Castelo de Sesimbra / Castelo e cerca urbana de Sesimbra
| IPA.00006525 |
Portugal, Setúbal, Sesimbra, Sesimbra (Castelo) |
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Arquitectura militar, românica, gótica, maneirista. Castelo medieval de planta irregular, adaptado ao morro acidentado, composto por Alcáçova com torre de menagem, circuito muralhado reforçado por torre de vigia; muralhas verticais com merlões quadrangulares, adarve envolvente; baluartes em talude flanqueando a muralha românica. "O novo modelo gótico, ou castelo de defesa activa, adopta a torre de menagem adossada à muralha do castelo como elemento principal." (FERREIRA, 2002). Na torre de menagem encontram-se 2 arcos, entaipados, que parecem corresponder a uma janela. |
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Número IPA Antigo: PT031511010001 |
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Registo visualizado 5009 vezes desde 27 Julho de 2011 |
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Edifício e estrutura Edifício Militar Castelo e cerca urbana
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Descrição
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Planta irregular, alongada no sentido NE. / SO.; no topo N. a Alcáçova de planta poligonal, reforçada por 2 torres rectangulares, a do N. de maiores dimensões, a torre de menagem porta de acesso entre 2 cubelos quadrangulares; no topo S. uma torre vigia de planta rectangular. O pano da muralha, vertical, rematado por merlões quadrangulares, rasgados por seteiras, com adarve envolvente, é reforçada do lado N. por um cubelo semi-circular; 4 baluartes triangulares de forte jorramento encostam-se ao pano da muralha, 2 a N.; 2 a S.; 2 portas rasgam o circuito, uma a NE., a Porta do Sol, entre cubelos prismáticos, com vestígios de uma barbacã defensiva, outra a NO., a Porta da Azóia, rasgada a seguir a uma reentrância da muralha e reforçada por cubelo prismático, antecedida por barbacã com porta em arco redondo. A alcáçova, situada a NO., apresenta planta quadrangular, com acesso ao seu interior por um arco a plano centro, correspondendo no interior a um arco abatido; é rodeada por caminho de ronda ligado à torre de menagem e torre de vigia. A torre de menagem da Alcáçova, de planta quadrangular, e a torre vigia têm 2 pisos, tendo cobertura em abóbada de cruzaria de ogivas sobre colunas com capitéis fitomórficos (torre de menagem) e em madeira (torre vigia). No INTERIOR da Alcáçova, a SE., encontra-se uma cisterna. |
Acessos
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Estrada Nacional 559; Santana, Corredora. Estradas recentemente melhoradas com dois parques de estacionamento no interior do Castelo. Incapacitados motores - o acesso é limitado até à igreja e ao cemitério sendo posteriormente bastante acidentado e difícil de percorrer para o castelo e jardim. WGS84 (graus decimais) lat.: 38.451600, long.: -9.107753 |
Protecção
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Categoria: MN - Monumento Nacional, Decreto de 16-06-1910, DG n.º 136 de 23 junho 1910 / ZEP, Portaria, DG, 2.ª série, n.º 236 de 09 outubro 1945 / Zona "non aedificandi", Portaria, DG, 2.ª série, n.º 223 de 23 setembro 1960 *1 |
Enquadramento
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Rural, situado no cume de um outeiro, na costa da Arrábida, com adaptação ao relevo do terreno, a N. da povoação de Sesimbra, dominando a paisagem envolvente. No interior do circuito muralhado fica a Igreja de Santa Maria do Castelo (v. PT031511010013), duas cisternas e 16 silos. |
Descrição Complementar
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Utilização Inicial
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Militar: castelo e cerca urbana |
Utilização Actual
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Cultural e recreativa: marco histórico-cultural |
Propriedade
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Pública: estatal |
Afectação
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Câmara Municipal de Sesimbra |
Época Construção
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Séc. 13 / 17 |
Arquitecto / Construtor / Autor
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Desconhecido |
Cronologia
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Séc. 09 - construção do castelo pelos mouros; 1165 - tomada de Sesimbra aos muçulmanos e conquista do castelo por D. Afonso Henriques; séc. 12 (finais) - uma incursão moura tomou o castelo, deixando-o totalmente destruído; 1200 - D. Sancho I com o auxílio dos cruzados francos reconquista a região; 1201 - outorgado primeiro foral por D. Sancho I com confirmações posteriores (D. Afonso II, D. Dinis, D. Afonso IV e D. Fernando); séc. 13, inícios - construção do castelo após a reconquista por D. Sancho I, construção essa que correspondia ao núcleo envolvente da Torre de Menagem (alcáçova); 1236 - doação á Ordem de Santiago sendo provavelmente após essa data edificado a cerca destinada á protecção do povoado; o castelo nessa data funcionava assim como duas estruturas independentes; primeiro a alcáçova e depois uma primeira cerca com as respectivas portas evoluindo de um castelo românico (espaço mais contido, regrado, robusto, muito virado para o interior e com uma forte vocação de refúgio) para um castelo gótico (um espaço mais repartido e complexo) devido ás exigências das novas tácticas militares que faziam do ataque, a partir das muralhas uma estratégia de defesa; a primitiva povoação surge intramuros, tendo-se mantido até ao séc. 16; 1245 - confirmação da doação por bula de Inocêncio IV; 1323 - a mando de D. Dinis é feito um segundo reforço geral das muralhas e edificada a Torre Poente, sendo este o ponto de vigia das ameaças dos piratas sarraceres; 1384 - o castelo funcionou como ponto de resistência e refúgio a Mestre Avis e suas tropas face ao invasor quando da guerra com Castela, tendo sido atacado e pilhado pela frota castelhana em retirada ao cerco a Lisboa; séc. 15 - D. Dinis para tentar fixar a população intramuros permitiu o couto de homiziados até ao final do século; séc. 16 - declínio da povoação castelar, com expansão da póvoa da Ribeira de Sesimbra associada à construção naval, pesca e abastecimento das frotas; 1516 - pela descrição feita na "visitação" da Vila de Sesimbra pelo mestre da Ordem de Santiago, D. Jorge de Lencastre, conclui-se que o conjunto se encontrava em avançado estado de ruína, tendo a artilharia existente sido mandada retirar pelo rei, salvo as armas pessoais do alcaide-mor; refere ainda a existência no perímetro amuralhado de um Hospital do Espírito Santo com a sua ermida, em cujo altar existiam retábulos (SERRÃO, 1997); 1536 - a fundação da nova freguesia de São Tiago e o papel atractivo exercido pelo burgo piscatório ribeirinho originaram o abandono cíclico dos moradores; 1553 - a "visitação" deste ano é mais explícita sobre a situação do Hospital sito "abaixo da Igreja da parte Norte", descrevendo a ermida "de comprido sete varas e meia e de largo cinco varas e quarto", paredes de alvenaria, chão de ladrilho e tecto de madeira "de bordo"; 1570 - ainda neste ano funcionava a capela do hospital; na "visitação" efectuada pelo "visitador" da Ordem de Santiago, e face ao acentuado estado de ruína, determina que todas as antigas edificações do Castelo sejam renovadas e tornem ao seu primitivo estado; 1602 - um ataque inglês comandado por Sir William Mouson, destruíu a fortaleza da época de D. Manuel; 1640 - D. João IV manda instalar revelins para apoiarem a nova fortaleza; 1693 - construção dos baluartes de reforço da muralha; 1699 - existência de culto na capela do hospital, a cargo do capelão da Misericórdia; 1755 - devido ao terramoto, o castelo que já se encontrava em ruínas, ficou praticamente destruído; séc. 18 / 19 - o castelo encontrava-se completamente abandonado, a partir do terceiro quartel do séc. 19 (1875) parte da antiga cerca junto da Torre Poente foi aproveitada para a construção do cemitério do concelho; séc. 20 - é feito um rombo no baluarte seiscentista e na muralha medieval, para a construção de uma estrada com intuito de facilitar o acesso às festas da Nossa Senhora do Castelo e à realização de funerais já que o acesso pela porta da Azoia é difícil; 1933 / 1945 - diversas campanhas de obras levadas a cabo pela DGEMN; 1975 - face a documentação existente e através de sondagens arqueológicas foi possível reconstituir parcialmente as infraestruturas da antiga Casa do alcaide-mor, que se compunha de dois pisos avantajados e delimitava, ao centro, um pequeno terreiro, adjacente à cisterna, onde se alinhavam dependências complementares (adega, casa da lenha, cavalariça, palheiro, etc.). A parte residencial da alcaidaria era sobrada de madeira, com janelas rasgadas para o exterior. (...) Da última câmara do piso superior, na ala norte, havia serventia para a torre de menagem (SERRÃO, 2002); 2005, Julho - elaboração da Carta de Risco do imóvel pela DGEMN. |
Dados Técnicos
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Sistema estrutural de paredes portantes. |
Materiais
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Alvenaria e cantaria de pedra, betão armado. |
Bibliografia
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O Castelo de Sesimbra, Boletim da Direcção-Geral dos Edifícios e Monumentos Nacionais, nº 34 / 35, Lisboa, 1943 - 1944; Ministério das Obras Públicas, Relatório da Actividade do Ministério no ano de 1952, Lisboa, 1953; MOREIRA, Cor. Bastos, O Castelo de Sesimbra, Jornal do Exército, Outubro, 1966; JORGE,Susana Maria Soares R. L. de Oliveira, JORGE, vitor Manuel de Oliveira, SERRÃO, Eduardo da Cunha, Castelo de Sesimbra, Resultados de uma sondagem preliminar realizada na área da antiga habitação do Alcaide-Mor (princípios do séc. XVI), Museu de Arqueologia e Etnologia, Junta Distrital de Setúbal, 1975; JORGE, Susana Maria CALLIXTO, Carlos, As fortificações marítimas da praça de Sesimbra, O Dia, 17 Agosto 1979; SERRÃO, Eduardo da Cunha e SERRÃO, Vítor, Sesimbra Monumental e Artística, Sesimbra, 1986; MECO, José, O azulejo em Portugal, Lisboa, 1987; GIL, Júlio, Os mais belos Castelos e Fortalezas de Portugal, Editorial Verbo, Lisboa/São Paulo, 1992; CORREIA, Mário Dias, Nova Encicloplédia Portuguesa, Ediclube, 1992; SERRÃO, Vitor e SERRÃO, Edmundo da Cunha, Sesimbra Monumental e Artística, C. M. Sesimbra, 1997; RODRIGUES, Miguel Jasmins e RUNA, Lucília, Sesimbra: uma castelo sobre o mar..., CMSesimbra, 2001; NORTL, C.T., Guia dos Castelos de Portugal, Vol. II, Sul do rio Tejo, Bertrand Editora, CD-Rom, 2002; FERREIRA, Luís Filipe, GONÇALVES, Luís Jorge, O Castelo de Sesimbra - um castelo de fronteira maritíma, in Mil Anos de Fortificações na Península Ibérica e no Magreb (500-1500): Actas do Simpósium Internacional sobre castelos, CMPalmela, Lisboa, 2002, pp. 385-388. |
Documentação Gráfica
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IHRU: DGEMN/DSID, Carta de Risco |
Documentação Fotográfica
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IHRU: DGEMN/DSID, Carta de Risco |
Documentação Administrativa
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IHRU: DGEMN/DSID, Carta de Risco |
Intervenção Realizada
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DGEMN: 1933 / 1945 - apeamento e reconstrução de extensos panos de muralha, adarves e merlões; reconstrução da torre do ângulo NO. e das torres que flanqueiam as portas do castelo; demolição de paredes no interior do castelo e rebaixamento do pavimento da praça de armas; desobstrução da cisterna da alcáçova; rebaixamento do terreno exterior ao castelo, junto à porta principal; reintegração das portas; reconstrução dos baluartes triangulares; reconstrução das condutas de águas pluviais para as cisternas do castelo; 1965 - trabalhos de reparação da muralha em todo o seu perímetro, torreões e alcáçova e coberturas devido a pequenas derrocadas causadas pelo temporal; 1977- mudança de todas as ferragens do castelo para o sistema original; 1979 - lavagem e classificação de materiais encontrados no torreão nascente (lapa/fumo)1; 1983 - reconstrução da escada de acesso ao adarve, com sapatas em betão ciclópico; apeamento e reconstrução de merlões; Câmara Municipal de Sesimbra (CMS); CMS: 1992 - iluminação exterior, arranjos da área interior da muralha em todo o seu perímetro; Câmara Municipal de Sesimbra: 1993 - projecto de espaços exteriores, arranjos exteriores, iluminação, abastecimento de águas; 1998 - colocação de gradeamentos, portas de madeira em todos os vãos de acesso ao interior do Castelo; recuperação das casas de apoio (ao lado da Igreja); 1999 - recuperação do torreão nascente (impermeabilização da cobertura, pavimentação e rebocos do interior); recuperação do torreão poente (impermeabilização da cobertura, abertura de drenos, refechamento de juntas dos quatro pavimentos); CMS/DGEMN: 1999 - sistema geral de drenagem; CMS 1999/2002- foram efectuadas obras através de concurso ao qual o Arq. Angelo Silveira ganhou; CMS: as obras já realizadas visaram o melhoramento do espaço exterior ao longo do percurso museológico nomeadamente; 1999 - 1.º fase de consolidação das muralhas: reparação do torreão nascente (limpeza de arbustos e reparação de alvenarias degradadas, regularização do terraço e isolamento, refeita parte da alvenaria degradada no tecto da abobada interior); 2000 - reparação da cobertura e pavimento do torreão menor da Alcáçova; refechamento de juntas de troço de muralha junto ao Torreão. CMS / DGEMN: 1999 - sistema geral de drenagem; CMS - 1º fase de consolidação das muralhas: reparação do torreão nascente (limpeza de arbustos e reparação de alvenarias degradadas, regularização do terraço e isolamento, refeita parte da alvenaria degradada no tecto da abóbada interior); CMS: 2000 - recuperação da cobertura e pavimento do torreão menor da Alcáçova; refechamento de juntas de troço de muralha junto ao torreão; trabalhos de arranjo e manutenção do largo interior fronteiro á torre poente; CMS: 2001 - 2.ª fase de consolidação das muralhas: reparação da muralha entre o torreão poente e o cemitério e reparação do torreão poente e da torre menor da alcáçova; CMS: 2002 - melhoramento do espaço exterior ao longo do percurso museológico nomeadamente: pavimentos exteriores, bocas de incêndio, esgotos, parques de estacionamento e mobiliário de equipamento (papeleiras, bancos de jardim, chafariz, etc...). |
Observações
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*1 - A Zona Especial de Proteção e a Zona "non aedificandi" são coincidentes; *2 - Existe projecto de valorização e reabilitação do castelo (1995). O castelo de Sesimbra abrigava uma povoação e uma alcáçova. A povoação era defendida por cerca muralhada, com alcáçova no topo mais elevado e com a torre poente que funcionava como reforço. (FERREIRA, 2002). As instalações sanitárias foram outrora habitação de Rafael Monteiro - uma das mais importantes figuras de Sesimbra no séc. 20, activista no âmbito cultural, participando na organização e identificação de documentos para o Arquivo Municipal, em estudos arqueológicos e no jornal local "Raio de Luz". Posteriormente, as instalações foram privadas de outrem e actualmente são propriedade do posto de turismo de Sesimbra e albergam o centro de documentação. |
Autor e Data
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Isabel Mendonça 1992 |
Actualização
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Sónia Gomes 2005 |
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