Forno Romano da Ponte
| IPA.00005982 |
Portugal, Vila Real, Santa Marta de Penaguião, União das freguesias de Louredo e Fornelos |
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Arquitectura industrial, romana. Forno cerâmico de planta rectangular, irregular, composto por duas câmaras, separadas por grelha perfurada, com fornalha e chaminé, destinado à produção de cerâmica vulgar, nomeadamente, ao fabrico de tegula, imbrex, pondera, cerâmica comum. |
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Número IPA Antigo: PT011711050008 |
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Registo visualizado 1834 vezes desde 27 Julho de 2011 |
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Edifício e estrutura Estrutura Extração, produção e transformação Forno Forno de cerâmica
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Descrição
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Forno composto pela área de aquecimento, enterrada no solo natural, e pela câmara de cozedura, disposta num nível superior. Na área de aquecimento, surge a boca do forno, local de introdução de lenha e regulador da tiragem do ar, em granito, bastante destruída e com pedras colocadas na vertical, deslocadas; segue-se a fornalha, local onde se fazia a fogueira, rectangular, em corredor, apresentando paredes de tijolo inclinadas para o interior, que formariam abóbada e actualmente inexistente, e pavimento composto por grande pedra, horizontalizada, existente em toda a extensão. A fornalha estabelecia a ligação com a câmara de aquecimento, disposta no seu alinhamento, de planta trapezoidal, com base maior à entrada e menor ao fundo, ocupada por quatro muretes, rasgados a meio por arcos apontados, formados de fiadas simétricas de aduelas, também de tijolo, sobrepostas horizontalmente, sobre o eixo longitudinal, criando cinco espaços vazios de dimensão irregular. A câmara sustenta uma grelha, de barro cozido, de superfície plana com ligeiro declive para o fundo do forno, perfurada por dez alinhamentos irregulares de orifícios de dimensões e orientação diversa, permitindo a ligação com os espaços vazios da câmara inferior, de onde recebiam o ar quente. Sobre a grelha colocavam-se os produtos para cozer, e aquela era depois rematada por uma abóbada com chaminé, para evacuação dos gases e fumos, da qual só existem vestígios do arranque, ainda sobrelevado na parte posterior em relação ao plano da grelha. A abóbada com a grelha e a chaminé constituía o ""laboratorium", ainda documentado na tradição oral. |
Acessos
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Lugar da Ponte, EM 1244, entre Fornelos e Louredo. WGS84: 41º14'58.96''N., 7º48'44.32''O. |
Protecção
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Inexistente |
Enquadramento
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Rural, isolado, junto ao rio Aguilhão, na sua margem esquerda, inserindo-se ao fundo de amplo largo, pavimentado a calhau rolado, junto à ponte que serve a EM 1244, envolvido por terrenos agrícolas. O forno é protegido por alpendre rectangular, com estrutura de madeira assente em pequeno soco de xisto, e cobertura de duas águas, formada por lajes de xisto; a toda a volta, possuiu ainda guarda de madeira. Três degraus dispostos lateralmente permitiam o acesso à boca do forno. Junto ao imóvel, existe placa de sinalização, em madeira, com planta e memória explicativa. |
Descrição Complementar
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Utilização Inicial
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Extração, produção e transformação: forno de cerâmica |
Utilização Actual
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Cultural e recreativa: marco histórico-cultural |
Propriedade
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Pública: municipal |
Afectação
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Sem afectação |
Época Construção
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Época romana |
Arquitecto / Construtor / Autor
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Desconhecido. |
Cronologia
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Baixo Império romano - época provável da construção do forno de produção cerâmica; 1950, cerca - aquando de um arroteamento agrícola numa propriedade de João Dinis Caetano, em que se procedia ao enterro de canas de milho para enriquecimento de terra de vinha, descobriu-se uma "fábrica com chaminé", tendo os trabalhadores destruído a abóbada e a chaminé; o proprietário manda soterrá-lo; de imediato desenvolveram-se vários esforços para conseguir a sua preservação, estudo e protecção; 1980 - Câmara Municipal de Santa Marta de Penaguião solicita uma intervenção arqueológica de emergência no imóvel, devido à ameaça de ruína por causa de trabalhos agrícolas e à iminência do Inverno. |
Dados Técnicos
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Sistema estrutural de paredes portantes. |
Materiais
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Boca do forno em granito, arcos, paredes e estrutura da grelha em tijolo e barro cozido; alpendre e guarda de protecção em madeira; cobertura do alpendre em lajes de xisto. |
Bibliografia
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ALMEIDA, D. Fernando de, ZBYSZEWSKI, G., FERREIRA, O. da Veiga, Descoberta de fornos Lusitano-romanos na região da Marateca (Setúbal), in O Arqueólogo Português, Série III, vol. 5, Lisboa, 1971, pp. 155-166; SILVA, Armando Coelho Ferreira da, LOPES, António Baptista, TUNA, Manuel, O forno cerâmico romano de Louredo (Santa Marta de Penaguião), Sep. Portugália, Nova Série, 2 - 3, Porto, 1982, p. 149 - 152. |
Documentação Gráfica
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Documentação Fotográfica
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IHRU: SIPA |
Documentação Administrativa
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Câmara Municipal de Santa Marta de Penaguião |
Intervenção Realizada
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1980, 14 Junho - data da memória descritiva elaborada pelo Gabinete do Cale do Douro-Norte, referindo os trabalhos prévios de salvaguarda do monumento; 1980, Setembro - intervenção arqueológica de emergência, realizada por Armando Coelho F. da Silva, António Baptista Lopes e Manuel Tuna, constituída por vedação do local, cobertura da estrutura descoberta pelos trabalhos arqueológicos e sinalização do local; séc. 21, início - obras de requalificação do imóvel, com arranjo do espaço envolvente, criando largo, empedrado, construção de um novo alpendre de protecção e sinalização. |
Observações
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*1 - Devido à fragilidade da grelha e aos desgastes provocados pela sua utilização, cerca de metade da sua superfície foi refeita com uma camada de barro diferente, ainda com o forno em laboração. *2 - Nas imediações do forno, apareceram numerosos fragmentos de tegula, imbrex e alguns de cerâmica comum. *3 - O modo de funcionamento do forno obedecia aos passos seguintes: 1º - colocação das peças previamente moldadas sobre a grelha; 2º - combustão da lenha colocada na fornalha; 3º após a combustão, e tendo o forno atingido uma temperatura elevada (mais ou menos 1000 graus), todo o conjunto era selado com argila e assim permanecia durante vários dias, até o forno arrefecer; 4º - remoção das argilas de selagem e das peças produzidas, seguindo-se a limpeza do forno para nova produção. |
Autor e Data
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Ricardo Teixeira 1996 / Paula Noé 2009 |
Actualização
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