Museu de Arte Popular

IPA.00005034
Portugal, Lisboa, Lisboa, Belém
 
Arquitectura cultural do Estado Novo. Pavilhão de exposição / museu. Com grande unidade e simplicidade na composição das suas fachadas o edifício do Museu constitui hoje um dos objectos memória da Exposição do Mundo Português de 1940, onde como Pavilhão Expositor de carácter efémero e cenográfico integrava a Secção de Vida Popular. As obras a que foi sujeito para museu não alteraram, no fundamental, o seu carácter.
Número IPA Antigo: PT031106320249
 
Registo visualizado 1591 vezes desde 27 Julho de 2011
 
   
   

Registo

 
Edifício e estrutura  Edifício  Cultural e recreativo  Monumento e museu  Museu  

Descrição

De planta regular em U, onde se articulam oito corpos com áreas e volumetrias distintas, sendo a cobertura em telhados a duas águas, por vezes múltiplas, podendo significar a definição original de espaços internos entretanto alterados. O remate é em platibanda plena com dupla beirada decorativa à exceção de dois volumes adjacentes à planta geral, a norte o edifício tipo campanário e claustro, e a sudoeste pequeno corpo adossado, ambos em telha canudo. Os seis volumes estão dispostos de forma predominantemente horizontal em frente larga e as fachadas de cada volume desenvolvem-se em panos únicos, em alvenaria rebocada e pintada a amarelo. Com exceção do volume central da fachada principal primitiva, revestida em pequena silharia fendida branca. O soco de todos os volumes é revestido a tijolo maciço de cor vermelha. Os vãos são pontuais em faixa vertical regular. O acesso único faz-se pela atual fachada principal, a norte. No projeto de Cottinelli Telmo para a reconversão urbana do recinto da EMP (Exposição do Mundo Português), a área é superior à ocupada pela Exposição, compreendem-se: "duas passagens subterrâneas sob a via-férrea [que] permitem o acesso à faixa ribeirinha, onde se mantêm vários pavilhões. A nascente da Doca de Belém, dois edifícios em L com pátio ajardinado ao centro, onde se pensará instalar um Museu das Comemorações Centenárias. A poente desta doca e do Espelho de Água (onde se mantém o restaurante) permanecem os edifícios onde estiveram em 1940 os Pavilhões da Vida Popular, agora com a denominação de Museu de Arte Popular. O processo de adaptação destes pavilhões a MAP iniciou-se logo em 1941e é supervisionado diretamente pelo Eng. Manuel Sá e Melo, responsável da engenharia na CAPOPI (Comissão Administrativa do Plano de Obras da Praça do Império e da Zona Marginal de Belém), mantendo com Cottinelli Telmo a parceria da Exposição do Mundo Português (completada no evento com o comissário-geral Augusto de Castro) Em setembro deste ano, o arquiteto Veloso Reis Camelo, o mesmo autor dos pavilhões, já tem um anteprojeto preparado. Implica a demolição da torre cilíndrica na zona central (onde tinha funcionado a seção da ourivesaria) no seu lugar seria criado um jardim interior por onde se manteria a ligação entre vários pavilhões. Para além desta alteração o projeto consistia em tornar perenes estruturas erguidas com um objetivo efémero. "substituição das fundações temporárias de alvenaria das paredes existentes por novas fundações de cimento; a abertura de novos vãos nas paredes exteriores para a instalação de janelas e óculos bem como da nova entrada; a demolição das paredes interiores em estafe e alvenaria, mantendo-se apenas as paredes e vigas montantes; a transformação e renovação das instalações sanitárias, a recuperação das paredes exteriores em estafe cobertas por telhas de canudo com a substituição da estrutura de madeira; a revisão, limpeza, reforço e substituição das placas de fibrocimento partidas ou fendidas; a substituição e reforço dos tetos falsos de estuque, a reparação dos pavimentos de tijoleira e a rebocagem das paredes exteriores com reboco cavanite, o seu revestimento na base por tijolo maciço e um novo remate por um beiral duplo com telhas de canudo" (OLIVEIRA, p.105). As propostas de alteração formal verificam-se nas fachadas exteriores, a abertura de três janelas retangulares e estreitas nos dois corpos laterais ao corpo central na fachada nascente, seis no corpo à direita da entrada, na sua fachada lateral norte, agrupadas duas a duas. Na fachada poente, com os mesmos corpos laterais mas mais avançados face ao corpo central, conformando um longo pátio, encontram-se janelas de idênticas dimensões e formas em número de cinco em cada um dos muros interiores. Da fachada nascente, que havia sido a principal durante a Exposição, são retirados os trinta elementos decorativos, quinze em cada corpo lateral, representando cossoiros de eventual inspiração na cultura castreja, são removidas as duas vigas/frisos que corriam ao longo do corpo principal acima do piso térreo que conferiam ritmo horizontal às fachadas deste corpo (a nascente e posterior). O pórtico é tripartido pela presença de dois pilares em cada lado dos muros, cada um dos quatro pilares está secionado em dois, em cada um uma base quadrangular, em cor de barro. São decorados com desenhos incisos em toda a extensão inspirados na arte pastoril (chave, espiga, coração e âncora) da autoria de Adelina de Oliveira. Da mesma autora serão as duas estátuas que se encontram atualmente junto a esta fachada, cada uma junto aos corpos laterais. Terão sido realizadas para a EMP e passadas a cimento bruto na transição para museu. Têm ambas o mesmo desenho e posição, sendo que a que se encontra à direita segura entre as mãos uma concha caravela e a da esquerda uma pomba. Elevam-se sobre uma base quadrangular em tijolo idêntico ao do edifício, e sobre este um pequeno plinto quadrangular no mesmo material das esculturas e na dimensão exata dos seus pés. A posição dos corpos e drapejado algo rígidos contrasta com o delicado trabalho dos rostos e a harmonia destes com o movimento das mãos. Em 1945 já no projeto de Jorge Segurado, o pórtico será encerrado com vidro em caixilharia de desenho reticulado (o mesmo desenho que se reflete no pavimento à sua frente multiplicando visualmente a presença dos paralelepípedos volumosos do conjunto), o vidro é colocado na linha de divisão de cada pilar, deixando uma parte no interior e outra no exterior e sendo provavelmente o seu material (estafe) sido substituído por outro mais durável. O percurso que este pórtico de entrada desenhava aos visitantes do Pavilhão do Centro Regional é então encerrado aumentado o espaço interior do futuro museu e transferida a sua entrada principal para a fachada norte, virada à Av. da Índia e à Praça do Império. Paralelamente ao pórtico tripartido nascente vão manter-se os dois grandes baixos-relevos atribuídos a Henrique Moreira, com cenas relativas ao ciclo do trabalho do linho e da lã. Mantém-se também o revestimento dos muros neste corpo central, tanto nos seus muros a nascente como a poente, em silharia fendida, pequenas placas brancas retangulares, marca da sua origem como pavilhão, a mesma tipologia do revestimento que cobria os dois pavilhões centrais da Exposição de 1940, o Pavilhão dos Portugueses no Mundo de Cottinelli Telmo ou o Pavilhão de Lisboa de Luís Cristino da Silva. Durante 1942 são consolidadas as fundações (com estacas em betão), demolidos os interiores e abertos os novos vãos. Os escultores Júlio Sousa, Barata-Feio, Adelina de Oliveira e Maria Keil são chamados a acompanhar tecnicamente a passagem das suas obras em gesso para cimento. Maria Keil não dará resposta e as doze figuras estilizadas e a junta de bois manter-se-ão em cimento bruto até 1945, altura em que Cottinelli Telmo sugere que sejam pintadas em cor de granito a par de outras obras de escultura e baixos-relevos presentes no mesmo espaço. A coluna decorada com uma escultura no topo representando um pastor, uma lavadeira e uma ovarina, junto à fachada sul, é demolida. António Ferro pede um parecer a Fernando Lage sobre o processo de adaptação, na resposta que este apresenta, manifestando desapontamento pelo avançar da empreitada pela CAPOPI sem ter consultado o SPN, esboça o seu plano de museu defendendo a criação de uma sala para cada uma das regiões como estabelecidas por Leite de Vasconcelos na sua Etnografia Portuguesa, Entre Douro-e-Minho; Trás-os-Montes; Beiras; Estremadura; Alentejo; Algarve e Ilhas Adjacentes. O seu projeto de museu incluía não só a arte popular e sugere o nome de Museu do Povo Português. Pedia um espaço anexo para acomodar o guarda-roupa do Grupo Verde Gaio, e aconselhava a criação de corredores ou galerias elevadas para aproveitar a enorme altura do pé direito e assim expandir e diversificar o espaço expositivo. Este espaço será criado perpendicularmente às fachadas nascente poente na sala 2 com balcão em balaustrada e grade de proteção em ferro trabalhado (réplica da grade românica da Sé de Lisboa executada por Vicente Joaquim Esteves), no acesso à galeria pela sala 1. Outras duas galerias superiores existem nas salas 3 e 4 na mesma disposição em planta, de construção ou alteração eventualmente mais recente. A sala 5, última do percurso expositivo tem também uma galeria superior mas disposta paralela e junto à fachada poente. Nesta sala é criado por José Segurado nesta fase de 1945, uma escadaria de acesso a um vão de entrada novo aberto a sul. A entrada (hoje desativada) realizada a um nível superior ao térreo é protegida por pequena varanda em alvenaria com embasamento em tijolo igual ao que decora o soco de todo o edifício. Este vão retilíneo envidraçado e protegido por grade de ferro entrelaçada é composto por portal de entrada, com dois pilares a tripartir a entrada (como nos pórticos a toda a altura das fachadas nascente e poente) e duas pilastras a fechar as ombreiras, todas em tijolo. Quatro frisos simples seccionam três registos de vãos, os dois inferiores mais curtos porque interrompidos pelo portal. Estes vãos em caixilhos quadrangulares são decorados no exterior por pequenos arcos em alvenaria, reproduzindo a forma dos arcos presentes no passeio em pérgula virada ao rio presente na Exposição neste exato lugar, nos arcos dos pavilhões adjacentes a poente que irão desaparecer, presentes em torno no claustro do edifício tipo campanário na fachada norte, arcos que serão também utilizados na decoração sobre a futura entrada do Museu. É no exterior junto a esta entrada da fachada sul que se encontra atualmente a junta de bois da autoria de Maria Keil, pintada de cor do barro. No pano à direita, que corresponde à fachada sul do bloco adjacente à esquerda da corpo da fachada principal primitiva, existem quatro janelas idênticas às existentes nos restantes panos externos do edifício. No pano esquerdo desta fachada sul um pequeno edifício longitudinal adossado com cinco janelas (estas diferem por se tratar de corpo com altura correspondente a um piso térreo) com grade decorada no mesmo desenho, rematado em telha de canudo e beirada dupla (que será executada nos remates de todo o edifício no projeto da primeira empreitada de 1941). Acima do remate deste pequeno edifício três óculos, abertos na primeira empreitada de adaptação a museu (1941). A fachada posterior a poente é dividida em três corpos como na nascente, mas aqui os corpos laterais são muito mais avançados conformado um longo pátio sem serventia para o interior. Neste pátio encontram-se os plintos em tijolo onde se apoiavam as estátuas de Maria Keil representando os trabalhos e ocupações populares de forma estilizada, destruídas no seguimento do encerramento do mercado do povo (1982). Encontra-se também uma escultura com desenho de Cottinelli Telmo, com três elefantes em referência à arte indo-portuguesa. Será o sobrevivente de um conjunto que encimava pedestais decoradas integralmente com baixos-relevos de temática indostânica, situados junto da Secção Colonial da EMP. Neste pátio existia um espelho de água onde estariam as estátuas da autoria de Barata Feio, de figuras femininas (presentes hoje junto ao plinto da estátua de Afonso de Albuquerque um pouco adiante). Nesse espelho de água viria a ser instalado, já para o Museu, um barco de pesca tradicional, destruído como retaliação pelo encerramento do Mercado do Povo. O corpo central replica na sua fachada o que se encontra paralelo a nascente, sem os grandes baixos-relevos de Henrique Moreira, mas no seu lugar existiram duas faixas com a decoração igual à que se verifica nos pilares, os desenhos incisos de Adelina de Oliveira cotejando as artes do barro, conforme é visível em registos audiovisuais da EMP. No topo dos corpos laterais encontra-se um conjunto escultórico tripartido em quadrados justapostos verticalmente, em cada uma das extremidades interiores dos muros (nestes não foram abertos vãos como a nascente à exceção de pequena porta em arco com gradeamento situado na extremidade sul do corpo à esquerda). Estes seis baixos-relevos de Júlio de Sousa são compostos, cada um, por um casal de agricultores que ocupa toda a superfície, à direita, colhendo, vindimando e pastoreando e à esquerda as figuras femininas segurando pão, fruto do trabalho. Em todos eles, de feição rígida e sem expressividade nos rostos, a figura feminina encontra-se sentada e a figura masculina de pé, a tentativa de alteração ao ritmo hierático é apenas a troca de posição da figura masculina com a feminina no painel a meio de cada um dos três. A fachada norte por onde é realizado o acesso está divida igualmente em três corpos, à direita o "edifício campanário", composto por torre (a poente) com quatro janelas de peito por alçado, sobre elas e abaixo do remate em telha a quatro águas encimado por galo para-vento em ferro, pequenas aberturas decorativas triangulares. Três óculos por alçado a média altura. A torre está implantada em pátio tipo claustro de planta quadrangular delimitado por panos com cinco arcos de volta perfeita nos três alçados que confinam com o exterior. Os arcos são guarnecidos com grelha em entrelaçado fino que permite a perceção do espaço como de interior/exterior. Ao centro uma fonte com base circular em alvenaria que se identificou presente na EMP e um poço. Nos limites externos de cada um destes três panos pequenos contrafortes de carácter decorativo. Na parede norte do edifício adjacente ao claustro, por onde se faz a passagem do edifício principal e este espaço, encontra-se um painel de azulejos monocromáticos de figura avulsa (séc.XVIII) provável recolocação trazida de um edifício (eventualmente os edifícios demolidos em Belém para a construção da Exposição). A planta deste corpo constitui, com o pequeno corpo adossado a sul, os únicos planos avançados à forma em U da planta global. Destaca-se também por ser, em termos de arquitetura, representante do programa tradicionalista, acoplado a uma arquitetura modernista e monumentalizante, fazendo do Museu de Arte Popular uma síntese do programa de arquitetura patente na Exposição do Mundo Português, programa que transpôs para o edificado a mensagem política do regime, que se queria simultaneamente moderno e conservador. O pano à esquerda corresponde à fachada norte do corpo avançado à direita na fachada principal primitiva, tem as já referidas seis janelas agrupadas duas a duas (empreitada de 1941). Ao centro mais recuado a entrada do museu, corresponde a edifício mais pequeno em planta construído após a exposição para unir o corpo referido na fachada principal primitiva ao edifício campanário (numa zona que corresponderia a passeio ao ar livre na EMP (zona das olarias). O acesso ao museu, atual fachada principal, é efetuado por três arcos de volta perfeita, perfurados ao nível do piso térreo por vãos de verga reta, protegidas por portões de ferro e vidro. São guarnecidos a nível superior com trabalho cerâmico disposto de forma padronal em referência à arte cerâmica de enxaquetados. Sobre os arcos o nome Museu de Arte Popular, em que cada letra é um elemento individual, no mesmo estilo de design gráfico que o conjunto de pintores decoradores, ao serviço do SPN, tinha impresso em 1940 ou nas exposições internacionais onde o Secretariado tinha feito representar Portugal (importância e influência do grafismo que o mesmo grupo de artistas pintores/decoradores vai realizar nesta década. nomeadamente na ilustração e publicidade). Vamos encontrar o mesmo letreiro (lettering) a nomear os mapas de cada região pintados nos muros das salas respetivas. INTERIOR As três portas da entrada dão acesso a um estreito átrio encerrado por onde se acede através de porta central com almofadas em vidro decorado com desenhos de Tomás de Melo. Lateralmente em ambos os lados duas vitrinas ligam à altura do lambril o átrio do vestíbulo. Neste a totalidade da superfície da parede superior é preenchida pelas pinturas vibrantes de Manuel Lapa e Tomás de Melo, em grande escala figuras humanas, que, em grupos ou individualmente, desempenham algumas atividades do povo, peixeiras e pescadores, camponeses, oleiro, cesteiro, campinos, porqueiros, artes e ofícios, não faltando a festa e a devoção. Num painel mais escondido uma pintura onde um casal de camponeses se encontra a ser fotografado, apontamento que parece convidar assim o povo a vir ver o seu retrato (ser um espaço para distintos grupos sociais era objetivo de António Ferro para esta seção na EMP). "Foi feito o teto-falso, montado o longo balcão de atendimento em madeira de carvalho, construído o painel destinado ao mapa informativo, montadas as divisórias para as cabines telefónicas e o lambril de madeira de carvalho a todo o comprimento das paredes, bem como os expositores e as portas de madeira envidraçadas [nota: os vidros decorados só seriam instalados em maio de 1947 feitos pelo vidraceiro Carlos Duarte, de Almada, tendo como base desenhos de Tomás de Melo. com vidros decorados com motivos populares]. O vestíbulo, entrada principal do Museu, estava praticamente terminado em março de 1946, só lhe faltando as pinturas murais" (OLIVEIRA, p.141). A sala à direita encontra-se fechada e corresponde à antiga biblioteca e auditório, acede-se através de porta igual à da entrada com almofadas com desenhos em vidro gravado. Através dessa divisão faz-se a passagem para o claustro e torre. O pavimento de todo o espaço do museu visitável é em mosaico cerâmico vermelho ocre, com exceção do percurso que se fazia ao ar livre entre os pórticos durante a exposição, em pedra irregular aparelhada assente em argamassa. Pela esquerda do vestíbulo inicia-se o percurso expositivo na Sala 1 - Entre Douro e Minho - por cima da entrada encontra-se a pintura mural da mesma dupla de pintores, ocupando a superfície superior do muro que foi tornado curvo na ligação ao muro norte. De Tomás de Melo e seus colaboradores nos preparativos finais em 1948 será também o mapa de cada região colocado em cada sala. Nada tendo que ver com o estilo presente no vestíbulo esta pintura, do conjunto valioso de todo o museu, é, a par de Eduardo Anahory de uma outra forma, a que abandona o cânone da representação mais estereotipada e condescendente por isso, da figura ou imaginário populares, multiplicando aqui os elementos e apontamentos decorativos numa profusão alegre e colorida como num bordado ou filigranas minhotas. Na passagem para a Sala 2 -Trás-os-Montes- por baixo da galeria que aí começa com a destacada grade de ferro trabalhado, há uma porta em madeira com trabalho em talhe e com ferragens que será proveniente das compras ou encomendas a artífices que foram feitas na fase de instalação do museu. O mobiliário, as ferragens, vitrinas, estiveram na mão da equipa de decoradores pintores e não dos técnicos do futuro museu. Na mesma galeria uma pintura mural com moldura simulando um quadro, reproduz o mapa do rio Douro. Sobre o mesmo quadro pequenas reproduções de desenhos da paisagem duriense e à esquerda um painel atribuído a Manuel Lapa e Tomás de Melo, de traço mais estilizado que no vestíbulo, com um conjunto organizado de figuras em torno do vinho e da música. No muro poente uma pintura maior de Eduardo Anahory, disposto também verticularmente e como o anterior organizado como quadro religioso, onde em torno de uma figura central, aqui os chocarreiros e pauliteiros, se distribuem as restantes personagens interpretando figuras e trajes locais. Na sala 3 - Algarve -novo painel da Manuel Lapa e Tomás de Melo na parte superior do muro sobre a entrada, representando elementos da paisagem algarvia em esmaecida policromia, mais uma vez num estilo diferente dos anteriores, tirando os formas adelgaçantes que vimos no painel mais pequeno na sala de Trás-os-Montes. Na galeria com guarda de alvenaria três chaminés algarvias para serem vistas do piso térreo como se em telhados se encontrassem. Na sala 4 -Beiras - que ocupa o corpo à esquerda da fachada a nascente, idêntica à Sala 1-Entre Douro e Minho - e por isso com as dimensões para receber uma pintura de maiores proporções encontra-se o mural assinado de Carlos Botelho (1948), onde estão dispostas figuras ou cenas alusivas mais a interpretações da região, sem grande unidade, escala ou organização. Apanha da azeitona, procissões, ermitas, ranchos, a apanha do sal no litoral. As referências à crendice com a presença de bebés em cegonhas e dragões a vigiar castelos. A última sala, a 5 - Alentejo e Extremadura, de que se referiu a escadaria que se ergueu ascendente, para vencer a cota mais alta do exterior neste local em relação ao piso térreo desta zona do edifício, formando um balcão por onde a sala é iluminada através dos vãos em vidro neste portal a sul, recebe pintural mural de Estrela Faria para o Alentejo e de Paulo Ferreira para a Estremadura. Na primeira domina o centro um churrião e uma família num piquenique, e em torno a paisagem da planície preenchida com as suas respetivas atividades agrícolas. Na galeria superior desta sala estava encomendada à mesma autora murais relativos às Ilhas dos Açores e Madeira. Estrela Faria recebe uma bolsa para estudar na Europa e este projeto ficará por realizar. De Paulo Ferreira existem três murais, um no muro nascente dedicado a Lisboa e a Santo António, e no muro poente entre as janelas três murais longos desenvolvendo-se na vertical acompanhando a dimensão do vão, dedicados à terra saloia e suas lavadeiras, à Nazaré e seu milagre, e ao Ribatejo e seus campinhos.

Acessos

Avenida Brasília. WGS84 (graus decimais) lat.: 38,693658, long.: -9,208366

Protecção

Categoria: MIP - Monumento de Interesse Público / ZEP, Portaria n.º 263/2012, DR, 2.ª série, n.º 125 de 29 junho 2012

Enquadramento

Urbano, destacado, isolado, implantado em plataforma costeira, junto ao Rio Tejo entre as docas de Belém e de Bom Sucesso. A N., separado pela estrada e linha férrea de Cascais, o Centro Cultural de Belém (v. PT031106320402). A O., os edifícios da Defesa Marítima e a E. o Espelho de Água (v. PT03110320601) e o Padrão dos Descobrimentos (v. PT031106320600).

Descrição Complementar

A secção da vida popular do Centro Regional - Sobre a construção do Pavilhão do Centro Regional para a Exposição do Mundo Português: "Primeiro é atribuída a Henrique Galvão a responsabilidade pela secção regional colonial, que é transferida para o jardim colonial, da calçada do Galvão a Belém. Depois é definitivamente decidido que não se convidará à participação outros países estrangeiros que não o Brasil. Ainda assim, Ferro vai manter a sua oposição dentro da comissão para manter a autonomia financeira e administrativa da secção de etnografia metropolitana, primeiro ainda na Tapada da Ajuda, depois, já com o plano diretor de Cottinelli Telmo, em Belém. Em maio de 1939, já com as demolições a decorrer em Belém, é Salazar a terminar de vez com o projeto de uma exposição exclusiva do Secretariado. Numa nota pessoal o Presidente do Conselho informa o Secretário do SPN que: O governo não deseja que a exposição etnográfica, sem prejuízo de autonomia que deverá haver para a sua efetivação, se torne tão independente da Exposição do Mundo Português no seu conjunto que seja prejudicada a harmonia do todo e que contando-se com receitas importantes desta fonte, estas não entrem no calculo geral das receitas e despesas". O plano para a Tapada da Ajuda tem assim de ser adaptado para o extremo esquerdo dos terrenos da Exposição de ambos os lados da linha férrea. De acordo com o plano geral do Arq. Cottinelli Telmo, do lado norte ficará o conjunto representativo das Aldeias Portuguesas e a sul da linha férrea os pavilhões expositivos da Secção de Vida Popular. Ferro delegou em Francisco Lage a responsabilidade da construção da Secção de Etnografia Metropolitana, ou como passará a designar, de Centro Regional. Um primeiro projeto para a Secção das Aldeias Portuguesas é encomendado ao Arq. Raúl Lino, que desenha um conjunto de arruamentos fechado em si mesmo com reproduções exatas de aldeias históricas portuguesas (OLIVEIRA, pp.81-82) "Do terreiro da feira acedia-se ao passadiço que, sobre a linha férrea conduzia à Secção da Vida Popular localizada na margem do Tejo. Esta secção projetada pelos arquitetos Veloso Reis (Pavilhões) e João Simões (Farol) era composta por seis pavilhões distintos organizados em torno de um pátio interior com um pequeno espelho de-água e um pequeno jardim rematado por uma pérgula com vista para o Tejo. A exposição superiormente orientada por Francisco Lage, foi planeada por Luís Chaves e Cardoso Marta com a orientação técnica e artística de Tomás de Melo e a colaboração dos pintores / decoradores Bernardo Marques, Carlos Botelho, Emerico Nunes, Fred Kradolfer, José Rocha e Maria Keil (OLIVEIRA, p.85) 1. "A entrada da exposição fazia-se pelo Pavilhão do Prólogo. A entrada era decorada com pinturas parietais dos Santos Populares e da N. Senhora do Mar pintados por Paulo Ferreira. Passando os balcões de receção e informações, acedia-se à sala do carrossel das artes e ofícios. Esta placa circular motorizada exibia diversas figuras e esculturas de estilo tradicional indicando as atividades artesanais que se exibiam nos pavilhões seguintes. Enquanto o disco girava, as esculturas ali colocadas também se moviam. Nas paredes da sala existiam treze pinturas de Paulo Ferreira representando as treze províncias de Portugal continental e ilhas adjacentes. Antes da saída passava-se por uma sala com uma oficina de filigrana instalada onde trabalhavam "três filigraneiros, um moço e duas moças com os seus fatos regionais de Gondomar" (OLIVEIRA, p.86). A temática da ourivesaria continua numa torre cilíndrica que será demolida no fim da exposição. 2. Pavilhão da Terra e do Mar, "uma estrutura retangular de paredes cegas suportadas por contrafortes e acompanhado por um farol de tijolo junto da fachada frente ao rio. Uma antessala dedicada às "Indústrias Manuais" apresenta diversos artífices a trabalhar em rotatividade" (OLIVEIRA, p.86). Neste Pavilhão organizam-se os seguintes temas: I-Pescarias, II-Rendas, III Religião, IV- Superstição, V-Pastoreio, VI-Caça, VII-Pirotecnia. 3. Pavilhão das Artes e Indústrias, "Saindo do Pavilhão da Terra e do Mar, passava-se pela pérgula com vista para o rio e que dava acesso ao complexo principal da Secção de Vida Popular, composta pelos restantes três pavilhões unidos numa única construção de efeito monumental e que seria mais tarde convertido no Museu de Arte Popular Na verdade, quatro pavilhões, embora nenhuma descrição ou guia oficial considerasse o auditório de cinema um pavilhão à parte. Este edifício caracterizava-se pela sua fachada com um pórtico defronte do espelho de água do Padrão dos Descobrimentos e que dava acesso a uma área de transição coberta tanto para o pátio interior como para as duas alas laterais onde se situavam os pavilhões expositivos. O pórtico, da altura de três andares, era constituído por três passagens divididas por quatro colunas (duas de cada lado) de estafe de secção quadrangular com motivos incisos inspirados na arte pastoril da autoria de Adelina de Oliveira. Ladeando o pórtico nascente dois baixos-relevos em estafe representando, à esquerda a pastorícia e a tecelagem e à direita a pesca e a agricultura (…) A este corpo central da fachada somavam-se as fachadas laterais poentes das duas alas em paredes cegas decoradas com três linhas de cinco elementos decorativos, semelhantes a cossoiros de fuso gigantes com efeitos incisos abstratos e que providenciavam efeitos luminosos durante a noite e rematadas por duas estátuas femininas (…) Junto à parede virada a sul, à semelhança do farol do Pavilhão da Terra e do Mar encontram-se três esculturas: um casal de agricultores segurando um fardo de trigo, uma parelha de bois em tamanho natural modelada em estafe à semelhança dos modelos de figurado de Barcelos, da autoria de Maria Keil, e uma coluna em cimento armado decorada com motivos incisos coloridos tendo por cima do capitel as figuras de um pastor, uma lavradeira e uma ovarina" (…) a parede norte do pavilhão das "Olarias" encontrava-se aberta com três arcos à altura de toda a parede permitindo o acesso entre a sala e o exterior. No extremo poente destacava-se um corpo elevado a simular um campanário e um jardim rodeado por um claustro aberto através do qual se acedia ao último pavilhão. No pátio interior e rodeando o pequeno espelho-de-água encontravam-se doze esculturas em estafe colorido de Maria Keil representando diferentes tipos regionais estilizados assentes em base de tijolo liso. Rematando as fachadas poentes dois conjuntos de três baixos-relevos em estafe de Júlio de Sousa representando casais rurais. Nota: Com a exceção dos trabalhos indicados de Júlio de Sousa, Adelina de Oliveira e de Maria Keil, que podem ser confirmados através da documentação da CAPOPI, as outras obras-de-arte não têm uma autoria comprovada, embora algumas autoras (Acciaiuoli, 1998: 173; Ferreira, 2008: 216) atribuam os baixos-relevos nascentes a Barata Feyo e os poentes a Henrique Moreira sendo certo que ambos escultores trabalharam na decoração exterior dos pavilhões (OLIVEIRA, pp.88-89). Na entrada deste pavilhão uma sala alta com representações de várias atividades artesanais e arte popular como gravura, poesia, peleteria, escultura, depois a Sala da Habitação, Paisagem e Turismo, "tinha ao centro uma série de cadeiras de descanso em pano, fixas num tubo de aço inoxidável, solução já usada na sala de turismo na exposição de Paris. Em torno das cadeiras seis modelos reduzidos de habitações tradicionais (…) Esta sala dava acesso a um longo corredor paralelo ao auditório de cinema (…) A sala do auditório, com 240 lugares, apresentava um palco destinado a exibições teatrais ou de ranchos folclóricos e nas suas paredes laterais duas pinturas de Estrela Faria representando um baile popular e uma romaria. Na entrada do corredor dedicado à "Música, canção e dança" uma pintura de Eduardo Anahory representando instrumentos musicais (…) No final do corredor ficava a sala dos "Trajos e transportes marítimos e fluviais" (OLIVEIRA, p.91) daqui saía-se para o pórtico do pátio e do lado oposto a Sala dos transportes tecelagem e olaria. Saindo da sala da Olaria acede-se ao jardim interior de onde por sua vez se entra na Sala da doçaria e panificação (dentro do edifício campanário).

Utilização Inicial

Cultural e recreativa: museu

Utilização Actual

Cultural e recreativa: museu

Propriedade

Pública: estatal

Afectação

Património Cultural, I.P.

Época Construção

Séc. 20

Arquitecto / Construtor / Autor

ARQUITETOS: Veloso Reis Camelo, João Simões, Jorge de Almeida Segurado; Frederico George; ESCULTORES: Adelina de Oliveira, Barata Feio, Henrique Moreira Júlio de Sousa, Maria Keil; PINTORES e DECORADORES: Bernardo Marques, Carlos Botelho, Eduardo Anahory, Emmerico Nunes, Estrela Faria, Fred Kradolfer, José Rocha, Manuel Lapa, Paulo Ferreira e Tomás de Melo; SERRALHEIRO: Vicente Joaquim Esteves.

Cronologia

Cronologia Prévia: 1893 - fundação do Museu Etnográfico (depois etnológico) de José Leite de Vasconcelos; 1918 - criação da Sociedade Portuguesa de Arqueologia e Etnologia; 1935 - exposição de arte popular portuguesa em Genebra; 1936 - exposição de arte popular portuguesa em Lisboa.; 1937 - participação portuguesa na Exposição Internacional de Paris. Pelo trabalho na sala de etnografia são atribuídos três grand-prix; 1938 - concurso da Aldeia mais Portuguesa de Portugal; nota oficiosa da Presidência do Conselho a determinar as celebrações dos Centenários que incluem a realização de uma grande exposição do mundo português; 1939 - participação portuguesa na Exposição Internacional de Nova Iorque; 1940, 23 junho - inauguração da Exposição do Mundo Português, dezembro - encerramento da Exposição e uma semana depois António Ferro anuncia na sede do SPN a futura instalação do Secretariado no recém restaurado Palácio Foz e a intenção de transformar o recinto do Centro Regional no futuro Museu das Artes e do Povo; Cronologia: 1941/1945 - constituição e funcionamento da CAPOPI (Comissão Administrativa do Plano de Obras da Praça do Império e da Zona Marginal de Belém) com Cottinelli Telmo como arquiteto responsável, 1941, setembro- abertura de um concurso público para a "Adjudicação da empreitada de adaptação e modificação dos Pavilhões da Secção Etnográfica para Museu de Arte Popular, mediante anteprojeto do arquiteto Veloso Reis Camelo (publicado a seis de dezembro com o valor base em 941.270$00), o construtor Manuel Nunes Tiago é o vencedor da empreitada; 1942 - início das obras de adaptação e instalação do Museu de Arte Popular; abril - António Ferro pede um parecer a Fernando Lage sobre o processo de adaptação; outubro - é entregue a Sá e Melo o projeto de Museu de Francisco Lage; 1943 - exposição de arte popular portuguesa em Madrid, final da empreitada de obras de adaptação; abril - uma "Memória Descritiva e sugestão técnica da instalação e montagem do Museu do Povo Português"; verão - o SPN apresenta à CAPOPI um orçamento para a segunda fase das obras de instalação do museu, esta submete o mesmo ao MOP e Duarte Pacheco pede que este seja reduzido, 16 de novembro - morte de Duarte Pacheco, dezembro - Bernardo Marques é contratado pelo CAPOPI para coordenar com o auxílio de Carlos Botelho, Tomás de Melo e Fred Kradolfer as adaptações dos espaços ao projeto; 1944 - Decreto-Lei n.º 33.545 de 23 de fevereiro de 1944 cria o Secretariado Nacional da Informação, Cultura Popular e Turismo (SNI) englobando os serviços do Secretariado da Propaganda Nacional, os serviços de censura e os serviços de exposições nacionais ou internacionais. António Ferro mantem-se como Secretário Nacional; António Ferro escreve artigo na Panorama, "Futuro Museu da Arte e da Vida do Povo Português" utilizando como imagens fotografias de uma maquete de Tomás de Melo e partes da memória descritiva de Fernando Lage; julho - Decreto-Lei n.º 33.820 atribui ao SNI a responsabilidade da instalação (retirando-a ao MOP e abrindo um crédito especial de 1.000.000$00); agosto - António Ferro cede a título provisório e por valor simbólico um dos espaços do futuro museu para armazenar 15 mil toneladas de pacotes para prisioneiros de guerra geridos pelo Comité Internacional da Cruz Vermelha, a dificuldade nos transportes no pós-guerra leva a que este aluguer se mantenha até final de 1947; o MOP requisita ao SNI espaço para guardar material norte-americano sobrante da obra de ampliação do aeroporto de Santa Maria (IPA.00036370), o material vai ficar num pavilhão (demolido e não utilizado no atual museu) até1951; final do ano - são recontratados agora pelo SNI os decoradores/pintores Bernardo Marques, Tomás de Melo e Fred Kradolfer, é contratado também José Rocha; 1945 - é contratado o arquiteto José Segurado: 24 novembro - Decreto-Lei n.º 35.197 extingue a CAPOPI sendo as suas atribuições pendentes transferidas para a Comissão Administrativa das Obras da Cidade Universitária de Coimbra e, posteriormente, para a DGEMN e para a Administração do Porto de Lisboa; 1947, final - Tomás de Melo contrata Eduardo Anahory, Paulo Ferreira e Estrela Faria para com ele colaborarem no planeamento e execução das decorações murais ainda por executar; 1948, fevereiro - fim da empreitada começada em 1945; 15 julho - inauguração do Museu de Arte Popular com Francisco Lage como diretor; 19 de Setembro - morte de Cottinelli Telmo; 1952 - o MAP passa a dispor de iluminação elétrica; 1954, maio - primeiro plano assinado por Cristino da Silva para a localização dos edifícios públicos na zona marginal de Belém, novembro - ministro das obras públicas pede novo projeto; 1955, fevereiro - novo plano de urbanização da área de Belém por Cristino da Silva e Jacques Carlu propõe quatro soluções alternativas, numa delas propõe-se a demolição, entre outras coisas, do Museu de Arte Popular; morre António Ferro; 1956, março - Raul Lino assina longo parecer criticando as soluções apresentadas no plano de 1955; 1957, 10 julho - Francisco Lage envia uma nota à imprensa a informar que o Museu encerrará para obras urgentes, morre subitamente um dia depois, Manuel de Melo Correia é nomeado diretor. O museu encerra cinco meses para obras nos telhados; 1958 - Madalena Cagigal e Silva é nomeada conservadora, por sua iniciativa o museu é inscrito no ICOM (Conselho Internacional dos Museus); plano definitivo para o arranjo urbanístico da zona marginal de Belém; a DGEMN realiza intervenções de alteração nos gabinetes de trabalho e o Ministro das OP, Arantes de Oliveira, alerta o SNI do carácter precário da construção onde está instalado o museu; 1959, junho - realização de espetáculos nos jardins do Grupo Verde Gaio e do Teatro do Povo; novas infiltrações de chuva nas salas do museu; dezembro - temporal provoca a queda de uma janela e a destruição da coleção de galos de Barcelos adquirida em 1943; 1960 - transformação dos pavilhões adjacentes do museu na Galeria de Arte Moderna sob projeto de Frederico George; 1961 - encerramento das salas do Minho, Trás-os-Montes e Algarve por risco de ruína; 1962 - início de obras de conservação dos telhados que se prolongam até 1968 com as respetivas salas encerradas; 1965 - primeiro Mercado de Abril, que irá decorrer anualmente no recinto interior do museu até 1974; Decreto-Lei n.º 46.254 de 19 de março cria na dependência da Junta de Investigações do Ultramar o Museu de Etnologia do Ultramar; Madalena Cagigal e Silva pede ao diretor do SNI (Moreira Batista) que o museu possa usar os pavilhões adjacentes para a sua necessária ampliação; 1968 - Decreto-Lei n.º 48.686 de 15 de novembro de 1968, promulga a organização da Secretaria de Estado da Informação e Turismo (SEIT) no lugar do Secretariado Nacional da Informação; MAP passa a estar na dependência direta do Diretor Geral de Cultura Popular e Espetáculos; realização da exposição "Turismo de Hoje"; 1969, 28 fevereiro - verificam-se estragos resultados do sismo; Maria Helena Coimbra é nomeada conservadora; 1974 - Maria Helena Coimbra é nomeada diretora, pede a substituição integral do sistema elétrico por se encontrar danificado pelas infiltrações pluviais, o mercado de Abril passa a designar-se mercado da Primavera; 1975 - por decisão dos feirantes, o Mercado da Primavera é transformado no Mercado do Povo mantendo-se indefinidamente nos jardins e terrenos circundantes do museu; 1976 - início de obras de conservação dos telhados e instalação elétrica. Museu mantem-se encerrado até 1980; 1979 - decreto-Lei n.º 535/79 de 31 de dezembro cria o Instituto-Museu Nacional de Etnologia englobando o Museu de Etnologia, o Museu de Arte Popular e as coleções etnográficas do Museu Nacional de Arqueologia. Projeto da "Área Cultural de Belém", o Museu de Arte Popular seria convertido em galeria de exposições temporárias do Museu de Etnologia; 1980 - decreto regulamentar 34/80 de 2 de agosto, integra o MAP como serviço dependente do IPPC; Elisabeth Cabral é nomeada diretora; setembro - reabertura do museu; 1981 -incêndio na Galeria de Arte Moderna; 1982 - encerramento e demolição do Mercado do Povo, algumas semanas depois o museu é alvo de vandalismo tendo sido destruídas estátuas de Maria Keil, e queimados o espigueiro e embarcações tradicionais; 1984 - Decreto-Lei n.º 93/84 de 26 de março, regulamentação e reestruturação do MAP. É extinto o Gabinete de Estudos Etnográficos. A Galeria de Arte Moderna é integrada no MAP; 1985 - projeto de recuperação e ocupação do espaço da Galeria de Arte Moderna; 1987- novo encerramento por inundações; 1989 - Decreto-Lei n.º 248/89, cria na dependência do Instituto Português do Património Cultural o Museu Nacional de Etnologia. Engloba na mesma unidade orgânica o Museu de Etnologia, as coleções etnológicas do Museu Nacional de Arqueologia e Etnologia e as coleções do Museu de Arte Popular. O MAP é extinto e as suas coleções integradas no Museu Nacional de Etnologia. O Edifício do MAP é convertido no Núcleo de Arte Popular do MNE. Obras de conservação dos telhados, o museu encerra por três meses, sem resultados porque em Setembro volta a haver inundações; 1995 - a Administração do Porto de Lisboa toma posse da Galeria de Arte Moderna e procede à sua demolição (os pavilhões adjacentes a poente unidos pela obra de Francisco George, a pérgula e ruínas, deixando somente o farol); obras de readaptação da área administrativa do MAP e criação de uma sala de exposições temporárias; 1997 - decreto-Lei n.º 161/97 de 26 de junho, cria o Museu de Arte Popular que integra as coleções do Núcleo de Arte Popular do Museu Nacional de Etnologia; 1999 - devido à queda da cobertura de uma sala e ao alagamento de diversas salas de exposição, o museu encerra as salas da exposição permanente; 2000 - instalação de uma cobertura provisória enquanto se elaboram planos de recuperação; 2003 - o museu é encerrado para início das obras de renovação do edifício (substituição integral da cobertura, fundações impermeabilização do piso térreo), a obra vai prolongar-se numa década; 2006 - apresentação do projeto Museu - Mar da Língua Portuguesa para o edifício do MAP. É anunciada a extinção do MAP e a transferência das suas coleções para o Museu Nacional de Etnologia; 2007 - processo de transferência, inventário, limpeza e acondicionamento das coleções do Museu de Arte Popular para depósito no Museu Nacional de Etnologia; 28 novembro -despacho de revogação do Despacho de abertura do processo de classificação pelo diretor do IGESPAR; 2009, 12 setembro - proposta de reabertura do processo por subscrição, a que se sucede o Despacho de abertura do processo de classificação pelo diretor do IGESPAR; 2010 - resolução do Conselho de Ministros n.º 11/2010, mantém o Museu de Arte Popular na "sua conceção original de espaço dedicado à cultura popular". Andreia Galvão é nomeada diretora. Reabertura do museu; 2011, 27 junho - publicação do projeto de decisão relativo à classificação como Monumento de Interesse Público e fixação da respetiva Zona Especial de Proteção do Edifício, em Anúncio 8795/2011, DR, 2.ª série, n.º 121; 2012 - decreto-Lei n.º 115/2012 de 25 de maio, estabelece a Direção Geral do Património Cultural. Integra o Museu de Arte Popular e o Museu Nacional de Etnologia numa única unidade museológica.

Dados Técnicos

Paredes autoportantes

Materiais

Alvenaria mista ( tijolo na sua maioria ), reboco pintado, cantaria de calcário, estuque, ferro forjado

Bibliografia

ACCIAIUOLI, Margarida, Anos 40 em Portugal. O País, o Regime e as Artes. Restauração e "Celebração", Dissertação de Doutoramento em História da Arte Contemporânea, Lisboa, F.C.S.H., U.N.L., 1991; ALMEIDA, Pedro Vieira de, Arquitectura no Estado Novo: uma leitura crítica, Livros Horizonte, Lisboa, 2002; NOBRE, Pedro Rito, “Do bairro antigo ao novo futuro instaurado pela Exposição do Mundo Português (séc.XIX-1945), Sombras do Império, Belém, Hesitações e Inércia 1941-1972, Catálogo da Exposição no Padrão dos Descobrimentos, Coord. João Paulo Martins, Lisboa: Tinta da China, 2023; Ó, Jorge Ramos do - Os anos de Ferro - o dispositivo cultural durante a Política de Espírito (1933 -1949): ideologia, instituições, agentes e práticas. Lisboa: Editorial Estampa, 1999; OLIVEIRA, Alexandre, «O Fecho da Abóbada»: O Museu de Arte Popular e a ação do Secretariado da Propaganda Nacional, dissertação de doutoramento, ISCTE, 2018; RIBEIRO, Carla Patrícia, SNI e SEIT (1944-1974: A História de uma Instituição do Estado Novo). FLUP, 2020; Arquitetura Portuguesa, Cerâmica e Edificações (reunidas), n.º 67, outubro de 1940, Lisboa: Soc. Industrial de Tipografia, 1940; MUSEU DE ARTE POPULAR, [visualizado a 16.07.24]; [visualizado a 9.08.24 antigo site, 2014 - em baixo]; Blogue Museu de Arte Popular, 2010, https://museuartepopular.blogspot.com/;

Documentação Gráfica

A Exposição do Mundo Português, António Lopes Ribeiro, SPN, 1941, https://www.cinemateca.pt/Cinemateca-Digital/Ficha.aspx?obraid=1331&type=Video

Documentação Fotográfica

PT IPPC: DGEMN/DSID, DGEMN/GSRP; FCG: CFT178.115

Documentação Administrativa

PT PCIP: DGEMN/DSEP-2868/7; PT PCIP: DGEMN/DSID-0774/5; PT PCIP: DGEMN/DSARH; PT PCIP: DGEMN/DSCSV-001-0134/0824; PT PCIP: DGEMN/DREL; DGEMN/GSRP

Intervenção Realizada

DGEMN: 1941/ 1942 / 1943 / 1944 / 1945 / 1946 / 1947 / 1948 - estudo de consolidação; substituição das fundações das paredes com 0.40x0.50m por alvenaria de pedra rija; no solo uso complementar de estacas betonadas com comprimento médio de 3.00 m: 2 estacas na periferia e no eixo da fundação das paredes, 4 estacas nos cunhais das paredes, 1 estaca intermédia no eixo da fundação das paredes com 5.00m de distância entre montantes e intervenção ao nível das paredes exteriores, para remodelação para a nova função; 1950, Janeiro - Reparação do teto e telhados do claustro: levantamento da cobertura, substituição dos madeiramentos, arranjo dos beirados e tetos, nova cobertura em telha portuguesa, tetos de madeira e estafe e pintura a óleo das madeiras; 1957 e 1958 - obras urgentes de reparação e instalação da secretaria, gabinete do diretor, sala de espera e refeitório no valor de 60105$; 1961 e 1962 - novas obras urgentes de conservação e reparação, reparação de tetos (26400$); 1965 - aquisição de imobiliário diverso no valor de 43846$; 1967 - obras no valor de 80775$; 1969 obras também para reparar estragos do sismo, nos valores de 49964$ e 29215$; 1970 - obras do teto e telhados do claustro no valor de 51000$ e outras reparações no valor de 19000$, 1975, 1976 e 1977 - reparações urgentes nas coberturas e eletricidade no valor de 340800$; 1978 e 1979- obras com orçamento reduzido 2000000$ e instalações elétricas, cobertura e tetos interiores em muito mau estado; 1980 - reparações diversas, na hidráulica, limpeza da cobertura do torreão; 1981 - instalação de sistema de alarme e obras na biblioteca (Popular de Lisboa); 1985 - reparação da cobertura e dos esgotos na zona denominada dos claustros; 1995 - obras de recuperação; inauguração de uma sala para exposições temporárias; 2000 / 2001 / 2002 / 2003 - projeto de reabilitação - 1º fase (1.º concurso 2001) (MAP - salas das Beiras, Ribatejo, Estremadura e Alentejo): demolição das esteiras, instalação da rede elétrica, proteção de pinturas murais e do espólio museológico; (2.ºconcurso 2001) renovação das coberturas; (3.ºconcurso 2001) drenagem dos pavimentos térreos, drenagem periférica, pré-instalação de redes elétricas e de deteção de segurança, e reabilitação das instalações sanitárias; (4.º concurso 2003) aplicação de tijoleira, recuperação e tratamento de paredes; recuperação das carpintarias das escadas e galeria; proteção de pinturas murais nas salas Algarve, Pátio, Trás-os-Montes e Entre-Douro e Minho e acondicionamento e transporte das peças museológicas das Salas do Átrio, Trás-os-Montes, Entre- Douro e Minho para as Salas das Beiras e Alentejo; (5.º concurso 2003) recuperação de vãos interiores e exteriores (portas e janelas); recuperação de gradeamentos (exteriores); restauro de equipamento de expositores (madeira, vidros); colocação de todo o equipamento sanitário; colocação de estores interiores tipo sol-screen; pintura de paredes interiores; instalação de rede de segurança (Incêndio e Intrusão); 2004, Setembro - projeto de reabilitação - 2ª fase (Espaço da Receção, Salas Entre-Douro e Minho, Trás-os-Montes, dos Carros e do Algarve): reabilitação e recuperação das coberturas e suas estruturas correspondentes aos espaços da Receção e das salas de Entre-Douro-e-Minho, Trás-os-Montes, Algarve e dos Carros, optando-se por painéis sandwich, ou chapas duplas trapezoidais de aço galvanizado e lacado com interposição de manta isolante térmica, de estrutura semelhante à cobertura já reabilitada, contemplando a execução de caleiras, o capeamento das empenas e dos muretes a chapa de zinco n.º 12 com juntas agrafadas e a colocação de tubos de queda das águas pluviais e respetivos capitéis em cobre, com secção de 80x120mm, em cor natural, que se tornará acastanhada com o tempo, e mangas protetoras até à altura dos socos das fachadas; execução de escada interior em aço galvanizado, de acesso às coberturas pela Torre, e de 5 escadas exteriores de articulação e acesso entre as coberturas das diversas salas, do mesmo material; definição das grelhas metálicas, alçapões, guarda pés e guardas de proteção laterais dos passadiços do Tipo 1 e 2, de visita aos plenos da cobertura, do projeto de estruturas; execução de uma rede de Iluminação e de deteção de incêndios junto à cobertura de apoio ao respetivo pleno (em fase posterior será integrada uma 2º rede nos tetos falsos); construção provisória de um túnel de acesso às respetivas instalações devidamente protegido; proteção dos frescos nas Salas da Receção e do Algarve de modo semelhante ao executado na 1ª fase das obras; proteção do mobiliário fixo nas Salas de Receção e Entre-Douro-e-Minho, de modo semelhante ao executado na 1ª fase das obras; 2006 - Reabilitação do Corpo Central, IIIª Fase.

Observações

Autor e Data

Josina Almeida 23 setembro 2024

Actualização

 
 
 
Termos e Condições de Utilização dos Conteúdos SIPA
 
 
Registo| Login