Igreja da Santa Casa da Misericórdia de Óbidos

IPA.00004770
Portugal, Leiria, Óbidos, Santa Maria, São Pedro e Sobral da Lagoa
 
Arquitectura religiosa maneirista e barroca. Igreja da Misericórdia de nave rectangular ampla, apresentando ao fundo, num só pano, os 3 arcos dos retábulos, levantados sobre um patamar de um degrau contínuo.
Número IPA Antigo: PT031012040028
 
Registo visualizado 753 vezes desde 27 Julho de 2011
 
   
   

Registo

 
Edifício e estrutura  Edifício  Religioso  Templo  Igreja de Confraria / Irmandade  Misericórdia

Descrição

Edifício de planta regular longitudinal, de volumes articulados, composta pelo corpo da igreja e capela-mor, com cobertura diferenciada em telhados de duas águas. A fachada principal orientada a O., é dividida em dois andares por uma faixa moldurada: no inferior apresenta um portal de cantaria decorada guarnecido com volutas sobrepujado de frontão segmentar interrompido que combina duas volutas em asa de morcego inscritas num frontão curvo que emoldura um nicho de arco de volta perfeita com uma imagem da Virgem com o Menino, em cerâmica a azul e branco, vidrada, assente numa peanha revestida a azulejos policromos do séc. 17, com inscrição na base M(ARIA) M(ATE)R M(ISERICOR)D(I)È. Encimando o nicho um pequeno frontão angular interrompido, ostentando as armas reais. No andar superior, no eixo do portal, existe um janelão com grades para iluminação do coro e da nave, sobrepujado por uma lápide com a memória das obras ocorridas em 1744. Junto ao vértice da empena, um pequeno óculo de ventilação e, no cume, uma cruz de pedra; ao lado esquerdo um campanário em cantaria. A cerca de metade da altura da igreja, no limite do cunhal em cantaria visível, existe um friso com vários registos. O beiral assenta numa sanca moldurada de massa. A fachada N. confina com o edifício do Museu Municipal (v. PT031012040050), mostrando apenas os extremos, onde se rasga uma janela de iluminação à nave e uma outra de iluminação ao coro. A fachada S. tem duas janelas para iluminação da nave e a restante parte da parede confina com a casa do despacho e enfermarias da Santa Casa da Misericórdia. Na fachada E. existe um óculo de respiração ao intra-dorso e um corpo saliente que corresponde à capela-mor, iluminada por um lanternim. O INTERIOR de uma só nave, com pavimento em lajes de pedra calcária, sendo a zona do presbitério e capela-mor em lajes de mármore branco e preto aplicados à meia esquadria; tecto em abóbada de arco de volta perfeita revestido a madeira. A entrada é resguardada por um guarda-vento de duas folhas e duas portas laterais, todas elas com bandeiras envidraçadas, sob o coro-alto, em madeira policromada e com balaustrada, sustentado por duas colunas de pedra e duas meias colunas aos extremos, todas de fuste liso e pintadas com motivos vegetalistas. Na nave, ao lado direito, um púlpito ricamente esculpido, coroado com frontão triangular sobre o qual foi aplicado um baldaquino de madeira e uma porta de acesso à casa do despacho, sendo as cantarias que guarnecem este pórtico chanfradas. Ao lado esquerdo, um cadeiral em madeira policromada e dourada, com espaldar e resguardo frontal. No extremo de cada uma destas paredes existem duas portas, a do lado direito de acesso à enfermaria e, a do lado esquerdo, à sacristia. No muro do topo, flanqueando o arco triunfal, dois arcos dão acesso às capelas colaterais do Senhor dos Passos no lado oposto e, ao lado do evangelho, a capela colateral de Nossa Senhora das Dores. A comunicação com a capela-mor é feita a partir de um arco triunfal de volta perfeita, encimado pelas armas reais de D. João V. A parte disponível de parede sobre os arcos encontra-se decorada com cinco telas de André Reinoso, representando cenas dos Passos e do Calvário. A capela-mor tem abóbada de berço rasgada com lanternim; é ainda iluminada por dois óculos rasgados lateralmente. O altar, assente num patamar de dois degraus, tem uma maquineta que permite ver a imagem do Senhor Morto; retábulo em talha dourada e policroma, apresentando o sacrário ao meio (não sendo este de época) e uma tábua representando a Visitação da Virgem a Santa Isabel, ladeada de dois pares de colunas estriadas; o conjunto do retábulo é coroado por um Pentecostes. Nas paredes laterais da capela-mor existem dois armários com guarnição de cantaria barroca. A sacristia tem uma porta de comunicação para a igreja e uma janela, bem como dois armários de parede, um arcaz, um lavatório em cantaria, uma pia de água benta e uma zona de acesso ao telhado.

Acessos

Largo da Misericórdia

Protecção

Incluído no Núcleo urbano da vila de Óbidos (v. PT031012040050)

Enquadramento

Urbano, flanqueado, adossado ao edifício da Santa Casa, (v. PT031012040042), no Largo da Misericórdia. Implantação harmónica, antecedido por pequeno largo empedrado com escadaria e com o Cruzeiro da Misericórdia (v. PT031012040044).

Descrição Complementar

Utilização Inicial

Religiosa: igreja de confraria / irmandade

Utilização Actual

Religiosa: igreja

Propriedade

Privada: Misericórdia

Afectação

Sem afectação

Época Construção

Séc. 16 / 17 / 18

Arquitecto / Construtor / Autor

Oficina de Garcia Fernandes, em Lisboa; Mestre Álvaro Fernandes; Mestre pedreiro Luís Fernandes; Pintores: Belchior de Matos, André Reinoso, Bento Coelho da Silveira

Cronologia

Séc. 15 - No mesmo local existia uma capela dedicada ao Espírito Santo; Séc. 16 (primeiro quartel, c. 1513 / 1515) - Fundação da Misericórdia de Óbidos e construção de nova capela; c. 1540 / 1550 - Construção de um retábulo na oficina de Garcia Fernandes em Lisboa; 1580 / 1590 - Diogo Teixeira pinta a Bandeira da Misericórdia; 1596 - Construção do púlpito por mestre Álvaro Fernandes; 1599 - campanha de obras a cargo do mestre pedreiro Luís Fernandes; 1613 - Substituição do retábulo por outro da autoria do pintor caldense Belchior de Matos; 1620 (década de) - Revestimento azulejar da nave da igreja com azulejos de padrão policromos; 1623 - Data inscrita na bandeira da porta, relativa a Obras; 1628 - Substituição do segundo retábulo por um novo da autoria do pintor André Reinoso e execução das pinturas da nave, colocadas sobre as capelas colaterais e arco triunfal da capela-mor; 1630 - teve um Calvário no arco cruzeiro; Séc. 17 (segunda metade) - Bento Coelho da Silveira Pinta a segunda Bandeira da Misericórdia; 1678 - campanha de restauro na igreja, coberta então de azulejos; 1712 - o Padre Carvalho da Costa refere a Misericórdia como tendo 700$000 de renda, com três capelães e 7 mercearias apresentadas pela Mesa da Consciência de Ordens; 1744 - Obras de reforma assinaladas com uma lápide na fachada; 1740 (década de) - Construção ou guarnecimento dos armários de parede da capela-mor (desenho da autoria do Capitão Rodrigo Franco, arquitecto do Santuário do Senhor Jesus da Pedra ?); 1774 - obras de restauro e beneficiação de que data o portal actual; Séc. 18 (meados) - Pintura no tecto com as armas reais e motivos vegetalistas.

Dados Técnicos

Paredes autoportantes

Materiais

Pedra, madeira, azulejos

Bibliografia

COSTA, P. António Carvalho da, Corografia Portugueza..., 2.ª ed., tomo III, Braga, 1869 [1.ª ed. de 1712]; Guia de Portugal (Estremadura, Alentejo e Algarve), 1ª. ediçao, Lisboa, 1927; Memórias Históricas, Óbidos, 1985; PEREIRA, José Fernandes, Óbidos, Lisboa, 1988; BETTENCOURT DA CÂMARA, Teresa, Óbidos Arquitectura e Urbanismo Séculos XVI e XVII, Óbidos, 1990; GORJÃO, Sérgio, Santo António em Óbidos - Instrodução a um Estudo de Iconografia, Torres Novas, 1996; BOTELHO, Joaquim da Silveira, Óbidos Vila Museu, Óbidos, 1996; CANAS, José Fernando, Da Árvore ao Museu. Um Caso Curioso em Óbidos, in Monumentos 9, DGEMN, Setembro, Lisboa, 1998

Documentação Gráfica

Documentação Fotográfica

DGEMN: DSID

Documentação Administrativa

DGEMN: DRML; CMO; Arquivo da Santa Casa da Misericórdia de Óbidos

Intervenção Realizada

1989 - Arranjo da cobertura exterior; DGEMN: 1997 / 1998 - Levantamento, tratamento, limpeza geral e recolocação dos azulejos; construção de sala subterrânea, com acesso ao museu, para área expositiva; SCMO: 2000 - Arranjo e pintura do tecto da nave; 2005 - Restauro das duas telas sobre as capelas colaterais de autoria de André Reinoso.

Observações

A imagem da Virgem e o Menino no nicho exterior do pórtico de entrada é bastante rara e encontra-se a necessitar de restauro urgente. Da primitiva capela do Espírito Santo parece apenas restar a porta lateral de acesso à casa do despacho (eventualmente do séc. 14 ou 15).

Autor e Data

Sérgio Gorjão 1998

Actualização

João Seabra 1998
 
 
 
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