Mosteiro de São Salvador / Centro Cultural Dr. Magalhães Lima

IPA.00005142
Portugal, Lisboa, Lisboa, Santa Maria Maior
 
Arquitectura religiosa. Mosteiro feminino da Ordem de São Domingos de Gusmão
Número IPA Antigo: PT031106470399
 
Registo visualizado 1307 vezes desde 27 Julho de 2011
 
   
   

Registo

 
Edifício e estrutura  Edifício  Religioso  Convento / Mosteiro  Mosteiro feminino  Ordem de São Domingos - Dominicanas

Descrição

Apesar de muito descaracterizado, ainda é possível identificar alguns elementos de interesse, designadamente, o espaço anteriormente correspondente à igreja conventual de planta rectangular, nela observam-se nas paredes laterais, os arcos de volta perfeita em cantaria das antigas capelas, distinguindo-se no alçado um arco de volta perfeita em cantaria, delimitado por 2 pilastras no mesmo material, rematadas por 2 pináculos cada; actualmente entaipado, separava a nave da capela-mor, hoje com acesso lateral, podendo ainda observar-se na cabeceira, um nicho triangular, cujo remate foi retirado. Detecta-se igualmente o espaço destinado ao coro-alto: o alçado de 2 pisos, separado em 3 corpos por pilastras em cantaria, apresenta piso térreo vazado por grande janela a eixo com remate polilobado, ladeada por 2 portas encimadas por frontões triangulares. O conjunto é sobrepujado por 3 tribunas com vãos em arco abatido, entretanto envidraçados. Contiguamente à igreja e num plano mais elevado, observa-se o antigo claustro, podendo ainda distinguir-se lambril de azulejo enxaquetado e bases das colunas. Também da primitiva construção, pode observar-se um passadiço que atravessa a Rua de São Salvador, que ostenta sobre a passagem ao nível do embasamento com cobertura em abóbada de berço, 4 janelas de peito emparelhadas com guarda em ferro forjado.

Acessos

Largo do Salvador. WGS84 (graus decimais) lat.: 38,712746, long.: -9,129661

Protecção

Inexistente

Enquadramento

Urbano, destacado. Reconhecem-se na sua envolvência edifícios tipologicamente muito diversos como o palácio dos Condes dos Arcos (v. PT031106360021) e uma casa pré-pombalina de empena em bico, no Largo do Salvador.

Descrição Complementar

Utilização Inicial

Religiosa: mosteiro feminino

Utilização Actual

Educativa: escola básica / Cultural e recreativa: edifício multiusos

Propriedade

Pública: municipal

Afectação

Câmara Municipal de Lisboa (Portaria de 28-11-89 do Secretário de Estado dos Assuntos Fiscais, DR 285, II série, de 13 Dezembro 1989)

Época Construção

Séc. 14 / 19

Arquitecto / Construtor / Autor

ENTALHADOR: Domingos Martins (1698). PEDREIROS: Manuel da Silva (1674); Miguel Rodrigues (1674).

Cronologia

Séc. 13 - fundação da Capela do Salvador da Mata *1, tendo-lhe sido dado, para subsistência, as dízimas da Igreja de Nossa Senhora do Amparo, em Benfica, tornando-a uma paróquia; construção de umas pequenas casas, para onde se retiraram, voluntariamente, algumas devotas, vivendo em comunidade; séc. 14 - Afonso Esteves de Salvaterra (m. 1415), alcaide-mor de Lisboa, decide fazer-se sepultar na pequena capela, para o que deixou todos os seus bens; 1391 - João Esteves filho do anterior, arcebispo de Lisboa decide, em honra do pai e do tio, ambos sepultados no local, fundar uma congregação religiosa, doada ao braço feminino da ordem de São Domingos; D. João I concorda com a fundação e dá-lhe a renda da paróquia do Salvador e da sua anexa de Benfica; 27 fevereiro - breve pontifício de Bonifácio IX a autorizar a fundação do Mosteiro, após já existir licença do geral dos Dominicanos, Frei Raimundo de Cápua; as recolhidas na casa anexa, em número de 21, aceitaram abraçar o hábito dominicano, pela sua governadora, cujo nome diverge consoante as fontes, D. Margarida Anes ou D. Margarida João; 1392 - fechada a clausura do convento, na presença do arcebispo de Lisboa e do Prior do Mosteiro de São Domingos de Lisboa; 1393 - entram cinco noviças na Congregação, elevando para 26 o número de religiosas; o bispo D. João Esteves doa à Congregação as rendas que a família possuía em Salvaterra; 1405 - reforma da igreja; 1409 - Alexandre V confirma as rendas doadas ao Mosteiro; 1415 - as obras ainda decorrem; recolha da imagem do Menino no corpo das religiosas; colocação da imagem da Virgem na Capela denominada do Cardeal; 1433-1438 - a rainha D. Leonor, mulher de D. Duarte, sustenta com bens da sua Casa, o Mosteiro; 1478 - a obra do convento é concluída, tendo contribuído para tal a rainha D. Leonor, mulher de D. João II; 1486 - D. João II isenta as freiras do Salvador do pagamento de portagens, tributos e serviços; 1530 - no convento residiam 95 mulheres (entre professas e serviçais); são feitas obras no coro; 1550 - a madre, D. Margarida de Melo, vende a D. Fradique Manuel as rendas da Igreja de Salvaterra, após contenda entre o Mosteiro e o nobre, Senhor de Salvaterra; 1590 - construção de um nicho de pedraria para colocar o Crucificado, mas resultando ser menor que a imagem, optou-se pelo corte da mesma; nesta data, analisou-se a matéria de que é feita a imagem; 1596 - construção de um passadiço (localizado a N. de um já existente e que ainda subsiste na actualidade), obtida a necessária licença municipal; 1604 - campanha de obras na igreja do convento, na sequência de um incêndio; reconstrução da capela-mor por Francisco Barreto de Lima e a sua mulher, D. Isabel de Lima, após o seu padroado lhes ser cedido pelas religiosas; uma devota constrói uma Capela para o Crucificado, situada no meio da nave; séc. 17 - 18 - construção de novo retábulo-mor, em talha dourada; 1702, janeiro - existem no mosteiro 117 religiosas, 4 noviças, 10 educandas, 19 criadas da comunidade e 46 particulares; 1707 - a igreja tem a capela-mor e duas colaterais, profundas, a do Evangelho dedicada a Nossa Senhora dos Prazeres, onde estão sepultados Afonso Esteves e o seu irmão, João Esteves; no lado oposto a Capela de São Domingos; na nave, separada da capela-mor, por grades; no cruzeiro, duas capelas confrontantes, a de São José e a de Santa Catarina de Siena; na nave, a Capela do Senhor Jesus, no lado da Epístola, com retábulo de talha dourada e altar iluminado por três lâmpadas de prata, surgindo, no lado oposto, as de Nossa Senhora do Bom Sucesso e a de Nossa Senhora do Rosário; a igreja tem abóbada pintada; 1755, 1 novembro - danos muito significativos causados pelo terramoto; 1762 - está concluída a reconstrução do edifício de modo a permitir a reinstalação das religiosas, embora partes do complexo arquitectónico conventual não tenham de facto sido reedificadas; 1833 - segundo Luís Gonzaga Pereira, a igreja tem oito capelas, duas a ladear o arco triunfal, dedicadas ao Santíssimo e a Nossa Senhora; tem na nave cinco capelas, uma dedicada ao Rei Salvador, com Irmandade; a igreja está por acabar e as capelas têm quadros a óleo, bem como as imagens do Reio Salvador, São João, Madalena, Nossa Senhora e Nossa Senhora da Atalaia; 1884 - expropriação do convento pela Fazenda Nacional pela morte da última freira, sendo que, pelo decreto liberal da expulsão das ordens religiosas, não ingressaram noviças desde 1834, tendo já o imóvel sido cedido por D. Luís I para a instalação da Associação Protectora dos Meninos Pobres e da Associação Protectora de Escolas e Asilos para Rapazes Pobres das dominicanas; 1886 - demolição da antiga portaria conventual; 1890- 1892 - campanha de obras no antigo edifício conventual por iniciativa da Associação Protectora de Escolas e Asilos para Rapazes Pobres, dirigida por D. Teresa de Saldanha, que também aí sedia a Associação Protetora de Meninas Pobres; 1910 - expulsão do antigo complexo arquitetónico conventual das duas associações dirigidas pelas dominicanas; 1911 - por decreto governamental o edifício é cedido para a instalação das escolas do Centro Republicano Alexandre Braga, da Academia da Instrução Popular da Direcção do Patronato da Infância e de um posto sanitário; 1913 - instala-se também no edifício o Centro Escolar Magalhães Lima; 1914 - apeada a torre sineira; 1929 - continua no imóvel o Patronato da Infância, posteriormente designado Casa dos Rapazes.

Dados Técnicos

Paredes autoportantes e estrutura mista

Materiais

Alvenaria mista, reboco pintado, cantaria de calcário, estuque, ferro forjado, madeira

Bibliografia

AAVV, Monjas Dominicanas. Presença, Arte e Património em Lisboa, Lisboa, Alêtheia Editores, 2008, p. 177; ARAUJO, Peregrinações em Lisboa, Vol. II, Liv. X, Lisboa, s.d.; BAPTISTA, Madre Soror Maria do, Livro da Fundação do Mosteiro do Salvador da Cidade de Lisboa e de Alguns Casos Dignos de Memória que nelle Acontecerao, Lisboa, 1618; CAEIRO, Baltazar Matos, Os Conventos de Lisboa, Lisboa, 1989; CALADO, Maria, FERREIRA, Vítor, Lisboa. Freguesia de Santo Estevão, Lisboa, 1992; CALADO, Maria, FERREIRA, Vítor, Lisboa. Freguesia de Santo Estevão, Lisboa, 1993; CASTILHO, Júlio de, Lisboa Antiga. Bairros Orientais, Vols. III e VII, Lisboa, 1935 - 1938; CASTRO, João Baptista de, Mappa de Portugal Antigo e Moderno, Tomo V, Lisboa, 1712; COUTINHO, Maria João Fontes Pereira, A produção portuguesa de obras de embutidos de pedraria policroma (1670-1720). Lisboa, Dissertação de Doutoramento em História da Arte apresentada à Faculdade de Letras de Lisboa, 2010, 3 vols.; ENCARNAÇAO, Fr. António da, História de São Domingos. Segunda Parte, Lisboa, 1662; FERREIRA, Sílvia Maria Cabrita Nogueira Amaral da Silva, A Talha Barroca de Lisboa (1670-1720). Os Artistas e as Obras, Lisboa, Dissertação de Doutoramento em História da Arte apresentada à Faculdade de Letras de Lisboa, 2009, 3 vols.; Ministério das Obras Públicas, Relatório da Actividade do Ministério no Ano de 1961, 1º Vol., Lisboa, 1962; OLIVEIRA, Eduardo Freire de, Elementos para a História do Município de Lisboa, Vol. II, Lisboa, 1887; PEREIRA, Luís Gonzaga - Monumentos Sacros de Lisboa em 1833. Lisboa: Oficinas Gráficas da Biblioteca Nacional, 1927.

Documentação Gráfica

IHRU: DGEMN/DSARH, DGEMN/DRELisboa, DGEMN/DRELisboa/DRC/DIE/DEM

Documentação Fotográfica

IHRU: DGEMN/DSID

Documentação Administrativa

IHRU: DGEMN/DSID; DGA/TT: Corpo Cronológico, Parte I, maço 45, doc. 30

Intervenção Realizada

PROPRIETÁRIO: 1674 - conserto dos telhados pelos pedreiros Manuel da Silva e Miguel Rodrigues (COUTINHO: 469); DGEMN: 1961 - obras de conservação do patronato da infância, pelos Serviços de Construção e de Conservação; 1998 - reparação parcial de coberturas.

Observações

*1 - segundo a tradição, um fidalgo que caçava no local, achou umas imagens (um Crucificado, uma Virgem e um Menino), tendo divulgado o seu achado pela cidade de Lisboa, acorrendo a população a desbastar a mata e construir, no local, uma ermida, de São Salvador da Mata, tendo a imagem sido trasladada para a Catedral, mas aparecendo sempre na pequena capela.

Autor e Data

Teresa Vale e Maria Ferreira 1998

Actualização

Mário Timóteo 1999
 
 
 
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