Solar da Praça de Santa Maria / Solar dos Brito Pegado / Casa Malta

IPA.00004764
Portugal, Leiria, Óbidos, Santa Maria, São Pedro e Sobral da Lagoa
 
Casa nobre maneirista e barroca.
Número IPA Antigo: PT031012040034
 
Registo visualizado 698 vezes desde 27 Julho de 2011
 
   
   

Registo

 
Edifício e estrutura  Edifício  Residencial senhorial  Casa nobre    

Descrição

Planta irregular, distribuída em três pisos (zona de cave, rés-do-chão e primeiro andar), sendo a articulação dos volumes preferencialmente na horizontal. Apresenta três fachadas voltadas ao exterior (O., N. e E.) e uma quarta (S.) voltada ao jardim do palácio. A volumetria do imóvel é bastante homogénea, embora se reconheçam elementos que não são próprios de um só período de construção. A frontal, voltada a O., para a Rua Direita, é composta por dois pisos. No rés-do-chão existem duas janelas e três portas e um portão; no piso superior apresentam-se quatro janelas de sacada e, sobre o portão, dois óculos, duas lápides e uma pedra de armas com as Armas dos Brito Pegado. Na fachada lateral, embora secundária, (voltada a N. para a Praça de Santa Maria) observam-se, na cave, a partir do desnível da calçada de comunicação entre a praça e a Rua Direita, três pequenas janelas e um portão; ao nível do rés-do-chão, seis janelas e, repetindo o mesmo esquema no piso superior, outras seis janelas (estas de sacada), sendo a terceira (contando da esquerda), um pouco maior. Na fachada N., voltada à calçada de acesso ao Largo da Misericórdia, temos ao nível da cave (aqui funcionando como um rés-do-chão) uma porta e três frestas (alinhadas com as janelas dos pisos que lhe ficam acima); ao nível do rés-do-chão (aqui como primeiro andar) três janelas e um vão da varanda; no piso superior, três janelas de sacada. A fachada voltada a S., para o jardim, compõe-se de uma escadaria de acesso à varanda do piso intermédio, a qual apresenta largos vaos e, sobre esta varanda, uma outra (formando um terraço) ao nível do piso superior. Remate com cimalha e um beiral. Todo o edifício é cingido por uma barra de cor (lambrim). Um dos cunhais (o que se encontra entre os alçados N. e E.) é em cantaria, lisa, com embasamento. A planta revela alguma dificuldade de articulação dos espaços, não formando ângulos rectos na maior parte das divisões. INTERIOR: Ao nível da cave observam-se cinco divisões principais, uma delas servindo de vestíbulo à escadaria e, outra, dividida por um arco abatido; além destas, existem ainda um corredor de acesso à rua (para as escadas de acesso ao Lg. da Misericórdia), um corredor de acesso ao jardim, uma pequena arrecadação sob as escadas interiores, uma arrecadação sob uma varanda do rés-do-chão e uma escadaria de acesso exterior desse piso ao jardim. O rés-do-chão é composto por pátio que faz a ligação a uma área com dois lavabos públicos e a uma escadaria exterior de acesso ao primeiro andar; aberto para o pátio através de um grande arco abatido, existe um vestíbulo exterior, que por sua vez permite o acesso a uma varanda sobre o jardim e a um saguão, bem como a outro vestíbulo (interior), por onde correm as escadarias internas. Neste piso existem ainda duas grandes salas, um quarto (antiga biblioteca) e uma casa de banho decorada com pinturas em trompe l'oeil. O acesso ao piso superior é feito por escadas exteriores e interiores. Neste piso existem duas grandes salas, um quarto e o hall (que recebe a escadaria). A separaçãs entre os pisos é em laje de betao sendo a única abóbada visível a que liga uma das salas da cave ao jardim. Todo o imóvel, sobretudo o seu interior, encontra-se profundamente adulterado pelas obras de adaptaçao a residência e após um incêndio. O jardim anexo ao palácio, é todo murado, confinando a N. com este imóvel e parte da calçada de acesso ao Largo da Misericórdia, a S. e a O., com a parte posterior de habitações e, a E., com o Largo da Misericórdia. O muro serve de sustentação ao jardim, já que existe um grande desnível entre esta cota e a do Largo da Misericórdia; nele se rasgam quatro janelas voltadas a E., guarnecidas a cantaria, sendo separadas a meio por uma barra decorativa (feita em massa), a qual é rematada por uma estilização de um vaso e por volutas. Na fachada N. deste muro, rasga-se uma porta de comunicação entre a rua e o interior do jardim. O seu interior apresenta dois registos de cota, o superior funcionando como pátio pavimentado a pedra e, o inferior, arrelvado. A vegetação do ajardinamento não assume importância de maior.

Acessos

Rua Direita, Praça de Santa Maria

Protecção

Incluído no Núcleo urbano da vila de Óbidos (v. PT031012040050)

Enquadramento

Urbano, localiza-se na ala S. da Praça de Santa Maria. A sua fachada principal, cinge um segmento da Rua Direita. Fazem parte integrante da sua envolvência a Praça e Igreja de Santa Maria (v. PT03101204003), o jardim da Casa e os restantes imóveis (fronteiros e contíguos) desse segmento da Rua Direita.

Descrição Complementar

Destaca-se neste imóvel o corredor de comunicação de uma das salas da cave com o jardim, feito em abóbada de tijolo, apresentando um lambrim azulejar do séc. 18. Além deste espaço, existem diversos outros padroes azulejares dos séculos 16, 17 e 18, aplicados nas diversas divisões do solar, mas não sendo daí originários. Na cave regista-se a aplicação de cantarias decoradas (manuelina e renascentista), mas não sendo daí originárias. No rés-do-chão, a casa de banho é decorada a partir do lambrim de azulejos, representando-se como que uma tenda e uma prateleira onde se encontram diversos objectos; esta obra está assinada pelo pintor Eduardo Malta (que residiu neste solar). O hall do primeiro andar é também pintado em trompe l'oeil, formando cortinas estilizadas ao gosto déco. Na fachada principal observa-se uma pedra de armas da família Brito Pegado e duas lápides e pedra, decoradas com uma moldura ao gosto barroco, comemorativas da estadia de D. Maria I e de D. Pedro III em Obidos, em 1782. Uma das lápides é redigida em latim e, outra, em português vernáculo; segundo as Memórias Históricas..., a transcrição do texto latino é a seguinte: "D. Maria 1.ª e D. Pedro 3.º, Reis Fidelíssimos de Portugal e dos Algarves, Augustos, Pios Felices, saindo da vila das Caldas infestada das doenças que invadiram a preciosa saúde da Sereníssima Infanta D. Mariana, aonde a amabilíssima Princesa se achava em banhos das águas, elegeram e elevaram a Palácio da sua Real habitaçao esta casa de Joao Félix de Brito Pegado, Fidalgo Cavaleiro e Capitao-mor desta Vila, entrando nela a 11 de Outubro de 1782 e saindo a 19 do dito mês, honrando assim a sua memória e a sua descendência".

Utilização Inicial

Residencial: casa nobre

Utilização Actual

Cultural e recreativa: museu

Propriedade

Pública: municipal

Afectação

Sem afectação

Época Construção

Séc. 17 / 18 / 20

Arquitecto / Construtor / Autor

Desconhecido

Cronologia

Séc. 17, início - construção do imóvel (atestado pelo cunhal em pedra que será desse período); séc. 18 - adaptações e remodelações pós terramoto; 1782 - obras de arranjo do imóvel e benefício do portal da fachada, permanência da Família Real e colocação das placas comemorativas; séc. 19 - o solar é alugado pelos Paços do Concelho; séc. 20 - obras de adaptação a Paços do Concelho; 1927 - criação da Associação dos Bombeiros Voluntários do Concelho de Óbidos, sediada no palácio; 1950, década - incêndio; 1960, inícios - venda em hasta pública e aquisição pelo pintor Eduardo Malta (para oferta à sua mulher Dulce Malta), obras de readaptação do imóvel a residência; 1967 - falece no solar o pintor Eduardo Malta; 1977 - aquisição pela Câmara Municipal de Óbidos, a 17 de Outubro; 2006, 11 Janeiro - Inauguração das novas instalações do Museu Municipal no solar.

Dados Técnicos

Paredes autoportantes

Materiais

No exterior: coberturas em telha mourisca assente em madeiramentos; paredes em alvenaria, rebocada e caiada, com aplicação de cantaria no acabamento dos vãos e em um cunhal (visível), madeiras e vidros nas caixilharias dos vãos (portas e janelas), ferro nas guarnições das janelas de sacada. No interior, rebocos e aplicação de azulejos artísticos; divisão entre os pisos em laje de betão, tijoleira nos pavimentos do rés-do-chão e piso superior, e lajeado de pedra calcária e tijoleira na cave.

Bibliografia

Memórias Históricas, Óbidos, 1985; BETTENCOURT DA CAMARA, Teresa, Óbidos Arquitectura e Urbanismo Séculos XVI e XVII, Óbidos, 1990; Cerco Arte Contemporânea, Bienal Internacional de Óbidos, 1993; PEREIRA, José Fernandes, Óbidos, Lisboa, 1988; BOTELHO, Joaquim da Silveira, Óbidos Vila Museu, Óbidos, 1996.

Documentação Gráfica

CMO

Documentação Fotográfica

DGEMN: DSID

Documentação Administrativa

CMO

Intervenção Realizada

CMO: 2003 / 2006 - obras de adaptação para as novas instalações do Museu Municipal: substituição do telhado, pintura e caiação das fachadas, renovação de instalações eléctricas, instalação de ar condicionado, criação de instalações sanitárias e de cozinha na cave, criação de zona de atendimento junto à escadaria interior.

Observações

Autor e Data

Sérgio Gorjão 1998

Actualização

João Machado 2006
 
 
 
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