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Edifício e estrutura Edifício Religioso Templo Igreja de confraria / irmandade Misericórdia
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Descrição
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Planta longitudinal composta por nave e capela-mor rectangulares, corpo da torre que se prolonga pela nave a N. e corpo mais baixo a S.. Volumes articulados na horizontalidade. Cobertura diferenciada em telhados de duas águas. A fachada principal orientada a E. com marcação de embasamento não proeminente, é composta de um só pano revestido a azulejos recentes policromos; portal de arco de volta perfeita, sendo a moldura de granito, marcada por pilastras e arquitrave, sobrepujado por um janelão com janela de guilhotina. A fachada é rematada por frontão triangular, com pedra de armas no tímpano e as pilastras dos cunhais são sobrepujadas, ao nível do telhado, por pináculos. O corpo que é encimado por torre sineira, também revestido a azulejos, apresenta porta, com moldura de granito, em arco abatido e sobre a qual se ergue um estandarte. Uma janela também de guilhotina, apresenta-se ao nível do segundo piso. O corpo a S. apresenta-se de um só piso, sem vão de iluminação e com porta. CASA DO DESPACHO *2: Salão soalhado, de planta rectangular. A fachada principal do corpo da Sala do Despacho adossada à Igreja, revestida a azulejos padrão e encimada por um espaldar da sineira de recorte ondulado, apresenta uma porta de verga curva sobre a qual se ergue um estandarte. Entre a sineira e o portal, uma janela emoldurada de verga curva com caixilho de guilhotina. No INTERIOR, tecto plano estucado com sancas e medalhão central. As paredes que o delimitam apresentam em cada topo uma abertura: uma janela de guilhotina e uma porta de duas folhas. Contígua a esta porta uma sala iluminada por uma outra janela de guilhotina apresenta uma grande cómoda D.João V. Na extremidade da sala de sessões, uma mesa comprida forrada a tecido. Por trás a ladear a janela central, duas estantes, Arquivo da Misericórdia. As paredes laterais apresentam uma sequência de quadros, com retratos dos benfeitores. Em toda a extensão da sala distribuem-se cadeiras espaldar com corredor ao centro. |
Acessos
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Rua Dr. Américo Silva *1, Calçada da Misericórdia |
Protecção
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Inexistente |
Enquadramento
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Urbano, meia-encosta, no núcleo antigo de Azurara. É flanqueada a S. por corpo anexo, integrante do conjunto. A sala das Sessões insere-se no segundo piso do corpo adossado à fachada lateral da nave da Igreja da Misericórdia. No piso inferior, situa-se a sacristia e um espaço de recepção. Anexo ao corpo da sala do despacho, existe um terreno que faz gaveto com a Calçada da Misericórdia. Nas proximidades situa-se o antigo Hospital de S. João Evangelista. |
Descrição Complementar
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Numa das paredes do Salão Nobre, entre os vários quadros com os retratos dos benfeitores, destacam-se dois de Joaquim Monteiro Tinoco, num deles lê-se a data de "1849" e no outro, o retratado com um manuscrito na mão que refere ser um testamento, está a apontar para uma janela onde se vê a fachada do edifício do Hospital de São João Evangelista. |
Utilização Inicial
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Religiosa: igreja de confraria / irmandade |
Utilização Actual
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Religiosa: igreja de confraria / irmandade |
Propriedade
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Privada: Misericórdia |
Afectação
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Sem afectação |
Época Construção
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Séc. 16 / 17 / 18 (conjectural) |
Arquitecto / Construtor / Autor
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ENSAMBLADOR: Domingos Coelho (1705). ENTALHADOR: Francisco Machado (1724). |
Cronologia
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1385 - D. João I concede Azurara ao Porto; 1499 - D. Manuel, através de carta régia concede licença para instituir a sua Misericórdia; 1577, 30 Julho - é concedido novo foral por D. Sebastião tendo escolhido para sede a Capela da Confraria de Nosso Senhor dos Passos; 1566 - instituída através de alvará a Misericórdia de Azurara; construção da Igreja da Misericórdia sobre a antiga capela; 1572 / 1573 - foi pago o trabalho do retábulo; 1574 / 1575 - foi paga a pintura da bandeira; 1578 / 1579 - fez-se o campanário para o sino; 1580(?) - foi pago o retábulo do Espírito Santo; 1582 / 1583 - foram pagos os órgãos; 1593 / 1660 - o piloto Francisco Vila-Chã custeia a construção da capela-mor; 1604 - data da construção da capela-mor; séc. 17 / 18 - provável construção da Casa do Despacho; 1612, 30 Março - estatutos do compromisso confirmados por alvará régio; 1642 - foi instituída a Confraria dos Clérigos de Nossa Senhora da Misericórdia pelos Clérigos da Maia, Azurara, Vila do Conde e Marinha; 1661, 16 Maio - confraria confirmada por alvará régio; 1673 /1675 - obras diversas de reconstrução da igreja executadas pelo mestre Francisco Lourenço; 1684, 25 Maio - foi benzida na Igreja a imagem de Santo António pelo Pe. Luís Correia de Vasconcelos; 1698 - licença para se benzer e colocar na Igreja a imagem do Senhor Ecce Homo; séc. 17 / 18 - provável construção da Sala do Despacho; 1705 - feitura das grades em madeira de jacarandá para a igreja pelo ensamblador Domingos Coelho, por 110$000;1717 - foi mandada fazer de novo a Capela do Senhor pelo Provedor António Ferreira do Avelar; 1724 - 1725 - Francisco Machado entalha o retábulo-mor por 130$000, posteriormente substituído; 1758, 19 Abril - nas Memórias Paroquiais, assinadas pelo pároco Tomé Lopes Negrão, é referido que a Misericórdia, com origem na IRmandade dos Passos, tem de renda 200$000; 1774 - obras diversas na Igreja, alvenaria feita por José da Costa Coelho e pelo carpinteiro Manuel Tomé; 1792 - é extinta a Confraria dos Clérigos da Maia, Azurara, Vila do Conde e Marinhas e a Misericórdia recebe os seus bens; 1814 - reconstrução e ampliação da capela-mor *4; 1820 - autonomia municipal de Azurara; 1836, 6 Novembro - Azurara deixa de ser sede de concelho e é incorporada em Vila do Conde; 1855, 16 Setembro - inauguração do Hospital São João Evangelista da Misericórdia sendo seu fundador o major de milícias João Ferreira Tinoco *5; 1862 / 1863 - pagamento do relógio de sala a Marcellino Gomes; séc. 20 - revestimento da fachada principal a azulejos; 1956 - é inaugurada pelo Governador Civil do Porto, a Sopa diária aos pobres da freguesia; 1957 - a Mesa da Misericórdia construiu três casas no terreno do hospital para rendimento e aumento da Sopa dos Pobres; 1959, 10 Dezembro - no 1º piso do extinto hospital é inaugurada Cantina Escolar, benzida pelo pároco, Pe. Serafim das Neves; 2000, 19 Dezembro - Despacho de abertura do processo de instrução relativo à eventual classificação do imóvel; 2009, 23 outubro - caduca o processo de classificação conforme o Artigo n.º 78 do Decreto-Lei n.º 309/2009, DR, 1.ª série, n.º 206, alterado pelo Decreto-Lei n.º 265/2012, DR, 1.ª série, n.º 251 de 28 dezembro 2012, que faz caducar os procedimentos que não se encontrem em fase de consulta pública. |
Dados Técnicos
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Sistema estrutural de paredes portantes. |
Materiais
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Paredes laterais em granito aparente e rebocadas; paredes interiores rebocadas; tecto estucado; pavimento em soalho de madeira envernizada; escadaria em granito; portas em madeira pintadas; cobertura revestida a telha; azulejo; telhado; vidro; madeira; ferro. |
Bibliografia
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ALMEIDA, José António Ferreira de, Tesouros Artísticos de Portugal, Lisboa 1988; AZEVEDO, Pe. Agostinho de, A Terra da Maia, 1939; BRANDÃO, Domingos de Pinho - Obra de talha dourada, ensamblagem e pintura na cidade e na Diocese do Porto - Documentação. Porto: Diocese do Porto, 1985, vol. II; CAPELA, José Viriato, MATOS, Henrique e BORRALHEIRO, Rogério, As freguesias do Distrito do Porto nas Memórias Paroquiais de 1758 - Memórias, História e Património, Braga, Universidade do Minho, 2000; COSTA, P. António Carvalho da, Corografia Portuguesa, 1706; DACIANO, Bertino, FREITAS, Eugénio, NEVES, Serafim, Azurara, Subsídios para a sua monografia, Porto, 1948; FERREIRA, Pe. J. Augusto, Vila do Conde e o seu Alfoz, Porto 1923; FREITAS, E. de A. da Cunha e GUIMARÃES, Bertino Daciano, Subsídios para uma monografia de Vila do Conde, Porto, 1953; FREITAS, Eugénio de Andrêa da Cunha e - Talha e azulejos da primeira metade do século XVIII em Azurara (Vila do Conde). Separata da Revista Bracara Augusta. Braga: 1973, vol. XXVII, fasc. 63 (75); FREITAS, Eugénio Cunha e, Vila do Conde. Azurara, Vila do Conde 1999; LIMA, Maria João Pires de, Recenseamento dos arquivos locais, Câmaras municipais e Misericórdias. Vol 2. Distrito do Porto, 1996; Vila do Conde Espraiada Entre Pinhais, Rio e Mar, Paços de Ferreira, 1997; MIRANDA, Marta, Cidades e Vilas de Portugal. Vila do Conde, Lisboa 1998; NEVES, Pe. Serafim Gonçalves, Azurara, Vila do Conde, Breve Notícia histórica e etnográfica, Azurara 1965; NEVES, Serafim Gonçalves das, Azurara (Santa Maria), 1968; NEVES, Joaquim Pacheco, Vila do Conde, 1991; Património Artístico e Arqueológico Classificado, Lisboa 1993. |
Documentação Gráfica
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Documentação Fotográfica
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IHRU: DGEMN/DSID |
Documentação Administrativa
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SCMA: AH |
Intervenção Realizada
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SCMA: 1963 - Recuperação do tecto da Igreja; 1982/ 83 - Substituição da estrutura em madeira do pavimento do corpo da Sala de Sessões por laje aligeirada de betão, rebocos, soalhos e instalação eléctrica (obras acompanhadas por técnicos da Câmara M. de Vila do Conde); 1995 - Substituição da madeira entre os taburnos no pavimento da Igreja e execução de novos bancos. |
Observações
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No interior da igreja, encontra-se a jazida do piloto Francisco Vila-Chã que custeou a construção da capela-mor e a do capitão Manuel Nauzinha (1593 - 1660); *1 - antiga R. Direita; *2 - conhecido também por Salão Nobre, onde se fazem as reuniões de Mesa e Assembleias-gerais; *4 - pelos documentos existentes no arquivo, julga-se que o trabalho de execução da imagem do Senhor Morto pelo escultor portuense José João da Costa Fajardo foi na 1ª metade do séc. 19; *5 - no arquivo da misericórdia consta a existência de um outro hospital anterior. |
Autor e Data
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Isabel Sereno e Elvira Rebelo 1997 / Isabel Sereno 2000 |
Actualização
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