Mercado do Bolhão
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Portugal, Porto, Porto, União das freguesias de Cedofeita, Santo Ildefonso, Sé, Miragaia, São Nicolau e Vitória |
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Mercado construído no séc. 20, em estilo neoclássico, tardio, de planta retangular, com pátio central e dois eixos, no sentido transversal e longitudinal a definir as entradas. A monumentalidade, criada pelos torreões nas esquinas em contraponto às linhas horizontais marcadas nas superfícies das fachadas, não é indiferente a Correia da Silva. Assim, estamos perante um edifício influenciado pela "École de Beaux Arts". Apresenta grandes afinidades com as obras do Arquitecto Marques da Silva *2, não só na linguagem arquitectónica como também na monumentalidade dos edifícios, como é exemplo a Estação de São Bento (v. PT011312140090). |
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Número IPA Antigo: PT011312120187 |
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Registo visualizado 2217 vezes desde 27 Julho de 2011 |
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Edifício e estrutura Edifício Comercial Mercado
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Descrição
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Edifício de planta rectangular alongada, de três pisos a S. e de dois a N., devido ao desnível do terreno. Apresenta grande pátio central subdividido em dois espaços exteriores por uma galeria coberta com dois pisos. No prenchimento destes espaços dispõem-se no sentido N. - S. quatro estreitos e extensos corpos térreos de cobertura inclinada de duas águas, destinados a comércio com bancadas. Estas coberturas revestidas a placas de ardósia tipo "escama" apresentam volumes rectangulares sobre a cumeeira, com o mesmo tipo de revestimento de quatro águas para ventilação. Apenas na zona de passagem da galeria estes corpos de bancadas são interrompidos para espaço de circulação. Exactamente ao eixo e na parte inferior da galeria um chafariz de quatro bicas. Fachada principal voltada a S., recuando relativamente ao alinhamento da Rua e apresentando nos extremos dois torreões de cobertura esférica. A interromper a linha do entablamento sobre o portal de entrada ergue-se ao centro um frontão com um brasão ladeado por esculturas. A grande unidade arquitectónica do edifício, consiste no tratamento de todas as fachadas, marcadas por uma cornija rebocada e denteada, que simultaneamente modela o ritmo das aberturas. A colmatar esta unidade uma cobertura negra contínua decorada por um remate metálico na cumeeira interrompida apenas nas coberturas esféricas das duas esquinas da Rua Formosa e nas duas elevações de duas coberturas inclinadas de quatro águas a marcarem o eixo transversal das entradas das ruas de Sá da Bandeira e Alexandre Braga. |
Acessos
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Santo Ildefonso, Rua de Fernandes Tomás, Rua de Alexandre Braga, Rua Formosa, Rua de Sá de Bandeira |
Protecção
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Categoria: MIP - Monumento de Interesse Público / ZEP, Portaria n.º 613/2013, DR, 2.ª série, n. º182, de 20 setembro 2013 |
Enquadramento
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Urbano, isolado, constituindo a totalidade de um quarteirão. Este, é delimitado pela Rua de Fernandes Tomás a N., Rua de Alexandre Braga a E., Rua Formosa a S. e Rua de Sá da Bandeira a O.. O terreno onde se implanta apresenta um desnível de cotas entre a Rua de Fernandes Tomás e Rua Formosa. É envolvido por prédios urbanos, na sua grande maioria de quatro pisos e com r/c ocupado por comércio. Nas proximidades localiza-se a Capela das Almas (v. PT011312120070). |
Descrição Complementar
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As esculturas em pedra que ladeiam o brasão da fachada principal representam o Comércio e a Agricultura. |
Utilização Inicial
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Comercial: mercado |
Utilização Actual
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Comercial: mercado |
Propriedade
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Pública: Municipal |
Afectação
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Sem afectação |
Época Construção
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Séc. 20 |
Arquitecto / Construtor / Autor
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ARQUITETO: Correia da Silva. ESCULTOR: Bento Cândido da Silva. |
Cronologia
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1850 - No mesmo lugar existia já um outro mercado; 1837 - atribuição de lugares do "Mercado Interno do Bolhão" por Joaquim da Costa Lima; 1904, 21 Abril - a Câmara Municipal do Porto (CMP) aprova o projecto de prolongamento da Rua de Sá da Bandeira, desde a Rua Formosa até à Rua Fernandes Tomás; 1910, 25 Agosto - aprovação do ante-projecto do Mercado do Bolhão assinado pelo Engenheiro Casimiro Barbosa *1; 1915 - projecto do mercado; 1924 - cobertura das galerias; séc. 20, anos 40 - construção da galeria transversal que divide o pátio central; 1990 - a CMP encarrega a Faculdade de Arquitectura da Universidade do Porto de organizar o Concurso Público para o Projecto de Reabilitação do Mercado; 1993, 13 Setembro - é seleccionado o Projecto do Arquitecto Joaquim Massena; 1994, 30 novembro - Despacho de abertura do processo de classificação do imóvel; 1996 - pensa-se integrar uma estação do metro ligeiro do Porto no mercado e áreas de estacionamento em pisos enterrados a criar; 1999, 22 novembro - parecer favorável à classificação como Imóvel de Interesse Público pelo Conselho Consultivo do IPPAR; 1996 - 1998 - elaboração de projeto de recuperação do edifício do mercado, pelo arquiteto Joaquim Massena, aprovado por unanimidade e volto de louvor pela Câmara do Porto e pela Assembleia Municipal, mas que acaba por não se realizar; 2005, 15 julho - o Laboratório Nacional de Engenharia Civil (LNEC) apresenta relatório apontando os riscos de ruína da ala S. do mercado; 19 julho - o Presidente da CMP anuncia em conferência de imprensa o encerramento da ala S. do mercado, pelo que os comerciantes deverão abandonar o espaço até ao dia 3 de Agosto; 25 agosto - reabertura da ala S.; 2006, 22 fevereiro - o Despacho de homologação de classificação aprova a proposta de definição da Zona Especial de Proteção; 2015, 29 dezembro - Ministro da Cultura, Dr. João Soares, aprova o projeto de requalificação do Mercado do Bolhão, com projeto da autoria do arquiteto Nuno Valentim, o qual prevê, entre outros, a demolição das barracas do terrado e sua substituição por uma estrutura em metal e vidro. |
Dados Técnicos
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Estrutura mista. |
Materiais
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Paredes de betão rebocadas; coberturas revestidas a placas de ardósia e / ou telas a imitar ardósia e em chapas de fibrocimento apoiadas em estrutura metálica (galerias superiores); pavimentos revestidos a betonilha. |
Bibliografia
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ALVES, Tiago Rodrigues - «Massana avança contra "shopping do Bolhão"». In Jornal de Notícias. 12 agosto 2016, p. 20; Guia de Portugal, I, IV, Coimbra, 1985; LUZ, Carla Sofia - «Cobertura é ponto crítico do novo Bolhão». In Jornal de Notícias. 12 fevereiro 2016, p. 26; O Mercado do Bolhão - Estudos e Documentos, C. M. do Porto, Porto, 1992; «Obra no Bolhão é a quarta tentativa da câmara para recuperar o mercado do Porto». In Rádio Nova. 02 maio 2018; QUARESMA, Maria Clementina de Carvalho, Inventário Artístico de Portugal - Cidade do Porto, Lisboa, 1995; O Público, 18 Junho 1996. |
Documentação Gráfica
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CMP |
Documentação Fotográfica
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DGPC: DGEMN:DSID |
Documentação Administrativa
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DGPC: DGEMN:DSID |
Intervenção Realizada
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1924 - Cobertura das galerias; anos 90 - obras de conservação, nomeadamento nas coberturas e pinturas; CMP: 2005, julho / agosto - escoramento da estrutura; 1998 - data do primeiro projeto de requalificação do edifício, da autoria do arquiteto Joaquim Massena, avaliado em 12,5 milhões de euros, que a Câmara acaba por abandonar; 2015, novembro - adjudicação do quarto projeto de requalificação; 2016, agosto - início das obras de recuperação, com o desvio de infraestruturas e de uma linha de água para as Ruas Sá da Bandeira e Fernandes Tomás, para posterior estabilização do edifício; a intervenção prevê a reabilitação e consolidação estrutural das fachadas e coberturas, construção de um piso enterrado e respetivos acessos pedonais no interior, de um piso intermédio e de todas as infraestruturas necessárias ao funcionamento do edifício, de um passadiço com dois tabuleiros e diversas obras de reabilitação e reforço estrutural; 2017 - a Câmara apresenta uma segunda candidatura a fundos comunitários par o investimento de 7.406.647,06 euros na reabilitação. |
Observações
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A iniciativa da construção do Mercado do Bolhão foi durante a Vereação presidida por Elísio de Melo. O nome de "Bolhão", deve-se, a neste local ter existido um regato que ao atravessar um lameiro entre a Rua Formosa e Fernandes Tomás, formava uma espécie de bolhão de água. Na sua concepção, previa uma cobertura metálica no pátio interior que não se chegou a executar. Funcionalmente, o comércio tradicional de estabelecimento inseria-se na parte exterior do edifício, mantendo-se no interior o comércio espontâneo de mercado. *1 - O Engenheiro Casimiro Barbosa era 1º Oficial Engenheiro da Câmara; *2 - Tanto Marques da Silva como Correia da Silva estudaram em Paris e foram marcados pelas referências da arquitectura da "École de Beaux-Arts", materializadas nas obras de Charles Garnier e Guadet. |
Autor e Data
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Isabel Sereno 1996 |
Actualização
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