Capela da Vista Alegre e Túmulo de D. Manuel de Moura Manuel / Capela de Nossa Senhora da Penha de França

IPA.00000653
Portugal, Aveiro, Ílhavo, Ílhavo (São Salvador)
 
Igreja maneirista com desenvolvimento erudito das molduras arquitetónicas, barrocas, revelando a sua feitura numa data de transição. A arte tumular circunscreve um dos melhores programas iconográficos da Arte Portuguesa em torno da ideia da Vanitas. O intenso programa de frescos, cobrindo-se a abóbada da nave com a árvore de Jessé e a capela-mor com a Assunção da Virgem, junto com os restantes frescos avulsos da sacristia e arco do coro-alto, surge como outro motivo de interessante peculiaridade. Os azulejos da nave inserem-se no chamado "Ciclo dos Mestres", do primeiro terço do séc. 18.
Número IPA Antigo: PT020110040001
 
Registo visualizado 3337 vezes desde 27 Julho de 2011
 
   
   

Registo

 
Edifício e estrutura  Edifício  Religioso  Templo  Capela / Ermida  

Descrição

Planta longitudinal composta por dois rectângulos correspondendo à nave e capela-mor. Volumes articulados cobertos por telhados de 2 e 3 águas. A fachada principal inclui portal rectangular com pilastras e friso decorado com motivos geométricos, quatro janelas gradeadas com motivos decorativos repousando nas empenas, monumental nicho concheado central, albergando a padroeira do templo, profusamente decorado com tripla ordem arquitectónica: dupla pilastra toscana, coluna torsa e pilastra coríntia e balaústres no registo superior. Coroamento da fachada em frontão triangular com decoração geométrica em fiadas, óculo central, remates com enrolamentos e cruz central. Ladeando a fachada inscrevem-se duas torres sineiras paralelepipédicas com coroamento contracurvado. O INTERIOR desenvolve coro-alto assente em arco abatido, nave única à qual se acopla profunda capela-mor marcada por arco cruzeiro de ordem pilastral coríntia. O alçado desenha dois registos divididos por cornija e entablamento superior sobre o qual assenta a abóbada de berço que corre ao longo da nave - rasgando-se um nicho com estatuária acima do arco cruzeiro - e duas varandas ao nível do coro-alto, de acesso interino. Na capela-mor, mais baixa e arrancando das impostas o entablamento que suporta nova abóbada de volta perfeita, rasgam-se, do lado da Epístola, um janelão e o monumental túmulo do Bispo de Miranda em arcossólio com enorme profusão decorativa e, do lado do Evangelho, tribuna, novo arco pétreo e entrada inferior para a exígua sacristia rectangular revestida por enorme abobadamento. O primeiro registo do corpo da nave é decorado por painéis azulejados em dois níveis, rasgando-se dois arcos opostos com retábulos em talha dourada, sendo o retábulo-mor do mesmo material decorativo incluindo três painéis pintados. O intradorso do arco abatido do coro-alto, a abóbada da nave, a da capela-mor e a da sacristia inclui profusa decoração e fresco com temática religiosa e elementos decorativos.

Acessos

EN 109, Lugar da Vista Alegre, Estrada das Oliveiras

Protecção

Categoria: MN - Monumento Nacional, Decreto 16-06-1910, DG nº 136, de 23 junho 1910 *1

Enquadramento

Urbano. Defronte a praça arborizada, frente à fábrica da Vista Alegre e rodeada pelo conjunto urbano operário que aí se desenvolveu (inclui bairro operário, creche, museu privativo, teatro, bombeiros, recinto desportivo, entre outros).

Descrição Complementar

Utilização Inicial

Religiosa: capela

Utilização Actual

Religiosa: capela

Propriedade

Privada: pessoa colectiva

Afectação

Sem afetação

Época Construção

Séc. 17

Arquitecto / Construtor / Autor

ESCULTOR: Claude Laprade (1699).

Cronologia

1699 - Segundo o testamento do seu benfeitor, o bispo de Miranda, D. Manuel de Moura Manuel, subentende-se que o templo se encontrava concluído, como voto que fizera a Nossa Senhora da Penha; D. Manuel instituiu um morgadio a favor de seu sobrinho Henrique de Moura Manuel; 1699, cerca - feitura do sarcófago pelo escultor francês Claude Laprade (1682 - 1736); 1799 - o vínculo é declarado vago para a Coroa; 1815 - a capela é propriedade da Fábrica de Porcelana da Vista Alegre; 1948 - pedido de autorização à DGEMN para obras de intervenção na capela (trono do altar-mor); 1955 - Informação sobre o estado de conservação da capela e lista das intervenções necessárias: reconstrução total da cobertura; gateamento das abóbadas e fendas; reparação da torre, incluindo abóbadas, sinos e cabeçotes; reparação de rebocos, pinturas, etc.; 1959 - ainda não tinham sido iniciadas as obras; 1980 - pedido de parecer ao IJF sobre o estado de conservação da imagem de Nossa Senhora da Penha, escultura do final do séc. 17, e do estado de fixação das pinturas dos tectos e das telas existentes na capela-mor; 1981 - o IJF pede autorização para avançar com a deslocação de uma brigada da oficina de pintura ao local (não efectuada); 1984 - relatório do IJF sobre o estado de conservação das fachadas da capela e apresentação de medidas de salvaguarda; 2003 - Relatório elaborado pela FEUP, registando todos os danos observados com a apresentação da proposta para a consolidação do imóvel; 2004 - estavam previstas obras de recuperação da cobertura (não executadas); 2015, 07 maio - inscrição da festa em honra de Nossa Senhora da Penha de França no Inventário Nacional do Património Cultural Imaterial, publicado em Anúncio n.º 82/2015, DR, 2.ª série, n.º 88; 2015 - 2016 - obras de requalificação do sítio da Vista Alegre, com a ampliação e remodelação do museu, edificação do hotel, requalificação da creche para instalar ateliers de serviço edicativo, reabilitação do teatro e restauro da capela e envolvente; requalificação de algumas secções da fábrica; o projeto foi apoiado com fundos comunitário, ao abrigo do Programa Centro 2020 e do Compete 2020; 2018, outubro - o projeto de reabilitação ganha o prémio RegioStars.

Dados Técnicos

Paredes autoportantes

Materiais

Paredes de alvenaria de pedra calcária; molduras dos vãos em cantaria (calcário), abóbadas de tijolo; tumulária em pedra calcária de Portunhos; escultura de Nossa Senhora da Penha em pedra de Ançã.

Bibliografia

GOMES, Marques, A Vista Alegre, Aveiro, 1924; GONÇALVES, Nogueira, Inventário Artístico de Portugal. Distrito de Aveiro, Vol. VI, Lisboa, 1959, pp. 180 - 187; CORREIA, Azevedo de, Arte Monumental Portuguesa, Vol. 1, Porto, 1975, pp. 43 - 44; História da Arte em Portugal, Vol. 8, Lisboa, 1986, pp. 116 - 118; XAVIER, Pedro Amaral, A iconografia Funerária no Barroco e o Túmulo do Bispo de Miranda na Capela da Vista Alegre, FLL, 1991; REIS, Vítor Manuel Guerra dos - O Rapto do Observador: invenção, representação e percepção do espaço celestial na pintura de tectos em Portugal no século XVIII. Lisboa: s.n., 2006. Texto policopiado. Dissertação de Doutoramento apresentada à Faculdade de Belas-Artes da Universidade de Lisboa, 2 vols; http://www.patrimoniocultural.pt/pt/patrimonio/patrimonio-imovel/pesquisa-do-patrimonio/classificado-ou-em-vias-de-classificacao/geral/view/70176 [consultado em 14 outubro 2016].

Documentação Gráfica

DGEMN: DREMC; FEUP

Documentação Fotográfica

DGEMN: DSID, DREMC; FEUP; Museu Histórico Vista Alegre

Documentação Administrativa

DGEMN: DREMC; FEUP; Museu Histórico Vista Alegre

Intervenção Realizada

Proprietário: 1960 / 1962 - reparação das coberturas; 2003 - vistoria ao imóvel realizada pela FEUP, registando os danos estruturais (arco triunfal - rotação com deslocamento da pedra de fecho, abertura de juntas; fissuração vertical nas paredes laterais da nave e da capela-mor, junto ao arco triunfal; fissuração na sacristia no tecto abobadado e nas paredes; abertura de juntas na cornija e entablamento; fissuração no pavimento da residência sobre a sacristia; abertura de juntas no pavimento da capela-mor, no coro alto e compartimento por trás da capela-mor), bem como propostas para a sua consolidação (*2).

Observações

*1 - DOF: ...Bispo de Miranda. *2: A FEUP propõe a monitorização dos danos através da implementação de um sistema de medição dos deslocamentos, utilizando o procedimento e técnica topográfica de comparação de distancias relativas entre pontos (Relatório).

Autor e Data

Margarida Alçada 1983 / Carlos Ruão 1996

Actualização

Cecília Matias 2007
 
 
 
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