Mosteiro de Bom Jesus / Igreja de Santo António

IPA.00005692
Portugal, Viseu, Viseu, União das freguesias de Viseu
 
Mosteiro feminino beneditino maneirista e barroco, composto por igreja e convento, de que subsistem dois claustros. Possui igreja de planta retangular simples, composta por nave e capela-mor mais estreita, com coberturas diferenciadas em falsas abóbadas de berço de madeira em caixotões, os da capela-mor pintados, iluminada unilateralmente, por janelas rasgadas na fachada lateral direita. Interior com coro-alto, púlpito no lado da Epístola. Arco triunfal flanqueado por retábulos de talha dourada barroca, que se prolongam sobre o arco triunfal, revestindo-o. Capela-mor revestida a azulejo figurativo e com retábulo de talha dourada do barroco joanino. O portal na fachada principal é de características maneiristas, e terá sido transferido de algum ponto do mosteiro. Destaca-se o interior, com a capela-mor revestida a azulejo figurativo, com cenas beneditinas, que se repetem na zona do presbitério, que protegia as capelas colaterais. Possui arco triunfal totalmente pintado e guarda-vento de estrutura maneirista.
Número IPA Antigo: PT021823240022
 
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Registo

 
Edifício e estrutura  Edifício  Religioso  Convento / Mosteiro  Mosteiro feminino  Ordem de São Bento - Beneditinas

Descrição

Mosteiro de planta rectangular irregular composto por igreja de planta longitudinal, formada por nave e capela-mor mais estreita, e pela antiga zona conventual, onde se mantêm dois claustros, de volumes articulados dispostos horizontalmente, com coberturas diferenciadas em telhados de duas e três águas. Possui, junto à fachada posterior da capela, uma torre sineira, com acesso pelo exterior, com cobertura em coruchéu piramidal revestido a telha. IGREJA com fachadas rebocadas e pintadas de branco, percorridas por embasamento de cantaria, flanqueadas por cunhais em cantaria, os virados ao lado exterior, rematados por plintos com cruzes, e rematadas em cornija. Fachada principal em frontão triangular, sem retorno, com cruz latina no vértice, e escudo no frontão. É rasgado por portal de verga recta, flanqueado por pilastras toscanas, que sustentam verga epigrafada, friso de triglifos e cornija encimada por elementos entrelaçados. Sobre este, nicho em arco de volta perfeita e abóbada de concha, flanqueada por pilastras toscanas, encimado por friso e frontão interrompido, que emoldura um nicho em arco de volta perfeita, com abóbada de concha e remate em frontão semicircular. Este é flanqueado por duas janelas rectilíneas, em capialço, protegidas por grades metálicas. Fachada lateral direita rasgada por porta travessa de verga recta e por duas ordens de três janelas rectilíneas, em capialço. Na capela-mor, duas ordens de janelas com as mesmas características. Fachada posterior marcada por quatro registos, divididos por friso de cantaria, o superior com as arestas chanfradas, e o inferior com porta em arco de volta perfeita, cuja moldura extravasa o registo, o mesmo sucedendo com as janelas geminadas do segundo; no quarto registo, quatro sineiras em arco de volta perfeita, com moldura na zona superior e assentes em friso. INTERIOR com paredes rebocadas e pintadas de branco, com cobertura em falsa abóbada de berço abatido, de madeira, com caixotões, assente em amplo friso e cornija do mesmo material. Coro-alto apoiado em três arcos de volta perfeita, o central de maiores dimensões, protegido por balaustrada apoiado em três arcos de volta perfeita, o do centro de maiores dimensões, assente em dois pilares e pilastras toscanas, com balaustrada de madeira; tem o muro revestido a azulejo de monocromia, azul sobre fundo branco. O portal axial encontra-se protegido por guarda-vento de pau-preto, rematado por cornija, tabela e aletas, tendo, no lado da Epístola, uma pia de água-benta em cantaria hemisférica e de bordos boleados. No lado do Evangelho, púlpito quadrangular, assente em mísula, com guarda plena galbada e acesso por porta de verga recta. Presbitério revestido a azulejo em monocromia, azul sobre fundo branco. Arco triunfal de volta perfeita, assente em pilastras, com o intradorso, flanqueado por retábulos colaterais de talha dourada, dedicados ao Sagrado Coração de Jesus (Evangelho) e Imaculado Coração de Maria (Epístola), que se prolongam sobre o arco, revestindo-o. Capela-mor com cobertura em falsa abóbada de berço de madeira, em caixotões pintados, estando totalmente revestida a azulejos, em monocromia, azul sobre fundo branco. Lado do Evangelho: 1º registo: 2 janelas rectangulares e porta lateral para o exterior. Sobre supedâneo de trÊs degraus centrais, o retábulo-mor, de talha dourada. ZONA CONVENTUAL: existência de dois claustros contíguos, adossados à fachada O., um em plano superior, de 2 registos cada, com pilares no primeiro registo. Um dos claustros a céu aberto, o outro com cobertura composta por estrutura metálica, portante de chapas de luzalite onduladas e transparentes.

Acessos

Largo Mouzinho de Albuquerque. WGS84 (graus decimais) lat.: 40,660229, long.: -7,908040

Protecção

Categoria: IIP - Imóvel de Interesse Público, Decreto n.º 45/93, DR, 1.ª série-B, n.º 280 de 30 novembro 1993 (Igreja) *1

Enquadramento

Urbano, isolado e destacado, implantado num espaço ajardinado, junto a uma artéria de grande circulação. Situa-se em terreno plano.

Descrição Complementar

Utilização Inicial

Religiosa: mosteiro feminino

Utilização Actual

Religiosa: igreja / Assistencial: centro de juventude

Propriedade

Privada: Igreja Católica

Afectação

Sem afectação

Época Construção

Séc. 17 / 18 / 20

Arquitecto / Construtor / Autor

ENTALHADOR: João Correia Monteiro (1749). PINTORES DE AZULEJO: Gabriel del Barco (séc. 17); Oliveira Bernardes (1739-40).

Cronologia

1569 - fundação do mosteiro por testamento de Belchior Lourenço e da sua primeira mulher Maria de Quirós Castelo Branco; 1578 - início da construção do convento; 1592 - conclusão das obras; séc. 17 - obras de ampliação e restauro; 1628 - datação do pórtico; 1633 - construção da zona conventual; séc. 17, final - execução dos azulejos da capela-mor, atribuídos a Gabriel del Barco; 1739 - 1740 - execução dos azulejos da nave, atribuídos à escola dos Oliveira Bernardes; 1749, 8 Maio - contrato para a execução do retábulo-mor, pelo entalhador João Correia Monteiro, segundo risco do próprio; 1783 - douramento do retábulo-mor, pago por José Guedes da Silva e mulher; 1887 - habitava nela a última freira, já muito idosa; 1896, 30 Junho - morte da última freira, procedendo-se ao inventário dos bens *2; séc. 20 - obras de readaptação, com destruição dos coros, feitura de fachada principal e construção da torre sineira.

Dados Técnicos

Estrutura autoportante.

Materiais

Estrutura em cantaria de granito, rebocada e pintada; cruzes, modinaturas, pináculos, cunhais, pavimentos, arcos em cantaria de granito; portas, guarda do coro-alto, coberturas, púlpito, retábulos de madeira; painéis de azulejo industrial; janelas com grades metálicas.

Bibliografia

CORREIA, Vergílio, Artistas de Lamego, Coimbra, 1923; CORREIA, Alberto, Viseu, Lisboa, 1989; Guia de Portugal, Dir. Raúl Proença, 2ª. Ed., III Vol Beira - II Beira Alta e Beira Baixa, Lisboa; ALVES, Alexandre,O destino do recheio do Mosteiro beneditino do Bom Jesus de Viseu, in Beira Alta, vol. L, fasc. 1 e 2, Viseu, Assembleis Distrital de Viseu, 1991, pp. 400-402; EUSÉBIO, Maria de Fátima dos Prazeres, Retábulos da Cidade de Viseu, in Beira Alta, vol. L, fasc. 3, Viseu, Assembleis Distrital de Viseu, 1991, pp. 283-365; http://www.patrimoniocultural.pt/pt/patrimonio/patrimonio-imovel/pesquisa-do-patrimonio/classificado-ou-em-vias-de-classificacao/geral/view/71640 [consultado em 2 janeiro 2017].

Documentação Gráfica

IHRU: DGEMN/DSID

Documentação Fotográfica

IHRU: DGEMN/DSID

Documentação Administrativa

IHRU: DGEMN/DSID

Intervenção Realizada

1933 - reassentamento dos azulejos que revestem a capela-mor; 1977 - execução da cobertura com estrutura metálica e cintagem na nave; revisão da cobertura da capela-mor; reparação do forro; 1988 - execução do tecto da nave; DGEMN: 1993 / 1994 - conservação e consolidação do revestimento azulejar da capela-mor e nave da igreja, compreendendo a colocação de azulejos em falta; 1994 - picagem do reboco, colocação de novos rebocos e caiação do interior; reforço da estrutura do coro e novo pavimento de soalho; caixilhos novos e reparação dos existentes; pintura das grades; instalação eléctrica; 1999 - conservação e restauro da talha dourada e do tecto em madeira pintada da capela-mor.

Observações

*1 - DOF: Igreja de Santo António do Antigo Convento de Freiras Beneditinas. *2 - para o Museu de Belas Artes de Lisboa, seguiram, além de outras peças, uma cadeira abacial de pau santo com talha dourada e estofada de vermelho, uma cadeira de braços, estilo Império, sete mochos torneados e estofados a veludo vermelho, oita cadeiras com assentos de palhinha, bufete de madeira de castanho, baixo-relevo representando uma Nossa Senhora das Mercês, uma imagem de madeira de São Gregório Papa, uma imagem de Santa Ana e outra de Santa Maria Madalena; um bufete de madeira de castanho torneada, ummocho com assento de coro, uma imagem de São Bernardo, uma cruz de pau-santo incrustada de marfim, moldura de pau-santo com incrustações de marfim, sinete de cobre com as armas do Mosteiro, pia de água-benta de faiança, da fábrica do Rato, cadeira com assento e costas de couro, mocho de couro liso, cadeira de couro liso, bufete de madeira de castanho, mocho com assento de coro lavrado, duas cadeiras de costas abertas e assento de palhinha, cruz pequena de Malta e uma sineta de prata com cabo de marfim; para a Capela de Nossa Senhora da Luz, em Gramaços, foram, entre outros, 10 castiçais de talha dourada, o sanefão do arco triunfal, um pano de púlpito, uma lâmpada de metal amarelo e um manto bordado de Nossa Senhora.

Autor e Data

João Carvalho 1996

Actualização

Maria Fernandes 1999
 
 
 
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