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Edifício e estrutura Edifício Residencial unifamiliar Casa Palácio
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Descrição
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Extensa construção de planta rectangular e volumetria escalonada, desenvolve-se em dois pisos e quinze tramos em que dominam as linhas horizontais. Desenvolvendo-se ao longo da rua da Junqueira, é temperado pela composição em altura de um corpo central e dois corpos extremos extremamente marcantes na estrutura do alçado principal, virado a Sul. O corpo central constitui o eixo de simetria e, avança em relação ao corpo principal o suficiente para evidenciar a sua função de acesso e entrada no espaço interior do Palácio. Nele, rasga-se um portão, ladeado por outros mais estreitos, ambos cobertos por uma varanda que abarca as três aberturas do piso superior. Sobre este conjunto levanta-se o frontão triangular, com as armas dos Câmaras, encostado a um alto espaldar, coroado por platibanda arrendada e ornada de acrotérios sendo a cobertura feita por telhados diferenciados a duas e a quatro águas. Uma forte cornija parte então da base do frontão, ao longo de toda a fachada, continuando pelas faces laterais, acompanhada por platibanda semelhante à do corpo central. Os corpos laterais, idênticos, desenvolvem-se em dois níveis, cada um animado pelo rasgamento de seis janelas, de peito no piso térreo e de sacada no piso superior, sendo as duas dos extremos, de emolduramento mais elaborado e coroadas por áticas. Lateralmente delimitados por cunhais de cantaria, os corpos laterais apresentam ainda um remate superior em platibanda vasada e cobertura em terraço. O alçado posterior, sobre os terrenos dos antigos jardins, apresenta cinco corpos, sendo os do meio e extremos de dois pisos, ao contrário dos intermédios que se desenvolvem apenas ao nível térreo. O corpo central é também aqui rematado por frontão triangular coroado com a pedra de armas dos condes da Ribeira Grande. No extremo mais ocidental do Palácio surge a fachada principal da capela de invocação a Nossa Senhora do Monte do Carmo que apresenta três corpos de dois andares correspondentes: o do meio, ao interior da nave, e os outros, mais estreitos, ás capelas laterals e ás tribunas. O primeiro é coroado por frontão triangular, sobrepujado por um elevado ático, onde se rasga uma clarabóia semicircular. A concordância com os corpos laterais faz-se por aletas curvas. A ordem e a simetria exteriores não têm correspondência no interior do palácio, onde a planta é dificilmente legível, uma vez que a sequência de espaços se efectua sem qualquer principio de composição ; o que demonstra que a fachada foi aposta a um conjunto de acrescentamentos. Isto explica certas incongruências, sendo a primeira que a entrada que figura como principal, uma vez transposta a porta, pareça menos que secundária, apenas uma passagem de recurso, sem acesso ao andar nobre. No interior merece ainda referência a antiga capela, com planta rectangular quase quadrada, nave única e capelas laterais, sobrepujadas, no nível superior pelas tribunas, apresenta a cobertura vasada ao centro ostentando um varandim de balaústres. Na capela-mor, coberta por abóbada de berço segmentar, observa-se o retábulo delimitado lateralmente por 2 colunas e superiormente por um frontão curvo, enquadra uma composição pictórica tendo por temática o orago, da autoria de Máximo Paulino dos Reis. |
Acessos
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Rua da Junqueira, n.º 62 a 78 |
Protecção
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Incluído na Zona Especial de Proteção conjunta da Capela de Santo Amaro (v. IPA.00006224), Palácio Burnay (v. IPA.00006535), Salão Pompeia (v. IPA.00006536) e Casa Nobre de Lázaro Leitão Aranha (v. IPA.00006221) |
Enquadramento
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Edificado numa antiga zona de ocupação de cariz aristocrático caracterizada pela existência de um número significativo de casas nobres de características eminentemente barrocas. Numa situação sobranceira ao rio, materializa-se sobre um terreno rectangular de acentuada direcção Nordeste/Sudoeste paralelo ao eixo que define a Rua da Junqueira, contribuindo de forma significativa para a composição e definição do plano de rua. Integrada num conjunto urbano consolidado, é limitada a Sul pela rua da Junqueira e a Oeste pela Travessa Conde Ribeiro e encontra-se adossado ao Palácio Burnay (v. PT031106020121). |
Descrição Complementar
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A capela tem ornatos e estuques com pinturas a têmpera que representam motivos relacionados com a invocação da capela, dedicada a Nossa Senhora do Carmo. A pedra de armas tem a leitura heráldica é a seguinte: de verde com uma torre coberta de prata, rematada por uma cruzeta de ouro, e sustida por 2 lobos rampantes de sua cor afrontados. Divisa: Pela Fé, Pelo Príncipe, Pela Pátria. |
Utilização Inicial
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Residencial: casa |
Utilização Actual
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Devoluto |
Propriedade
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Privada: pessoa colectiva |
Afectação
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Sem afectação |
Época Construção
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Séc. 18 |
Arquitecto / Construtor / Autor
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Cronologia
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1701 - edificação de umas casas nobres neste local, pelo 2º marquês de Nisa, D. Francisco Luís Baltazar da Gama; c. 1730 - venda das casas nobres da Junqueira pelo 4º marquês de Nisa (pelo seu casamento com a herdeira desta casa), D. Nuno Teles da Silva (1709 - 1739), a D. José Zarco da Câmara, 4º conde da Ribeira Grande (1712 - 1757); 1754 - nascimento no palácio de D. Luís António José da Câmara, 6ª conde da Ribeira Grande, 1º elemento desta família a nascer no palácio da Junqueira; 1755 - o terramoto afecta pouco o edifício; Séc. 19, meados - obras de reedificação, empreendidas por D. Francisco de Sales Gonçalves Zarco da Câmara, 8º conde e 1º marquês da Ribeira Grande (1819 - 1872); 1852 - nasce no palácio D. João Gonçalves Zarco da Câmara, filho do 1º e único marquês da Ribeira Grande, que se distinguiria como poeta e dramaturgo; 1922 - colocação na fachada do palácio de uma lápide alusiva a D. João da Câmara; 1927 - a capela foi desanexada do núcleo principal do palácio, tendo sido vendida por D. Rui da Câmara (irmão do 10º conde, D. Vicente de Paula Gonçalves Zarco da Câmara) à sua sogra D. Amélia Burnay Morales de los Rios; 1930 - o palácio era pertença de D. Maria João da Câmara Bianchi (filha do 10º conde da Ribeira Grande) e parcialmente habitado por D. Eugénia de Melo Breyner (m. 1947), viúva de D. João da Câmara; 1929 - encontra-se instalado no edifício há já alguns anos o Colégio Arriaga; 1936 - é proprietário do edifício Gabriel José de Bianchi; 1936 - abertura do Colégio Novo de Portugal, instalado em parte do edifício; 1937 - o edifício é posto à venda; 1939 - a parte principal do palácio encontrava-se então ocupada pelo Liceu D. João de Castro; 1947 - o edifício é parcialmente habitado por D. Maria de Jesus Zarco da Câmara, filha de D. Eugénia de Melo Breyner; 1954 - o edifício permanecia ainda na posse da família dos condes da Ribeira Grande; 1963 - encontrava-se instalado em parte do edifício o Liceu Rainha D.Leonor e a capela era propriedade de José Rino de Avelar Frois, marido de uma filha e herdeira de D. Amélia Burnay Morales de los Rios; 1991, 18 janeiro - proposta de abertura do processo de classificação pelo IPPC; 07 fevereiro - Desapcho de abertura do processo de classificação pelo presidente do IPPC; 1998, Agosto - elaboração da Carta de Risco do imóvel pela DGEMN; 2002 - secessão da actividade escolar do Liceu Rainha Dona Amélia; 2009, 23 outubro - o processo de classificação caduca nos termos do artigo 78.º do Decreto-Lei n.º 309/2009, DR, 1.ª série, n.º 206, publicado nesta data; 2010, 31 dezembro - proposta de revogação do despacho de abertura do processo de classificação pela DRCLVTejo. |
Dados Técnicos
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Paredes autoportantes, estrutura mista |
Materiais
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Alvenaria mista, reboco pintado, cantaria de calcário, mármore, estuques pintados, madeira dourada e pintada, ferro forjado |
Bibliografia
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LAMAS, Artur, A Rua da Junqueira, Lisboa, 1922; ARAÚJO, Norberto de, Peregrinações em Lisboa, Livro 9, Lisboa, s.d.; LEÃO, Luís Ferros Ponce de, Portas e Brasões de Lisboa, Lisboa, s.d.; SANCHES, José Dias, Belém e Arredores Através dos Tempos, Lisboa, 1940; ARAÚJO, Norberto de, Inventário de Lisboa, Fasc. 7, Lisboa, 1950; VIDAL, Frederico Gavazzo Perry, Os Velhos Palácios da Junqueira, in Olisipo, Ano XVIII, Nº 71, Jul. 1955; POVOLIDE, Condessa de, A Nossa Junqueira, Lisboa, 1959; SOUTO, António de Azevedo Meyrelles do, Uma Relíquia Setecentista em Via de Desaparecer, in Olisipo, Ano XXVI, Nº 102, Abr. 1963; SANCHES, José Dias, Belém do Passado e do Presente, Lisboa, 1970; FERREIRA, Fátima, DIAS, Francisco S., CARVALHO, José S., PEREIRA, Nuno Teotónio, PONTE, Teresa N. da, Guia |
Documentação Gráfica
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Documentação Fotográfica
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IHRU: DGEMN/DSID |
Documentação Administrativa
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IHRU: DGEMN/DSID, Carta de Risco; CML: Arquivo de Obras, pº nº 11.797 |
Intervenção Realizada
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1930 - obras de pintura exterior; 1935 / 1936 - obras de reparação; 1940 - obras de pintura exterior; 1941 - obras de reparação do pavilhão do jardim e muro de suporte; 1950 - obras de pintura exterior; 1990, década - conservação da zona central; 1997 - conservação da cobertura na zona lateral direita. |
Observações
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Autor e Data
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Teresa Vale e Carlos Gomes 1995 / João Marques e Ricardo Porfírio 2003 |
Actualização
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Lobo de Carvalho 1998 |
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