Bairro Alto de São Roque / Vila Nova de Andrade
| IPA.00005019 |
Portugal, Lisboa, Lisboa, Misericórdia |
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Sector urbano. Bairro resultante de expansão urbana quinhentista, implantado extra-muros, junto a uma porta da muralha e caracterizado por traçado quase ortogonal decorrente de duas fases distintas do processo de urbanização. A malha ortogonal apresenta o quarteirão como unidade fundamental da estrutura urbana. O traçado é organizado com base num esquema hierarquizado de ruas e travessas: as ruas, eixos estruturantes perpendiculares ao rio; e as travessas, eixos secundários paralelos ao rio. A matriz do loteamento reflecte a persistência do uso da unidade do cadastro medieval designada por chão; a divisão e multiplicação desse módulo origina variações na tipologia arquitectónica. O espaço construído é dominado pelo tipo de habitação implantada em lote estreito e alongado, com 3 ou 4 pisos, composição assimétrica da fachada, com janelas de sacada ao nível dos vários andares, vãos alinhados, escadas de tiro junto à empena lateral e telhados de 2 águas, com introdução frequente de águas-furtadas. Embora menos representativo, o edifício pombalino assegura a sua presença, introduzindo essencialmente modificações ao nível da composição das fachadas. Embora permitindo diversos graus de variação tipológica no desenho das fachadas, a repetição de certos elementos, como o cunhal, a janela de sacada e a janela de peitoril, o beirado e as águas-furtadas, asseguram uma imagem de homogeneidade às frentes urbanas. Conjunto urbano de extrema importância no contexto da cidade de Lisboa, e até mesmo no contexto nacional, na medida em que ainda hoje mantém a estrutura fundiária inicial, representativa de um processo de urbanização iniciado e concluído no século 16, numa zona exterior adjacente à cerca fernandina, operação essa formalizada através de um traçado quase ortogonal. O conjunto continua a apresentar uma clara identidade na malha urbana, sendo as intervenções contemporâneas muito pontuais, não interferindo de modo decisivo na imagem global do bairro. Apesar de não se identificar grande variedade nos elementos arquitectónicos, nem mesmo ao nível da tipologia de habitação, o conjunto não se revela monótono, pois todas as modificações sofridas ao longo dos séculos transformaram o bairro num quadro infinito de variações sobre um mesmo tema. A clara definição dos limites deste conjunto em relação à cidade envolvente, tornou-se também num factor claro de protecção da integridade e privacidade do bairro, mantendo-o inalterado, único e original até aos dias de hoje. |
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Número IPA Antigo: PT031106150275 |
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Registo visualizado 7332 vezes desde 27 Julho de 2011 |
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Conjunto urbano Setor urbano Unidade morfológica Moderna Área planeada ortogonal
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Descrição
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Caracteriza-se por uma malha quase ortogonal composta por quarteirões de forma rectangular com uma proporção de 2 lotes de largura para 6 a 8 lotes de comprimento, em que o lado de maiores dimensões acompanha as ruas e o de menores dimensões se volta para as travessas. Esta configuração espacial não é, no entanto, patente em todo o bairro; a N. da Travessa da Queimada, os quarteirões, embora mantendo a mesma forma rectangular e uma métrica de loteamento idêntica, assumem uma configuração diferente, mostrando o lado de maiores dimensões voltado para as travessas. Esta nova orientação da malha reflecte uma maior abertura à zona de São Roque, ligada à presença da Casa Professa dos Jesuítas e marca o início da 2ª fase de urbanização do Bairro. A medida base dos lotes que compõem os quarteirões corresponde ao designado "chão" - medida agrária medieval que representa um lote com 60 palmos de comprimento por 30 palmos de largura (13,2m x 6.6m). É este o módulo que aparece nos quarteirões em que predominam edifícios dos séculos 16 e 17; nalguns casos aparecem também lotes correspondendo a meio chão, destinados a uma população de mais fracos recursos económicos. Embora menos frequente, verifica-se também a junção de mais do que um lote ou mesmo a ocupação de todo um quarteirão, como por exemplo nos casos do Palácio Andrade (v. PT031106150313) e do Palácio Ludovice (v. pt031106150051). Em intervenções posteriores, sobretudo as levadas a cabo durante o período pombalino, verifica-se o aumento dos lotes para múltiplos das medidas iniciais. O forte índice de ocupação verificado no bairro durante os séculos 17 e 18 originou grandes mudanças ao nível da configuração dos quarteirões; muitos edifícios foram aumentados, quer em altura, quer em comprimento, ocupando o espaço dos logradouros. É esta a imagem que predomina actualmente no bairro; fortemente denso, tornou-se num local sombrio, em que apenas os últimos pisos dos edifícios mais altos beneficiam de boa exposição solar. No desenho das vias que percorrem o interior do Bairro Alto, verifica-se uma hierarquia entre os eixos estruturantes (ruas), orientados no sentido N.-S., na direcção do Tejo, e os eixos secundários (travessas), perpendiculares aos anteriores e orientados no sentido E.-O. A hierarquia das vias apresenta uma clara homogeneidade em termos de escala, não havendo grande variação de dimensões das ruas para as travessas. Característica que não apresenta continuidade nas zonas adjacentes ao Bairro Alto, já que as vias definidoras dos seus limites possuem uma maior largura, como que encerrando-o e preservando o carácter de intimidade que o caracteriza. Apenas uma rua - a Rua da Rosa - percorre o Bairro de um extremo ao outro parecendo quase remeter-se para uma tradição medieval de rua direita, dividindo o bairro ao meio; de uma forma menos linear, o eixo definido pela Rua da Rosa é cruzado perpendicularmente por um outro, formado pela Rua João Pereira da Rosa (antiga Cç. dos Caetanos) e pelas Travessas dos Inglesinhos e da Queimada, dividindo o bairro em quatro zonas distintas e constituindo um reflexo das diferentes fases do processo de urbanização. É na zona a E. da Rua da Rosa que o desenho ortogonal da malha do bairro é mais perceptível; toda a zona O. do bairro - que inicialmente constituía a periferia da cidade - apresenta uma malha mais heterogénea, onde foi edificada a maioria dos edifícios de escala monumental existente no bairro. Situados na Tv. dos Inglesinhos e R. dos Caetanos, destacam-se o antigo Convento e Colégio dos Inglesinhos (v. PT031106150422) e o antigo Convento dos Caetanos, actual Conservatório Nacional (v. PT031106280715) e, no limite SO. do bairro, o Palácio Marim-Olhão (v. PT031106280515)*2. Para além de apresentar um traçado ortogonal, de algum modo marcando uma nova forma de desenho da cidade, a construção do Bairro Alto fomentou a utilização de novos padrões construtivos, na passagem do edifício de estrutura de madeira para o edifício de alvenaria com fachada plana. As casas mais antigas existentes no bairro, datadas do século 16 e 17, apresentam dois tipos de habitação: edifício baixo de rés-do-chão e 1º andar, de planta quadrada e vãos assimétricos, constituídos por pequenas janelas de peitoril; e o edifício estreito e comprido, de 3 a 4 pisos, com janelas de sacada ao nível dos diferentes andares e vãos alinhados. O primeiro tipo, de tradição mais rural foi, ao longo do tempo, substituído pelo segundo - de tradição medieval e que permitia um maior índice de ocupação -, conservando-se hoje poucos exemplos. É o segundo tipo que aparece com mais frequência e do qual ainda existem alguns exemplos, em especial na Rua da Atalaia. Pela natural evolução tipológica e pelo aumento da população residente durante o século 17, cada um destes tipos foi-se transformando, conforme as necessidades dos habitantes. O segundo tipo assimilou o primeiro, sofrendo algumas alterações ao nível da planta e da fachada, tais como a colocação das escadas junto à empena lateral, obrigando a um desenho de fachada assimétrico, em que a faixa correspondente às escadas é pouco fenestrada. Embora o Terramoto de 1755 não tenha provocado grandes estragos no Bairro, pode identificar-se um tipo especificamente associado ao período pombalino, com estrutura em gaiola, adaptando-se aos tipos mais antigos ou com soluções mistas. O prédio pombalino apresenta usualmente 4 andares com ordens de janelas diferenciadas. Ao nível da fachada, identifica-se uma simetria possibilitada pela existência de caixa de escadas central, com dois lanços opostos, e a existência de janelas na mansarda. O início do século 19 conhece o aparecimento de um novo tipo de edifício, derivado da simplificação e adulteração dos sistemas construtivos do edifício pombalino. No entanto, os prédios de rendimento do tipo "gaioleiro" não encontram grande representação no bairro, sendo mais comum, neste período, a alteração de pormenores nas fachadas dos edifícios já existentes. A construção de palacetes de gosto romântico, resultantes de uma colagem à estética arquitectónica francesa, identifica-se sobretudo nos limites N. e E. do Bairro, em especial na zona de São Pedro de Alcântara, na qual se destaca o Palacete Laranjeiras (v. PT031106150305). Apresentam uma forte valorização da fachada, com varandas salientes, gradeamentos requintados, molduras de vãos mais trabalhadas e a aplicação da linha curva, em especial no desenho das vergas das janelas e nos edifícios de gaveto. Da mesma época, existem ainda edifícios construídos como habitações operárias, organizados em vilas ou em pátios, como é o caso do Pátio do Tijolo. Constituem-se como edifícios multifamiliares de 2 a 3 pisos, com grande densidade de ocupação e pé-direito mínimo. A influência da arquitectura do séc. 20 é pouco sentida no bairro, encontrando-se apenas exemplos pontuais. |
Acessos
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Calçada do Combro, R. do Loreto, R. da Misericórdia, R. de São Pedro de Alcântara, R. do Século e R. D. Pedro V |
Protecção
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Categoria: CIP - Conjunto de Interesse Público, Portaria nº 398/2010, DR, 2ª série, nº 112 de 11 junho 2010 / ZEP, Portaria nº 398/2010, DR, 2ª série, nº 112 de 11 junho 2010; Declaração de Retificação nº 874/2011, DR, 2ª série, nº 98 de 20 Maio 2011 |
Enquadramento
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Urbano. Ocupa uma área delimitada a S. pelo eixo formado pela Cç. do Combro e R. do Loreto, a O. pela Rua do Século, a N. pela Rua D. Pedro V. e a E. pelas ruas da Misericórdia e de São Pedro de Alcântara. Topograficamente, identifica-se como um planalto à cota altimétrica média de 76m terminado a N. por um acentuado declive, desenvolvendo-se para S. de forma menos acentuada. O solo é constituído por uma mistura de grés, saibros e argilas, com predominância para os dois primeiros. Envolvendo todo o conjunto inventariado, identificam-se diferentes núcleos urbanos que caracterizam a situação do bairro no contexto da cidade de Lisboa: para S. estende-se, contiguamente ao Bairro Alto, o bairro da Bica onde se encontra o Ascensor da Bica (v. PT031106280270), destacando-se em especial toda a zona delimitada pela R. da Bica e R. do Alecrim e a antiga zona de Cata-Que-Farás, urbanizadas na mesma época do Bairro Alto e com princípios de ocupação semelhantes, embora muito transformadas depois do Terramoto de 1755. A E., toda a zona do Chiado, Misericórdia, Lg. da Trindade e São Pedro de Alcântara. A ligação do Bairro Alto ao Chiado, o qual, no início do séc. 16, correspondia ao limite interior da muralha fernandina, identifica-se no eixo formado pela Cç. do Combro, R. do Loreto e R. Garrett e correspondia à antiga via de saída da cidade para O. através das Portas de Santa Catarina, abertas na muralha no local do actual Lg. do Chiado. Destacando-se, na envolvente imediata, a Pç. Luís de Camões e o Lg. do Chiado, com especial referência à Igreja de Nossa Senhora do Loreto (v. PT031106270325) e ao Café "A Brasileira" (v. PT031106270201). A N., no final da R. da Misericórdia, abre-se o Lg. Trindade Coelho, onde se situam a Igreja de São Roque (v. PT031106150012) e a actual Misericórdia de Lisboa (v. PT031106150334). Inicia-se a partir daqui a R. de São Pedro de Alcântara, caracterizada por todo um quadro de arquitectura romântica - estendido para N. até à R. D. Pedro V. - enquadrado pelo Jardim Miradouro de São Pedro de Alcântara (v. PT031106150433). Destaca-se ainda a ligação feita pelo Ascensor da Glória (v. PT031106150376) à Pç. dos Restauradores e à Av. da Liberdade. Para O., e na envolvente imediata do limite formado pela R. do Século e na zona delimitada, a S. pela R. de São Bento e a N. pela R. da Escola Politécnica, salientam-se: o Jardim do Príncipe Real (v. PT031106220439) e respectiva envolvente construída, a Academia das Ciências (v. PT031106220314), a Igreja de Santa Catarina (v. PT031106280036), o Convento dos Paulistas (v. PT031106280343) e o Palácio Pombal (v. PT031106280172). |
Descrição Complementar
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A soma de variados elementos arquitectónicos, utilizados repetidamente ao nível das fachadas dos edifícios, é responsável pela imagem homogénea e coerente da arquitectura do bairro, tornando-se essencial a referência a alguns deles: o cunhal, de presença marcante em quase todas as esquinas dos quarteirões; construído em cantaria serve de suporte à estrutura dos edifícios de gaveto e de reforço estrutural do conjunto do quarteirão. De referir, por exemplo, o singular "cunhal das bolas" (Trav. do Cunhal das Bolas). Na composição das fachadas, a janela de sacada conta-se como um dos elementos mais característicos, marcando a sua presença em quase todos os edifícios. Possui uma reduzida varanda, em pequena consola de pedra encastrada na parede da fachada; a guarda da varanda é geralmente em ferro forjado com capeamento superior em madeira. As coberturas sofreram, na sua grande maioria, alterações ao longo dos anos. Originalmente, os telhados eram de 2 e 4 águas, com a cumeeira perpendicular à fachada. Os edifícios de planta quadrangular recebiam telhados de 4 águas; nos edifícios de planta alongada era mais frequente o uso de telhados de 2 águas. A posterior introdução de águas-furtadas levou à transformação de grande parte das coberturas. |
Utilização Inicial
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Não aplicável |
Utilização Actual
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Não aplicável |
Propriedade
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Não aplicável |
Afectação
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Não aplicável |
Época Construção
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Séc. 16 |
Arquitecto / Construtor / Autor
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Não aplicável |
Cronologia
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O Bairro Alto nasceu como resposta às grandes transformações sociais e económicas que se deram em Lisboa a partir da 2ª metade do século 15. O desenvolvimento comercial promoveu o aumento demográfico da cidade, obrigando à expansão urbana no exterior da muralha fernandina; foi este fenómeno que esteve na base da urbanização dos terrenos à ilharga das Portas de Santa Catarina, sendo o traçado ortogonal resultado de um processo de loteamento ocorrido em duas fases distintas. Primeira fase de urbanização: 1487 - por falecimento do judeu Guedelha Palaçano, um dos homens mais influentes do reino, foram aforados pela viúva os seus terrenos situados no limite O. da cidade a um estribeiro do rei, Filipe Gonçalves; 1498 - o domínio directo das terras foi vendido ao fidalgo Luís de Atouguia; 1499 / 1502 -várias cartas régias, assinadas por D. Manuel, determinaram a demolição de balcões e varandas que ocupassem indevidamente o espaço público, inserindo-se num ciclo de reformas legislativas tendentes à renovação da imagem da cidade; 1500 - carta régia com o objectivo de urbanizar terrenos ainda livres dentro da cerca fernandina, ordenando "que se cortem e derribem os olivaes de muros ademtro"; 1502 - urbanização da Vila Nova do Olival, na cerca do Convento da Trindade, através de um conjunto de procedimentos que serão mais tarde usados na urbanização do Bairro Alto; 1505 - a construção de um novo Paço Real deslocou a corte para a zona ribeirinha, estendendo-se a cidade até ao actual Cais do Sodré; 1513 - primeira operação de loteamento para aforamento de chãos, na qual Lopo de Atouguia acordou, com os aforadores Bartolomeu de Andrade e sua mulher Francisca Cordovil, o subaforamento das herdades em talhões destinados à construção de casas; a nova urbanização foi então designada como Vila Nova de Andrade; 1514 - após o estabelecimento do traçado das ruas foi iniciada a implantação, na sua maioria a S. das Portas de Santa Catarina. Definem-se a Rua das Flores, as Ruas do Cabo e do Castelo, as Ruas Primeira, Segunda e Terceira e a Rua da Barroca do Mar; 1527 - existência de 408 edifícios e 1600 habitantes; 1530 (década) - a urbanização toma a direcção da antiga Estrada de Santos (Cç. do Combro), traçando ou arruando-se a zona a N. desta estrada, onde se encontram a Rua da Rosa, Rua da Atalaia, Rua dos Calafates (actual Diário de Notícias), Rua das Gáveas, Rua do Norte e Rua de São Roque; 1531 - terramoto que aumentou a necessidade de habitações, apressando o crescimento do Bairro; 1540 - chegada dos Jesuítas a Portugal; 1551 - as freguesias dos Mártires e do Loreto contam 2464 casas e 20132 habitantes. Segunda fase de urbanização: 1553 - instalação da Companhia de Jesus em São Roque, iniciando-se uma nova fase de urbanização polarizada pela sua presença; a zona a N. da Estrada de Santos passou a denominar-se Bairro Alto de São Roque. Esta nova fase estendeu-se desde os terrenos mais próximos de São Roque até aos terrenos do palácio dos Condes de Avintes no limite N. Referência à Rua de São Boaventura, Rua do Loureiro, Rua da Cruz e Rua Formosa (actual R. do Século); 1559 - criação da freguesia de Santa Catarina; 1566 - formação do Largo de São Roque e início da construção da nova igreja e casas da Companhia de Jesus; 1569 - alargamento da via entre as Portas de Santa Catarina e o Largo de São Roque, passando a designar-se Rua Larga de São Roque; 1679 - criação da freguesia da Encarnação; 1758 - embora o Bairro não tenha sido significativamente afectado pelo Terramoto, foram previstas pelo Marquês de Pombal obras de reestruturação do tecido urbano existente entre o Bairro Alto e a Baixa, nomeadamente a regularização de largos, praças e ruas; 1760 / 1780 - início da renovação das ruas de São Roque, Calhariz e do Século, com alargamento das vias e construção de novos edifícios; séc. 19 - formação dos limites N. do bairro, da zona de São Pedro de Alcântara, até ao Príncipe Real. Toda esta frente foi consolidada com a construção de um conjunto de diversos edifícios, designadamente prédios de rendimento. O quarteirão existente entre a Rua da Rosa e a Travessa do Tijolo veio a condicionar o alinhamento da rua; é também neste século que se regista o início da instalação de diversos jornais no bairro, dos quais apenas um ainda hoje lá permanece, "A Bola"; 1880 - foi determinado pela Câmara o alargamento da Rua dos Moinhos do Vento (actual R. de São Pedro de Alcântara), com a expropriação dos terrenos e edifícios que a limitavam; 1881 - aforamento dos lotes pertencentes ao Conde de Soure no Alto do Longo. Esta zona mantinha um carácter semi-rural, com pátios e casas de um só piso, que a rectificação da Rua D. Pedro V (antiga Estrada da Cotovia), com a construção de prédios de 4 e 5 pisos, veio ocultar; 1887 - Instalação da Caixa Geral de Depósitos no Palácio Sobral, ao Calhariz; 1917 - a antiga Tv. da Estrela passa a chamar-se R. Luísa Todi; 1945 - Instalação do Instituto do Vinho do Porto no Palácio Ludovice, projecto do Arq.to Jorge Segurado; 1989 - criação do Gabinete Técnico do Bairro Alto e início de uma política camarária de reabilitação urbana do bairro; nas duas últimas décadas do séc. 20 conhece significativa dinâmica sócio-cultural, em grande parte dependente da actividade nocturna de restaurantes e bares; 2002 - corte do trânsito autómovel em algumas das artérias do Bairro; 2004, 11 novembro - despacho de abertura do processo de classificação pelo presidente do IPPAR; 2005, 29 setembro - proposta da DRCLVT para criação da ZEP; 2008, 23 abril - parecer favorável do Conselho Consultivo do IGESPAR, I.P. sobre a proposta da DRLisboa para a classificação como IIP; 23 maio - parecer favorável do Conselho Consultivo do IGESPAR, I.P. sobre a proposta de criação da ZEP; 2009, 11 novembro - despacho de homologação da Ministra da Cultura para a classificação como IIP; despacho de homologação da Ministra da Cultura para a ZEP Conjunta do Bairro Alto e Imóveis Classificados na sua Área Envolvente. |
Dados Técnicos
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Coexistência de diversos tipos estruturais: edifícios de alvenaria anteriores a 1755, edifícios de gaiola da época pombalina, edifícios de alvenaria do tipo "gaioleiro", edifícios com estrutura mista em alvenaria e betão armado, edifícios de betão armado com grande percentagem de alvenaria de preenchimento, edifícios com estrutura integral em betão armado. Em geral, apresentam paredes exteriores rebocadas e pintadas, pontualmente revestidas a azulejo ou alvenaria de pedra, esta última sobretudo nos embasamentos. Coberturas em telha de meia cana, telha lusa e telha marselha. Vãos em cantaria de calcário, por vezes com gradeamentos em ferro forjado. Pavimento urbano em calçada portuguesa, com paralelepípedos de basalto e granito |
Materiais
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Pedra: calcário, cal e areia, tijolo, betão armado, madeira, telha cerâmica: meia cana, lusa e marselha, ferro forjado, azulejo |
Bibliografia
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CASTILHO, Júlio, Lisboa Antiga - Bairro Alto, Vol. III, Lisboa, 1956; HORTA CORREIA, José Eduardo, "Arquitectura - Maneirismo e Estilo Chão", História da Arte em Portugal - O Maneirismo, Lisboa, Publicações Alfa, 1986, vol. VII, pp. 93-136; NEVES, Branca das, coord., B A: recuperação e reabilitação / Gabinete para a Recuperação do Bairro Alto do Departamento de Conservação de Edifícios da Câmara Municipal de Lisboa, Lisboa, 1989; CABRITA, António Reis, Manual de Apoio à Reabilitação dos Edifícios do Bairro Alto, CML, 1989; CARITA, Hélder, Bairro Alto: Tipologias e Modos Arquitectónicos, Lisboa, 1990; HORTA CORREIA, José Eduardo, Arquitectura Portuguesa. Renascimento, Maneirismo, Estilo Chão, Lisboa, Editorial Presença, 1991; CALADO, Maria e FERREIRA, Vítor Matias, Lisboa: Freguesia de Santa Catarina e Freguesia da Encarnação - Bairro Alto, Lisboa, 1992; LISBOA 94, Roteiro Cultural dos Pátios e Vilas da Sétima Colina, Lisboa, 1994; CARITA, Helder, "O Bairro Alto e a Legislação Urbana para Lisboa nos Séc.s XVI e XVII",in Lisboa Iluminista e o seu Tempo, Lisboa,1994; ROSSA, Walter, "A Cidade Portuguesa", História da Arte Portuguesa, Lisboa, Círculo de Leitores, 1995, vol. III, pp. 233-323; CARITA, Helder, Lisboa Manuelina e a Formação de Modelos Urbanísticos da Época Moderna (1495 - 1521), Lisboa,1998; TEIXEIRA, Manuel C. e VALLA, Margarida, O Urbanismo Português - sécs. XIII a XVIII, Lisboa, 1999; FRANÇA, José-Augusto, Lisboa: Urbanismo e Arquitectura, 4ª ed., Livros Horizonte, Lisboa, 2000 (verificar data da 1ª ed.); AAVV, Universo Urbanístico Português 1415-1822. Actas do Colóquio Internacional 1999, Lisboa, CNCDP, 2001. |
Documentação Gráfica
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CML:Gabinete Técnico Local do Bairro Alto; Museu da Cidade; Arquivo Histórico da CML; GEAEM; Instituto Português de Cartografia e Cadastro; Arquivo Histórico do Ministério das Obras Públicas |
Documentação Fotográfica
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IHRU: DGEMN/DSID; CML: Arquivo Fotográfico |
Documentação Administrativa
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CML: Gabinete Técnico Local do Bairro Alto; Museu da Cidade: João Nunes Tinoco, Planta da Cidade de Lisboa de 1650, MC.DES.1084, João Pedro Ribeiro, Planta Topográfica da Cidade de Lisboa, MC.GRA.35, Planta Parcial de Lisboa (pombalina), MC.DES.1407, Duarte José Fava, Carta Topográfica de Lisboa e seus Subúrbios de 1807, MC.GRA.481.1 a 481.3, Cópia da Planta do Novo Projecto do Sítio da Cotovia de 1822, MC.DES.1406, Filipe Folque, Carta Topográfica da Cidade de Lisboa de 1856-1858, esc. 1:1000, MC.GRA.480; Instituto Português de Cartografia e Cadastro: Planta Topográfica da Cidade de Lisboa compreendendo na sua extensão a beira mar..., c. 1780, planta nº 356; Arquivo da CML: Silva Pinto, Levantamento Topográfico de Lisboa de 1904-1911, esc. 1:1000 |
Intervenção Realizada
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CML: Gabinete Técnico do Bairro Alto e/ou privados - entre 1987 e 1989 foram realizadas obras em diversos edifícios do bairro, no âmbito do programa RECRIA: Alto do Longo 48/50; Calçada do Combro 15/19, 21/23, 59/65, 81/85, 84; Calçada do Tijolo 21/23, 29, 37/37A, 39, 41/43; Pátio do Tijolo 6/8, 7/9, 11, 51/59; Rua da Atalaia 31/37, 48/50, 51/55, 52/56, 64, 111/113, 115, 146/160; Rua da Barroca 93/99, 110/114, 116/120; Rua dos Caetanos 5/9, 17/19, 18, 34/36; Rua D. Pedro V 4/6, 38/40, 50/54, 78/80, 94/98; Rua do Diário de Notícias 11/13, 17/19, 28/23, 29/31, 30/36, 42/48, 45/47, 57, 68/74, 88, 108, 119/123, 120, 122, 135/137, 139/143; Rua das Gáveas 38/46, 49/53, 55/61, 74/78, 75/77, 80, 91/95, 97/101, 105; Rua do Grémio Lusitano 23, 32/36; Rua do Loreto 44/50; Rua Luísa Todi 10, Rua Luz Soriano 20/24, 31/35, 34/36, 39/45, 44/52, 47/53, 60/66, 63/65, 74/78, 80/82, 148, 158/160, 166/170; Rua da Misericórdia 147; Rua dos Mouros 17/25, 27/29, 32, 38; Rua do Norte 13/15, 38/46, 45/49, 55/63, 65/69, 71/77, 81/85, 78/82, 92/94, 99, 125/129; Rua Nova do Loureiro 27/31, 37, 39, 41, 49/55, 73, 79/81; Rua da Rosa 5, 7/13, 15/29, 19/21, 51/57, 52/56, 73/77, 79/83, 80/82, 87/97, 99/107, 128, 130/134, 137/143, 151/155, 158/164A, 169/171, 219/223, 213/217, 224/226, 228/236, 238/242, 239, 244/252, 309/315; Rua das Salgadeiras 13, 42/44, Rua de São Boaventura 15/17, 30/34, 36, 53/63, 85/87, 91/95, 99/103, 105/111, 115/123; Rua de São Pedro de Alcântara 5, 71, 79; Rua do Século 6/12, 14/22, 31, 41/59, 50/54, 65, 107/109, 128, 138, 145/147, 150/152, 158, 160, 166, 167, 232/240; Rua do Teixeira 6/8, 10/12, 37; Rua do Trombeta 2/6; Rua da Vinha 2/4, 12/14, 17, 25/27, 26/28, 35, 39/41, 46, 51; Travessa Água da Flor 9/13, 15/23, 29, 40/44; Travessa do Conde de Soure 13, 40/44; Travessa da Cruz de Soure 7/11, 15/19, 16, 21/23; Travessa da Espera 2/14, 42, 54/56; Travessa dos Fiéis de Deus 50/52, 58, 60/64, 77/81, 89/90/103/105/109, 111; Travessa dos Inglesinhos 1/3, 50/52; Travessa das Mercês 9/13; Travessa do Poço da Cidade 5/13, 38/40; Travessa da Queimada 26/28, 30/34, 38, 40/44 |
Observações
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*1 O conjunto inventariado também se encontra incluído na freguesia de Santa Catarina. *2 Actualmente, a circulação nas artérias interiores do Bairro Alto encontra-se condicionada, com apenas algumas vias abertas ao trânsito, nomeadamente: a Rua da Rosa, Rua Luísa Todi, Travessa do Conde de Soure, Calçada do Tijolo, Rua João Pereira da Rosa, Rua Nova do Loureiro, Travessa da Cruz de Soure, Rua dos Caetanos, Rua da Vinha, Rua de São Boaventura, Rua Luz Soriano, Pátio do Tijolo e Alto do Longo, todas elas situadas a O. da R. da Rosa. |
Autor e Data
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Cláudia Morgado 2003 |
Actualização
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