Palácio da Quinta de Ribafria / Solar de Ribafria
| IPA.00006107 |
Portugal, Lisboa, Sintra, União das freguesias de Sintra (Santa Maria e São Miguel, São Martinho e São Pedro de Penaferrim) |
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Arquitectura residencial, renascentista. Palácio do séc. 16, conjugando a tradição medieval na planimetria, optando pela chamada "casa-torre" e onde esta surge adossada a um dos extremos da ala residencial, com o novo estilo renascentista, notório essencialmente no ritmo e decoração das janelas, que surgem agora abertas para o exterior e para a natureza, e na construção do tanque de rega / espelho de água junto ao frontespício. Bom exemplo do encontro entre as duas grandes tendências que formam a casa senhorial portuguesa do séc. 16. Torre de feição predominantemente doméstica devida à fenestração vasta e ampla. Decoração renascentista na fonte tipo relicário do pátio, janelas, portas e outros elementos. Os baixos relevos da capela são góticos, possivelmente da transição dos séc. 14 / 15; organizam as cenas num espaço ediculado e ladeado por coluna com capitéis fitomórficos. É dos poucos edifícios que apresenta ameias tipicamente mudéjares, escalonadas, inspiradas no muro sul da Mesquita de Córdova, tal como acontece no Igreja Matriz de Mértola (v. PT040209040002) e Paço da Vila de Sintra (v. PT031111110006). |
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Número IPA Antigo: PT031111090017 |
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Registo visualizado 2090 vezes desde 27 Julho de 2011 |
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Edifício e estrutura Edifício Residencial senhorial Casa nobre Casa nobre Tipo torre
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Descrição
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Palácio composto por 2 corpos com plantas irregulares organizadas paralelamente, sendo o principal sensivelmente em T invertido, com torre quadrangular no extremo direito e formando pátio fechado por alto muro. Coberturas diferenciadas com telhados a 4 águas formando tesoura na ala residencial e com águas furtadas na ala de serviços. Frontespício do corpo residencial de 2 pisos, com janelas baixas no 1º e maineladas e emolduradas a cantaria no 2º; cornija encimada por merlões em espinha; torre com alhetas nos cunhais, 4 pisos rasgados com o mesmo tipo de janela, excepto no último onde é quadrada; cornija com merlões chanfrados. No cunhal SO sobrepõem-se as armas dos Ribafrias. Fachada N. com topos das alas residencial - rasgada por 2 frestas, alhetas nos cunhais e merlões chanfrados sobre a cornija - e de serviços - de 2 pisos e fenestração regular, sendo as janelas do 2º de guilhotina - unidas por muro alto; ao centro portal de verga recta encimada por cornija; ao lado, tanque com bica em carranca e nicho com imagem; rematam-no merlões em espinha. Pátio lajeado, alçados interiores da ala residencial precedida por 3 degraus corridos, rasgados irregularmente por portas de verga recta e janelas, 1 delas mainelada; na ala direita capela revelada por nicho com imagem sobre a porta e sineira sobre o muro; no ângulo destes, fonte quadrangular forrada de azulejos e com colunas suportando abóbada. Espaço aberto entre ala residencial e de serviços; esta é rasgada por portas de verga recta decorada. No interior, capela com abóbada nervada sobre mísulas, 2 tramos separados por arcada apoiada em colunas sobre murete; lateralmente, 2 baixos relevos com prisão de Cristo; arco triunfal sobre pilastras; capela-mor abobadada, 2 frestas a N. e altar com frontal de azulejos. As salas têm tectos de madeira, formando caixotões pintados com cenas de caça, marinhas e motivos florais; destaca-se a actual sala de conferências em que o caixotão central, assinada por António Bazaliza representa a Quinta e veado portando as armas dos Mellos. Junto à fachada E. do corpo de serviços, cisterna de planta rectangular e 2 naves divididas por pilares quadrados com abóbada de cruzaria de ogivas. Junto ao frontespício da ala residencial desenvolve-se tanque longitudinal e, à frente, jardim de buxos com lago redondo central e algumas estátuas. |
Acessos
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Estrada Lourel - Cabriz. WGS84 (graus decimais) lat.: 38,814228, long.: -9,378320 |
Protecção
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Categoria: IIP - Imóvel de Interesse Público, Decreto n.º 32 973, DG, 1.ª série, n.º 175 de 18 agosto 1943 / Incluído na Área Protegida de Sintra - Cascais (v. PT031111050264) |
Enquadramento
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Rural, isolado, implantação harmónica. A quinta rodeada de altos muros e junto à estrada, situa-se na base de uma colina; o acesso ao palácio faz-se por caminho parcialmente coberto por pérgula. |
Descrição Complementar
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Utilização Inicial
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Residencial: casa nobre |
Utilização Actual
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Política e administrativa: sede de fundação |
Propriedade
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Pública: municipal |
Afectação
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Sem afetação |
Época Construção
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Séc. 16 / 20 |
Arquitecto / Construtor / Autor
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ARQUITECTO: Vasco Regaleira. ARQUITECTOS PAISAGISTAS: Francisco Caldeira Cabral (1959); Gonçalo Ribeiro Telles (1966). PINTOR: António Bazaliza. |
Cronologia
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1515 - Gaspar Gongalves recebe de D. Manuel a Herdade das Laranjeiras, por serviços prestados; 1518 - D. Manuel nomeia Gaspar Gonçalves porteiro-mor, fixando-se em Sintra ;1541 - recebe de D. João III o título de Senhor de Ribafria; 1536 - Gaspar Gonçalves (porteiro-mor da Câmara Real) instituiu o morgado da torre da Ribafria; 1541 - elevado a nobre por D. João III; 1549 - datação da parte abobadada do pátio, o que indica que a construção da casa estaria avançada; 1569 - reccebe o cargo de Alcaide-mor de Sintra, que passa aos seus descendentes; 1755 - o terramoto arruinou parte da quinta; 1902 - 2º Conde de Cartaxo compra a quinta; 1954 - projecto de rede de rega; anos 60 - o neto, Jorge de Mello, restaura a casa, alterando o telhado da torre, janelas pequenas na fachada virada para o tanque, etc.1959 - o arquitecto Paisagista Francisco Caldeira Cabral executa um projecto onde implanta uma zona de pomar constituído por vários talhões de nível delimitados por muretes de cerca de 0.5m, no qual instala uma rede de rega por aspressão; 1966 - o Arquitecto Paisagista Gonçalo Ribeiro Telles e elabora um projecto para a mina e para um jardim rochoso com riacho que é executado em seguida; 1987 - contrato de promessa compra e venda à Fundação Friedrich Naumann; 2002, 17 dezembro - a Câmara Municipal de Sintra exerce direito de preferência e adquire a propriedade; 2015, 01 maio - abertura dos jardins da quinta ao público inauguração de percursos pedestres e de uma exposição de escultura de Laranjeira Santos. |
Dados Técnicos
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Paredes autoportantes e estrutura mista. |
Materiais
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Alvenaria rebocada e cantaria calcária; azulejos, madeira e pinturas na decoração; pavimento de lajes ou madeira e cobertura de telha. |
Bibliografia
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BOLAMA, Gen. Marquez D'Avila e de, Nova Carta Chorografica de Portugal, I vol, Lx, 1910; MOREIRA, João, Mistérios de Sintra - Os Mistérios de Ribafria in A Semana de Sintra, Ano I, nº.5, Sintra, 5 Out. 1924, p. 2; AZEVEDO, Carlos de, FERRÃO, Julieta, GUSMÃO, Adriano de, Monumentos e Edifícios Notáveis do Distrito de Lisboa, Lisboa, 1963; AZEVEDO, Carlos de, Solares Portugueses, Lisboa, 1969; STOOP, Anne de, Quintas e Palácios nos Arredores de Lisboa, Barcelos, 1986; Dias, Pedro, Os Antecedentes da Arquitectura Manuelina in História da Arte em Portugal, vol. 5, Lisboa, 1987; BINNEY, Marcus, Casa Nobres de Portugal, Lisboa, 1987; Dias, Pedro, A Arquitectura Manuelina, Porto, 1988; CARITA, Helder, Tratado da Grandeza dos jardins em Portugal, s.l., 1990; Relatório da intervenção nas esuclturas de pedra representando as Quatro Estações, 2 vol., Cacém, Junho de 1992 a Janeiro de 1993; HEITOR, Carla, Relatório da intervenção na fonte do pátio interior, Cacém, 1993; DIAS, Pedro, Arquitectura Mudéjar Portuguesa: Tentativa de sistematização, Mare Liberum, nº 8, Dezembro de 1994; Escola Profissional de Recuperação do Património de Sintra, Relatório da intervenção na fonte da Casa do Fresco (por Miguel Ângelo Carreira), Cacém, 1995; ANDRESEN, Teresa, Do Estádio Nacional ao Jardim Gulbenkian, Francisco Caldeira Cabral e a Primeira Geração de Arquitectos Paisagistas (1940 - 1970), Lisboa, 2003; ANDRESEN, Teresa, Francisco Caldeira Cabral, Reino Unido 2001; ; CARAPINHA, Aurora e TEIXEIRA , J. Monterroso, A Utopia com os Pés na Terra. Gonçalo Ribeiro Telles, 2003. pag. 267. |
Documentação Gráfica
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DGPC: PT Arquivo pessoal Francisco Caldeira Cabral; Arquivo pessoal de Gonçalo Ribeiro Telles; Escola Profissional de Recuperação do Património de Sintra |
Documentação Fotográfica
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DGPC: PT DGEMN/DSID; Escola Profissional de Recuperação do Património de Sintra |
Documentação Administrativa
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DGPC: PT DGEMN/DSID; Arquivo Pessoal de Francisco Caldeira Cabralo; Matriz urbana nº 603, 1309 e matriz rústica no 1 e 41 da Freguesia de Stª Maria com descrição nº 18.719 e 031; Escola Profissional de Recuperação do Património de Sintra |
Intervenção Realizada
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Escola Profissional de Recuperação do Património de Sintra: 1992 / 1993 - intervenção nas esculturas representando as Quatro Estações, com remoção da vegetação que envolvia as peças, limpeza por via húmida para remoção de líquenes, aplicação de pasta de celulose com hipoclorito, lavagem, aplicação de hidrofugante para impermeabilização; 1993 - intervenção na fonte do pátio interior, com limpeza por via húmida, aplicação de pasta celulósica com hipoclorito, consolidação de fissuras, preenchimento das juntas, remoção do calcário e aplicação de hidrofugante; 1995 - intervenção na fonte da Casa do Fresco, com limpeza de sujidades e remoção da placa calcária, conservação da estrutura, colocação de pasta de celulose com hipoclorito, remoção do calcário com micro-jacto, colocação de hidrofugante. |
Observações
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*1- atualmente, parte da capela está ocupada como sala de trabalho. |
Autor e Data
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Paula Noé 1991/ Teresa Camara 2005 / Célia Morais (Contribuinte externo) |
Actualização
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