulsa na Sala dos médicos, provenientes de um corredor do edifício; 1971 - demolição do banco no vestíbulo e construção de um edifício para consultas externas e serviços administrativos; 1988 - elaboração do programa para realização do Museu e Sala do Capítulo, pelo Atelier Cidade Aberta, Arquitetura, Planeamento, Artes Plásticas, que defende a reposição do espaço de culto na igreja e a sua ligação direta ao claustro, através da Casa do Capítulo; 2001-2002 - durante as obras de restauro da igreja foi posto a descoberto o teto original da capela-mor (teto em forma de masseira, decorado com eruditas composições maneiristas em estuque relevado) que se encontrava por trás da abóbada de aresta existente; 2003 - recuperação da capela e antiga sacristia; 2006, 24 agosto - o edifício está em vias de classificação, nos termos do Regime Transitório previsto no n.º 1 do Artigo 1.º do Decreto-Lei n.º 173/2006, DR, 1.ª série, n.º 16, tendo esta caducado, visto o procedimento não ter sido concluído no prazo fixado pelo Artigo 24.º da Lei n.º 107/2001, DR, 1.º série A, n.º 209 de 08 setembro 2001; 2013, 04 janeiro - passa ao domínio privado do Estado Português, segundo a Lista publicada no DR, 2.ª série, n.º 3, Aviso n.º 63/2013. |
Dados Técnicos
|
Sistema estrutural de paredes portantes. |
Materiais
|
Estrutura em alvenaria mista; socos, pilastras, pilares, contrafortes, escadas, pavimentos, acrotérios, remates, modinaturas em cantaria de calcário; portas de madeira; pintura mural; painéis de azulejo; janelas com vidro; cobertura em telha. |
Bibliografia
|
ALMASQUÉ, Isabel e VELOSO, A.J. Barros - Hospitais Civis de Lisboa - história e azulejos. Lisboa: Edições INAPA, 1996; ALMEIDA, D. Fernando de, (coord. de) - Monumentos e Edifícios Notáveis do Distrito de Lisboa. Lisboa: 1975, tomo II; CAEIRO, Baltazar Matos - Os Conventos de Lisboa. Lisboa: 1989; CARVALHO, Ayres de - "Documentário Artístico do Primeiro Quartel de Setecentos, Exarado nas Notas dos Tabeliães de Lisboa", in Separata da Revista Bracara Augusta. Braga: 1973, vol. XXVII, fasc. 63 (75), p. 65; CORTESÃO, Luísa - O Antigo Convento de Santa Marta. Monumentos. Lisboa: DGEMN, Março 1995, n.º 2, pp. 66-71; COUTINHO, Maria João Fontes Pereira - A produção portuguesa de obras de embutidos de pedraria policroma (1670-1720). Lisboa: s.n., 2010, 3 vols.. Dissertação de Doutoramento em História da Arte apresentada à Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa. Texto policopiado; FERREIRA, Sílvia Maria Cabrita Nogueira Amaral da Silva - A Talha Barroca de Lisboa (1670-1720). Os Artistas e as Obras. Lisboa: s.n. 2009, 3 vols. Dissertação de Doutoramento em História da Arte apresentada à Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa. Texto policopiado; História dos Conventos, Mosteiros e Casas Religiosas de Lisboa. Lisboa - Câmara Municipal de Lisboa, 1972, vol. II (original de 1704); JACQUINET, Maria Luísa de Castro V.G. - «Manuel Pereira (C.O.) arquiteto. Contributos para a desconstrução de um enigma da historiagrafia da arte» in Invenire Revista de Bens Culturais da Igreja. Lisboa: Secretariado Nacional para os Bens Culturais da Igreja, julho - dezembro 2013, n.º 7, pp. 14-18; LEON, Fernando Ponce de - Os Painéis de Azulejos Sobre Santa Teresa de Jesus no Convento de Santa Marta de Lisboa. Museu, 1993, IV série, n.º 1; LEONE, José - Notas Sobre o Hospital de Santa Marta. Boletim Cultural dos Hospitais Civis de Lisboa. Lisboa: 1979; LOPES, António - Roteiro Histórico dos Jesuítas em Lisboa. Lisboa: 1985; MENDONÇA, Isabel Mayer Godinho - Um tecto quinhentista na capela-mor da igreja do Convento de Santa Marta. Monumentos. Lisboa: DGEMN, Setembro 2002, n.º 17, pp. 125-131; Ministério das Obras Públicas, Relatório da Actividade do Ministério no ano de 1950. Lisboa: 1951; Ministério das Obras Públicas, Relatório da Actividade do Ministério no ano de 1951. Lisboa: 1952; Ministério das Obras Públicas, Relatório da Actividade do Ministério no ano de 1952. Lisboa: 1953; Ministério das Obras Públicas, Relatório da Actividade do Ministério no ano de 1956. Lisboa: 1957; Ministério das Obras Públicas, Relatório da Actividade do Ministério nos anos de 1957 e 1958. Lisboa: 1959, 2 vols.; Ministério das Obras Públicas, Relatório da Actividade do Ministério nos Anos de 1959. Lisboa: 1960, 2.º vol.; Ministério das Obras Públicas, Relatório da Actividade do Ministério no Ano de 1961. Lisboa: 1962, 2 vols.; MONTEIRO, João Pedro, Os "Pia Desideria", uma fonte iconográfica da azulejaria portuguesa do séc. 18. AZULEJO. Lisboa: 1999, n.º 3/7; PEREIRA, Esteves, RODRIGUES, Guilherme - Portugal Dicionário. Lisboa: 1905 - 1911; PEREIRA, Luis Gonzaga - Monumentos Sacros de Lisboa em 1833. Lisboa: Oficinas Gráficas da Biblioteca Nacional de Lisboa, 1927; PILÃO, Célia - As coisas não têm paz. Lisboa: s.n., Fevereiro 2009. Texto policopiado; Programa-Base para a realização do Projecto do Museu e Sala do Capítulo. Lisboa. Atelier Cidade Aberta, Arquitectura, Planeamento, Artes Plásticas. Junho 1988; RTC - Prémios - MIU recupera Igreja do Convento de Santa Marta. Construção. 05 Novembro 2002; SANTANA, Francisco, SUCENA, Eduardo, (dir. de) - Convento e Igreja de Santa Marta, in Dicionário da História de Lisboa. Lisboa, 1994; SARAIVA, José Mendes da Cunha - Documentos da fundação do Convento de Santa Marta de Jesus em Lisboa. Lisboa: Arquivo Histórico do Ministério das Finanças, 1948; SERRÃO, Vítor - O Arquitecto maneirista Pedro Nunes Tinoco, novos documentos e obras (1616-1636). Separata do Boletim Cultural da Assembleia Distrital de Lisboa. Lisboa: Assembleia Distrital de Lisboa, 1977, III série, n.º LXXXIII, pp. 18-28; SERRÃO, Vítor - História da Arte em Portugal - o Barroco. Barcarena: Editorial Presença, 2003; VITERBO, Sousa - Diccionario Historico e Documental dos Architectos, Engenheiros e Construtores Portuguezes ou a serviço de Portugal. Lisboa: Imprensa Nacional, 1904, vol. III. |
Documentação Gráfica
|
IHRU: DGEMN/DSID, DGEMN/DRML |
Documentação Fotográfica
|
IHRU: SIPA, DGEMN/DSID, DGEMN/Carta de Risco, DGEMN/DRML |
Documentação Administrativa
|
IHRU: DGEMN/DSID, DGEMN/Carta de Risco, DGEMN/DSARH-010/125-0001/01; DGLAB/TT: AHMF, Conventos Extintos, Convento de Santa Marta, caixa 1980 e 1981, Cartório dos Conventos, Santa Marta de Jesus, cx 203 |
Intervenção Realizada
|
PROPRIETÁRIO: séc. 17 - obra no mosteiro pelo pedreiro João Ribeiro; 1631 - obra de desentulhar o poço da secreta, picar celas, guarnecê-las e ladrilhar o forno; conserto da casa do confessor por Luís Pires, por 30$000; 06 julho - obra de arranjo de portas e ferragens pelo carpinteiro António Álvares; feitura da Porta da Carreira pelo mesmo; 1658, fevereiro - obra no confessionário pelo pedreiro João Ribeiro; 1664, 12 março - quitação das obras dos telhados do dormitório pelo pedreiro António João; junho - obra na casa da madre abadessa pelo carpinteiro Nuno Álvares, por 5$210; 1688, 24 outubro - quitação da obra madeiramento do telhado, ripar o telhado do claustro, locutório e confessionário, bem como desmanchar pavimento de celas por António Gonçalves; quitação da obra do pavimento do dormitório em pedra e ladrilho pelo pedreiro António João; 1692 - obra no coro de baixo pelo pedreiro António João por 92$236; 1693 - obra no telheiro por António João por 5$730; 1696, julho - outubro - obra do dormitório por António João; novembro - arranjo das paredes do dormitório N. que se encontravam em ruína pior António João e José Baptista; 1697, 31 dezembro - obras de carpinteiro no dormitório e claustro por José de Sousa; 1698, 15 maio - obra de carpintaria no dormitório por António Rodrigues; 1698 / 1699 - obras no dormitório de ladrilhador, pedraria (Manuel de Oliveira), ferreiro (Manuel da Costa) e pelos carpinteiros Manuel de Sousa e António Rodrigues); 1699, 22 dezembro - pintura do teto do dormitório de cima, porta e janelas; 1702 - obra do ladrilhador João da Silveira; 1703 - obra no claustro pelos pedreiros Manuel da Costa, Manuel João e João Rodrigues; 1704 - obra de ferragens no claustro por António Monteiro; 16 fevereiro - obra na casa dos doces, casa do padre confessor e porta da igreja por Manuel João; 1709 - obras de carpintaria nos telhados do locutório e enfermaria e na porta do dormitório por 10$235; 1721 - obras de pedraria por Manuel Gonçalves; 1725, 06 fevereiro - obras na casa do confessor; obras nos muros e telhados do dormitório por Manuel Gonçalves (364$305); 09 novembro - conservação das varandas do claustro por Manuel Gonçalves; 1728 - obra no dormitório por 54$075; 1729, 30 agosto - obra no forno por Manuel Gonçalves; 1730, 04 julho - obra no telhado do coro por Manuel Gonçalves; 1731, 30 janeiro - obra no forno por Manuel Gonçalves; 1732, 21 março - obra no cano e na privada por Manuel Gonçalves; 19 agosto - obra no pátio e oficinas por Manuel Gonçalves (8$900); 20 setembro - obra no cano por Manuel Gonçalves; 1733, 01 dezembro - obra no dormitório por Manuel Gonçalves; 1756 - obra de pedraria no dormitório por Francisco dos Santos; 1763 - obra na porta do mirante; 1776 - obras na cerca por Manuel Dias; 1856 - conserto da nora por 5$360, da casa no pátio por 31$000 e do convento por 15$820; 1906 - restauro dos azulejos do primeiro piso das alas do claustro por Vitória Pereira, criando um novo remate recortado; COMISSÃO CONSTRUÇÕES HOSPITALARES: 1956 - reparação geral das coberturas exteriores; 1957 / 1958 - início das obras de remodelação, sendo adjudicada a empreitada referente à adaptação de um dos seus corpos a dois serviços: um de medicina, com uma secção de Cardiologia, e, o outro, de cirurgia torácica; DGEMN: 1958 - restauro da pintura do teto do coro-baixo, obra adjudicada a Agostinho Cabral; COMISSÃO CONSTRUÇÕES HOSPITALARES: 1956 - projeto das obras a realizar no setor destinado à Cirurgia; 1959 - foi concluída a remodelação das instalações dos Serviços de Medicina e de Cirurgia; estudo da parte restante do edifício; 1961 - Continuação da obra de remodelação e ampliação do serviço de radiologia e início da adaptação do primeiro andar do edifício principal para a instalação do serviço de cirurgia; obras de beneficiação completa das instalações do serviço de cozinha, pela Comissão de Construções Hospitalares; DGEMN: 1994 - obras gerais de beneficiação no claustro, Museu, e exterior da igreja; 1995 - restauro do conjunto azulejar (1ª fase); 2001 / 2002 - recuperações diversas com o objetivo de beneficiação do coro-baixo, atual capela do hospital e a reabilitação do corpo da antiga sacristia (1ª fase); 2003 - recuperação da Capela e antiga sacristia, pela MIU (Gabinete Técnico de Engenharia, Lda.), com remoção de divisórias e de azulejos brancos, guarda-vento e instalação elétrica; colocação de cadeiral em madeira de mogno; remoção, tratamento e recolocação dos azulejos seiscentistas; execução de nova instalação elétrica; tratamento do pavimento em tacos de madeira de pinho; colocação de azulejo de vidro temperado, separando a nave da capela-mor; recuperação das paredes, com rebocos e pinturas; construção de uma escada metálica para a sacristia, com cobertores em madeira de pinho; reforma da cobertura exterior; colocação de uma divisória em vidro temperado entre a nave e o coro-baixo. |
Observações
|
*1 - constitui uma Zona Especial de Proteção conjunta dos edifícios classificados da Avenida da Liberdade e área envolvente. *2 - sob a cobertura, existe a primitiva, um teto em forma de masseira decorado com estuque relevado, formando apainelados envolvidos por molduras, também relevadas, sendo visíveis vestígios da decoração estucada da sanca, com painéis geométricos alternando com faixas marmoreadas; os painéis apresentam composições ornamentais eruditas, formando cartelas enroladas, de onde se dependuram fitas, cordões e festões de frutos e flores. *3 - a igreja é abobadada, tendo, na nave, quatro capelas, com arcos de pedraria, bastante fundas, com retábulos de talha dourada e revestidas a azulejo, protegidas por grades de pau-santo; sobre os arcos, as paredes estão revestidas a azulejo, sobre o qual assenta a cimalha de cantaria, sobrepujada por cinco janelas de cada lado; a igreja possui teia de pau-santo, formando um presbitério, onde surgem as capelas colaterais, dedicadas a Nossa Senhora da Natividade (Evangelho) e à Sagrada Família (Epístola). *4 - na capela-mor, existe um quadro grande a representar Nossa Senhora da Assunção, com moldura de talha, da escola de vieira Lusitano, avaliado em 600$000 e, na boca da tribuna, um Cristo em casa de Marta, avaliado em 100$000; o altar de Santo António possui um quadro com o Rosário de Pedro Alexandrino (80$000), surgindo, no de Santa Úrsula, o Martírio da Santa (45$000) e no Altar do Depósito, uma Anunciação com moldura de talha (45$000); na sacristia da igreja, o retrato de Soror Maria Helena de São Bernardo (1$000). O coro-alto possui vários quadros a óleo com molduras douradas, a representar São Sebastião, São Roque, Pentecostes, Virgem com o Menino, Nossa Senhora do Rosário e Santo António, surgindo, no ante-coro, a pintura de São José. Na casa do lavor, quadros a representar a Sagrada Família com dois anjos a sustentar os atributos da Paixão e um Senhor do Bom Despacho; no Dormitório das Pretas, um retábulo com a pintura de Nossa Senhora da Apresentação e no do segundo pavimento, dois quadros pintados; a capela deste último possui as pinturas de Nossa Senhora como pastora e Santo António. No corredor da galeria, um retábulo pequeno com o Senhor preso e na escada regral, um quadro com Nossa Senhora da Conceição inserido numa maquineta. O coro-baixo tem a representação de um bispo e de Nossa Senhora do Calvário. O corredor de acesso a este, a partir do claustro possui a pintura do Calvário. No refeitório, uma Última Ceia. A sacristia tem arcaz de madeira de casquinha pintada com 9 gavetas e 2 armários e 2 espelhos. *5 - a igreja é composta por capela-mor, dois altares colaterais e 9 laterais, com duas sacristia, uma delas com pequeno pátio. Na capela-mor, o retábulo com 4 colunas torsas, 2 anjos e a tribuna é entalhada com trono e maquineta; os colaterais são da época da fundação, com 4 colunas torsas, o da esquerda com banqueta de embutidos e o da direita com pinturas fingidas; os laterais do Evangelho são dedicados a Santo António com duas colunas torsas a imitar pedra, a Nossa Senhora das Dores, dourado e pintado de branco com frontal de pedra, ao Senhor dos Passos, com maquineta sobre 4 colunas e paredes forradas a azulejo, a Santo António pobre, com retábulo de madeira e ao Senhor Jesus da Providência, de talha dourada com colunas torsas e 2 anjos de vulto. À esquerda da entrada, Nossa Senhora da Rosa, surgindo, os altares de Santa Úrsula, com moldura simples ao fundo e frontal de pedra, o de Nossa Senhora da Conceição com paredes forradas a azulejo e nicho com 3 quadros e colunas de madeira, e Nossa Senhora do Monte do Carmo, de talha dourada e 2 colunas. A Portaria tem acesso pelo Pátio das Freiras, com 9 metros e dando entrada direta para o claustro, formado por arcos de cantaria, tanque e canteiros com flores e árvores de fruto. NA ala S., locutórios, roda interna, escada pequena, escada principal e ante-coros. Evolui em 3 pisos, o primeiro com a Casa da Abadessa e das Escrivãs, tendo, à direita, a sacristia; sobre este, o ante-coro de cima e a casa de lavor, à direita; à entrada do ante-coro, uma escada de madeira para o piso superior com os sinos e um corredor com janelas que contorna a parede do fundo do coro. Na casa de lavor, junto ao altar de topo, uma escada de madeira que leva à casa do Noviciado, com altar de talha dourada. A ala E. é dividida em 2 partes, uma ocupada pelo Colégio da Associação de Nossa Senhora de Loures e o pátio ajardinado com barracões; no piso superior, aulas e um corredor que leva ao terraço que cobre os locutórios; ao centro, o pátio da cisterna e no lado oposto, o refeitório e a cozinha grande. A ala N. tem 3 pisos, o inferior com a casa do Capítulo, forrada a azulejo, escada de cantaria com quatro lanços e casa da corte e arrecadação; tem dormitório dividido em celas, tendo ao fundo, junto à igreja, pequena capela; no 2º piso, dormitório com escada de 2 lanços e, no 3.º, escada estreita de madeira de acesso a quarto e cozinha com tina de pedra. A cerca forma um polígono irregular com diversos níveis, com tanque, nora, barracas, árvores de fruto e vinha, tendo cerca de 11.817,65 m2. A N., quintais, junto à Quinta do Conde de Redondo, com árvores de fruto, parreiras e sombra. A N. e E., o mosteiro é rodeado de fossos, ajardinados.*6 - a primeira edição foi publicada em Antuérpia em 1624 HERMAN, Hugo, Pia Desideria Emblematis, elegiis & affectibus SS. Patrum illustrata...; na Biblioteca da Academia de Belas Artes existe uma edição de 1740 com as mesmas ilustrações e, embora a temática seja a mesma, não se pode falar de cópia fiel relativamente à fonte gráfica; a Igreja de Santa Cruz da Ribeira, em Santarém, tem um conjunto de azulejos de composição figurativa ilustrando episódios do Cântico dos Cânticos e realizados a partir da mesma fonte gráfica. |
Autor e Data
|
Teresa Vale e Carlos Gomes 1994 / Paula Correia 2002 / Paula Figueiredo 2011 (no âmbito da parceria IHRU / UL) |
Actualização
|
|
|
|
|
|
| |