Igreja Paroquial de Santa Iria de Azóia / Igreja de Santa Iria
| IPA.00005233 |
Portugal, Lisboa, Loures, União das freguesias de Santa Iria de Azoia, São João da Talha e Bobadela |
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Arquitectura religiosa, barroca. Igreja paroquial de uma nave apresentando uma feição maneirista nas proporções da fachada e coro. Parece ter existido fachada anterior, a O., recuada, onde hoje se implantam os pilares do coro. A capela dos Barros, talvez seu núcleo primitivo, com capela nervada, bocetes e túmulo do fundador datado de 1558, que terá passado a capela lateral após ampliação posterior, no início do séc.17. Possui silhares de azulejos do séc.18, de qualidade, na capela-mor. |
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Número IPA Antigo: PT031107130042 |
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Registo visualizado 4750 vezes desde 27 Julho de 2011 |
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Edifício e estrutura Edifício Religioso Templo Igreja paroquial
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Descrição
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Planta longitudinal, irregular, com uma nave, capela-mor, coro-alto, duas capelas laterais, sacristia, baptistério e torre sineira. Igreja sólida e robusta, volumes articulados e cobertos por telhado de 2 águas na nave central, e sacristia, e três águas na capela-mor e capela renascentista. Fachada principal seiscentista orientada a O., com portal rectangular, entre pilastras, sobrepujada por frontão curvo interrompido por cruz e símbolos do martírio de Santa Iria, datado. Sobre portal, janela do coro rectangular. Portal e janela do coro ladeadas por 2 vãos. A torre sineira de base quadrangular com quatro seteiras para sinos, é rematada por cornija simples, cúpula e 5 pináculos. Fachada N. com 2 portas e 2 vãos superiores rectangulares, separados por pilastras. Verga da porta direita rematada por elementos decorativos e símbolos do martírio de Santa Iria. Alçado S. com 4 vãos superiores rectangulares (um fechado), alçado E. com porta rectangular e 1 janela. O imóvel é rematado por cornija simples, onde se completam as pilastras. No interior 4 pilastras na nave, correspondentes às exteriores, simulando tramos. Prolongam-se por arcos de volta perfeita a reforçar a cobertura, em abóbada de berço, que assenta numa cornija. Alçados com 2 pisos, separados por cornija e com janelas em todos os tramos. Sobre o coro abre-se um óculo. Do lado do Evangelho vê-se um púlpito circular, com balaústres, em mármore. O coro a O., com acesso através de escada integrada na parede, que serve igualmente o púlpito, assenta sobre arco abatido apoiado em 2 pilares de secção rectangular em mármore, com nichos de pias de água benta. Este módulo repete-se no piso 1, com balustrada. Arco Triunfal ladeado por 2 altares de talha barroca rematados por frontões em mármore dá acesso à capela-mor de abóbada de berço, com altar de mármores embutidos, largo camarim aberto, e colunas salomónicas. Os alçados laterais da capela-mor apresentam janelas fingidas do lado do Evangelho e rodeando balustradado do lado da Epístola. A capela da Soledade ou dos Barros, do lado da Epístola, possui altar em talha policromada, com colunas salomónicas a imitar o mármore e imagem de Nossa Senhora da Conceição. Lateralmente encontram-se as arcas tumulares de Jorge de Barros e D. Filipa de Melo, sua mulher, à esquerda, e o de seus pais e irmão, à direita, em mármore, com brasão de armas e inscrições. A cobertura em abóbada nervada com bocetes e centro armoriado possui pinturas seiscentistas. A capela lateral do lado do Evangelho, denominada capela do Sacrário ou do Santíssimo Sacramento, possui altar em talha e silhares de azulejos do séc.18, com representações da tentação de Cristo e vida de São Pedro e cobertura em abóbada de berço. A antiga sacristia, à esquerda da capela-mor e hoje cartório, com paredes revestidas a azulejos de albarradas possui arcaz do séc. 17 de boas ferragens e lavabo em mármore datado de 1695; na dependência anexa existem azulejos de figura avulsa. A actual sacristia à direita possui silhares de azulejos do séc.18. No baptistério, por baixo do coro, encontra-se uma pintura em madeira com representação do Calvário. |
Acessos
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EN1, ao Km 13 de Lisboa, na Rua de Angola. WGS84 (graus decimais) lat.: 38,845872; long.: -9,086739 |
Protecção
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Categoria: IIP - Imóvel de Interesse Público, Decreto n.º 5/2002, DR, 1.ª série-B, n.º 42 de 19 fevereiro 2002 *1 |
Enquadramento
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Urbano. Situada na margem direita do Tejo, entre Lisboa e Vila Franca de Xira, implanta-se no cimo da encosta da Vila e integra-se na muralha urbana, com adro de acesso e cruzeiro, adjacente a cemitério. A torre sineira detém, a N., vasto panorama sobre Vila Franca de Xira, a E., sobre o Tejo e a S., sobre Lisboa. |
Descrição Complementar
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Possui silhares e painéis de azulejos setecentistas alusivos à lenda e Santa Iria e pintura na abóbada com representação do Santíssimo Sacramento. A nave possui silhares de azulejos setecentistas com cenas da vida de São Pedro e tábuas com pinturas quinhentistas representando a "Anunciação" e o "Nascimento da Virgem", e seiscentistas com a figuração de Santo António e o "Êxtase de São Francisco". Sobre o arco triunfal encontra-se um nicho de mármore com crucifixo. Na capela dos Barros, no fecho do arco, remate da abóbada da capela e na tampa do túmulo do fundador vê-se o escudo polícromo da família Barros, de fundo vermelho, 3 bandas de prata com 9 estrelas de ouro de 5 pontas, nos intervalos do campo, dispostas 1, 3, 3 e 2 a partir do chefe. Na parede que serve de fundo ao arco, o escudo polícromo e partido dos Barros e Melos, por sua mulher D. Filipa de Melo se encontrar na mesma sepultura. Em frente o de André de Barros e D. Constança Rodrigues de Campos, seus pais, com respectivas armas na parede do fundo. |
Utilização Inicial
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Religiosa: igreja paroquial |
Utilização Actual
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Religiosa: igreja paroquial |
Propriedade
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Privada: Igreja Católica (Diocese de Lisboa) |
Afectação
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Sem afectação |
Época Construção
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Séc. 16 / 17 / 18 |
Arquitecto / Construtor / Autor
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Cronologia
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Séc. 13 - construção do edifício primiitvo; 1296 - Aires Martins e a esposa, Maria Esteves, anexaram a Igreja de Santa Iria à de Santo André de Lisboa, que lhes tinha sido doada pelo rei D. Dinis; fizeram transitar para desta para aquala igreja, uma colegiada composta por um reitor e cinco capelães, para a qual deixaram renda, o que lecou à quebra da importância que o templo detinha; 1558 - data inscrita na capela da Soledade, onde se encontra o túmulo dos Barros; 1563 - Jorge de Barros, quando faleceu, tinha autorização para edificar capela na igreja, o que que foi concedido à sua esposa, Filipa de Melo, com instituição de morgadio; séc. 16, final - a igreja encontrava-se arruinada; séc. 17, início - construção do edifício actual, para cujas obras recebeu o dobro da siza; séc. 17 - reconstrução da igreja; 1617 - data do púlpito; 1695 - lavabo datado da antiga sacristia; 1715 - cronograma inscrito no portal da fachada principal; Séc.18 - o lugar de Santa Iria era dependente da paróquia de Santo André, do Patriarcado de Lisboa, de onde distava 2,5 léguas; 1755 - a Igreja possuía então um altar-mor e quatro colaterais - Santa Ana, Jesus, Rosário e Nossa Senhora das Candeias. Tinha três irmandades, a do Santíssimo Sacramento, a das Almas e de Santa Ana; 1855 - a freguesia pertencia ao concelho de Alverca extinto nesta data, passando para o de Vila Franca de Xira; 1886 - passou a integrar o de Loures; 1916 - foi criada a freguesia da Póvoa de Santa Iria, ficando a de Santa Iria de Azóia com esta povoação, Viara e Piriscoxe; 1997, 15 Setembro - Despacho do Vice-Presidente do IPPAR determinando a abertura do processo de instrução relativo à eventual classificação do imóvel; 1986 - frades de Santo Agostinho implantaram-se em Santa Iria de Azóia gerindo a Paróquia, cuja Igreja Matriz foi doada pela Casa Reynolds. |
Dados Técnicos
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Estrutura mista. |
Materiais
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Estrutura: alvenaria de cantaria argamassada; cunhais, molduras das portas e janelas em cantaria; coberturas em telha; revestimento de paramentos: madeira e pedra. |
Bibliografia
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"Aspirações de Santa Iria de Azóia", in Jornal O Notícias de Loures, 01.06.1969, pp.1, 2; Associação de Defesa do Património Ambiental e Cultural de Santa Iria de Azóia, Contributos para a história da Igreja de Santa Iria da Azóia [texto policopiado], Santa Iria de Azóia, s.d.; COSTA, Américo, Dicionário Corográfico de Portugal Continental e Insular, vol.X, Porto, 1948; FRASÃO, Fernanda, Lendas Portuguesas, Lisboa, 1982; GARRET, Almeida, Viagens na Minha Terra, vol.I, in colecção de Obras Completas, Mem Martins, 1984; MACHADO, José Pedro, Dicionário Onomástico Etimológico de Língua Portuguesa, vol.I, Lisboa, 1984; MARQUES, Gustavo; FREIRE, Maria Gabriela, VAZ, Maria Máxima, SOARES, Maria Micaela, TABORDA, Olga, Loures Tradição e Mudança, I Centenário do Concelho, 1886-1986, vol.I, s.l., 1996; Monumentos, n.º 10 a n.º 11, n.º 17, Lisboa, DGEMN, 1999, 2002; Monumentos e Edifícios Notáveis de Lisboa, vol.III, Junta Distrital de Lisboa, 1963; PEREIRA, Isaías da Rosa, Subsídios para a História da Diocese de Lisboa do Século XVIII, Lisboa, 1980; PINTO, Pároco Pedro Cardoso, "Freguesia de S.ª Iria", in Memórias Paroquiais, ANTT, Lisboa, 1758, vol.18, nº37, pp.259, 260; "Santa Iria de Azóia (2)", in Jornal O Notícias de Loures, 15.05.1973, p.12; "Santa Iria de Azóia", in Jornal O Notícias de Loures, 01.06.1973, p.7; "Santa Iria de Azóia (3)", in Jornal O Notícias de Loures, 15.06.1973, p.4. |
Documentação Gráfica
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IHRU: DGEMN/DSID, DGEMN/DRML |
Documentação Fotográfica
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IHRU: DGEMN/DSID, DGEMN/DRML |
Documentação Administrativa
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IHRU: DGEMN/DRML |
Intervenção Realizada
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DGEMN: 1997 - renovação integral do sistema eléctrico; renovação dos rebocos interiores, à base de cal, areia e caiação; levantamento e recolocação do lajedo no corredor da nave central e entrada, para nivelamento *2; limpeza de cantarias incluindo remoção de tinta plástica em pilastras dos paramentos da nave e cantarias da abóbada de canhão; abertura de 4 vãos entaipados, 2 pequenos vãos na fachada principal, 1 janelão na fachada N. e outro na fachada S.; execução de grades com novo desenho em todos os vãos exteriores; substituição de caixilharia em ferro e vidros coloridos, no janelão do alçado principal, por caixilho em madeira e vidros incolores; substituição no pavimento da nave, do estrado em madeira por tijoleira artesanal; levantamento e recolocação de 2 painéis laterais da nave, com azulejos do séc.18, que ameaçavam caír, recompondo o painel de azulejos trocados; retirada do guarda-vento existente; construção de novo ambão e mesa de altar, aproveitando para esta, balaústres da antiga teia da igreja; 1998 - execução de guarda-vento em vidro; 1999 - impermeabilização do terraço em lajedo junto à torre sineira; reparação de rebocos interiores deteriorados devido a infiltrações; conservação e restauro das talhas em prata dourada dos altares laterais e sacrário e das pinturas decorativas do tecto em estuque da capela-mor; 2002 / 2003 - conservação das cantarias da torre sineira, com limpeza, consolidação e desinfestação. |
Observações
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*1 - DOF: Igreja Matriz de Santa Iria de Azóia, incluindo o recheio. *2 - nesta operação descobriu-se na entrada à direita, laje que servia de alçapão para escadas conduzindo a local hoje entaipado, provavelmente antiga cripta |
Autor e Data
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Teresa Furtado 1997 |
Actualização
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Ana Rosa 2003 |
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