Igreja Paroquial da Luz de Tavira / Igreja de Nossa Senhora da Luz

IPA.00005652
Portugal, Faro, Tavira, União das freguesias de Luz de Tavira e Santo Estêvão
 
Arquitectura religiosa manuelina, maneirista, chã. Igreja paroquial do tipo igreja salão, de planta longitudinal de três naves e quatro tramos, com abobadamento das naves à mesma altura, em cruzaria de ogivas; capela-mor mais baixa com abóbada de nervuras. Porta travessa S. manuelina em arco canopial, com decoração de uvas e videiras S.; portal principal e retábulo-mor maneiristas. Única igreja algarvia a seguir o modelo de igreja-salão (hallenkirchen), três naves abobadadas à mesma altura; portal S. manuelino; portal principal maneirista inserindo-se no grupo de portais renascentistas e maneiristas do Sotavento algarvio, mas diferenciando-se deles pela ausência de ornamentação.
Número IPA Antigo: PT050814030015
 
Registo visualizado 943 vezes desde 27 Julho de 2011
 
   
   

Registo

 
Edifício e estrutura  Edifício  Religioso  Templo  Igreja paroquial  

Descrição

Planta longitudinal composta por três naves, capela-mor rectangular, duas sacristias, adossadas a N. e a S., e torre sineira quadrangular a NO.. Volumes articulados, massas dispostas na vertical com cobertura diferenciada em telhados de duas águas nas naves e capela-mor, de uma água na sacristia, em coruchéu na torre. Fachadas de alvenaria rebocada e caiada com embasamento envolvente pintado a cor cinza. Fachada principal orientada, de pano único, delimitado por cunhais de cantaria aparelhada, incorporando, à esquerda a Torre sineira, sugerindo, ao nível do remate, a organização interior em três naves; ao centro rasga-se o portal principal todo ele em cantaria, de verga recta, enquadrado por pilastras, munidas de capitéis jónicos e bases altas, suportando entablamento rematada por frontão triangular rasgado, no tímpano, por óculo; a porta é enquadrada por 4 molduras reentrantes, quadrangulares, de diverso perfil; sobre o frontão, composição de cantaria, de fogaréus sobre plintos, aletas e enrolamentos enquadrando nicho recto, munido de entablamento e pequeno frontão circular, concheado acolhendo a imagem de Nossa Senhora da Luz; ladeando o portal, sobre o embasamento, de cada lado e afastados entre si, dois nichos em arco de volta perfeita, com molduras a cor cinza; remate em em cornija moldurada e com empena triangular aguda na correspondência das naves laterais, nascendo de mísulas decoradas por folha, pintadas a cor cinza; na correspondência da nave central remate em frontão curvo, de volta perfeita, delimitado por moldura lavrada de ornatos vegetais, e ladeado por aletas também lavradas. Corpo da torre sineira a N. rompendo a simetria da fachada; possui alçados delimitados por cunhais de cantaria aparelhada e dispõe-se em dois registos, o segundo correspondendo às sineiras em arco de volta perfeita e com cunhais pintados e lavrados; no alçado O. mostrador circular de relógio; em cada alçado, sobre o embasamento, nicho idêntico aos da fachada principal; remate em cornija e cúpulim com cata-vento e quatro pequenos pináculos em cada vértice. Fachadas laterais N. e S. semelhantes, de dois corpos, os primeiros correspondestes ao corpo da igreja os segundos ás sacristias; remates em cornija bem desenvolvida, e beirado saliente sobre a qual assenta correnteza de pináculos, a modo de merlões. Fachada N., mais recuada face ao corpo da torre; no corpo da direita, à esquerda, três nichos, pintados a cor cinza, de volta perfeita rasgados em molduras rectas; o nicho central é mais elevado, com marcação de pilastras e sobrepujado por um pequeno nicho ladeado de volutas e pequenos pináculos pintados; em cada nicho, sobre pedestal rectangular, o do centro em calvário, cruz pétrea, com inscrição INRI e a central tendo gravadas a coroa, ao centro, e os pregos; à direita desta fachada, junto à torre sineira porta travessa de molduras rectas, pétreas; sensivelmente a meio altura corre fiada de 5 cachorros pétreos; corpo correspondente à sacristia mais recuado, cego, com remate recto, em beirado. Fachada lateral S. rasgada à direita por porta travessa, de cantaria, com verga em arco abatido, de duas arquivoltas finas, enquadrado por arco canopial de duas arquivoltas, a primeira sem decoração e a segunda torsa, terminando em coruchéu; entre estas duas arquivoltas, moldura contínua decorada com ramos de videira, cachos de uvas parras e entrançado de cestaria; capitéis com motivos de parras e videiras e bases triplas molduradas; corpo correspondente à sacristia de pano único delimitado por cunhais semelhantes aos da fachada principal; descentrada rasga-se porta de verga recta com acessso por um degrau. Fachada posterior de três corpos o central, correspondente à cabeceira, mais elevado, de pano único delimitado por cunhais de cantaria aparelhada; remate em cornija e beirado sobreposto de fiada de pináculos como nas fachadas laterais; inferiormente, ao centro nicho idêntico aos da fachada principal; superiormente 5 bocetes, lavrados de cordas, cruzes, e rosetas, marcando os arranques da abóbada interior da capela-mor; corpo S. correspondente à sacristia de pano único, remate em beirado e inferiormente nicho idêntico; corpo N. correspondente à outra sacristia, de dois registos, o inferior rasgado por porta recta de molduras pétreas, o segundo em meia empena rasgado por janela simples. INTERIOR: três naves unificadas à mesma altura com abóbada de cruzaria de ogivas dando a ilusão de abobadamento em palmeira, de quatro tramos separados por colunas toscanas; iluminação escassa, proporcionada pelo óculo da fachada principal e as janelas laterais da capela-mor; a iluminação lateral das naves foi entaipada. Guarda-vento de madeira com aberturas laterais e central; no extremo NO., o baptistério e um painel de azulejos recente alusivo ao Baptismo de Cristo *1. Arco triunfal de volta perfeita sobre pilastras. Retábulo colateral do Evangelho, composto por banco, corpo e coroamento, apresentando uma estrutura intencionalmente semelhante à do retábulo da Epístola, mas sem os pares de colunas jónicas e o entablamento; no corpo, um nicho rectangular enquadra a imagem da Virgem da Soledade. Retábulo colateral da Epístola de Cristo Crucificado, composto por banco de mármore, predela com pinturas de santos (Santo Agostinho; São Francisco; Santo Alberto e São Domingos); corpo composto por pintura alusiva às Almas do Purgatório, ladeada por pares de colunas caneladas com capitéis jónicos que suportam o entablamento, terminando este corpo com uma pintura irregular a toda a altura delimitada por volutas; o coroamento é feito através de um friso contínuo, existindo nos extremos fogaréus; completa o retábulo uma pintura superior desenvolvendo-se em frontão triangular irregular e delimitada por volutas. Capela-mor com cobertura em abobada de nervuras com bocetes; em cada alçado lateral rasga-se porta simples de acesso às sacristias; retábulo-mor seguindo a estrutura do arco de volta perfeita que o enquadra, a dois registos e com três corpos; primeiro registo: corpo central com nicho estriado de cúpula em meia laranja, ladeado por duas pequenas pinturas rectangulares de São Pedro e São Paulo ao nível das impostas do nicho, e delimitado por duas colunas estriadas nos dois terços superiores e com capitéis coríntios; corpos laterais compostos por duas séries de pinturas rectangulares, dispostas na vertical, inseridas numa moldura dourada em forma de arco de volta perfeita; delimitação destes corpos com colunas estriadas nos dois terços superiores e capitéis coríntios que sustentam o entablamento; segundo registo segue a divisão tripartida do registo inferior, e compõe-se de um corpo central com grande pintura alusiva ao Nascimento de Cristo enquadrada por moldura rectangular delimitada por duas colunas estriadas idênticas às do primeiro registo, e corpos laterais com pequenas pinturas rectangulares inseridas em molduras decoradas com volutas. Sacristia de planta quadrangular, comunica com a igreja através de uma porta situada a N. da capela-mor, de arco manuelino levemente canopial.

Acessos

Largo da Igreja (portais principal e lateral N.); EN 125 (portal lateral S.)

Protecção

Categoria: MIP - Monumento de Interesse Público, Portaria n.º 280/2013, DR, 2.ª série, n.º 91 de 13 maio 2013 ( Igreja e Rossio fronteiro)

Enquadramento

Urbano, planície, isolado. Situada no extremo O. da vila, a fachada principal abre para um amplo adro delimitado por habitações e muros de propriedades rurais. No limite NE. deste largo, coincidindo com o início da R. de Nossa Senhora da Luz e praticamente fronteira à torre da igreja, situa-se o edifício da Junta de Freguesia da Luz. A S. a igreja confina com a EN 125 e a E. com um pequeno largo.

Descrição Complementar

Utilização Inicial

Religiosa: igreja paroquial

Utilização Actual

Religiosa: igreja paroquial

Propriedade

Privada: Igreja Católica (Diocese do Algarve)

Afectação

Sem afectação

Época Construção

Séc. 16 / 18 / 19

Arquitecto / Construtor / Autor

ARQUITECTO: Miguel de Arruda (portal S., atr.); André Pilarte (conj.)

Cronologia

Séc. 16, meados - início da construção; Séc. 16 - retábulo colateral da Epístola; 1736 - data do sino pequeno da torre sineira; 1755 - ruína da torre sineira com o terramoto e outros estragos menores; supressão da grade de ferro que se encontrava ao meio da capela-mor; Séc. 18, 2ª metade - reconstrução do frontão; 1758 - as obras de reconstrução da torre estavam praticamente terminadas; tinha a igreja cinco altares: altar-mor, ou de Nossa Senhora da Luz, altar de Cristo Crucificado, altar do Senhor do Pé da Cruz ou de Nossa Senhora da Soledade, altar de São Brás e altar de Nossa Senhora da Conceição; séc. 19 - retábulo colateral do evangelho e obras no retábulo colateral da Epístola; 1808, 19 de Junho - Assalto das tropas francesas; 1895 - data do sino grande da torre sineira; 1913 - os altares, com as respectivas imagens, de Nossa Senhora da Luz, Santo António e São Brás ainda se encontravam no altar-mor; 1969, 2 de Fevereiro - estragos provocados pelo sismo; 1995, 06 agosto - Proposta de classificação por particulares; 1996, julho - Proposta de abertura do processo de classificação pelo IPPAR/DRFaro; 1996, 15 julho - Despacho de abertura do processo de classificação pelo Vice-Presidente do IPPAR; 1999, 16 novembro - Proposta de ZEP pelo IPPAR/DRFaro; 2001, 20 agosto - Proposta de classificação pelo IPPAR/DRFaro; 2003, 07 maio - Parecer do Conselho Consultivo do IPPAR a propor a classificação como IIP - Imóvel de Interesse Público; 2003, 29 maio - Despacho de Homologação de classificação como IIP do Conjunto da Igreja e Rossio da Luz de Tavira, pelo Ministro da Cultura; 2011, 24 novembro - nova proposta de ZEP pela DRCAlgarve; 2011, 05 dezembro - Parecer da SPAA do Conselho Nacional de Cultura para revisão da proposta de ZEP por parte da DRCAlgarve; 2012, 31 outubro - Anúncio n.º 13643/2012 publicado no DR, 2.ª série, n.º 211, de projeto de decisão de classificação como MIP da Igreja e do Rossio.

Dados Técnicos

Estrutura autoportante

Materiais

Alvenaria, pedra rebocada e caiada; madeira, telha de canudo, pavimento em pedra, caixilharia em madeira.

Bibliografia

SANTA MARIA, Fr. Agostinho de, Santuário Mariano, Lisboa, 1717; LOPES, João Baptista da Silva, Corografia ou memória económica, estatística e topográfica do reino do Algarve, Lisboa, Academia das Ciências de Lisboa, 1841 (reedição em 2 vols., Faro, Algarve em Foco, 1988); OLIVEIRA, Francisco Xavier d'Ataíde, Monografia da Luz de Tavira, Porto, 1913 (reedição, Faro, Algarve em Foco, 1991); VASCONCELOS, Damião Augusto de Brito, Notícias históricas de Tavira (1242 / 1840), (1937), reedição Tavira, Câmara Municipal de Tavira, 1989; CORREIA, José Eduardo Horta, A arquitectura religiosa do Algarve de 1520 a 1600, Lisboa, Ciência e Vida, 1987; GIL, Júlio, As mais belas igrejas de Portugal, vol. 2, Lisboa, Verbo, 1989; LAMEIRA, Francisco, Inventário artístico do Algarve. A talha e a imaginária, vol. IV (Concelho de Tavira), Faro, Secretaria de Estado da Cultura, Delegação Regional do Algarve, 1990; FERNANDES, Carla Maria, "Inventário dos pórticos manuelinos no concelho de Tavira" in Tavira do Neolítico ao século XX - II Jornadas de História de Tavira, Tavira, Clube de Tavira, 1993, pp.51-65; RAMOS, Manuel Francisco Castelo, "O manuelino algarvio" in O Algarve, da Antiguidade aos nossos dias, coord. Maria da Graça Maia Marques, Lisboa, Colibri, 1999, pp. 227-232; LAMEIRA, Francisco, A talha no Algarve durante o Antigo Regime, Faro, Câmara Municipal de Faro, 2000.

Documentação Gráfica

IHRU: DGEMN/DSID; CMT

Documentação Fotográfica

IHRU: DGEMN/DSID

Documentação Administrativa

IHRU: DGEMN/DSID; CMT

Intervenção Realizada

DGEMN: 1969 - 1971 - consolidação das abóbadas, reparação da cobertura devido aos danos causados pelo sismo.

Observações

*1 - De acordo com antigas informações coligidas por Francisco d'Ataíde de Oliveira, neste espaço da igreja existiu, em data desconhecida, uma porta de acesso à torre sineira.

Autor e Data

Francisco Lameira 1997 / Paulo Fernandes 2001

Actualização

 
 
 
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