Forte de São Bruno

IPA.00006080
Portugal, Lisboa, Oeiras, União das freguesias de Oeiras e São Julião da Barra, Paço de Arcos e Caxias
 
Arquitectura militar, moderna abaluartada. Forte costeiro seiscentista integrado na primeira linha de defesa marítima entre o Cabo da Roca e a Torre de Belém, desenvolvida no contexto da Restauração para protecção da barra do Tejo. Fortificação poligonal simétrica composta por corpo central, de planta quadrada, onde se localizam os corpos da guarda, armazéns de pólvora e bateria alta virada ao mar. Polígono constituído por dois meios baluartes laterais virados ao mar e por dois meios baluartes e redente central, criando estrutura de traçado tenalhado voltada a terra, que poderá corresponder a fosso anterior. Parte integrante da primeira linha de defesa costeira no período da Restauração, permitindo cruzar fogo com o Forte de Nossa Senhora do Vale a E. (de quase já não existem vestígios) e com o Forte de Nossa Senhora de Porto Salvo (v. IPA.00006803) a O. Apesar das suas pequenas dimensões, tinha grande poder de fogo na época da sua construção, conjugando baterias baixas e altas e canhoneiras em vários níveis, rasgadas nos parapeitos ou sob o cordão. Provavelmente a fortificação inicial seria restrita à bateria central rodeada por fosso, o que justificaria a conjugação de estruturas de traçado abaluartado e tenalhado com continuidade espacial.
Número IPA Antigo: PT031110110007
 
Registo visualizado 2416 vezes desde 27 Julho de 2011
 
   
   

Registo

 
Edifício e estrutura  Edifício  Militar  Forte    

Descrição

Fortificação abaluartada de planta poligonal simétrica, apresentando cinco vértices ou ângulos flanqueados revestidos a cantaria, contrastando com os paramentos em talude rebocados e com os vértices ou ângulos flanqueados revestidos a cantaria rusticada. Apresenta corpo central de planta quadrada marcado por cordão e ladeado a SE. e SO. por dois meios baluartes vazios, também ornamentados por cordão e dotados cada um de quatro canhoneiras, constituindo bateria rasante virada ao mar. No lado de terra a N. existe estrutura mais baixa desprovida de cordão mas com banqueta, adossada ao quadrilátero: em volume é observável uma tenalha composta com dois ângulos reentrantes, mas em planta é passível de ser interpretada como a conjugação de dois baluartes vazios ligados por redente através do qual se faz o acesso ao forte, uma vez que forma com os meios baluartes de mar um recinto contínuo apenas interrompido do lado S. Na zona de transição do paramento da tenalha com o baluarte de mar existe uma canhoneira virada a E. e outra a O. A fachada N. do corpo central é rasgada por portal em arco de volta inteira e inscrito numa larga moldura rectilínea, acompanhando o plano do jorramento dos paramentos, com bandeira revestida a cantaria, que inclui lápide inscrita referente à construção, encimada pelas armas reais. Esta fachada possui nos cunhais duas guaritas de base quadrada, assentes em mísulas triangulares simples e com cobertura piramidal. INTERIOR: o portal dá acesso a pequeno pátio de entrada, flanqueado por armazéns de pólvora e corpos da guarda, dotados cada um de uma pequena janela quadrada e chaminé, compartimentos abobadados a que correspondem quatro portas de lintel reto e bandeira vazada. A partir do pátio existe lanço de escada central para acesso à ampla bateria alta, lajeada e com parapeito liso a E. e a O. Desta bateria acede-se ainda por lanço de escadas em cada um dos lados às baterias superiores do lado N., sobre os compartimentos, cujo parapeito tem duas canhoneiras, uma para N., outra para E. e outra em correspondência para S.

Acessos

Avenida Marginal. WGS894 (graus decimais) lat.: 38,697884; long: -9,274823

Protecção

Categoria: IIP - Imóvel de Interesse Público, Decreto n.º 95/78, DR, 1.ª série, n.º 210 de 12 setembro 1978

Enquadramento

Urbano isolado; situado sobre maciço rochoso em orla marítima na confluência da ribeira de Barcarena com o rio Tejo, encontra-se ladeado por áreas de praia; pelo lado de terra confronta directamente com a Avenida Marginal e a Estação Ferroviária de Caxias.

Descrição Complementar

Sobre a porta principal existe lápide com a inscrição: "DOM JOÃO 4º REI DE PORTUGAL MANDOU FAZER ESTA OBRA SENDO GOVERNADOR DAS ARMAS DA PRAÇA DE CASCAIS O CONDE DE CANTANHEDE DOS CONSELHOS DE ESTADO E GUERRA DE SUA MAJESTADE. VEDOR DE SUA FAZENDA A CUJA ORDEM COMETEU O FEITO DELA. ANO 1647".

Utilização Inicial

Militar: forte

Utilização Actual

Cultural e recreativa: associação cultural e recreativa

Propriedade

Pública: estatal

Afectação

Câmara Municipal de Oeiras, auto de devolução e cessão simultânea de 31 maio 1999

Época Construção

Séc. 17

Arquitecto / Construtor / Autor

ARQUITETO: Olavo Rebelo (1999-2001). ARQUITETO / ENGENHEIRO MILITAR: João Turriano (1647, atr.). ARQUITETA PAISAGISTA: Ana Paula Chagas Correia (1999-2001).

Cronologia

1647 - data de construção de bateria ou fortim, documentada por epígrafe e com projecto atribuível a Frei João Turriano; designação relaciona-se com a proximidade do Convento de Laveiras pertencente à Ordem dos Frades Cartuxos de São Bruno, chegando o local de implantação a ser conhecido como Ponta de Laveiras; 1701, 30 agosto - nomeação de D. Rodrigo de Silveira como governador do forte; 1735 - forte encontrava-se desactivado e obstruído por areias, e a artilharia inoperacional; 1751 - encontrava-se reparado; 1763 - equipado com 18 peças de artilharia; 1777 - apesar de artilhado não possuía guarnição militar, sendo habitado por famílias de paisanos; 1798 - visita do brigadeiro Quiet de Ville, constatando que a artilharia estava danificada, conferindo pouco poder de fogo; 1801 - 1813 - era governador do forte Manuel António da Cunha; 1815 -: obstrução do forte por areias, destruindo a tenalha direita; 1821 -: era governador José Joaquim Peixoto; 1823 - encontrava-se artilhado e em serviço; 1830 -: era governador Francisco da Cunha Roda; 1831 - 1832 - utilização do forte por D. Miguel para exercícios de tiro ao alvo, deixando de estar sob a tutela do Inspector-geral das Fortificações; 1834 - o forte estava desartilhado; 1878 - arrendamento do forte ao bacharel João Cardoso Ferraz de Miranda por um período de nove anos; 1895 - pedido da Administração Geral das Alfândegas para instalação de um Posto Fiscal no espaço do forte; 1902 - era governador António Caetano Pereira Júlio; 1903 - obras de adaptação e instalação da Guarda Fiscal; 1939 - entrega do forte ao Ministério das Finanças, perdendo significado militar, mas permanecendo a Guarda Fiscal até 1946; 1940 - ocupação pela Junta Autónoma das Estradas; 1946 - (hipótese) - o forte deixa de ser ocupado pela Guarda Fiscal e passa a ser ocupado pela Mocidade Portuguesa, por vontade expressa anos antes por Marcelo Caetano; 1975, 25 abril - entrega do forte ao Fundo de apoio às Organizações Juvenis para ser utilizado como colónia de férias; 1977 - transferência para a Associação Portuguesa de Pousadas da Juventude; 1984, 22 outubro - auto de cedência do forte ao Corpo de Voluntários Salvadores Náuticos; 1990 - data limite da utilização do forte pelo Corpo de Voluntários Salvadores Náuticos; 1999, 31 maio - devolução do forte pelo Corpo Voluntário de Salvadores Náuticos - SANAS ao Ministério das Finanças, que logo o cede à Câmara Municipal de Oeiras, a título precário, pelo prazo de 25 anos a contar da data da assinatura do auto; a Câmara compromete-se a recuperar o Forte, de acordo com o projeto aprovado pelo IGESPAR; 2003 - cedência à Associação dos Amigos dos Castelos.

Dados Técnicos

Estrutura de paredes portantes

Materiais

Alvenaria rebocada, cantaria calcária, tijolo e argamassa de cimento.

Bibliografia

AZEVEDO, Carlos de, FERRÃO, Julieta, GUSMÃO, Adriano de - Monumentos e Edifícios Notáveis do Distrito de Lisboa. Lisboa: 1963; BOIÇA, Joaquim Manuel Ferreira (coord.) - Cartografia de Oeiras - 4 séculos de representação do território (século XVI-XX), Catálogo. Oeiras: Câmara Municipal de Oeiras, 2003; CALLIXTO, Carlos Pereira - Fortificações Marítimas do Concelho de Oeiras. Oeiras: Câmara Municipal de Oeiras, 1998; Colaboração da Reabilitação do Forte S. Bruno - Doc. 2. Lisboa: Ministério das Obras Públicas, Transportes e Comunicações, LNEC, 1996; COLAÇO, Branca de Gonta, ARCHER, Maria - Memórias da Linha de Cascais. Cascais - Oeiras: Câmara Municipal de Cascais e Câmara Municipal de Oeiras, (edição fac-similada) 1999; CRISPIM, Mário Núncio Lobo, VASCONCELOS, Pedro - Retratos de Oeiras. Oeiras: DAS Comercial, 1994; GUEDES, Lívio da Costa - O Arco Belém - S. Julião da Barra, contorno da enseada de Paço de Arcos, Sep. Boletim do Arquivo Histórico Militar. Lisboa: 1986; PALMA, João, FERREIRA, Raquel - Forte de S. Bruno: renovação e recuperação arquitectónica e urbanística. Lisboa: Universidade Lusíada, 1991; MOREIRA, Rafael - "Do Rigor Teórico à Urgência Prática: a Arquitectura Militar", in História da Arte em Portugal. Lisboa: Publicações Alfa, 1986, vol 8; Plano de Salvaguarda do Património Construído e Ambiental do Concelho de Oeiras. Oeiras: Câmara Municipal de Oeiras, Departamento de Planeamento e Gestão Urbanística, 1999.

Documentação Gráfica

IHRU: DGEMN/DSID, DGEMN/DRML; BNP: João Tomás Correia, Livro de várias Plantas deste Reino e Castela, entre 1699 e 1743 (DA 7 A), fl. 20; GEAEM / DIE: Carlos Joyce Diniz, Planta do Forte de São Bruno, Caxias, 1895 (9021-5-66-85); João Pedro Peixoto da Silva Bourbon, planta do Forte de São Nruno, 1903 (9124-5-66-85); s.a., perfis do Forte de São Bruno, séc. 19 (1288-1A-13-17).

Documentação Fotográfica

IHRU: SIPA, DGEMN/DSID

Documentação Administrativa

IHRU: SIPA, DGEMN/DSID; AHM; CMO; 2ª Repartição de Finanças de Oeiras: Matriz Predial Urbana da freguesia de Paço de Arcos sob o artigo 201 e livro modelo 26 sob o n.º 22

Intervenção Realizada

DGEMN: 1952 / 1958 - obras de conservação: rebocos e caiações em paredes exteriores e interiores; arranjos diversos na cozinha, refeitório e sanitário; pintura de portas e caixilhos, incluindo portão principal de entrada; obras de adaptação: construção de dois corpos destinados a refeitório e instalações sanitárias; reajustamento do corpo existente e pequenos arranjos das muralhas; instalação eléctrica; solução de terraços para as coberturas; 1982: obras de conservação nas muralhas; 1984 / 1985 / 1986: obras de valorização e trabalhos complementares; 1997 - obras de recuperação e de reabilitação com demolição das estruturas edificadas nas décadas anteriores, bem como terraplanagem da área envolvente (colaboração com a Câmara Municipal de Oeiras); CMO: 1999 / 2000 / 2001 - obras de restauro, recuperação e valorização do forte e da sua envolvente, com projeto coordenado pelo arquiteto Olavo Rebelo e o da área envolvente da arquiteta paisagista Ana Paula Chagas Correia.

Observações

Autor e Data

Paula Noé 1991 / Joana Messias 2012

Actualização

 
 
 
Termos e Condições de Utilização dos Conteúdos SIPA
 
 
Registo| Login