Museu Militar do Porto e Capela Anexa
| IPA.00005456 |
Portugal, Porto, Porto, Bonfim |
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Casa de linguagem clássica, de planta retangular, com fachadas de três registos, sendo o último recuado. Elementos definidores e decorativos em cantaria, intercalados por pequenos panos rebocados e pintados de branco, rasgada simetricamente por vãos em arco abatido ou retos, com molduras de granito com diferentes linguagens decorativas, sendo mais elaboradas nas fachadas principais, voltadas à via pública, de que nas voltadas para o jardim. A organização dos espaços interiores faz-se em torno da escadaria central que liga o primeiro ao segundo piso. É nesses dois pisos que se concentram as salas e salões destinados a espaços de sociabilidade, enquanto os espaços destinados à vida privada são remetidos ao terceiro piso acessível por escadarias secundárias. Capela setecentista, de linhas simples, com fachada principal enquadrada por pilastras toscanas e rematada por frontão triangular com base interrompida, rasgada em eixo por porta de verga reta, com moldura lisa, rematada em cornija, e óculo quadrilobulado. |
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Número IPA Antigo: PT011312020028 |
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Registo visualizado 1172 vezes desde 27 Julho de 2011 |
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Edifício e estrutura Edifício Residencial unifamiliar Casa
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Descrição
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Complexo composto por edifício principal, capela e edifícios anexos. EDIFÍCIO de planta retangular irregular, com cobertura em múltiplas águas. Fachadas parcialmente rebocadas e pintadas de branco, marcadas por elementos estruturais em cantaria de granito aparente. Fachada N. voltada para a Rua do Heroísmo, enquadrada por pilastras toscanas, percorrida por duplo embasamento de cantaria, separado por friso, rasgado na zona inferior por quatro grelhas retangulares de arejamento, e na superior, almofadado; rematada por friso, cornija e platibanda almofadada, coroada por duas chaminés e interrompida ao centro por balaustrada enquadrada por urnas. Desenvolve-se a fachada em três pisos, sendo o superior recuado e de construção posterior, e três registos separados por pilastras. É rasgada no piso térreo, no corpo central por porta principal em arco abatido, de duas folhas e bandeira, com moldura de granito rematada por duplo friso, cornija e tabela almofadada, tendo pedra de fecho saliente e trabalhada. Nos corpos laterais rasgam-se duas janelas de cada lado, em arco abatido e moldura reta, com pedra de fecho saliente. No segundo piso apresenta cinco janelas de sacada, de linguagem semelhante às janelas do piso inferior, exceto a central que remata em frontão curvo. As sacadas são protegidas por guardas em ferro forjado. Ultimo piso, recuado, rasgado por três janelas com molduras simples. Fachada O., voltada para o largo de Soares dos Reis, semelhante à fachada N., rasgada no piso térreo, ao centro por portal em arco de volta perfeita, com moldura de granito formada por silhares de junta fendida, ladeada por uma composição de janelas geminadas e unidas pela mesma moldura, de cada lado. No segundo piso é rasgada ao centro por janela de sacada, em arco de volta perfeita, com moldura decorada com folhas de acanto e grinaldas; é rematada por friso estriado e cornija. Lateralmente abrem-se composições de janelas semelhantes às atrás descritas. Ultimo piso rasgado por duas janelas de verga reta e moldura simples. Fachada E. e S. voltadas para o jardim privado, desenvolvidas em três pisos ao mesmo nível, rasgadas simetricamente por vãos de verga reta com molduras simples, sendo a fachada E. marcada por dois corpos salientes. INTERIOR marcado por escadaria que distribui os vários espaços do piso primeiro e segundo piso. O acesso ao terreiro piso faz-se através de uma escada secundária. A CAPELA ergue-se adossada à fachada O. e apresenta planta retangular, e corpo único, com cobertura homogénea em telhado de duas águas. Fachada principal enquadrada por pilastras toscanas, percorrida por embasamento de cantaria e rematada por frontão triangular com base interrompida, coroado no vértice central por cruz latrina com remate dos braços em forma de trevo, assente sobre acrotério e nos laterais por pináculos boleados assentes sobre plintos paralelepipédicos almofadados. É rasgada por porta de verga reta, com moldura lisa, rematada em cornija, e óculo quadrilobulado no mesmo eixo. Na verga da porta apresenta a inscrição ESTA CAPELA MANDOU FAZER O CAPITÃO MATHIAS ALVES RIBEIRO ANNO 1724. Fachadas laterais e posterior, adossadas. INTERIOR não observado. |
Acessos
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Bonfim, Rua do Heroísmo, n.º 329; Largo de Soares dos Reis |
Protecção
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Em estudo |
Enquadramento
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Urbano, isolado, implantado em posição de destaque, no ponto de convergência das as ruas que conduzem ao Largo de Soares dos Reis. Para S. estende-se o Cemitério do Prado do Repouso (v. PT011312020480). |
Descrição Complementar
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Na fachada O., do lado esqueroda da porta, apresenta uma placa em bronze com a seguinte inscrição: "HOMENAGEM DO POVO DO PORTO AOS DEMOCRATAS E ANTIFASCISTAS QUE NESTE EDIFÍCIO FORAM HUMILHADOS E TORTURADOS PELA PIDE/DGS - 25 DE ABRIL DE 2004". |
Utilização Inicial
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Residencial: casa |
Utilização Actual
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Cultural e recreativa: museu |
Propriedade
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Pública: estatal |
Afectação
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Sem afetação |
Época Construção
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Séc. 18 / 19 |
Arquitecto / Construtor / Autor
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Desconhecido. |
Cronologia
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1724 - construção da capela pelo Capitão Mathias Alves Ribeiro, conforme inscrição gravada no lintel do portal principal da capela; séc. 18 - Agostinho Rebello da Costa refere a existência de "uma magnífica casa de campo e uma asseada capela dedicada a Santa Bárbara" no mesmo espaço onde hoje se encontra o museu militar, e era pertença de Nicolau Francisco Guimarães, Cavaleiro Professo na Ordem de Cristo; 1895, julho - D. Maria Coimbra pede licença à Câmara Municipal para reconstruir a casa na Rua do Heroísmo, de que era proprietária; 23 agosto - data da aprovação do projeto; 1987, 21 aneiro - D. Maria Coimbra solicita novamente à câmara autorização para alterar as fachadas da sua habitação que andava a construir; séc. 19 (finais) - Joaquim Vitorino Ribeiro, pintor portuense, reuniu um considerável conjunto de peças e documentos de natureza militar; 1920, 24 de agosto - a coleção de peças do pintor Vitorino Ribeiro constituíram o essencial da exposição que assinalou no Porto o Centenário da "Revolução Liberal"; o interesse despertado pela exposição motivou a deliberação por parte da Câmara Municipal do Porto no sentido de se criar na cidade um Museu histórico - militar, tendo por base a coleção de Vitorino Ribeiro; 1932 - até esta data não foi tomada qualquer medida por parte da Câmara, relativamente à coleção, acabando a família por oferecer todo o espólio ao Museu Militar de Lisboa; 1932, 27 setembro - nesta data foi a casa arrendada a uma comunidade de freiras de origem espanhola designadas Filhas da Maria Imaculada, já radicadas em Braga; morre D. Maria Coimbra deixando a casa em testamento à sobrinha D. Isménia Aurora Pinto Coimbra; 1936, 19 julho - as freiras deixam a casa e mudam-se para a Rua de Santa Catarina; 1945, 22 Outubro - foi a Polícia Internacional de Defesa do Estado (PIDE/DGS) criada pelo Decreto-Lei n.º 35 046, substituindo a Polícia de Vigilância e Defesa do Estado; o estado aluga o edifício para a aí instalar; 1948 - o estado adquiriu por 450 contos o edifício à proprietária que era na altura D. Ismênia Aurora Pinto Coimbra, descendente de D. Maria Coimbra; 1957 - surge novamente a ideia de criar um museu militar no Porto, a instalar no Castelo de São João da Foz, dando-se início aos trabalhos de adaptação e limpeza do espaço; 1958, 28 março - um despacho do Ministro do Exército, criava no Porto uma delegação do Museu Militar de Lisboa, como as obras no Castelo ainda não estavam concluídas as peças foram instaladas no Quartel-general, então localizado na Rua Augusto Rosa, que apesar de não ficaram expostas ao público, eram cedidas para exposições ao Gabinete de História da Cidade; 1960 - com a transferência do Quartel-general para a Praça da Republica e a re-estruturação no exército, a Delegação do Museu foi obrigada a libertar algumas salas, ficando as peças amontoadas num espaço; 1970 - surge um renovado interesse, promovido pela Associação Cultural dos Amigos do Porto e outras entidades civis e militares, voltando a ideia de instalar o museu no Castelo de São João da Foz; 1971 - foi nomeado o Major Francisco Fernandes Figueira, como delegado do museu que desencadeou um conjunto de ações para a efetiva criação do Museu Militar no Porto; 1973 - o espólio museológico foi transferido para um espaço próprio no Quartel-general, que apenas era visitado por militares e algumas entidades oficiais; 1974, 25 abril - queda do regime político e extinção da PIDE, ficando o edifício devoluto; 1976 - foi o edifício cedido ao exército para instalação do Museu Militar; 1977, 01 abril - foi efetivamente criado o museu através do Decreto-lei nº 242/77 do Concelho da Revolução; 1981, 21 março - inauguração; a Coleção Vitorino Ribeiro regressou à cidade para integrar o museu tal como tinha sido destinado sessenta anos antes; 1982 - realizou-se a exposição comemorativa do "VI Centenário da Artilharia em Portugal"; 1986, 06 dezembro - foi instituída a Liga dos Amigos do Museu Militar do Porto com o objetivo de aumentar o património histórico - militar e apoiar em atividades relativas à valorização e promoção da sua imagem; 1987, 18 maio - reabertura da capela ao público, tendo como Orago S. Teotónio; 2014, 28 maio - Despacho n.º 6946/2014 aprovando a credenciação do Museu Militar do Porto no âmbito da Rede Portuguesa de Museus; 2019, 22 agosto - Resolução da Assembleia da República n.º 153/2019, DR, 1.ª série, n.º 160/2019, recomendando ao Governo que crie um museu de memória da resistência ao fascismo, no imóvel onde funcionou a delegação da ex-PIDE/DGS, no Porto, enquadrando-o numa Rede Nacional de Museus da Resistência. |
Dados Técnicos
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Sistema estrutural de paredes portantes. |
Materiais
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Estrutura de pedra e cal, rebocada e pintada de branco; elementos definidores e elementos decorativos em cantaria de granito, como pilastras, coroamento, molduras dos vãos, frisos e cornijas; portas e caixilharias de madeiras; janelas com vidro simples; grades e guardas das varandas em ferro forjado; pavimentos e escadarias de madeira; tectos em estuque; cobertura em telha tipo Marselha e telha nacional. |
Bibliografia
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LOUREIRO, Cristina Maria Esteves Veludo - De Quinta do Prado do Bispo, a Museu Militar do Porto, Seminário de Licenciatura em Património Artístico, Universidade Portucalense Infante D. Henrique - Departamento de História - Ramo de Património, Porto, 1997; www.exercito.pt, 1 de Junho de 2009. |
Documentação Gráfica
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CMP: AH, Livro nº 135 de plantas de casas, cota 2565, fl. 83-85 |
Documentação Fotográfica
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DGPC: SIPA |
Documentação Administrativa
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CMP: AH, Livro nº 135 de plantas de casas, cota 2565, fl. 83-85 |
Intervenção Realizada
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1977 / 1980 - obras gerais de conservação e adaptação do imóvel às novas funções; 1982 - ampliação da área de exposição. |
Observações
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Autor e Data
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Ana Filipe 2013 |
Actualização
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