Farolim de Felgueiras

IPA.00005514
Portugal, Porto, Porto, União das freguesias de Aldoar, Foz do Douro e Nevogilde
 
Farol construído no final do séc. 19, tipo torre, num molhe avançado da linha da costa marítima e na foz do Rio Douro, onde antigamente se fazia a entrada da barra. O molhe, integrado no plano do engenheiro Reinaldo Oudinout para melhorar a navegabilidade do Douro, foi iniciado na última década do séc. 18 e continuado na centúria seguinte, entre a costa e o afloramento rochoso das Felgueiras que emergia no meio do rio, há muito assinalado como perigoso, e onde Oudinout já previa a construção de um farol. Este só viria a ser construído quase um século mais tarde, em 1886, com planta hexagonal, e corpo de cantaria, de linhas muito sóbrias, sobre o qual se construiu balcão com lanterna. A face virada a terra e a nascente é rasgada por porta e duas janelas sobrepostas, a que se adossou mais recentemente corpo precedendo a porta, e a virada a poente por uma janela na zona superior.
Número IPA Antigo: PT011312050146
 
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Registo

 
Edifício e estrutura  Edifício  Comunicações  Farol    

Descrição

Torre de planta hexagonal tendo adossada a nascente corpo retangular, formando dois volumes escalonados. A torre, com 11,5 m de altura, apresenta os paramentos aprumados, com as faces em cantaria aparente, sobre base saliente, de perfil reto e em quarto de círculo, e terminando em cornija. Sobre esta, dispõe-se varandim saliente, com base de perfil curvo, e guarda tubular, em ferro, pintada de vermelho. No centro, eleva-se a lanterna metálica envidraçada, pintada de vermelho, e com cobertura em domo metálico, igualmente pintado, rematado por pináculo em bola, sobreposto por catavento. Na face virada a nascente, rasgam-se duas janelas retangulares, com molduras pintadas de vermelho, fechadas com tijolo de vidro, e na face oposta, virada ao mar, uma janela semelhante, na zona superior. O corpo adossado, com cobertura em canhão, apresenta as fachadas rebocadas e pintadas de branco, com soco também pintado. A face principal, virada a nascente, termina em empena curva e é rasgada por portal de verga reta; na lateral esquerda abrem-se duas janelas jacentes, gradeadas.

Acessos

Foz do Douro, Avenida de D. Carlos I. WGS84 (graus decimais) lat.: 41,146743; long.: -8,677287

Protecção

Inexistente

Enquadramento

Urbano, isolado. Implanta-se na margem direita do rio Douro, na testa do Molhe de Felgueiras, construído sobre o rochedo de Felgueiras, apresentando planta retangular alongada e topo circular. Ao longo do molhe, do lado norte existe murete de proteção com banqueta, que se prolonga pela extremidade circular, envolvendo o farolim. Entre o murete e a base do molhe corre exteriormente friso de perfil arredondado. Do lado sul do molhe existem duas escadarias de acesso ao mar, tendo entre elas uma guarda, em ferro, pintada. O molhe é flanqueado pela Praia das Pastoras, a sul, e pela Praia do Carneiro. Do lado oposto do rio Douro fica o Cabedelo. Na proximidade, ergue-se a Fortaleza de São João da Foz (v. IPA00005543) e desenvolve-se o Jardim do Passeio Alegre (v. IPA.00006142).

Descrição Complementar

Utilização Inicial

Comunicações: farol

Utilização Actual

Comunicações: farol

Propriedade

Pública: estatal

Afectação

Época Construção

Séc. 19

Arquitecto / Construtor / Autor

Desconhecido.

Cronologia

1758, 21 abril - segundo o vigário frei Francisco de Jesus Maria nas Memórias Paroquiais da freguesia, no lugar de São João da Foz o rio Douro entra no mar, formando a barra, que corre de nascente para poente, tendo no início da sua entrada vindo do mar, um penhasco chamado Felgueiras, que é descoberto; deste penhasco corre para sul um recife de pedras pequenas que não descobrem, e ao sul deste recife se acha uma pedra, que também não descobre, em distância de vinte e cinco braças, chamada a Laje de "Avora" e desta pedra e o rochedo de Felgueiras, que fica a norte, forma-se a barra por onde entram os navios; e do rochedo de Felgueiras para a parte do norte com a terra firme, tem outro canal, que só serve para as embarcações de pescaria, estando o "mar cham"; 1779 - José Monteiro elabora um "Mappa da Barra do rio, da cidade do Porto, com todas as suas pedras, bancos d'areya em palmos q. tem o dº. rio na baixa mar" (cópia de António Martins Álvares, de 3 de novembro de 1784), onde desenha o Farol da Cantareira, a Cruz de Ferro, junto aos penedos do Culhe-Culhe, a Fortaleza de São João da Foz, de forma estilizada, na barra, e identifica os penedos perigosos à navegação, nomeadamente o das Felgueiras, e a altura da linha de água, bem como as obras que considera mais urgentes; José Monteiro Salazar recomenda a construção de um paredão que partindo do Farol da Cantareira se unisse aos penedos das Felgueiras, englobando os penedos do Culhe-Culhe, dirigindo-se depois em linha reta para Supena e, daí, infletindo ligeiramente para norte, fosse até ao Touro e às Felgueiras; este projeto acaba, no entanto, por não ser concretizado (BARROCA: 2001, 84); 1789 - chega ao Porto o engenheiro Reinaldo Oudinout, tenente-coronel, com o objetivo de realizar um novo levantamento da barra do Douro, cujo assoreamento atingia proporções preocupantes, e verificar as obras necessárias para melhorar a navegabilidade, elaborando um "Mapa Topográfico do rio Douro"; 1789 - data da gravura de Teodoro de Sousa Maldonado, com representação da barra do Douro, assinalando entre os penedos que constituíam ameaça à navegação o de Felgueiras, desligado da costa e assinalado com o n.º 6; 1790, 15 fevereiro - rainha nomeia Reinaldo Oudinout para dirigir, fazer e executar o plano de melhoramentos da entrada da barra e porto da cidade, cargo que manteve até 1804, e, para seu ajudante, o engenheiro militar Faustino Salustiano da Costa (OLIVEIRA: 2005, p. 75); 1793 - Oudinout apresenta projeto para reformar a Fortaleza de São João da Foz, ampliando-a grandemente, em terreno conquistado ao rio e ao mar, apoiando-se sobre os penedos da Supena, a partir do qual propunha um molhe até ao Farol da Cantareira, bem como a construção de um molhe que, entrando pelo oceano dentro, ligava aos penedos das Felgueiras, onde propõe erguer um farolim; 1794, 15 fevereiro - Oudinout envia novo projeto acompanhado de Memória Descritiva a Luís Pinto de Sousa, dando conta do que já se havia começado a fazer em 1793, nomeadamente que haviam sido lançadas "373 barricas de pedra para os alicerces do Molhe dirigido à Filgueiras, e o acrescentamento dos da nova Fortaleza da Sopena athe a Olinda" (BARROCA: 2001, p. 89); 1805, 19 fevereiro - aviso régio recomenda que a obra da barra seja concluída na conformidade com o aviso de 10 de maio de 1802, sem haver "sumptuosidade em tais obras" , nem deveriam ser preferidas "direcções custosas, podendo trabalhar nesta obra, bem como na entrada do Douro, de que igualmente se trata, tanto calceteiros como militares" (OLIVEIRA: 2005, p. 79); 1836, 10 dezembro - portaria determina que as obras das margens do rio, desde a cidade até à foz, passem a ser da exclusiva responsabilidade da Administração e Inspeção-Geral das Obras, não sendo permitida a ingerência das Câmaras vizinhas (OLIVEIRA: 2005, p. 81); 1867 - trabalhos na barra do Douro, com avanço dos terrenos sobre as águas do rio, dirigidas pelo engenheiro Manuel Afonso Espregueira; 1886 - construção do farol no Molhe de Felgueiras, com luz de incandescência a gás e com um sino; 1916 - modificação do farol; 1945 - obras de modernização do farol, tornando dispensável o Farol da Senhora da Luz (v. IPA.00005541); 1955 - o farol possui então uma luz vermelha, de 2.ª ordem, com alcance de 11 milhas; 1979 - início da automatização do farol e dos farolins do porto de Leixões (Quebra-mar, Molhe Norte e Molhe Sul), os quais passam a ser controlados à distância a partir do farol de Leça (v. IPA.00015542); 2009 - desativação do farol de Felgueiras, mantendo em funcionamento o sinal sonoro.

Dados Técnicos

Sistema estrutural de paredes portantes.

Materiais

Estrutura em cantaria de granito aparente; molduras das janelas em cantaria de granito pintada; tijolo de vidro nas janelas; lanterna em estrutura de ferro envidraçada; guarda da lanterna em ferro pintado; corpo adossado com as paredes e cobertura rebocadas e pintadas.

Bibliografia

CAPELA, José Viriato, MATOS, Henrique, BORRALHEIRO, Rogério - As Freguesias do Porto nas Memórias Paroquiais de 1758. Braga: José Viriato Capela, 2009; BARROCA, Mário Jorge - As Fortificações do Litoral Portuense. Lisboa: Edições Inapa, 2001; Lista de faróis, bóias luminosas, radiofaróis, sinais de nevoeiro e sinais horários e de mau tempo, estações radiotelegráficas e de socorros a náufragos. Lisboa: Direcção de Faróis, 1955; PACHECO, Hélder - O Porto. Lisboa: Presença, 1984; OLIVEIRA, Marta Maria Peters Arriscado de - Porto, São Miguel o Anjo: uma torre, farol e capela memória para uma intervenção na obra. Porto: texto policopiado, novembro 2005 (https://hdl.handle.net/10216/70155).

Documentação Gráfica

Documentação Fotográfica

DGPC: DGEMN: DSID, SIPA

Documentação Administrativa

DGPC: DGEMN:DSARH (DGEMN:DSARH-005/209-2596/03)

Intervenção Realizada

1945 - Obras de recuperação do farolim; 1978, março - ofício da Capitania do Porto do Douro à Direção de Faróis a informar os estragos e avarias causadas pelo temporal de 25 de fevereiro no farolim e no molhe onde está apoiado: arranque de blocos do molhe numa extensão aproximada de 100 metros, arranque do varandim de ferro existente sobre o molhe, arranque de janela do lado poente, substituída no dia 26, por um taipal de madeira, e arranque da porta principal que foi atirada para dentro, e recolocada no dia seguinte; 28 março - solicita-se obras de reparação do molhe e farolim; anos 90 - obras de conservação.

Observações

*1 - O Farol de Felgueiras tem o número D-2050.

Autor e Data

Paula Noé 2019

Actualização

 
 
 
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