Conjunto Monumental de Santo Antão do Tojal / Palácio da Mitra / Palácio dos Arcebispos
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Portugal, Lisboa, Loures, União das freguesias de Santo Antão e São Julião do Tojal |
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Arquitetura residencial e religiosa barroca. Palácio eclesiástico com igreja adossada e ligada por tribuna. Junto a este conjunto residencial existe um edifício também barroco, o Palácio-Fonte. Na quinta subsistem vários edifícios de apoio, tais como o aqueduto, pombais e tanques. Há uma zona de cultivo e uma zona lúdica, com jardim. Palácio de planta em U, fechada por duplo muro formando mirante, com dois pisos e escada interior de acesso ao andar nobre lançada na sua ala central. Igreja, de planta retangular com nave e capela-mor; fachada principal de três panos definidos por pilastras e dois registos marcados por nichos e vãos; remate em frontão vazado por óculo; interiormente os alçados são organizados em dois registos, sendo o primeiro marcado por arcadas de voltas perfeita e o segundo por vãos de iluminação; no alçado do lado do Evangelho, tribuna em forma de varanda que comunica com a sala das Bênçãos, que por sua vez tem uma janela para a praça e um acesso para o interior. Palácio-fonte de planta em U, com dois pisos e integrando um chafariz monumental, antecedido por escadaria; interior remodelado. O aqueduto corre subterrâneo e à superfície, assumindo a forma de arcos assentes em grossos pilares. O conjunto formado pelo Palácio da Mitra, Palácio-Fonte e Igreja com sua torre sineira configuram uma praça monumental barroca que se completa a O. por alargamento semicircular de onde parte uma alameda de articulação do conjunto com o aglomerado rural envolvente. Constitui um exemplo raro de "urbanismo" barroco em Portugal que de certa forma determina a organização espacial do aglomerado. O interior do palácio, revela um cuidado trabalho de cantaria nas molduras de portas e janelas, bem como nos balaústres de varandas e escadaria. O património azulejar do sec.18, importa pela sua qualidade pictórica e diversidade temática. De todo o conjunto interior, a Sala das Bênçãos é a peça de maior influência italiana, denunciando a proveniência do seu autor e o gosto que imperava na sociedade cortesã da época de D. João V. De destacar o cuidado colocado na decoração dos pombais, ostentando espécimes azulejares. |
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Número IPA Antigo: PT031107140006 |
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Registo visualizado 6814 vezes desde 27 Julho de 2011 |
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Conjunto arquitetónico Edifício e estrutura Residencial senhorial Paço eclesiástico Paço arquiepiscopal
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Descrição
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O conjunto monumental do Tojal integra o palácio dos Arcebispos, a igreja, o jardim, o palácio-fonte, o aqueduto e um chafariz; estes elementos arquitectónico-paisagísticos organizam-se em torno de uma praça. Integra também na Quinta do Palácio: o portal de entrada, os pombais, os muretes ornamentados por painéis de azulejos e um banco de espaldar decorado com painel de azulejos. PALÁCIO DA MITRA *2 é de planta em U, composta por três corpos, um central no sentido N./S., constituindo a ala E. e dois laterais orientados a E./O. A planta em U é fechada por duplo muro criando mirante para o interior do pátio e para a praça, fazendo a ligação entre os dois corpos laterais do edifício; o muro é delimitado por varanda de ferro e balaústres de pedra e decorado com painéis de azulejos, sendo exteriormente rasgado por duas janelas com moldura em pedra rectangular e verga arqueada que ladeiam um portão, definido por arco de volta perfeita enquadrado por pilastras que sustentam entablamento e frontão interrompido, no meio do qual se encontram as armas de D. Tomás de Almeida envoltas em grinaldas. As alas N. e S. formam um pátio central. A S., junto da igreja e de um dos corpos do palácio, foram adossados dois volumes semelhantes e de planta rectangular, um paralelo e outro perpendicular, com coberturas diferenciadas em telhados de duas águas em cada um dos corpos. As fachadas são rebocadas e pintadas e rematadas em cornija e beirada simples de telha de canudo. As fachadas que dão para o interior do pátio apresentam no primeiro piso janelas de peito rectangulares com moldura em cantaria e no segundo piso janelas de peito rectangulares e verga arqueada com moldura em cantaria; em ambos os pisos as caixilharias são de duas folhas de abrir e bandeira; no primeiro piso existem também portas de acesso ao edifício com molduras em cantaria, sendo que a porta existente no corpo E. apresenta verga sobrepujada por cornija, constituindo a entrada principal no edifício a partir do pátio. Fachadas posteriores dos três corpos apresentam as mesmas características; o corpo E. apresenta no entanto, painel de azulejos figurando albarradas e porta enquadrada por composição azulejar e janelas do primeiro piso quadrangulares com moldura em cantaria. A fachada posterior do corpo N. evidencia janelas de peito rectangulares com moldura em cantaria em ambos os pisos. Os dois corpos adossados a S. do palácio apresentam características semelhantes ao corpo N. O INTERIOR tem, no piso térreo, a sala de entrada a partir do pátio, que possui três janelas para o exterior e tectos de masseira. Segue-se a escadaria de aparato que possui, no patamar térreo, grandes silhares de azulejos figurativos com cercaduras de motivos arquitectónicos, muito recortadas e em "trompe l'oeil". O pavimento é em grandes lajes de mármore róseo. Há três janelas a deitar para o pátio do palácio e, na parede oposta, três arcos de volta perfeita, correspondendo um deles ao vão de arranque da escadaria e os restantes, cegos e pouco profundos, inserem, no entanto, bancos de mármore no seu interior. A escadaria nobre é pontuada por três figuras de convite representando porteiros e alabardeiros, que se destacam da restante decoração azulejar. As salas do piso nobre são sequenciais e todas possuem silhares de azulejos a azul e branco. O tecto da primeira sala é em caixotão e exibe ao centro, em madeira policroma, as armas de D. Tomás de Almeida (escudo, mitra e querubins segurando o escudo). A sala seguinte, cujos azulejos representam as Estações do Ano e os Quatro Elementos, tem também tecto em caixotão e as ombreiras e vergas das portas e janelas são em mármore cor de rosa. Segue-se uma sala, mais modesta, cujos silhares possuem apenas cinco fiadas de azulejos. A sala seguinte, possui silhares de azulejos representado as Artes Liberais. Este percurso ao longo do piso nobre termina numa pequena sala de arrumos, e sanitários, correspondendo a intervenções recentes, que impedem a leitura da articulação entre o troço agora descrito e o troço seguinte, ao qual se acede a partir da porta exterior situada sob a grande janela das bênçãos. A entrada no piso térreo dá acesso a uma escada helicoidal em pedra, aparentando corresponder a uma pré-existência à intervenção patriarcal. No topo desta escada há três portas, de onde se acede ao coro-alto da Igreja, à sala da tribuna ou das bênçãos e à torre sineira, a partir de uma porta cuja madeira e ferragens denunciam uma feitura muito antiga. A sala da tribuna ou das bênçãos possui duas grandes janelas de sacada, correspondendo à tribuna que deita para o interior da Igreja e à janela das bênçãos que deita para a Praça Monumental. O pavimento desta sala é em xadrez marmóreo, preto e branco. As paredes são integralmente apaineladas a mármore de diferentes tons. Seguem-se duas pequenas salas, ambas com portas de acesso para o grande terraço avarandado do palácio. A fachada que deita para o terraço é percorrida por silhares de azulejo, enquadrando as duas portas, representando uma balaustrada, encimada por figuras mitológicas e alegóricas, sobre pedestais, e, urnas nas extremidades superiores de todos os painéis azulejares. O terraço tem guarda de ferro forjado, intercalada por balaústres de mármore, tanto no lado que deita para o pátio interior do palácio, como no lado que deita para a Praça Monumental, sendo aqui interrompida ao centro, por grande painel azulejar dedicado à Imaculada Conceição. Na base da composição, surge balaustrada, semelhante à da parede S. da varanda. Este painel compositivo ocupa toda a superfície posterior da peça arquitectónica correspondente ao brasão de grandes dimensões de D. Tomás de Almeida que encima o portal principal do Palácio. A IGREJA *3) é de planta rectangular, composta por galilé, nave e capela-mor; este escalonamento de planta não é perceptível no exterior, onde a igreja constitui um volume único coberto por telhado de duas águas. No lado esquerdo adossa-se torre sineira, de planta quadrangular, paramentos rebocados e pintados, cunhais em cantaria aparelhada; constituindo-se em dois registos diferenciados por uma cornija, o primeiro correspondendo à escada de caracol de acesso ao campanário e rasgado por pequenos vãos tipo fresta com moldura em cantaria e no segundo registo com uma sineira em cada face definida por arco de volta perfeita em cantaria, remate em cornija sobre a qual assenta cúpula bolbosa com pequenos óculos circulares nas quatro faces, ladeada por quatro fogaréus e encimada por cruz patriarcal. Fachada principal voltada a O., tem o paramento rebocado e pintado de branco, com embasamento em cantaria e dividida em três panos por pilastras também em cantaria; os panos laterais têm nichos com moldura recortada e encimados por frontão interrompido e no segundo registo janelões também com molduras em cantaria recortadas e decoradas; no pano central, portal em arco de volta perfeita com moldura recortada sobrepujado por nicho de moldura contracurvada e encimada por cornija também curva; sobre o nicho uma tabela com inscrição; é rematada por uma cornija que assenta sobre as pilastras nos panos laterais e por frontão triangular com óculo elíptico no tímpano, encimado por plinto e cruz patriarcal. As fachadas laterais são ambas rebocadas e pintadas, marcadas por pilastras em cantaria e rematadas por cornija; estas fachadas dão também acesso à galilé, com arco a pleno centro de moldura em cantaria, sobrepujado por janela também moldurada e recortada. A fachada N. possui uma outra porta de acesso à igreja ladeada por duas colunas assentes sobre plinto, que sustentam a bacia da janela de sacada que lhe sobrepuja; esta janela tem perfil de arco de volta perfeita em cantaria, varanda com bacia rectangular e guarda em ferro. INTERIOR com coro-alto construído sobre a galilé sustentado por duas colunas,e com guarda balaustrada de madeira. As janelas são enquadradas por composições azulejares de albarradas, festões, grinaldas e cercaduras de acantos.. O nartex tem porta na parede do lado do Evangelho, de acesso à torre sineira, e é pontuado, em ambos os lados da porta principal da Igreja, por duas pias de água benta em granito. A parede do lado do Evangelho, que ostenta, no registo superior a janela da tribuna cardinalícia, possui apenas uma capela no registo inferior, enquadrada por arco de volta perfeita, e comportando um nicho também de volta perfeita no seu interior; o vão da tribuna aberto no alçado tem configuração rectangular com moldura recortada em cantaria e varandim assente sobre mísulas, sendo protegido por guarda de ferro forjado e pilaretes em cantaria. No primeiro registo da nave, do lado do Evangelho, junto à capela-mor, situa-se a porta de acesso á sacristia. A parede do lado da Epistola possui três capelas enquadradas por arcos de volta perfeita e num registo superior, três janelas de capialço, de molduras em cantaria de calcário recortadas.Arco-cruzeiro de cantaria separa a nave da capela-mor que possui nicho central, em arco de volta perfeita. Sobre o arco-cruzeiro, edícula de calcário branco, de verga recta. O interior da SACRISTIA possui revestimento azulejar muito recente e descontextualizado, excepto o painel a azul e branco que enquadra superiormente o lavabo de pedra. PALÁCIO-FONTE MONUMENTAL *5 de planta em U, com três corpos, um N. onde se adossa o chafariz e outros dois, um E. e outro O. perpendiculares a este; volume simples, com cobertura em telhado de três e quatro águas. Fachada principal de dois registos, três panos e soco em cantaria; o pano central é composto pela fachada da ala N. do palácio, é rebocado e pintado e rematado em cornija. O chafariz é ladeado por dois panos de parede rematados por balaustrada e avançados relativamente à fachada do palácio. Os panos laterais constituem os topos das alas E. e O. do palácio, são delimitadas por cunhais em cantaria, e têm dois registos, o primeiro com janela de peito com moldura em cantaria e verga arqueada e o segundo com janela de sacada com varandim com guardas de balaústres em cantaria. A fonte em cantaria, ao centro da fachada principal do palácio, é antecedida por escadaria e composta por um tanque de perfil curvilíneo e espaldar organizado em vários registos; o primeiro registo integra, ao centro, um outro pequeno tanque de perfil semicircular, ladeado por duas carrancas; no segundo registo do espaldar, existe nicho central, também semi-circular, com duas bicas no interior em forma de carranca, ladeado por pares de pilastras; sobre estas, remate em frontão curvo sobrepujado pelas armas de D. Tomás de Almeida e ladeado por fogaréus. Fachadas laterais, semelhantes, rebocadas e pintadas, com pilastras em cantaria delimitando os panos de parede onde se insere uma janela de sacada; remate em cornija e beirado. O AQUEDUTO emerge na encosta a Norte da EN 115 em pano de parede totalmente cheio, desenvolvendo-se em arcaria de volta perfeita alternando com panos de parede que se vão tornando sucessivamente mais estreitos e ao aproximar-se do aglomerado os panos de parede passam a compor-se de pilar sobrepujado por vazamentos em arco de volta perfeita. CHAFARIZ composto por espaldar e tanque. O tanque em pedra calcária tem planta de desenho contracurvado e perfil côncavo-convexo. O espaldar é enquadrado por pilastras em calcário que se vão estreitando da base para o topo, rematadas por triglifos e franjas. A parte inferior do espaldar é composta pela carranca enquadrada por moldura de remate contracurvado e pedra de fecho no topo. A parte superior é composta por cartela de moldura octogonal representando as almas do purgatório e por inscrição. O coroamento do espaldar compõe-se de tímpano com as armas de D. Tomás de Almeida e remate em cornija recta que se abre em arco de volta perfeita, de modo a enquadrar o brasão composto por escudo e mitra patriarcal. O muro que enquadra o chafariz, de implantação curva, possui soco e lajes de calcário, sendo rematado por capeamento de calcário que termina em volutas, na articulação com a parte superior do espaldar, tocando o aqueduto no topo O. |
Acessos
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Rua Padre Adriano (Palácio da Mitra, igreja, quinta). Largo Avelar Brotero (chafariz monumental); terrenos contíguos à Rua Vinte e Cinco de Abril (EN115) do lado Norte e Caminho dos Arcos (Aqueduto), Rua Vinte e Cinco de Abril, junto ao aqueduto (Chafariz) |
Protecção
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Categoria: MIP - Monumento de Interesse Público / ZEP, Portaria n.º 740-AH/2012, DR, 2.ª série, n.º 248 de 24 dezembro 2012 *1 |
Enquadramento
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Urbano e rural, no aglomerado de Santo Antão do Tojal. O Palácio da Mitra, o palácio-fonte e a igreja definem a praça monumental dos lados E. e N.. O aqueduto emerge na encosta a N. da EN 115 em zona rural e termina no Largo Félix Avelar Brotero. O chafariz menor localiza-se na EN 115, junto ao aqueduto, no enfiamento da Rua dos Arcos. O jardim formal confina a S. com imóveis utilitários e capela da Casa do Gaiato e, a E., com terrenos agrícolas e quinta da Ribeirinha actualmente ocupada pela Igreja Maná. A N. confina com a Quinta da Ribeirinha e logradouros do aglomerado e Largo Félix Avelar Brotero. A O. confina com a Praça Monumental e Rua Padre Adriano. O palácio-fonte confina a N. com o Largo Félix Avelar Brotero, a S. com Praça Monumental, a E. e a O. com pequenos arruamentos sem designação específica. |
Descrição Complementar
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PALÁCIO: a sala de entrada possui revestimentos de azulejos a azul e branco, de figura avulsa e cercaduras de acanto, formando silhares. A escadaria de aparato possui em duas das suas paredes, painéis azulejares que representam cenas campestres e paisagens com figuras; dois destes painéis têm a figura de um frade em primeiro plano. O interior dos dois arcos cegos que ladeiam o arranque da escada nobre é integralmente revestido por grandes composições de azulejo figurativo na face e no intradorso. Os azulejos representam paisagens com figuras e, em primeiro plano, duas fontes monumentais de onde jorra água em abundância. As cercaduras recortadas são em motivos de arquitectura, contendo plintos e atlantes. Os intradorsos são preenchidos por grinaldas de flores e frutos em azul e branco. Sob as janelas, fronteiras ao arranque da escada, os azulejos dos rodapés representam paisagens portuárias e motivos navais. Os motivos de azulejos que acompanham todos os lambris da escadaria de aparato, representam, em "trompe l'oeil", balaústres, plintos, grinaldas de flores e frutos, pássaros, borboletas, caracóis, animais domésticos, símios, répteis e sobre esse fundo, sobressaem as três figuras de convite de porteiros e alabardeiros, ricamente trajados a azul e branco e com utilização de amarelo de antimónio, simulando ouro, no desenho dos coletes, e nos pormenores das librés, sobretudo, nas mangas, botões, mas também nos chapéus, copos e pontas das espadas, nas meias e fivelas dos sapatos. Sob a janela que ilumina a escada, revestimento azulejar em trompe l'oeil, representando uma balaustrada com paisagem ao fundo. No patamar superior, silhares de azulejos com cercaduras recortadas e sob as janelas, rodapés com motivos de paisagem. A primeira sala do piso nobre é inteiramente percorrida por albarradas a azul e branco, formando silhares. A sala que se segue, possui igualmente silhares de azulejo figurativos representando as Quatro Estações do ano e os Quatro Elementos. As cercaduras, recortadas, possuem motivos arquitectónicos em trompe l'oeil. Os azulejos da terceira sala do piso nobre aludem a cenas campestres, caça e pesca, tendo como fundo, paisagens com motivos de arquitectura. As cercaduras são imponentes, com motivos vegetalistas e elementos arquitectónicos. A sala seguinte, ostenta os painéis de azulejos alusivos às Artes Liberais, representando a Mecânica, a Óptica, a Escultura, a Poesia, a Eloquência, a Música e a Pintura. A varanda ostenta grande painel alusivo à Imaculada Conceição, no qual a figura de Nossa Senhora está enquadrada por cercadura com motivos de arquitectura, querubins e, no topo, cornija, da qual pendem panejamentos franjados. SALA das BENÇÃOS: espaço de planta rectangular com paredes revestidas a mármore rosa, branco e preto, de diferentes tonalidades, variando entre o quase vermelho e o rosa claro, e entre o preto e o cinzento claro. Os painéis de mármore preto com veios brancos formam o centro das composições parietais, sendo, as restantes cores utilizadas para rodapés, lambris, enquadramentos de fundo, molduras, cimalhas, vergas e ombreiras dos vãos. Todos estes elementos denotam grande trabalho de cantaria, em pormenores e arestas relevadas, bem como cuidado desenho da sua composição geométrica. Sob os painéis negros, dispostos em redor da sala, localizam-se cartelas a mármore branco com frases bíblicas em latim. Sobre os referidos painéis negros e sobre todos os vãos, correspondendo às duas portas e duas janelas que conferem à sala a sua simetria, existem medalhões circulares esculpidos em alabastro, de inspiração romana, emoldurados por anéis salientes em mármore negro. O tecto da sala, em caixotão de madeira ostenta arestas em talha policromada. A talha do debruado que percorre toda a sala, sobre a cimalha, é pintada a branco e ouro,. Contígua a esta sala, para E., duas outras salas com planta rectangular, tecto em masseira, as janelas, de peito e de sacada, têm caixilharias de duas folhas de abrir e bandeira e portadas interiores com as respectivas ferragens; o vão interior das janelas é guarnecido com moldura em madeira; ambas têm pavimento em tábuas de madeira. Ambas as salas possuem silhares de azulejos, representando na primeira, cenas campestres ou de caça, nomeadamente ao javali, paisagens marítimas ou outras, com figuras de viandantes e cercaduras de elementos arquitectónicos com grinaldas de flores e frutos, e na segunda, paisagens, com motivos de arquitectura e cenas da vida agrícola. IGREJA: os nichos da fachada principal ostentam esculturas italianas em mármore, da primeira metade do séc. 18, representando São Bruno, a rainha Santa Isabel e Nossa Senhora da Conceição. GALILÉ com revestimento azulejar organizado em dois registos, o primeiro é constituído por albarradas e o segundo por nichos com Santos, albarradas e figura avulsa; a sua cobertura é em tecto de caixotões e o pavimento em lajes de cantaria. SACRISTIA: adossada N., com acesso por porta na nave, de planta rectangular e tecto em madeira tipo "saia e camisa", pavimento em mosaico e revestimento até meia altura de azulejos recentes; mantém um lavatório com bacia em cantaria e espaldar em azulejos recortados figurando uma carranca enquadrada por volutas e elementos vegetalistas; a sacristia fica contígua a um vestíbulo, que no segundo piso corresponde à sala das Bênçãos; tem os paramentos rebocados e pintados, revestidos até meia altura por azulejos recentes; o pavimento é em lajes de cantaria e a cobertura em abóbada. JARDIM *6: de planta rectangular com uma alameda paralela ao palácio, delimitada pela fachada do corpo E. do palácio e por muretes ornamentados por painéis de azulejos figurando albarradas; nesta alameda entroncam-se duas outras, paralelas entre si mas perpendiculares à primeira; o fim destas duas alamedas é marcado por pombais e a meio caminho encontram-se dois tanques (v. PT031107140202). Os POMBAIS têm planta circular, paramento em alvenaria com embasamento saliente e cobertura em cúpula; apresentam porta com moldura em cantaria e verga arqueada, sobrepujado por janela com as mesmas características; azulejos policromos (azul, amarelo), contornam a cornija, a porta e a janela com composições ornamentais de volutas e elementos vegetalistas, grinaldas de flores e folhagens, pendentes e medalhões com bustos. Os TANQUES têm perfil quadrangular com bordos contracurvados em cantaria e decorados exteriormente com painéis de azulejos figurando grinaldas e pendentes de flores e folhagens. Ao fundo do jardim um banco com espaldar com moldura de cantaria recortado, rematado em frontão interrompido e urnas; o interior do espaldar é decorado com painel de azulejos figurando Santo António e o Menino Jesus. Um outro banco tem espaldar decorado com azulejos policromos representando a Primavera. |
Utilização Inicial
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Residencial: palácio eclesiástico / quinta de recreio |
Utilização Actual
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Assistencial: lar / Religiosa: igreja paroquial / Comercial: estabelecimento de restauração / Cultural e recreativa: associação cultural e recretiva |
Propriedade
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Pública: estatal |
Afectação
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Sem afectação |
Época Construção
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Séc. 18 |
Arquitecto / Construtor / Autor
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ARQUITECTOS: António Canevari *7; Eugénio dos Santos (1755-1758). FUNDIDOR: José Domingos da Costa (1795). PINTOR: José da Costa Negreiros (1735). |
Cronologia
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1290-1293 - a quinta designada de Pêro de Viegas foi comprada por D. Domingos Jardo, bispo de Lisboa, por 900 marcos de prata; 1291 - primeira referência à existência de uma igreja neste local; 1554 - o arcebispo D. Fernando de Vasconcelos de Meneses (1540-1564) procede a reformas no palácio e igreja para as quais comprou terras e vínculo pertencentes à capela do Rosário da Igreja Matriz; 1586 - 1625 - conclusão das obras pelo arcebispo D. Miguel de Castro; 1728 - 1732 - D. Tomás de Almeida *8, patriarca de Lisboa manda construir de raiz o aqueduto e chafariz e o palácio-fonte, remodela o palácio em ruínas (acrescentamento da ala N.: cozinha *9, copa, e dependências para serviços similares, sala de refeições, quartos individuais; redecoração das salas interiores sem alteração da distribuição espacial; adaptação de uma das sala a das Bênçãos e sua decoração; construção do mirante que liga a ala N. à ala S. e redecoração do interior da igreja, com colocação de azulejos historiados com a vida de Santo Antão e albarradas, altar-mor com painéis da Conceição, Virgem e São José, Cristo crucificado e Arcanjo São Miguel, nova cobertura interior com as armas de D. Tomás pintadas, novas talhas para os altares laterais; nova organização funcional: retiradas as sepulturas do pavimento, a tribuna muda de localização, introdução do púlpito, cruzeiro fechado com grades de pau santo, abertura de porta para a sacristia, ampliação do coro e colocação de um novo órgão; renovação da sacristia; construção de uma nova fachada; remodelação parcial da cerca, traçando-se um novo plano para o jardim com duas alamedas; construção de tanques, lagos e pombais; estes, os bancos e muretes são decorados com azulejos; plantação de novas árvores ornamentais e flores); para a obra é contratado o arquitecto António Canevari (PEREIRA, 1991); 1730 - alargamento da vala que permite a navegabilidade desde o Rio Trancão até Santo Antão do Tojal (Esteio, ou Esteio da Princesa), para o transporte de materiais de construção para a obra do convento de Mafra; visita de D. João V ao Palácio da Mitra de Santo Antão do Tojal, para assistir à sagração dos sinos destinados a Mafra; 16 Outubro - segunda visita de D. João V; 1732 - terceira visita de D. João V ao Palácio da Mitra. 1734 - visita da rainha D. Maria Ana de Áustria ao Palácio da Mitra em Santo Antão do Tojal, acompanhada pelos príncipes do Brasil, futuros reis D. José I e D. Mariana Victoria, e também pelo infante D. Pedro, futuro D. Pedro III; 1735 - pintura de uma Vida de São Roque por José da Costa Negreiros, desaparecido; 1737 - ampliação da cerca e obras no jardim (Memórias Paroquiais, 1760); 1741 - conclusão das obras da igreja: extensão do coro e átrio (Memórias Paroquiais, 1760); 1744, 27 Julho: segunda visita da rainha D. Maria Ana de Áustria, com os príncipes do Brasil (D. José e D. Mariana Victoria) e o infante D. Pedro: 1755, 01 Novembro - o terramoto faz muitos estragos no conjunto; 1755-1758 - o patriarca D. José Manuel da Câmara, em consequência dos estragos do terramoto manda demolir a parte superior da fachada, o frontão fica mais abatido, retirando-se as armas e as mísulas, e a torre é demolida (PEREIRA, 1991); intervenção estrutural na igreja e sacristia por Eugénio dos Santos (Memórias Paroquiais, 1760); 1759-1776 - o arcebispo D. Francisco de Saldanha da Gama, por vontade do seu antecessor, manda cobrir as paredes com cal ocultando a decoração de grotesco que tinham as paredes da igreja (PEREIRA, 1991); 1756-1758 - visita do rei D. José acompanhado pela rainha D. Mariana Victoria, pelo seu irmão, infante D. Pedro, e pelas infantas; 1794 - William Beckford faz referência aos mármores e talha dourada da igreja, hoje inexistentes; 1795 - data do sino mais pequeno, feito em Lisboa por José Domingos da Costa; 1910, depois de - um incêndio destrói o recheio da igreja; 1932, 9 Junho - o decreto n.º 21.350 autoriza a permuta da Quinta da Mitra em Santo Antão do Tojal, concelho de Loures, propriedade do Ministério da Agricultura, pela Mata de Valverde, concelho de Alcácer do Sal, propriedade do Ministério da Justiça, para que este instale na primeira uma cadeia penitenciária feminina; a propriedade do Ministério da Agricultura era constituída por parte urbana e parte rústica, encontra-se inaproveitada; 1933, 01 Julho - por força do Dec.-Lei n.º 22.785, de 28 Junho 1933, as obras de instalação de uma Cadeia Mista Feminina na antiga Quinta da Mitra, são transferidas da alçada da Administração e Inspecção-Geral das Prisões (Ministério da Justiça) para a do Ministério das Obras Públicas e Comunicações (Ofício n.º 1989-C 7 Julho 1933, da Administração e Inspecção-Geral das Prisões, in PT DGEMN/DSARH-004-0288/18); 1937, 24 Setembro - o director-geral dos Edifícios e Monumentos Nacionais informa o ministro da Justiça, em resposta a este, de que, entre 1 de Julho de 1933 e aquela data, não tinha sido dispendida qualquer verba com a cadeia de Santo Antão do Tojal (Mitra) (PT DGEMN/DSARH-004-0001/1); 1938, 4 Janeiro - ofício do Engenheiro Delegado nas Obras das Cadeias Civis e das Guardas Republicana e Fiscal, pedindo autorização à DGEMN para que a Comissão das Construções Prisionais estude a instalação de um grupo de estabelecimentos prisionais para mulheres na Quinta de Santo Antão do Tojal (Mitra) e elaborasse os respectivos projectos, respondendo a pedido urgente do ministro da Justiça; a DGEMN autoriza na mesma data (PT DGEMN/DSARH-004-0019/2); 1939, 24 Julho - exposição do director-geral dos Serviços Prisionais, remetida pelo MJ ao MOP, sobre a dimensão do problema das construções prisionais e os meios para a sua resolução, refere que o empreendimento de Santo Antão do Tojal tem "elementos levantados" mas não tem ainda projecto elaborado (PT DGEMN/DSARH-004-0019/2); 1940, 26 setembro - publicação de Decreto nº 30 762, no DG, 1.ª série, n.º 225, determinando a classificação do Conjunto como Imóvel de Interesse Público; 01 novembro - publicação do Decreto nº 30 838, DG, 1.ª série, n.º 254, suspendendo o decreto n.º 30 762, de 26 de setembro do mesmo ano, relativamente à classificação de imóveis de propriedade particular; 1943, 18 agosto - classificação do edifício como Imóvel de Interesse Público, Decreto n.º 32 973, DG n.º 175; 1947 - cedência do Palácio da Mitra à "Casa do Gaiato"; 1976 - cedência do palácio-fonte ao Centro de Convívio e Cultura Popular de Santo Antão do Tojal; 2008, 01 outubro - proposta da ampliação da categoria de classificação do edifício e fixação da respetiva Zona Especial de Proteção pela DRCLVTejo; 12 novembro - parecer favorável do Conselho Consultivo do IGESPAR; 2009, 21 dezembro - Homologação da Zona Especial de Proteção do Palácio da Mitra pela Ministra da Cultura, a aguardar publicação no Diário da Republica. |
Dados Técnicos
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Estrutura de paredes autoportantes e mista. |
Materiais
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Estruturas em alvenaria rebocada e caiada no palácio e igreja, em alvenaria de tijolo no aqueduto e em betão no interior do palácio-fonte; molduras das janelas e portais, cunhais, cornijas, nichos, balaustradas (palácio-fonte), arcos e degraus da escada (palácio), arcos (igreja), revestimento da Sala das Bênçãos, pavimentos, fonte (palácio-fonte), tanques (jardim), parte central e tanque do chafariz em cantarias de calcário e granito; pavimento do mirante em tijoleira; pavimento do Palácio-fonte em ladrilho cerâmico; coberturas exteriores em telha;guardas da tribuna e separação da nave da igreja, guardas do mirante e do vestíbulo do andar nobre em ferro. Revestimento das fachadas da galilé, interior da igreja, salas do palácio e apontamentos decorativos (bancos, pombais, tanques muretes do jardim) em azulejos tradicional; revestimento da sacristia em azulejo industrial; janelas com vidro simples; caixilharias, portadas interiores, portas, pavimentos e tectos (igreja e palácio) de madeira. |
Bibliografia
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ARAÚJO, Ilídio, Quintas de Recreio (Breve introdução ao seu estudo, com especial consideração dos que em Portugal foram ordenados durante o séc. XVIII), Braga, 1974; ARRUDA, Luísa, Figuras de Convite na azulejaria portuguesa do séc. XVIII, Lisboa, Inapa, 1993; Carta Arqueológica do Município de Loures, Loures, 2000;FREITAS, Ana Rosa de, A Quinta de Santo Antão do Tojal. Palácio da Mitra, in Monumentos 10, DGEMN, Lisboa, Março 1999, pág. 86 - 89; GOMES, J. Pinharada, Os Tojais e a Casa do Gaiato, Lisboa, 1990; LEITE, Ana Cristina, O Jardim em Portugal nos séculos XVII e XVIII, Tese de Mestrado policopiada, UNL, 1988; MECO, José, O Palácio de Santo Antão do Tojal e a Casa do Gaiato in O Diário, Lisboa, 2 Março 1979; Ministério da Justiça e dos Cultos / Administração e Inspecção-Geral das Prisões, Decreto n.º 21.350 de 9 de Junho de 1932 in Diário do Governo n.º 136; Monumentos e edifícios notáveis do distrito de Lisboa, Concelhos de Mafra, Loures, Vila Franca, Lisboa, 1963; Património Artístico do Concelho de Loures in Vida Rural, Lisboa, 15 Outubro 1966, p. 23; NETO, Manuel, Aqueduto e Palácio do Tojal tardam a ser recuperados in Diário de Notícias, 13 Out. 1990, p. 26.; PEREIRA, José Fernandes (Dir.), Dicionário da Arte Barroca em Portugal, Lisboa, Editorial Presença, 1989; PEREIRA, José Fernandes, A acção artística do primeiro Patriarca de Lisboa, Lisboa, 1991; PEREIRA, José Fernandes, A arquitectura barroca em Portugal, Lisboa, 1992; PEREIRA, Paulo (Dir.), História da Arte Portuguesa, volume III, Lisboa, Círculo de Leitores, 1995; PREDIERI, Daniela, Bosco Parrasio un Giardino per L'arcadia, Modena, Mucchi Editore, 1990; REAL, Mário Guedes, O Paço dos Arcebispos, Sep. do Boletim da Junta Distrital de Lisboa, n.º LVII - LVIII, II série, Lisboa, 1962; Rotas de Loures, História e Património, 1998; SEQUEIRA, Clara, O barroco em Santo Antão do Tojal, Santo Antão do Tojal, 1997 e 2001 (2.ª edição); SERRÃO, Vítor, História da Arte em Portugal - o Barroco, Barcarena, Editorial Presença, 2003; SIMÕES, J. M. dos Santos, Azulejaria em Portugal no século XVIII, Lisboa, 1979; STOOP, Anne, Quintas e Palácios dos Arredores de Lisboa, Barcelos, 1986; VAZ, Maria Máxima, Património Histórico - Artístico in Loures. Tradição e Mudança - I Centenário da Formação do Concelho 1886 - 1986, vol. 1, Loures, 1986, p. 87 - 136. |
Documentação Gráfica
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IHRU: DGEMN/DSID, DGEMN/DRMLisboa, DGEMN/Arquivo pessoal de Ilídio de Araújo; AHMOP (plantas da fonte monumental) |
Documentação Fotográfica
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IHRU: DGEMN/DSID, DGEMN/DRMLisboa, CMLoures: arquivo Divisão Planeamento Urbanístico |
Documentação Administrativa
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IHRU: DGEMN/DSID, DGEMN/Carta de Risco, DGEMN/DRMLisboa, DGEMN/DSARH-004-0001/1, 004-0019/2, 004-0288/18; DGARQ/TT: CARDOSO, Padre Luís, Dicionário Geográfico (Memórias Paroquias), 1758, Memórias Paroquiais, 1760 (vol. 36, n.º 58, pp. 365-534); CMLoures: processo administrativo n.º 8.299/DPU |
Intervenção Realizada
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CASA do GAIATO: 1947 - obras de reconstrução introduzem algumas alterações, nomeadamente transformando parte da sala de leitura em instalações sanitárias e fechando a antiga passagem entre o palácio e a igreja. DGEMN: 1960 - obras de consolidação e reparação de dois arcos do aqueduto, junto à estrada e fonte; obras de restauro no chafariz do Palácio; 1961 - obras de restauro no chafariz; trabalhos imprevistos; 1962 - transporte de entulhos e regularização do largo; 1978 - obras de consolidação de três arcos do aqueduto; CENTRO de CULTURA e CONVÍVIO POPULAR: 1979 - obras de recuperação e adaptação no palacete da fonte monumental: construção do pavimento do segundo piso em lajes de betão apoiados em pilares de betão adossados às paredes; construção de uma escada interior em betão; demolição de uma parede interior e abertura de vãos nas paredes interiores; 1994 - obras de recuperação do Aqueduto; DGEMN: 1995 - beneficiações diversas; 1996 - execução de novas coberturas na ala S. do palácio e igreja; novos rebocos e recuperação de caixilharias e grades na ala S. do palácio e fachadas do largo da fonte monumental; 1997 / 1998 - conclusão das obras de beneficiação das coberturas, rebocos exteriores e caixilharias; restauro do revestimento azulejar no interior e exterior do Palácio; restauro dos tectos em masseira dos salões do primeiro piso; execução de projectos de reabilitação em áreas afectas à Casa do Gaiato; conservação e restauro dos dois pombais da quinta; 1999 / 2000 - arranjo paisagístico dos jardins da quinta (1.ª fase); 2001 - obras de recuperação do aqueduto; JFSANTO ANTÃO: 2001 - arranjo do espaço envolvente ao monumento, colocação de sistema de iluminação. |
Observações
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*1 - a antiga designação oficial de Palácio da Mitra, em Santo Antão do Tojal, com os seguintes anexos: "a antiga igreja, o chafariz monumental, o aqueduto, o pombal existente na quinta do Palácio, com os seus azulejos decorativos, e o portão que dá entrada directa à quinta e se encontra à direita e um poço distanciado da igreja", passando a "Palácio da Mitra, aqueduto, pombais, chafarizes, igreja, monumental portão de entrada e toda a área murada da antiga quinta". *2 - até às obras promovidas pelo patriarca D. Tomás de Almeida o palácio apresentava grande simplicidade arquitectónica e decorativa: a sua planta era em L, tendo apenas duas alas, a sul que comunicava com a igreja e a nascente. *3 - a ligação entre o palácio e a igreja encontra-se interrompida e fazia-se por uma sala contínua à sala da Música; *4 - a igreja de raiz medieval teria três naves e pouca iluminação; as obras realizadas na centúria de quinhentos reformaram, reedificaram e ampliaram o primitivo templo, mantendo-se a área ocupada pela igreja, o espaço interior passa a ser de nave única, altares colaterais, cruzeiro com grades e pavimento com sepulturas, coro sobre colunas, tecto em madeira, no exterior tinha alpendre com três arcos e portal principal (PEREIRA, 1991). *5 - o palácio-fonte foi mandado construir pelo patriarca D. Tomás e destinava-se a acomodar a família real nas suas deslocações até Mafra, para a sua construção comprou e mandou demolir algumas casas que se localizavam próximo e seria sua intenção unir os dois palácios (PEREIRA, 1991). *5 - até às obras realizadas no séc. XVIII o jardim era apenas uma propriedade agrícola, destinada a abastecer os bispos de Lisboa (PEREIRA, 1991). *7- António Canevari, arquitecto italiano que esteve em Portugal entre 1728 e 1732, a sua presença insere-se nas relações artísticas entre Portugal e Itália mas as razões concretas da sua passagem por Lisboa são desconhecidas; dirigiu durante sete meses as obras do aqueduto das Águas Livres, trabalha também no palácio do Terreiro do Paço, sendo problemáticas um conjunto de obras que lhe são atribuídas, incluindo uma participação no Convento de Mafra (PEREIRA, 1992). *8- D. Tomás de Almeida (1670-1754), pertencia à casa de Avintes e fez a sua formação em cânones na Universidade de Coimbra; desempenhou vários cargos públicos (Secretário de Estado e Chanceler-mor do reino); iniciou a sua actividade eclesiástica na igreja paroquial de S. Lourenço na Mouraria (Lisboa), em 1707 é nomeado bispo de Lamego e posteriormente bispo do Porto e em 1717 é nomeado patriarca de Lisboa (PEREIRA, 1992). *9- a cozinha foi revestida com azulejos setecentistas semelhantes aos do Palácio do Correio-mor, com cenas de culinárias, matança do porco e armazenamento de enchidos e presuntos (STOOP, 1986). |
Autor e Data
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Bastos Pinto, Fernanda Ferreira, Manuel Villaverde (CMLoures) 2010 (no âmbito da parceria IHRU / CMLoures) |
Actualização
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