Conjunto de Espigueiros do Lindoso

IPA.00006170
Portugal, Viana do Castelo, Ponte da Barca, Lindoso
 
Arquitectura agrícola de armazenamento, vernácula. Conjunto de espigueiros insegrados no tipo de espigueiros estreitos e de paredes aprumadas, subdividindo-se, no entanto, em 4 sub-tipos: 1) espigueiros todos de pedra, 2) mistos, 3) espigueiros com corpo e cobertura de pedra e ripado de madeira, 4) espigueiros com telhado de cápeas e guarda-vento. Ao contrário do que acontece noutras regiões, os espigueiros do Lindoso, uma das maiores concentrações de espigueiro do país, têm acabamentos com cantarias muito perfeitas, contrastando assim com a extrema rudeza das outras construções da aldeia. Para além do Soajo, é aqui no Lindoso que se verifica a maior representação de espigueiros todos de pedra, não só pelo número abundante como pela sua qualidade. Concentram-se em torno de uma única eira, rectangular, revelando a importância do trabalho colectivo próprio das comunidades de montanha.
Número IPA Antigo: PT011606120011
 
Registo visualizado 1727 vezes desde 27 Julho de 2011
 
   
   

Registo

 
Conjunto arquitetónico  Estrutura  Armazenamento e logística  Espigueiro    

Descrição

64 espigueiros, reunidos a esmo num espaço delimitado e com topo traseiro virado a Sudoeste, de onde vem a chuva. Podemos dividi-los em 4 tipos: 1 - espigueiros todos de pedra; 2 - mistos; 3 - corpo e cobertura de pedra e ripado de madeira; 4 - espigueiro com telhado de cápea e guarda-vento. 1) Espigueiros todos de pedra - Formados por pés singelos, com ou sem sapata conforme desníveis do terreno, encimados por mós ou mesas de formatos vários ou conjugando os 2 tipos num só espigueiro. Esqueleto do corpo todo de pedra bem aparelhado, com as colunas aos cantos mostrando já nas fachadas laterais o rasgo da 1ª fenda, com lintel do topo da frente geralmente arqueada sobre a porta e o de trás linear. Paredes com balaústres ou colunas, abrindo-se em peças de cantaria de forma paralelipípeda estreita e alta, pousadas directamente e à face sobre as padieiras laterais e servindo de suporte aos lintéis do esqueleto, onde assentam as lajes da cobertura - os capeados de lousa - com portas cobertas por meia-cana e, no vértice da sua ligação, o cúmio. Nos extremos do telhado cruz, pináculos, relógios de sol curvos sobre peanhas lisas ou lavradas. Topo posterior também com balaústre de pedra, mas frequentemente as fendas não chegaram a ser abertas. A porta abre-se geralmente no topo fronteiro, onde por vezes têm datas ou, mais raramente desenhos (cara do sol e coração com chagas de Cristo). Acesso por 1 ou 2 pedras toscas encarteladas. 2) Espigueiros mistos - Seguem a mesma estrutura só que as suas paredes combinam as colunas de granito com ripado de madeira e ou tijolo. 3) Espigueiros com corpo e cobertura de pedra e ripado de madeira - Este é também aqui muito frequente, sendo o ripado vertical aplicado pelo interior e tendo geralmente a meia altura do exterior 1 ou mais travessas de reforço. 4) Espigueiros com telhado de cápeas e guarda-vento - Com assento constituído por pés singelos de várias formas, esqueleto do corpo em granito afeiçoado e paredes de ripado de madeira dispostas verticalmente, reforçadas por 1 ou mais travessas, e tendo intercaladas 1 ou 2 colunas de pedras com fendas de arejamento. A porta surge no topo da frente encimada por lintel linear; cobertura de telha a 2 águas e cápeas com ou sem coroamento.

Acessos

EN. 304 - 1. VWGS84 (graus decimais) lat.: 41,866270; long.: -8,199901

Protecção

Em vias de classificação (Homologado como IIP - Imóvel de Interesse Público, Despacho de 16 fevereiro 1983 *1

Enquadramento

Rural, encosta, implantação harmónica. Erguem-se agrupados no pendor do morro que o castelo coroa, fronteiro à povoação e sobranceiros à vertente que desce para o Lima, entre afloramentos de granito e grandes lajes; são vedados por muro para impedir passagem do gado.

Descrição Complementar

Utilização Inicial

Armazenamento e logística: espigueiro

Utilização Actual

Armazenamento e logística: espigueiro

Propriedade

Privada: pessoa singular

Afectação

Época Construção

Séc. 18 / 19 / 20

Arquitecto / Construtor / Autor

Desconhecido.

Cronologia

1787 / 1803 / 1822 / 1837 / 1842 / 1851 / 1853 / 1867 / 1881 / 1887 / 1903 / 1912 / 1967 - datas gravadas nos lintéis; 1970 - data de um pequeno marco fontanário junto a um dos afloramentos rochosos;

Dados Técnicos

Estrutura de cantaria

Materiais

Granito, madeira, tijolo - cobertura a 2 águas em lajes de granito ou telha

Bibliografia

DIAS, Jorge, OLIVEIRA, Ernesto Veiga e GALHANO, Fernando, Os Espigueiros Portugueses, Porto, 1963; ARANTES, José Amaro, Ponte da Barca. Breve Inventário Artístico, Ponte da Barca, 1985.

Documentação Gráfica

Documentação Fotográfica

IHRU: DGEMN/DSID

Documentação Administrativa

Intervenção Realizada

Observações

*1 - DOF: Conjunto de Espigueiros do Lindoso e respectivo local onde se implantam. Os espigueiros todos de pedra, com fendas verticais, são pouco frequentes em Portugal, aparecendo apenas em regiões reduzidas e circunscritas, sendo uma delas o Lindoso. Aqui, tal como no Soajo, são de feição rude e arcaica, mas de acabamento cuidado e facção perfeita. Os mistos são muito menos frequentes aqui, mas torna-se preocupante o uso de tijolos, substituindo, total ou parcialmente, a madeira e até os balaústres de pedra. O 3º tipo referido, com esqueleto e cobertura de pedra e paredes de madeira com ripado na vertical, é menos frequente a nível nacional, mas no Lindoso tem uma forte representação, sendo talvez o tipo predominante. Os espigueiros com telhados de cápeas e guarda-ventos, sistema que alteia as fachadas de topo, disfarçando um pouco as proporções reais do corpo. Independentemente do tipo, a decoração dos espigueiros do Lindoso, a nível de ornatos específicos, é bastante reduzida e pobre, limitando-se quase exclusivamente aos remates dos telhados, sendo estes diferentes de topo para topo. Constatámos apenas um caso de decoração gravada na madeira, com 1 estrela na própria porta. Uma característica interessante dos espigueiros do Lindoso é a sua grande largura e pequena altura e a regularidade das suas dimensões, o que indica um certo equilíbrio na propriedade agrícola bem como a obediência a certos padrões de construção local.

Autor e Data

Paula Noé 1992

Actualização

 
 
 
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