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Conjunto urbano Aglomerado urbano Vila Vila moderna Vila moderna
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Descrição
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Acessos
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EN242; EN8-4 |
Protecção
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Inclui Pelourinho da Pederneira (v. PT031011020001) / Igreja da Misericórdia da Pederneira (v. PT031011020004) / Santuário de Nossa Senhora da Nazaré (v. PT031011020005) / Ermida da Memória (v. PT031011020011) |
Enquadramento
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Situado na unidade de paisagem do Oeste (v. PT031006020061). |
Descrição Complementar
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Conjunto urbano composto por três núcleos distintos, adaptados às características topográficas do local. A Pederneira estende-se de N. a S., com as principais vias paralelas à costa, entre a antiga estrada real e a escarpa sobre a Praia (Rua Nova, Rua da Fonte, Rua Abel e Silva e Rua do Mirante); desenvolvimento urbanístico determinado pelos 2 pólos catalizadores da Praça Bastião Fernandes (com as Casas da Câmara a E. e a fachada lateral da matriz, a S.) e do Largo da Misericórdia (enquadrado pela igreja e hospital da Misericórdia, a S. e outrora dominado pelas casas do Mosteiro de Alcobaça, a E.), unidos pela rua principal da vila, Abel da Silva. O Sítio desenvolveu-se em redor do Largo de Nossa Senhora da Nazaré, na ponta do promontório, dominado pela igreja de Nossa Senhora da Nazaré e pelo edifício dos Paços, no qual convergem as ruas principais da vila (a Rua 28 de Maio e a Rua D. Fuas Roupinho). A Praia obedece a uma ordenação urbanística ortogonal, com as ruas estreitas e paralelas alinhando-se perpendicularmente à linha da costa, cortadas na perpendicular por 3 ruas principais (Rua de Sub-vila, Travessa do Açougue e troço E. da Rua Mouzinho de Albuquerque). A Avenida Vieira Guimarães, principal eixo viário, define do lado S. a orientação paralela das ruas, que entroncam a O. na Avenida da República; do lado N. esse eixo é definido pela Praça Sousa Oliveira e pelas ruas que dela irradiam: Rua. Dr. Rui Rosa e Rua Mouzinho de Albuquerque (troço N.). |
Utilização Inicial
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Não aplicável |
Utilização Actual
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Não aplicável |
Propriedade
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Não aplicável |
Afectação
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Não aplicável |
Época Construção
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Séc. 16 / 18 /20 |
Arquitecto / Construtor / Autor
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Não aplicável |
Cronologia
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Séc. 12 - já existia a vila da Pederneira; séc. 14 - época provável da construção da capela da Memória; séc. 15 - o Sítio não é cultivável à volta do Santuário, hospedando-se os peregrinos na Pederneira; séc. 15, final / séc. 16, início - fundação da Pederneira, vila do couto de Alcobaça, pelos habitantes de Paredes que procuravam um local após o assoreamento que inutilizou o seu porto; séc. 16 - o Sítio é um local ermo, constituído pelos locais de culto mariano, casas do ermitão e os terrenos incultos o redor do Santuário; séc. 16, início - a praia, ou Ribeira da Pederneira, devia ainda estar ocupada pelas águas do oceano; só com o progressivo assoreamento da costa, a praia fica disponível; séc. 16, finais - até esta data não existem habitações de apoio ao santuário; o assoreamento do estreito da Barca impede definitivamente a passagem de navios de grande porte para o interior da Lagoa da Pederneira, ao mesmo tempo que fomenta a formação de baixios e montes de areia entre esse estreito e a ligação ao mar, mais salientes durante a maré baixa, no Vale da Perigosa e na Algerifeira; 1593 - a partir desta data, a população deposita na praia as suas grandes embarcações, que então já não podem procurar refúgio no porto interior da lagoa da Pederneira; 1600 - o Sítio está desabitado ou pouco povoado e existe a Comenda na Abadia; 1608, antes - realização de primeiro grande arroteamento do matagal das cercanias do Santuário; 1608 - a povoação só viria a desenvolver-se graças ao esforço inicial do Padre Manuel de Brito Elão, administrador nomeado nesse ano, e da confraria, e graças ao apoio dos Filipes, o que obriga os moradores a reconhecerem por sua senhoria, a casa da Senhora da Nazaré e não o Mosteiro; séc. 17, antes - segundo Padre Manuel de Brito Alão, o Sítio é rodeado de "mattas, & brenhas intrataueis, & não vistas"; séc. 17 - ao que parece, só nesta altura o Sítio tem condições de alojar os visitantes do santuário; 1616 - a partir do Regimento da casa da confraria, seria fomentado o povoamento do Sítio; D. Filipe II ordena que o provedor da comarca assinale com "marcos altos", o território da Senhora, autorizando que a Casa o administrasse em seu nome; concede ainda à instituição a prerrogativa de aforar nesse espaço "chãos para vinhas, e outras benfeitorias", tal como dar "chãos para cazas aos que os pedirem, com foro acomodado, como athe ora se faz para que com mais povoação e vizinhança se ennobreça" o Sítio; como única condição estipula apenas que as habitações não se encostassem aos muros e cerca do templo da Senhora; 1628 - o Sítio, rodeado de mar, areias, pinhal e de alguns terrenos de cultivo, é apenas um pequeno aglomerado, com "sete cazais com suas famílias, hum ferreiro, hum tendeiro, & os mais vendeiros" que dam de comer e agasalham os romeiros; 1648 - fora do pátio a povoação tem já um conjunto assinalável de casas, pertencentes a cerca de 14 agregados familiares; séc. 17, 2.ª metade - crescimento da comunidade envolvente do santuário; 1694 - estabelecimento de açougue no Sítio, que é já "quase tamanho ou maior do que a villa da Pederneira"; séc. 18 - a povoação do Sítio cresce cada vez mais para N., levando ao arroteamento da Coutada da Légua; este crescimento descontrolado coloca em risco a povoação, visto que a redução de espaços verdes provoca o avanço das areias sobre o Sítio; 1740, década - para tentar resolver o problema do assoreamento, é construída uma muralha de proteção; 1744 - criação da parte N. do Santuário de "huma rua de logeas de taboado, cobertas"; 1750- conclusão da construção de muralha para tentar deter o avanço das areias sobre o Santuário (12 mil cruzados); 1751 - a confraria manda vir de Peniche o vedor Manuel Francisco Artilheiro para sondar e opinar sobre o local onde se encontrar água no Sítio, devido à sua falta; início dos trabalhos e escavação e abertura de valas, fazendo-se de novo a Fonte Nova, onde se gastou muito dinheiro, perfurando a couraça para colocar a dita fonte dentro da muralha; dirigiu os trabalhos o mestre António Alves; 1752, 28 abril - início dos trabalhos de construção da fonte nova; 1755, 04 setembro - provisão régia autorizando haver no Sítio açougue; 01 novembro - o terramoto foi bastante forte no Sítio da Nazaré, causando o pânico entre a população, que "attonitos, e atemorizados (...) fugirão de suas casas, e por muitos tempos estiverão abarracados no terreiro, e campos vizinhos"; 1759 - volta-se a fazer grandes obras na fonte Nova e faz-se o poço (Poção) pegado à mesma, tendo-se intimidado mais de 1000 pessoas para ali irem trabalhar; execução do do muro do Penedo do Cavaleiro; 1760 - só havia na Praia 15 casas e no Sítio havia 30, sendo as mais antigas o palácio ou paços; 1762 - o Sítio aglomera-se em torno das suas principais artérias de comunicação e do terreiro; a estrada principal estende-se desde a Buzina até às casas de José Lourenço, rodeada de mais de 37 moradias e propriedades, de um lado e de outro da via; aí se localizam estrebarias, casas de pescadores, barbearias, oficinas de ourives e até casas "que costumão servir de taverna"; paralela a esta, há a rua da fonte, em direcção ao terreiro, onde existem as casas do cirurgião João José de Magalhães e do boticário Manuel de Almeida; a Rua de João de Castro canaliza também a sua saída para o rossio ou terreiro; nesta existem estrebarias, oficinas de sapateiros, moradias de pescadores e várias lojas particulares; em torno do terreiro, localizam-se três grandes conjuntos habitacionais: um na área virada a N., outro a O., para a parte da muralha e do açougue, e o terceiro para E.; neste último situam-se importantes lojas, entre as quais a do boticário José da Silva e, pelo menos, uma habitação de dois andares, propriedade de José Duarte Ferreira Barbuda, mordomo da confraria; há ainda o Suberco, na direcção da praia, com casas térreas e dispensas; por último, para a parte N. do Sítio, a Rua da Estopa, com algumas estrebarias e casa de negócio; 1770 - afixação de azulejos com números, vindos das Caldas e lá feitos por Francisco José, em todas as propriedades do Sítio; 1789 - compra de um quintal murado com poço de água nativa, dentro do Sítio (o Poço da Cera) para benefício da Casa e principalmente de todo o povo do Sítio e sobretudo dos romeiros por haver necessidade de água, sobretudo no verão, por 70$000, a José Luís Carepa; 1808, 16 julho - levanta-se o povo do Sítio contra os franceses, que foram cercados no forte e havendo luta nas ruas; 1815 - durante a 2ª invasão francesa morreram no Sítio e Pederneira mais de 1000 pessoas; criação no Sítio de mercado, que prejudica o do Alcobaça; 1816 - feito o passeio com o nome de Mirante, onde iam os principais da terra passar às tardes; séc. 19 - aumento da população e desenvolvimento económico, relacionado com a atividade piscatória; pescadores de Ílhavo, Buarcos, Quiaios, Aveiro e Lavos deslocam-se para a Nazaré; 1818 - continuação da obra do passeio; 1825 - a pedido do Dr. Joaquim António de Sousa, começa a funcionar o correio, que vinha de Alcobaça para o Sítio duas vezes por semana; 1838 - execução de arranjos nas fontes Velha e Rio da Tapada; 1843 - segundo Salazar havia no Sítio 230 habitantes e 12 casas desabitadas; 1848, 17 agosto - início do funcionamento do mercado da Nazaré; 1850, cerca - primeiro desvio da foz do Alcoa, que vinha desaguar junto ao promontório; 1851, 15 junho - construção de um poço no Largo da Madeira (atual Praça Sousa Oliveira), para suprir a falta de água da população; 1855 - extinção do julgado judicial da Pederneira; 1861, 13 junho - inauguração da capela de Santo António da Nazaré; 1871 - abertura de uma escola criada pela Mesa da Real da Casa; 1874, setembro - grande incêndio quase destrói o Sítio; 1876, 21 outubro - decreto extingue a Misericórdia da Pederneira; 1897 - demarcação do terreno do Rio da Tapada para logradouro público; 1897 - demolição das dependências da Misericórdia da Pederneira; 1898, 3 junho - restauraçãodo concelho da Pederneira; 1889, 28 julho - benção e inauguração do ascensor, denominado de Nossa Senhora da Nazaré, em homenagem à Virgem protetora da vila, movido a vapor, e com projeto do engenheiro Raul Mesnier de Ponsard; 1891 - o Ministério das Obras Públicas, a pedido da Real Casa de Nossa Senhora da Nazaré, manda o arquiteto Francisco da Silva Castro executar um projeto para a construção da atual Praça de Touros com lotação para cerca de 5000 espetadores; 1897 - inauguração da nova praça de touros no Sítio, com capacidade para 4500 espetadores, sendo da responsabilidade da Confraria de Nossa Senhora da Nazaré; 1901 - construção do paredão ao longo da praia; 1906 - resolve-se ceder para escola a casa de José António do Carmo; escola oficial só havia na Pederneira para rapazes e uma feminina sustentada pela Casa da Nazaré, no Sítio, dando casa e pagando à professora; representação ao Governo Civil pedindo escolas no Sítio para ambos os sexos; 1907 - 1908 - construção do atual Teatro Chaby Pinheiro, junto ao Santuário, com projeto de Ernesto Korrodi; 1907 - início das obras do edifício do posto de socorros a Naufragos da Nazaré; 1914 - aprovação da construção da estrada de acesso ao Sítio, e em 17 setembro estava pronto o primeiro troço; 1916 - construção do segundo lanço da estrada; 1937 - criação do Patronato com o auxílio de B. Bertha Lopes Monteiro, de Lisboa; 1939 - construção do padrão evocando a passagem de Vasco da Gama no Sítio; 1953 - obras e reabertura da casa dos pobres; arranjo das calçadas e dos candeeiros do pátio Salazar; 1968, 01 abril - data da reabertura do ascensor, com novas e melhores condições e características, após acidente 5 anos antes; 2001 / 2002 - remodelação profunda e modernização do ascesor e dos dois terminais; 2012, 5 novembro - arquivamento do porcesso de classificação com o fundamento do parecer "de que o conjunto não justifica uma classificação de âmbito nacional", Anúncio n.º 13653/2012, DR, 2.ª série, n.º 213.
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Dados Técnicos
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Não aplicável |
Materiais
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Não aplicável |
Bibliografia
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AAVV - Arte Sacra nos antigos Coutos de Alcobaça. Lisboa: Instituto Português do Património Arquitectónico e Arqueológico, 1995; ALÃO, Manoel de Brito - Antiguidade da Sagrada Imagem de Nossa Senhora da Nazaré. 2.ª edição. Lisboa: Edições Colibri; Confraria de Nossa Senhora da Nazaré, [1628], 2001; ALÃO, Manuel de Brito, Antiguidade da Sagrada Imagem de NªSª da Nazareth, grandezas do seu sítio, casa e jurisdição real, sita junto à villa da Pederneira, Lisboa, 1628; COELHO, P.M. Laranjo, A Pederneira - apontamentos para a história dos seus monumentos, calafates e das suas construções navais nos sécs. XV a XVII; COSTA, Américo, Diccionário corographico de Portugal, vol. VIII, 1943; FIGUEIREDO, Frei Manuel de, Cód. 1479, BNL, 1780; GONÇALVES, Alda Machado, As armas do município da Nazaré (Subsídio para a sua história), in II Colóquio sobre a história de Leiria e da sua região, actas, vol. II, Câmara Municipal Leiria, 1995; MESQUITA, Marcelino, A Nazareth - Sítio e Praia, Lisboa, 1913; PENTEADO, Pedro Manuel - Santuário da Senhora da Nazaré. Apontamentos para uma cronologia (de 1750 aos nossos dias). Lisboa: Edições Colibri; Confraria de Nossa Senhora da Nazaré, 2002; PEREIRA, Esteves, RODRIGUES, Guilherme, Portugal, Diccionário, vol. V, Lisboa, 1911; SILVA, Carlos Mendonça da (dir.), Roteiro cultural da região de Alcobaça, A oeste da serra dos Candeeiros, ADEPA, Câmara Municipal de Alcobaça, 2001 |
Documentação Gráfica
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IHRU: DGEMN/DRML; GEAEM: [Carta topográfica da região costeira entre Peniche e Nazaré], s.a., post. 1804 (3302-1-7-11); DGOTDU: Arquivo Histórico (Anteplano de Urbanização da Nazaré - 1º Estudo - Estudo do Arranjo da Avenida da República e Praça Sousa Oliveira, Eng. Barata da Rocha, 1955; do Plano: Urbanização da Zona Nordeste da Nazaré , Eng. Barata da Rocha, 1959; Revisão do Anteplano de Urbanização da Zona Nordeste da Vila da Nazaré, GEFEL - Arq. Eduardo Medeiro, 1968; Nazaré - Expansão Sul - Alteração e Actualização do Anteplano, Arq. Luís Coelho Borges, 1962) |
Documentação Fotográfica
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IHRU: DGEMN/DSID; DGEMN/DESA |
Documentação Administrativa
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IHRU: DGEMN/DSARH (Anteplano de urbanização da Nazaré, DSARH-005-3745/03) |
Intervenção Realizada
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Observações
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*1 - DOF: Conjunto monumental urbano e enquadramento paisagístico da Nazaré. |
Autor e Data
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Isabel Mendonça 1992 / Paula Noé 2014 |
Actualização
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Anouk Costa 2011 |
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