Capela de São Vicente dos Gafos / Igreja de São João Baptista

IPA.00004921
Portugal, Leiria, Óbidos, Santa Maria, São Pedro e Sobral da Lagoa
 
Arquitectura religiosa, gótica, renascentista e barroca. Igreja de planta longitudinal composta pelo corpo da igreja, capela-mor e sacristia. As cobertura são em telhados de 2 águas e cúpula na torre sineira. A estrutura original é visível na delimitação dos cunhais e contrafortes, na marcação interior das arcadas da primitiva galilé, onde, numa delas, se construiu o baptistério e na capela-mor nervurada.
Número IPA Antigo: PT031012050043
 
Registo visualizado 836 vezes desde 27 Julho de 2011
 
   
   

Registo

 
Edifício e estrutura  Edifício  Saúde  Gafaria    

Descrição

Planta regular longitudinal composta pelo corpo da igreja, capela-mor e sacristia, com cobertura diferenciada em telhados de 2 águas e cúpula na torre sineira. Fachada principal voltada a N., de um pano delimitado por cunhais de cantaria encimados por pináculos de bola, aberta por um portal de moldura rectangular de cantaria decorada; sobre este uma janela de brincos, de iluminação ao coro e nave, também de moldura rectangular em cantaria; ao lado esquerdo da porta uma estela quadrangular com uma estilização da cruz gravada, remate em empena truncada, onde assenta uma cruz em pedra. Alçado E. com cinco janelas para iluminação do interior e duas portas, uma de acesso lateral à nave, em cantaria chanfrada e outra de acesso à sacristia. No alçado O. existe um corpo ligeiramente saliente que contém a escadaria interior de acesso a partir da nave ao coro; nele existe uma porta que comunica com o exterior e uma pequena janela. Neste alçado existem duas janelas para iluminação da nave e uma passagem em redor deste alçado, que separa a igreja das terras do cemitério. A torre sineira tem planta rectangular, rematando com uma zona de campanário na qual se rasgam, em cada um dos alçados, janelas de arco de volta perfeita. É rematada nos cunhais por fogaréus e pinhas. No topo existe um cata-vento com um galo sobre uma bola. O exterior apresenta, ainda, um lambrim pintado com cal cinzenta, bem como cunhais em cantaria e uma sequência de cinco contrafortes, também em cantaria, rematados por pinhas. O primeiro contraforte está à meia esquadria, o segundo alinhado, o terceiro também à meia esquadria, mas de forma inversa, delimitando a nave, o quarto contraforte é da capela-mor e o quinto da sacristia. INTERIOR de uma só nave, com pavimento em tijoleira e lajes de pedra na zona do presbitério. O tecto é de caixotões com três planos. A entrada é resguardada por um guarda-vento de duas folhas, ao lado direito encontra-se o baptistério com a sua pia baptismal, tecto em abóbada de berço e pequeno armário de parede ao lado esquerdo e uma fresta (emparedada) ao lado direito; ao lado esquerdo da entrada, em simetria com o baptistério, existe um arco de volta perfeita aberto na espessura da parede. O coro, em madeira policromada e com balaustrada, é sustentado por duas colunas de pedra, de fuste liso, as quais assentam em bases que contêm, cada uma, as pias de água benta. Na nave, ao lado direito, uma porta de acesso à escadaria do coro e, ao lado esquerdo, o púlpito, assente numa coluna de fuste liso e, logo a seguir, uma porta de comunicação com o exterior. A comunicação com a capela-mor é feita a partir de um arco triunfal de volta perfeita, guarnecido a cantaria trifacetada, estando sobre esta um vão aberto na espessura da parede, também guarnecido a cantaria, o qual ostenta um crucifixo. Lateralmente ao arco, duas mísulas em pedra para suporte de imagens. Capela-mor de cúpula nervurada, cujos espaços livres são decorados com brutescos. O altar, assente num patamar de dois degraus, é em alvenaria, forrado a madeira, com a banqueta entalhada, policromada e dourada. O retábulo é barroco, em talha dourada e policroma, apresentando o sacrário ao meio e uma tela, preenchendo a boca do trono, representando o padroeiro São João Batista, bem como duas mísulas de suporte de imagens. Nas paredes laterais da capela-mor existem dois armários, uma janela de iluminação no lado esquerdo e uma porta de comunicação com um corredor da sacristia, no lado direito. A sacristia tem comunicação com o exterior e com a torre sineira. O acesso à zona do campanário é feito a partir de uma escadaria de pedra em espiral.

Acessos

Rua do Cemitério

Protecção

Incluído na Zona Especial de Protecção do Castelo (v. PT031012040001) e Núcleo urbano da vila de Óbidos (v. PT031012040050)

Enquadramento

Urbano, extra-muros, nas proximidades da Porta da Vila, situada uma elevação acima do caminho de acesso à vila. Por de trás da torre sineira, o cemitério velho com portão voltado a E.

Descrição Complementar

Utilização Inicial

Saúde: gafaria

Utilização Actual

Religiosa: igreja / Cultural e recreativa: museu

Propriedade

Privada: Igreja Católica

Afectação

Sem afectação

Época Construção

Séc. 14 / 16 / 18

Arquitecto / Construtor / Autor

PINTOR: Manuel André, da oficina do pintor Garcia Fernandes (atr.)

Cronologia

1309 - Rainha Santa Isabel manda construir o hospital dos Gafos e a Capela de São Vicente; Séc. 16 (primeiro quartel) - D. Joao III integra o património da Gafaria e a Capela de São Vicente nos bens da Santa Casa da Misericórdia de Óbidos; 1530 / 1550 - executam-se obra de ampliação da nave e instala-se novo portal; instalação de um novo retábulo das oficinas de Garcia Fernandes; 1636 - assinatura do contrato de cedência do espaço da Capela de São Vicente para aí instalar a sede da colegiada e paróquia de São João Batista do Mocharro; Séc. 18 (segunda metade) - em consequência do terramoto fizeram-se algumas obras no edifício, nomeadamente a restruturação dos vãos de janelas, retábulo e torre sineira; Séc. 20 - Auto de entrega dos bens à Igreja Católica prevê a entrega da Igreja de São João à alçada da paróquia de São Pedro; séc. 20 (2ª metade) - é utilizado como capela mortuária; 2003 - abertura da igreja como Museu Paroquial com uma exposição de Madre pérolas da Colecção do Mestre Domingos Soares Branco; 2004 - exposição sobre "O Rosário"; 2006, 8 de Abril - Inauguração da exposição "A Trindade - O mistério de Deus"..

Dados Técnicos

Paredes autoportantes

Materiais

Alvenaria, cantaria, madeiramentos na cobertura da nave e sacristia, cúpula de nervuras na capela-mor

Bibliografia

Memórias Históricas, Óbidos, 1985; BETTENCOURT DA CÂMARA, Teresa, Óbidos Arquitectura e Urbanismo Séculos XVI e XVII, Óbidos, 1990; SILVA, Manuela Santos, A Região de Óbidos na Época Medieval, Col. Estudos, PH - Estudos e Documentos, Caldas da Rainha, 1994; PEREIRA, José Fernandes, Óbidos, Lisboa, 1988; BOTELHO, Joaquim da Silveira, Óbidos Vila Museu, Óbidos, 1996; GORJÃO, Sérgio, A Igreja de S. João Baptista de Óbidos ( Antiga Capela de S. Vicente), col. Essencial Descobrir Óbidos - nº 11, CMO, Óbidos, 2003

Documentação Gráfica

Documentação Fotográfica

DGEMN: DSID

Documentação Administrativa

Intervenção Realizada

1950 - obras de restauro no pavimento da igreja; Fábrica da Igreja: 2000 - obras gerais de conservação: Reparação das coberturas, consolidação e substituição de madeiramentos do tecto da nave, fechamento dos espaços entre as cantarias e picagem e reboco exteriores e interiores das paredes; 2002 / 2003 - Obras de adaptação a Museu Paroquial: construção de vitrines para as paredes da nave e nichos da capela-mor, colocação de guarda-vento de vidro, construção de balcão de atendimento entre as colunas do coro-alto e o guarda-vento original, transformação do coro-alto em pequeno auditório.

Observações

Do espaço primitivo, de inícios do séc. 14, pouco se observa, devendo o imóvel ter sofrido obras profundas no séc. 15. A nave apresenta uma configuração excessivamente sobre-comprida, o que deve corresponder a uma ampliação do espaço primitivo ocorrida durante o reinado de D. João III. No exterior existem contrafortes que apontam para a possibilidade da capela inicial terminar no limite dos segundos contrafortes. No séc. 16 a nave deverá ter crescido numa área de alpendre ou de adro, sendo-lhe colocado o pórtico que actualmente se observa, em estilo renascentista, o mesmo se poderá ter passado com o corpo da capela-mor, esse genuíno, parecendo ter sido ampliado posteriormente, embora com a adopção das mesmas soluções estéticas, para dar espaço à sacristia.

Autor e Data

Sérgio Gorjão 1998

Actualização

Cecília Matias 2003
 
 
 
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