Catedral da Guarda / Sé da Guarda
| IPA.00004717 |
Portugal, Guarda, Guarda, Guarda |
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Edifício sucessivamente reconstruído, revelando uma amálgama de estilos, que marcaram os sécs. 14, 15 e 16, desde as persistências românicas à existência do Gótico, Manuelino e Maneirismo, tendo desaparecido a decoração barroca que mantinha, à luz de ideais de restauro puristas. É de planta em cruz latina, composta por três naves escalonadas, de cinco tramos cada, divididas por pilares de secção cruciforme, transepto saliente, abside e dois absidíolos de planta poligonal, seguindo o esquema das igrejas mendicantes, com coberturas em abóbadas de ogiva, em estrela ou polinervadas, as primeiras presentes nas naves e descarregando em contrafortes e arcobotantes exteriores; é escassamente iluminada por clerestório que se rasga na nave principal, a única com iluminação direta, num esquema típico do românico, cuja persistência e reaproveitamentos se verificam na existência de alguns arcos de volta perfeitas, nos pilares cruciformes da nave e na decoração de alguns capitéis com folhagem. Fachada principal do tipo harmónico, com corpo re-entrante, rematado em platibanda recortada e cornija angular, possuindo os vãos rasgados em eixo composto por portal recortado com decoração manuelina, com arcos canopiais, cogulhos e feixes de colunelos laterais, sobrepujado por óculo. As torres sineiras são possantes, poligonais, com remata em ameias decorativas e com várias janelas e ventanas de volta perfeita. As fachadas laterais, escalonadas, são ritmadas por contrafortes e arcobotantes. Interior com batistério sob a torre sineira da Epístola, apresentando várias capelas laterais, com tumulária e algumas com retábulos em pedra de Ançã, revelando a escola coimbrã, também visível no mor, este ostentando uma divisão por andares, com várias figuras em relevo, que persistiu no do Santíssimo, mais tardio, mas com as mesmas características. Capela-mor com cadeiral barroco, com duas ordens de cadeiras, ornadas por espaldares. Os arcobotantes e contrafortes são encimados por pináculos rendilhados, de influência tardo-gótica, o remate em platibanda rendilhada, e os portais manuelinos, com vários canopos e, no principal, a existência de um nicho com a imagem do orago. Possui, nas fachadas e interior várias pedras de armas, pertencentes aos principais bispos mecenas do imóvel, destacando-se D. Pedro Gavião. De notável, para a época de construção, o facto de possuir a nave e capela-mor à mesma altura, revelando a tendência para a unidade do espaço que viria a marcar o final da Idade Média, elevando-se o cruzeiro do transepto, revelando persistências românicas das torres lanternas que coroavam as primeiras catedrais. No interior, destacam-se as capelas particulares adossadas, despidas de decoração, mas mantendo a decoração dos portais, a existência de capelas maneiristas, que corresponderam à demanda de espaços de culto pelas confrarias, dando origem a capelas à face, com pilastras toscanas, rematadas por frontões triangulares, possuindo os retábulos da escola coimbrã, revelando a persistência dos modelos renascença da mesma; entre estes, destaca-se o mor, com vários andares, ostentando cenas da vida de Cristo e figuras de Apóstolos e Profetas, passando a mensagem bíblica aos crentes. Mantém no pavimento as antigas sepulturas, criadas nos sécs. 16 e 17. |
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Número IPA Antigo: PT020907420002 |
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Registo visualizado 14134 vezes desde 27 Julho de 2011 |
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Edifício e estrutura Edifício Religioso Templo Catedral
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Descrição
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Planta em cruz latina, composta por três naves de cinco tramos cada, transepto saliente e cabeceira tripartida, composta por abside mais elevada e dois absidíolos, de planta poligonal, com a fachada principal flanqueada por duas torres poligonais, de volumes articulados e escalonados, com coberturas diferenciadas em terraço nos corpos principais e torres e a quatro águas no cruzeiro do transepto. Fachadas em cantaria de granito aparente, em aparelho isódomo, rematadas por friso cordiforme, platibanda plena, encimadas por ameias decorativas recortadas, formando uma flor estilizada, sendo marcadas por gárgulas em todo o perímetro. Fachada principal virada a O., sendo visível um primitivo remate em empena angular, sendo rasgada por portal em arco abatido, com cogulhos internos, que se entrelaçam, dando origem a uma nicho com mísula e baldaquino, onde se integra a imagem de Nossa Senhora da Assunção; é ladeado por dois colunelos finos, assentes em bases altas com toros e escócias, surgindo, nos intercolúnios, mísulas ornadas por folhagem protegidas por baldaquinos; o colunelo exterior prolonga-se sobre o nicho da Virgem, em arco canopial, com cogulhos internos e externos, sendo flanqueado por dois possantes gigantes, constituídos por amplas bases, de onde saem feixes de colunas torsas, rematando em pináculos também torsos e com florão. Sobre o portal, rasgam-se duas frestas e óculo circular com moldura de cantaria saliente. A estrutura é ladeada por duas torres octogonais, com a zona inferior marcada por contrafortes laterais, dividindo-se em três registos marcados por friso, os inferiores, rasgados por frestas profundas, formando capialço e remate em arco de volta perfeita, surgindo, no segundo, janelas em arco de volta perfeita e, no superior, quatro sineiras também em arco de volta perfeita. Nas faces frontais, ostentam duas pedras de armas do bispo D. Pedro Vaz Gavião. Fachada lateral esquerda virada a N., marcada pelo corpo da nave central, com quatro contrafortes rematados por pináculos piramidais, entre os quais se rasgam cinco janelas em arco de volta perfeita, envolvidas por moldura boleada, assente em colunelos finos, de onde saem arcobotantes que se ligam ao corpo da capela lateral, com contrafortes e a que se adossam duas capelas laterais, a dos Pinas e a dos Ferro, ambas rasgadas por janelas em capialço, a última com a pedra de armas de Luís de Abreu Castelo Branco, e rematadas por friso e ameias decorativas em forma de flores. O transepto é elevado, ladeado por contrafortes de esbarro, rematando em pináculos com decoração rendilhada, possuindo portal com acesso por escadas de cantaria; este é em arco abatido, envolvido por quatro arquivoltas com o mesmo perfil, as interiores assentes em impostas salientes e as exteriores em colunas, com capitéis ornados por elementos vegetalistas estilizados, de onde partem arcos em cortina, rematado por folhagem, enquadrado por gablete rendilhado e alfiz, ornado por arcadas cegas, formando trilóbulos, ladeadas por pilares, que sustentam friso de traceria fingida e um remate em flor; no alfiz, enquadram-se as armas de Portugal e as do bispo D. Gonçalo Vasques da Cunha. Sobre o portal, janela trilobada, com moldura em toro, flanqueada por colunelos torsos, rematados por pináculos com o mesmo perfil e assentes em mísulas, tendo, no fecho uma esfera e, sobre o vão, escudo português com coroa aberta. O absidíolo é rasgado por fresta em capialço com remate em arco de volta perfeita. Fachada lateral direita, virada a S., marcada pelo corpo da nave, semelhante à oposta, possuindo, três corpos adossados, todos rasgados por óculos circulares com molduras simples. O topo do transepto possui um janelão semelhante ao do lado oposto e o absidíolo é cego. Fachada posterior rasgada, no lado esquerdo, por portal em arco apontado, com três arquivoltas, as interiores assentes em impostas salientes e a exterior em colunas com os capitéis ornados por folhagem estilizada, possuindo as jambas com arestas biseladas. Está encimado pela pedra de armas do bispo D. Luís da Guerra. Nos absidíolos e ábside, marcados por contrafortes em todos os ângulos, surgem janelas em arco apontado, com várias arquivoltas e vários lumes. INTERIOR com acesso desnivelado a partir do portal axial, através de sete degraus de cantaria, sendo o portal axial protegido por guarda-vento de madeira encerada, ornado por almofadados. As naves têm cinco tramos, formando arcada de volta perfeita, assente em pilares com colunas adossadas, aos quais se adossam as colunas de fuste liso que descarregam o peso dos arcos formeiros, de perfil apontado, que dividem as abóbadas, em cruzaria de ogivas, com bocetes ornados por motivos fitomórficos; sobre as arcadas da nave central, rasga-se o clerestório em arco de volta perfeita; pavimento em lajeado de granito, possuindo 134 lajes sepulcrais. A parede fundeira é rasgada por duas capelas, que se situam na base das torres, a do lado da Epístola funcionando como batistério, ambas de planta poligonal e com acesso por arco levemente apontado, com arquivolta toreada assente em colunas de fuste liso, sobre altas bases com toros e escócias, apresentando capitéis ornados por esferas; ambas estão protegidas por grades metálicas, com o interior de pavimento lajeado e coberturas em abóbadas polinervadas, com vários bocetes ornados por elementos fitomórficos; no centro da da Epístola, sobre supedâneo de cantaria, a pia batismal, assente em base troncocónica, hemisférica e protegida por tampa de madeira, surgindo, no lado do Evangelho, pequena mísula para alfaias. As naves laterais possuem, cinco capelas à face, três no lado da Epístola e duas no Evangelho, cada uma delas formada por vão em arco de volta perfeita, assente em pilastras toscanas, envolvido por outro par de pilastras da mesma ordem arquitetónica, assentes em altos plintos paralelepipédicos, com a face frontal almofadada, que sustentam entablamento e frontão triangular, com o tímpano ornado por rosetão, a rematar a estrutura; o interior é rasgado por óculo circular e possui mísula com imaginária e um altar paralelepipédico em cantaria de granito, dedicadas ao Sagrado Coração de Jesus, Nossa Senhora de Fátima e São José. No lado do Evangelho, a Capela do Ferros, com acesso por portal semelhante aos arcos anteriores, apesar de ostentar frontão menos desenvolvido e encimado por pináculos, tendo, no friso; está protegida por teia metálica e, no interior, apresenta abóbada estrelada e um arcosólio de volta perfeita, encimado por cornija e pelas armas do instituidor; no pavimento, uma sepultura com inscrição. Ao lado desta, a Capela dos Pina, com acesso por portal em arco abatido com duas arquivoltas assentes em colunelos, decorados, nos intercolúnios, com rosetas, querubins, candelabra e motivos vegetalistas, estando encimado por pedra de armas; interior com cobertura em abóbada estrelada, possuindo arcosólio com a escultura jacente do D. João de Pina, tendo uma ampla inscrição sobre o túmulo. O cruzeiro do transepto, com abóbada estrelada, com cruz de Cristo no fecho, encontra-se iluminado por quatro óculos, nos arcos formeiros; os braços dividem-se em dois tramos por pilares fasciculados, apresentando quatro abóbadas de ogiva; no braço do Evangelho, portal protegido por guarda-vento de madeira, sobre o qual surge tribuna do mesmo material, com guarda balaustrada e acesso por portas de verga reta nos topos, através de corredores laterais. Na parede E., duas janelas polilobuladas, a do lado direito mainelada, com coluna torsa e capitel fitomórfico, rematando em arco canopial. No topo oposto, retábulo em pedra de Ançã dedicado a Nossa Senhora de Lourdes. Os absidíolos possuem acesso por arco apontado, formado por três arquivoltas, com pavimento em lajeado de granito, cobertura em abóbada de ogivas e dão acesso, através de arco apontado à capela-mor; no pavimento do lado do Evangelho, uma sepultura. No lado oposto, a Capela do Santíssimo, tendo uma sepultura de mármore com os restos mortais de D. Jerónimo Rogado de Carvalhal e Silva e, sobre supedâneo, retábulo em pedra de Ançã. Arco triunfal composto por arco apontado com cinco arquivoltas, dando acesso à capela-mor, com cobertura em abóbada de ogiva, possuindo, de cada lado, cadeiral composto por duas fiadas confrontantes, a inferior encimada por espaldar marcado por pilastras, friso, cornija e decoração fitomórfica dourada. Na parede testeira, retábulo-mor em pedra de Ançã, de planta côncava, com seis andares e dividido em apainelados por pilares dóricos e colunas coríntias. Na zona inferior, os 12 Apóstolos, seguidos por friso e arcanjos, cenas da Paixão, representando o "Caminho do Calvário", "Calvário" e "Descida da Cruz"; no quarto andar, as figuras de Isaías, David, Jeremias e Zacarias, separados pelas cenas da "Adoração" e "Apresentação de Jesus no Templo", a que se sucedem as imagens de Ezequiel, Moisés, Elias e Daniel e duas cenas com a "Anunciação" e a "Natividade"; no topo, Deus Pai, rodeado de querubins. No pavimento, lápides, uma com quatro mitras, transcolos e báculos, referentes a quatro bispos, que seriam para ali trasladados, D. Vasco Martins de Alvelos (1302-1312), D Martinho II (1319-22), D. Guterre I (1323-24), D. Bartolomeu I (1327-45); outra com os restos mortais de D. Gil II (1479-81) e D Álvaro de Chaves I (1484-96), com os mesmos símbolos da anterior; surge, ainda, a sepultura de D. Nuno de Noronha (1594-1608), com s armas da família, Condes de Odemira e encimadas pela mitra e a do bispo D. Frei Lopo de Sequeira Pereira (1632-36), rematada por mitra e báculo (RODRIGUES, p. 96). Sacristia com acesso pelo absidíolo N., por porta em arco polilobafo, com cobertura em cruzaria de ogivas. |
Acessos
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Praça Luís de Camões (antiga Praça Velha). WGS84: 40º32'18.34''N., 7º16'10.95''O. |
Protecção
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Categoria: MN - Monumento Nacional, Decreto de 10-01-1907, DG n.º 14 de 17 janeiro 1907 / Decreto de 16-06-1910, DG n.º 136 de 23 junho 1910 / ZEP, Portaria, DG, 2.ª série, n.º 154 de 03 julho 1953 |
Enquadramento
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Urbano, isolado, situado no centro histórico, intra-muralhas, a meia encosta, em espaço principal, estruturador da cidade, num dos lados da denominada Praça Velha, uma das zonas mais antigas da cidade, ficando fronteiro ao denominado "alçado dos balcões" (edifícios com arcada). O centro da praça encontra-se pavimentado a lajeado de granito, formando vários degraus, adaptando-se ao forte desnível do terreno, pontuado por canteiros com flores e bancos de jardim. O edifício é rodeado por um pequeno adro murado circundando três fachadas e com acesso através de escadaria de ângulo. Junto ao edifício, a estátua de D. Sancho I, com plinto em cantaria de granito, de arestas biseladas, tendo, na face frontal, a inscrição em letras de bronze: "D. SANCHO I 2.º REI DE PORTUGAL 1185-1211 CONCEDEU FORAL DE CIDADE À GUARDA EM 20 DE NOVEMBRO DE 1199". Sobre este, a imagem de corpo inteiro do monarca, em bronze. |
Descrição Complementar
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Na fachada principal, nos topos dos braços do transepto, nos colunelos dos pilares das naves laterais e no bocete da ábside, surge a pedra de armas do bispo D. Pedro Vaz Gavião, apresentando um escudo, com cinco gaviões armoados de ouro, postos em haspa em campo azul, tendo como timbre, o chapéu cardinalício. No pórtico N., as armas do bispo D. Gonçalo Vasques da Cunha, esquartelada, com cantão dextro do chefe com cinco dinheiros de prata postos em haspa em campo de prata; cantão dextro da ponta com nove cunhas de azul firmadas e postas em três palas em campo de ouro; cantão sinistro do chefe com cinco escudos azuis postos em cruz em campo de prata; tem por timbre a mitra e báculo episcopais. Na fachada posterior, a pedra de armas do bispo D. Luís da Guerra, com as armas portuguesas, com cordão de São Francisco e, por timbre, uma mitra e báculo episcopais. Na Capela dos Ferro, surge, sobre a janela, no bocete da abóbada da capela e no arcosólio, a pedra de armas de Luís de Abreu Castelo Branco, esquartelada, com cantão dextro do chefe e sinistro da ponta: cinco coutos ou asas de águia em haspa de ouro em campo vermelho; cantão dextro da ponta e sinistro do chefe com leão rampante de ouro armado de vermelho em campo azul, tendo um elmo por timbre. Sobre o portal, um friso com a inscrição: "ESTA CAPELA MANDOU FAZER LUIZ D'ABREU CASTELO BRANCO PERA SI E PERA DONA FRANCISCA DE PINA SVA MOLHER"; está protegida por teia metálica e, no interior, apresenta abóbada estrelada e um arcosólio de volta perfeita, encimado por cornija e pelas armas do instituidor; no pavimento, uma sepultura com inscrição; "SEPULTURA DE LUIZ D'ABREU CASTELO BRANCO E DE DONA FRANCISCA DE PINA SVA MOLHER AQVI SE NÃ ENTERRARA OUTRA PESSOA", surgindo, sobre o altar, a inscrição "RELIQUIAS e FEMINACIRCUNDABIT VIRUM". No acesso e no bocete da abóbada da Capela dos Pina, a pedra de armas de D. João de Pina, de escudo fendido, com leão rampante de azul armado de ouro na banda em campo vermelho, ladeada por dois pinheiros verdes floridos de ouro e raízes de prata, tendo, por timbre, um chapéu cardinalício. Sobre o túmulo, a inscrição: "D. JOAHNES DE PINA, PROTONOTARIUS, APOSTOLICUS, THESAURARIUS ECCLESIAR EGITANENSIS, ARCHIDIACONUS VISIENSIS CANONICUS PORTUCALENSIS AT QUE REGIS CAPELLANUS EDIFICAVIT CAPELLAM ISTAM EX FUNDAMENTIS AD HONOREM DEI"; sobre o arco, a inscrição: "SICUR CERVUS DESIDERAT AD FONTES AQUARUM, ITA DESIDERAT ANIMA MEA AD TE DEUS"; no pavimento, na campa rasa, a inscrição: "SEPULTURA DE SIMÃO DE PINA, PRIMEIRO ADMINISTRADOR DESRA CAPELA E DE JOANA DA PONTE, SUA MULHER, CUJOS OSSOS AQUI SE LANÇARAM NO PRIMEIRO DE OUTUBRO DE 1959".. Retábulo de Nossa Senhora de Lourdes em pedra de Ançã, de planta convexa e três eixos definidos por oito pilastras com os fustes ornados por grotesco, assentes em plintos, alguns galbados, tendo, ao centro, nicho em arco de volta perfeita e abóbada de concha, encimado por pilastras e seguintes com medalhões, as quais sustentam friso fitomórfico e espaldar recortado, ornado com a figura de Deus, flanqueado por pináculos. Nos eixos laterais, nichos semelhantes e mais pequenos, contendo imaginária. A Capela do Santíssimo tem uma sepultura de mármore com os restos mortais de D. Jerónimo Rogado de Carvalhal e Silva, falecido em 1797, com a inscrição: ANTISTES SUM HIERONIMUS HAC SUB MOLE ROGATVS URBS ANTIQVA MIHI PATRIA GUARDA FUIT SI DUIDQVAM MERVI SUPLEX TE PATRIA QVAESO SOLICITA PROMEMENTE PECARE DEVM". Sobre supedâneo, retábulo em pedra de Ançã, de planta reta e um eixo definido por dois pilares amplos, onde se integram mísulas protegidas por baldaquinos, rematado por pináculos de decoração rendilhada; ao centro, arco polilobulado, envolvendo um relevo a representar a "Última Ceia", encimado por seguintes, um friso florido e platibanda rendilhada; na base do arco, sacrário embutido, revelado por uma pequena cornija angular, ladeado por quatro figuras em relevo, os Evangelistas; possui simples mesa de altar sobre coluna toscana. |
Utilização Inicial
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Religiosa: catedral |
Utilização Actual
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Religiosa: catedral |
Propriedade
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Pública: estatal |
Afectação
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DRCCentro, Portaria n.º 829/2009, DR, 2.ª série, n.º 163 de 24 agosto 2009 / Afeto ao culto, Concordata entre a Santa Sé e a República Portuguesa, 1940, artigo 6.º |
Época Construção
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Séc. 14 / 16 / 17 / 18 / 19 / 20 |
Arquitecto / Construtor / Autor
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ARQUITETO: Couto de Abreu (1920), Rosendo Carvalheira (1898-1899). CANTEIROS: Augusto Machado (1925-1926); João Machado (1925); João Machado Filho (1925-1926); Mestre Valentim (1898-1899). CARPINTEIRO: Vicente da Rocha (1654). ESCULTORES: Diogo Jacques (atr., séc. 16); Fernandes Caldas (1905); João de Ruão (atr., 1553). MESTRES DE OBRAS: Filipe Henriques (1504-1517); Pedro Henriques (1504-1517); ORGANEIRO: Bento Fontanes de Maqueixa (séc. 18). OURIVES: Pedro Álvares de Carvalho (1705); João de Almeida Neves (1904). PINTOR: Albino Barbosa (1904). |
Cronologia
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1202 - construção da Sé, por iniciativa do bispo D. Martinho, com o auxílio de D. Sancho I, sendo dedicada a São Gens, segundo alguns autores e, segundo outros, a Nossa Senhora do Desterro, imagem que fora trazida de Idanha-a-Velha, antiga sede de bispado; durante a construção, o bispo e Cabido instalam-se numa capela construída em honra de Santo Ildefonso; 1208-1214 - construção de um novo edifício, por o anterior se encontrar em sítio pouco condigno, junto à Torre dos Ferreiros e fora de portas, com D. Sancho I, dedicada a Nossa Senhora da Consolação, com imagem conservada no Museu; 1230 - construção de um novo templo, também fora de muralhas, por iniciativa de D. Sancho II, para onde se transfere o orago; 1322 - D. Martinho II manifesta o desejo de se fazer sepultar na capela-mor (NEVES, p. 6); 1369 - D. Fernando I manda destruir a Sé, por se achar fora de portas e ser facilmente assolada em caso de guerra; 1373 - manda construir um novo templo no interior das muralhas, para a qual doa o padroado e as propriedades da Coroa de todas as igrejas de Abrantes e seu termo, incluindo Mação e Amêndoa; o Cabido recolhe-se, durante a sua construção, na igreja de Nossa Senhora do Mercado; entretanto morre o rei e o bispo, sem as obras se iniciarem; 1383 - é solicitado apoio a D. João I para a construção da Sé da Guarda, o qual acede; 1390 -1396 - lançamento dos alicerces, por iniciativa do bispo D. Frei Vasco, dando origem à terceira e atual Sé; 1397 - 1426 - construção da ábside e absidíolo N., sacristia, pórtico lateral N., levantamento parcial da nave lateral N., já no tempo do bispo D. Gonçalo Vasques da Cunha; 1413 - a Igreja de Santa Maria do Castelo paga 20 libras anuais e 10 libras da colheita para as obras; 1416 - D. Gonçalo Vasques da Cunha deixa por testamento a sua livraria à Sé, a qual seria dispersa no séc. 19; 1435 - 1458 - edificação do pórtico E., absidíolo S., levantamento parcial da nave lateral S. e capela do Sacramento, por iniciativa do bispo D. Luís da Guerra; 1504 -1517 - período mais ativo das obras, com D. Pedro Vaz Gavião, com elevação de todo o edifício, torres, pórtico principal, remate das abóbadas e coroamento, inseridas nas quatro empreitadas a cargo dos irmãos Pedro e Filipe Henriques, mestres pedreiros, importando 5:273$674, segundo os contratos feitos com o Bispo e com Bartolomeu de Paiva; 1530 - 1540 - lajeamento e vedação das plataformas; construção do coro-alto, com o bispo D. Jorge de Melo; 1540 - conclusão das obras; séc. 16, 2.ª metade - falecimento de Isabel da Costa, mulher de Ambrósio Jerónimo, Simão de Gouveia, cónego da Sé, Maria de Carvalho, mulher de António de Gouveia, Beatriz de Aguiar e Herdeiros, sepultados na nave lateral N.; sepultura de Susana Lóis e Martin de Torres e herdeiros, de Fernão Lopez Graionho, de Fernão da Fonseca, de Beatriz Botelha, mulher de Gaspar Teixeira, de Pedro Botelho do hábito de Santiago e juiz dos órfãos, de Maria da Fonseca, do prior Francisco de Figueiredo e dos pedreiros de Vila Garcia, Diogo de Figueiredo e Guiomar de Almeida na nave central; 1551, 30 outubro - sepultura do cónego João de Resende na nave central; 1553 - o retábulo do altar-mor está em construção, com rendas disponibilizadas pelo bispo D. Cristóvão de Castro, sendo atribuído a João de Ruão (há quem o atribua a Chanterene (RODRIGUES); 1555, 16 outubro - falecimento do cónego André Rodrigues, sepultado na nave lateral N.; 1560, cerca - Luís de Abreu Castelo Branco e a esposa, Francisca de Pina, instituem a Capela de Nossa Senhora da Anunciada, conhecida, atualmente como Capela dos Ferros, cujo retábulo renascentista é executado provavelmente por Diogo Jacques (NEVES, p. 12), o qual foi transferido para o Museu; fundação da Capela dos Pinas, por D. João de Pina, que jaz sepultado no local; 1561 - falecimento do licenciado Sebastião, sepultado na nave central; 1572 - falecimento de João da Maia, sepultado na nave lateral N.; 1575, 03 maio - sepultura de Manuel Homem Botelho e do cónego António Costa na nave central; 1576 - sepultura de Santo Vaz e Lopo, seu sobrinho, cónegos da Sé, na nave central; 1578, 04 outubro - instituição de uma sepultura na nave central para Leonor Botelha e herdeiros; 1579, 21 abril - instituição de uma sepultura na nave central para Manuel de Sequeira e Beatriz Pessoa; 1582 - sepultura de Francisco Fernandes na nave lateral N.; 1586 - sepultura de Cristóvão de Proença na nave central; 1588, 22 fevereiro - instituição de sepultura na nave central por Manuel de Queirós e Vitória da Fonseca; 07 março - sepultura na nave central de Francisco Gomes da Porta de Erva; 25 abril - sepultura na nave central de Manuel Loureiro; 12 outubro - sepultura na nave central de Isabel Nunes, mulher de Henrique da Fonseca de Trancoso; 1587, novembro - sepultura de Violante Gomez, mulher de Francisco Gomes Pinheiro na nave lateral S.; 1589 - falecimento de D. Joana da Ponte, sepultada na Capela dos Pina; 1595, 27 março - falecimento do cónego Pedro Álvares, sepultado na nave lateral N.; 1596, 01 agosto - sepultura de Fernão de Carvalho na nave central; 16 novembro - sepultura de Maria da Paz, mulher de António Francisco Paz, na nave lateral S.; 1597, 18 agosto - sepultura de António Gomez, filho de Diogo Gomez, na nave lateral S.; 1599, 20 junho - sepultura na nave central de Filipa Nunes, mulher de António Rodrigues de Gouveia; séc. 17 - sepultura do cónego António Rodrigues e de Pedro da Costa e família na nave lateral N.; sepultura de Brás da Silva e família, de António da Fonseca, prebendeiro da Sé e de Luís de Almeida e Brites Proença na nave central; 1603, 14 julho - sepultura de Antão da Fonseca, tesoureiro-mor da Sé, na nave central, tendo a sepultura uma pedra de armas e a data; 1608 - sepultura de Luís Fernandes na nave central; 1612, 01 abril - falecimento de Ângela da Fonseca, mulher de Nicolau de Carvalho, fidalgo do Rei, sepultada na nave central; 23 junho - sepultura, na nave central, de Heitor Mendes Rebelo; 1613, 12 setembro - instituição de sepultura na nave central para Luís de Figueiredo e Beatriz Nunes e a primeira mulher Luísa da Costa; 1616 - instituído um morgado na Capela de Nossa Senhora da Assunção, com o vínculo da Quinta da Costa, em Fornos de Algodres; instituição de uma sepultura na nave central para Amador Luís e Leonor Nunes; 1625, 02 fevereiro - sepultura do prior e licenciado Simão Botelho na nave central; 1630 - sepultura de João de Ávila na nave central; reparações no absidíolo N., por ordem do bispo Frei Lopo de Sequeira, para a colocação da Capela do Santíssimo, que substitui a invocação de Nossa Senhora do Desterro; 1645 - sepultura de Catarina da Fonseca, mulher de Daniel de Sá e Mendonça, cavaleiro da Ordem de Avis, mandada fazer na nave central e com pedra de armas, pelo filho, Cristóvão de Sá de Mendonça, capitão de cavalos da Província; 1649 - sepultura de António Carvalho da Fonseca e Leonor Teixeira de Lobão, mandada fazer pelo filho Pedro de Pina e Carvalho, cavaleiro da Ordem de São Bento, na nave central; 1650 e 1664 - sepultura de Mendo da Costa e da mulher, D. Maria de Vilhegas, na nave lateral N.; 1654, 30 janeiro - feitura do coro e obras de carpintaria por Vicente da Rocha, por 150$000; 1660 - sepultura na nave central para Isabel de Pina da Fonseca e herdeiros; 1664 - sepultura do cónego Gaspar de Andrade e sobrinho Capitão Bernardo Pereira de Sousa, Cavaleiro de Cristo, na nave central; sepultura dos irmãos cónegos prebendados André e António Lopes de Albuquerque na nave lateral S.; 1681, novembro - falecimento de Manuel Borges, sepultado na nave central, sendo o espaço também destinado à esposa Isabel Dias; 1698, 28 novembro - provisão, autorizando sepultura perpétua na nave central para Brás Velasques Bragança e herdeiros; séc. 18 - abertura de porta lateral de acesso ao coro-alto, o qual sofreu uma ampliação, por ordem de D. Rodrigo de Moura Teles; abertura de duas janelas nas torres e da tribuna do Bispo; feitura do cadeiral da capela-mor; 1705, 19 março - ajuste com o ourives do Porto, Pedro Álvares de Carvalho, para a execução do frontal, Evangelho, lavabo e banqueta de prata para o altar-mor, sendo o frontal decorado com folhagens que partiam de uma águia; 1705, 19 novembro - ajuste com o ourives Pedro Álvares de Carvalho para a execução de nove castiçais e uma cruz de prata para a banqueta do altar-mor, pela quantia de 2.250 réis; 1710, 07 agosto - sepultura de Manuel Travassos Cardoso, capitão-mor da cidade e governador dela e da comarca na nave lateral S.; 1712 - 1720 - construção de cinco capelas laterais, por ordem do bispo D. João de Mendonça; 1730, cerca - construção do cadeiral do coro de baixo, por ordem do Cabido, em Sede Vacante; 1749 - execução do grande órgão por Bento Fontanes de Maqueixa, por ordem do bispo D. Bernardo de Melo Osório, com a ampliação do coro-alto; 1758, 1 Junho - nas Memórias Paroquiais, assinadas pelos priores da cidade, é referido que a Sé tem o orago de Nossa Senhora da Conceição, com altar-mor, o colateral do Evangelho é de Nossa Senhora do Rosário e, na Epístola, o Santíssimo Sacramento; no lado do Evangelho, as imagens de Nossa Senhora da Natividade, de Nossa Senhora da Anunciação, do Santo Cristo, de Santa Luzia e, a ladear o portal axial, Nossa Senhora do Desterro, havendo tradição que foi trasladada de Idanha-a-Velha; no lado da Epístola, São Martinho, Santo Ildefonso e São Roque; a ladear o portal axial, o batistério, havendo um arco que dá serventia para o coro; há cinco Irmandades, a de Nossa Senhora da Conceição do Cabido, a dos Clérigos Pobres, de Nossa Senhora do rosário, a dos capelães, a dos meninos do coro, de Nossa Senhora da Natividade, e a do Santíssimo; o prior e de colação ordinária; a catedral tem 4 dignidades, o Deão, o Chantre, o Mestre Escola e o Tesoureiro-mor; o primeiro tem duas prebendas, cada uma com 300$000 e a Igreja de Valverde, que rende 50$000; o Chantre tem duas prebendas e as igrejas de Vela e Vila Franca, que rendem 200$000; o Mestre Escola tem uma prebenda e metade do rendimento da Igreja de Sobreira Formosa, o mesmo acontecendo com o Tesoureiro-mor, a que acresce metade do rendimento da Igreja de Vila Fernando, que renderão 500$000;há 21 cónegos prebendados e 4 meios-prebendados; existem 24 capelães, 18 apresentados pelo Cabido e os restantes particulares, sem grande rendimento, mal dando para o pagamento das missas; 1772 - ampliação do coro-alto, que passou a ocupar dois tramos e entaipamento da antiga porta; execução do novo cadeiral; reparações no absidíolo S., onde existem telas pintadas, e no N., onde se regista a existência de pinturas murais; 1773 - 1797 - colocação dos dois púlpitos no templo (NEVES, p. 23); 1792 - acrescento de jogos ao órgão, por Bento Fontanes de Maqueixa *1; séc. 19 - feitura da casa sobre a sacristia com o acrescento de um piso sobre as naves laterais; feitura da casa do Capítulo e da casa do sacristão; alteração da empena da fachada principal; modificação do pórtico principal de modo; alteamento do pavimento; feitura de um órgão, colocado no último tramo; 1812 - destruição da canaria do órgão; 1826 - execução de um órgão positivo, desaparecido; 1834 - na Estatística Paroquial surge referido que a paróquia da Sé, de Nossa Senhora da Assunção, era um priorado apresentado pelo bispo local; 1897 - José Osório da Gama e Castro, Governador Civil, pede o restauro da Catedral; 1898 - 1899 - restauro profundo do imóvel segundo os novos conceitos puristas de restauro, por Rosendo Carvalheira; feitura de várias gárgulas pelo Mestre Valentim; 1898, novembro - Júlio Carlos Mardel visita, na sua qualidade de membro da Comissão dos Monumentos Nacionais, o edifício; 1903 - último enterramento na Sé, na nave central, concedido como privilégio pelo Governo ao bispo D. Tomás Gomes de Almeida; 1904 - o bispo resolve solicitar a cada fiel o contributo de $020 para adquirir uma imagem de Nossa Senhora da Conceição de Lourdes, que se encomendara ao escultor Fernandes Caldas, ao pintor Albino Barbosa e ourives João de Almeida Neves, todos do Porto; 1905 - execução da imagem de Nossa Senhora de Lourdes; 1905, 22 outubro - chegada da imagem à Guarda, sendo colocada no Seminário, por a Sé estar em obras *2; 1921, 02 junho - inauguração da Sé, após obras de vulto, conforme projeto de Rosendo Garcia de Araújo Carvalheira e execução do Mestre Valentim; a imagem de Nossa Senhora da Conceição foi trasladada para a Sé e colocada num altar provisório, junto ao mor; 1925 - 1926 - feitura do altar de Nossa Senhora da Conceição pelo canteiro João Machado *3 (1862-1925) de Coimbra, o qual já havia executado o do Santíssimo Sacramento, concluído pelos filhos, João e Augusto, que formaram a firma João Machado & Filhos; chegou à Guarda em Abril de 1926; 1945 - projeto da construção da porta e do guarda-vento; 1952 - o Cabido pede a reconstituição da rosácea, a colocação de altares nos absidíolos, de caixas de esmolas, de pia de água benta, de tapeçaria no portal principal; pede mobiliário para a sacristia, guarnecimento dos confessionários, bancos genuflexórios e mochos, um tapete e o restauro do retábulo-mor; 1986-1988 - observação geodésica das estruturas pelo Laboratório Nacional de Engenharia Civil (LNEC); 1992, 01 junho - o imóvel é afeto ao Instituto Português do Património Arquitetónico, pelo Decreto-lei 106F/92, DR, 1.ª série A, n.º 126; 2005, Outubro - fase final das obras da zona envolvente da Sé, no âmbito do programa POLIS, conforme projeto do arquiteto Camilo Cortesão; 2007, 20 dezembro - o imóvel é afeto à Direção Regional da Cultura do Centro, pela Portaria n.º 1130/2007, DR, 2.ª série, n.º 245. |
Dados Técnicos
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Sistema estrutural de paredes portantes. |
Materiais
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Estrutura, contrafortes, arcobotantes, platibanda, colunas, abóbadas, pilares, pilastras, frontões, gárgulas, modinaturas, cruzes, pavimentos, escadas, muros do adro em cantaria de granito; portas, tribuna lateral em madeira; terraço em betão; retábulos em pedra de Ançã; cobertura do cruzeiro em telha; janelas com vidro simples. |
Bibliografia
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ALVES, Joaquim Jaime B. Ferreira - «A ourivesaria portuense nos séculos XVII e XVIII, análise de alguns contratos» in Actas do I Congresso Internacional do Barroco. Porto: Reitoria da Universidade / Governo Civil do Porto, 1991, vol. I, pp. 335-354; ATANÁZIO, Mendes - Para um Estudo Crítico da Catedral da Guarda. Guarda: Assembleia Distrital, 1990; BRANDÃO, Domingos de Pinho - Obra de talha dourada, ensamblagem e pintura na cidade e na Diocese do Porto - Documentação. Porto: Diocese do Porto, 1984, vol. I; CARVALHEIRA, Rosendo - Memória sobre a Catedral da Guarda. Lisboa: 1902 - 1903; CASTRO, José Osório Gama - Diocese e Distrito da Guarda. Porto: Typographia Universal, 1902; CHICÓ, Mário Tavares - A Arquitectura Gótica em Portugal. Lisboa: Editorial Sul, 1954; GOMES, J. Pinharanda - História da Diocese da Guarda. Braga: Editora Pax, 1981; GOMES, Rita Costa - A Guarda Medieval, 1200 - 1500. Lisboa: Livraria Sá da Costa, 1987; GOMES, Pinharanda - «A Imagem e o Altar da Imaculada Conceição da Guarda» in Praça Velha. Guarda: Câmara Municipal da Guarda, novembro 2005, ano VIII, n.º 18, pp. 163-186; GUERRA, Carla - «Sé da Guarda». O Interior. 23 março 2006; MARQUES, José Pinheiro - Terras de Algodres (Concelho de Fornos). 2.ª ed. Fornos de Algodres: Câmara Municipal de Algodres, 2001; NEVES, João Paulo Cardinal das - Esboceto histórico-artístico da Sé Catedral da Guarda. Guarda: Culturguarda / Teatro Municipal da Guarda, 2011; «Obras na Praça Velha ainda duram» in O Interior. 27 Outubro 2005; Património. Balanço e Perspectivas (2000-2006). Lisboa: Instituto Português do Património Arquitetónico, 2000; PEREIRA, Ernesto - A Catedral da Guarda e o seu Retábulo. Porto: 1940; RODRIGUES, Adriano Vasco - Monografia Artística da Guarda. Guarda: Câmara Municipal da Guarda, 1984; Sé Catedral da Guarda. Lisboa: Direção-Geral dos Edifícios e Monumentos Nacionais, 1957; Sé Catedral da Guarda - As Formas no Tempo. Guarda: Museu da Guarda, 1990; VALENÇA, Manuel - A Arte Organística em Portugal. Braga: Editorial Franciscana, 1990, vol. II; VITERBO, Sousa - Dicionário Histórico e Documental dos Arquitectos, Engenheiros e Construtores Portugueses. Lisboa: Imprensa Nacional - Casa da Moeda, 1904, 3 vols. |
Documentação Gráfica
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IHRU: DGEMN/DSID, DGEMN/DREMLisboa, DGEMN/DREMCentro/DM, DGEMN/DSMN/DEO, |
Documentação Fotográfica
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IHRU: SIPA, DGEMN/DSID, DGEMN/DREMNorte, DGEMN/DREMCentro/DM |
Documentação Administrativa
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IHRU: DGEMN/DSID, DGEMN/DSARH, DGEMN/DSMN DGEMN/DREMN; DGLAB/TT; Chancelaria de D. João III, Doações, Liv. 12, fl. 55 (publ. por VITERBO) |
Intervenção Realizada
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PROPRIETÁRIO: séc. 18 - reparações no absidíolo S. e N.; DOP (Direcção das Obras Públicas): 1899 - início do restauro que se prolongou até ao séc. 20, sob orientação de Rosendo Carvalheira e influência das conceções de restauro de Viollet-le-Duc, com a demolição da casa do Capítulo e casebres anexos, parcialmente arruinados (adossados à fachada S.) e sacristia na fachada N., rebaixamento e drenagem no terreno no lado N. transformando-se em adro ajardinado, modificação da escadaria N., com a execução de parapeito em cantaria ornamentada, demolição do piso construído sobre as naves laterais e sua cobertura, desentaipamento e reparação dos arcobotantes e janelas da nave central, reparação de gárgulas mutiladas, impermeabilização das coberturas, reconstituição de rosácea na fachada principal; demolição do coro-alto, deslocação do grande órgão para a porta principal, instalação provisória do pequeno órgão sobre porta N., deslocação do retábulo do altar-mor para o topo S. do transepto, desmonte do cadeiral do coro de baixo (ultrapassava o arco triunfal mutilando os feixes das colunas) e reconstrução dos fustes dos arcos, remoção dos púlpitos, demolição da Tribuna do Bispo, execução de novo pavimento através de sistema regular de estrados de madeira móveis, reconstituição de capitéis e de peças de cantaria mutilados, picagem dos rebocos interiores; 1909 - remoção do órgão pequeno, dos púlpitos, do cadeiral do coro-alto, temporariamente arrecadado na Casa do Cabido, apeamento do cadeiral do coro baixo, descoberta de aberturas de comunicação entre a ábside e as absidíolas, descoberta de lajedo na capela-mor, colocação de cimento vulcânico na cobertura em terraço; 1920 - diversas obras de restauro sob direcção do arquiteto Couto de Abreu, incluindo o projeto de mudança do grande órgão; DGEMN: 1936 - entaipamento de duas portadas, execução de lajedo em cantaria no pavimento da abóbada, picagem da placa de betão; 1937 - demolição do pavimento de betão da cobertura e da cantaria que entaipava as janelas, restauro de três perfis de cantaria; 1938 - construção de lajedo em cantaria sobre as abóbadas, colocação de cantaria em frestas e pilares, acabamento da escada de cantaria para acesso aos terraço, assentamento de caixilharia de ferro; 1939 - construção e assentamento de lajedo sobre pavimento das abóbadas, colocação de cantaria moldurada para frestas e pilastras, picagem do cimento que revestia a abóbada, demolição da cantaria que entaipava janelas, assentamento de vitrais; 1940 - assentamento de lajedo; 1941 - feitura de lajeado, caleiras, frisos, capitéis, colunelos e degraus; 1942 - execução de capitéis e frisos; demolição de paredes de alvenaria argamassada; reparação da instalação sanitária; assentamento de vitrais, portas e grades de ferro; 1943 - execução de lajedo em pedra, colocação de cantaria em altares, degraus e portas, demolição de paredes em cantaria; 1944 - demolição de paredes, consolidação e limpeza da abóbada, construção de portas, reboco e guarnecimento de paredes; 1945 - picagem do cimento do revestimento da cobertura e assentamento de tijoleira; 1946 - reparação de portas, substituição da cobertura da casa anexa; feitura de escadas em cantaria e respetivas guardas; 1947 - assentamento de tijoleira na cobertura, reboco das paredes dos confessionários, assentamento de pináculos; 1948 - demolição de casas junto ao adro principal e do "edifício do Cabido", restauro da cadeira do bispo e respetivo estrado; construção da armação do telhado para a casa anexa; 1949 - restauro do cadeiral, execução de nova cobertura em tijoleira, limpeza e refechamento de juntas; 1950 - impermeabilização da cobertura; arranjo da zona envolvente e das ruas de acesso ao imóvel; 1952 - colocação de lajedo de pedra no adro; construção de degraus em cantaria no adro posterior do lado direito; reparação e impermeabilização dos pavimentos da fachada da nave central e sobre o terraço das naves laterais, reparação dos paramentos de cantaria da fachada da nave central sobre o terraço das naves laterais, desentulhamento e consolidação da escada de acesso ao varandim, conclusão das passagens sobre as torres do relógio e dos sinos, execução de portas de madeira e tapeçaria para guarda-vento; colocação de vidro simples na rosácea da fachada principal; refundição de dois sinos estragados; assentamento de duas pias de água benta; 1953 / 1954 / 1955 - reparação da rede elétrica; 1955 - substituição de vitrais partidos, refechamento de juntas de tijolo da cobertura, das paredes da lanterna e guardas de cantaria, levantamento e assentamento de lajedo da nave, limpeza da cantaria das fachadas, consolidação do fecho do artesoado da abóbada da nave central, consolidação dos cunhais laterais do transepto, desentulhamento de escadas, reparação da instalação sanitária, fornecimento de tapeçaria e de grade de ferro forjado igual à existente na capela esquerda da nave; reparação dos confessionários, beneficiação das redes elétrica e telefónica; 1956 - construção de lajedo de pedra, recalçamento do contraforte dos cunhais da parede do transepto do lado direito e base das torres, arranjo da caixa de entrada de água para sacristia, abertura de vãos no silhar e assentamento de nova porta de ferro, execução de degraus na escadaria da porta lateral, levantamento e assentamento do lajedo na parte do adro junto à fachada lateral esquerda, assentamento de guardas em cantaria no adro da entrada principal e do coroamento do muro do adro; regularização do piso da calçada da Rua D. Miguel Alarcão; 1957 - impermeabilização do terraço, substituição de tijoleira na cobertura, reparação da instalação sanitária; fornecimento de porta e ferro para a sacristia e colocação de vitrais; 1958 / 1959 - picagem e execução de novo reboco na parede da cúpula do transepto em ligação com o piso da cobertura, refechamento de juntas nas paredes exteriores, nivelamento do lajedo do transepto, fornecimento de altar em cantaria para a capela-mor e para o absidíolo; colocação de móveis e vitrais; ampliação do estrado de madeira da cadeira episcopal; substituição dos mosaicos das instalações sanitárias; reparação de portas; arranjo e adaptação dos confessionários; reparação da rede elétrica; 1959 - reparação da rede sonora e da instalação elétrica; 1960 - execução de lajedo em pedra para o adro lateral direito; 1961 - transformação do atual guarda-vento da porta N., para permitir a construção da tribuna coral; 1961 - colocação de iluminação exterior; 1962 - ampliação do guarda-vento e assentamento de nove degraus, abertura de porta de acesso ao coro e colocação de soalho, execução de lajedo de pedra para o adro, assentamento de tijoleira na cobertura dos absidíolos, restauro dos vitrais, levantamento e assentamento de lajedo em pedra, incluindo rebaixamento do pavimento, abertura de um vão, ligação em escada de caracol ao coro, refechamento de juntas em abóbadas, desobstrução de gárgulas; 1963 - continuação do lajeamento do adro, reparação da rede elétrica, iluminação do cadeiral; 1964 / 1965 / 1966 / 1967 / 1968 / 1969 / 1970 / 1971 - iluminação da Praça Luís de Camões e das fachadas exteriores; 1966 - substituição de tijoleira partida na cobertura, execução de sondagens em algumas fendas na cantaria do cunhal lateral do lado direito do transepto, limpeza da cantaria das fachadas laterais do lado direito e transepto, refundição do sino; 1968 - limpeza das fachadas exteriores; 1970 - reparação da cobertura de tijoleira, reparação de vitral do transepto e execução de rede exterior de proteção, construção de escada de ferro ligando terraços; 1971 - limpeza e alargamento das entradas das gárgulas, reparação e impermeabilização das coberturas de lajedo, incluindo levantamento das tijoleiras, levantamento e assentamento de lajedo no adro para regularização do pavimento junto à fachada S.; 1972 - impermeabilização da cobertura: início da substituição das tijoleiras fendilhadas por lâminas de alumínio (terraços das naves laterais, transepto e capela-mor); aquisição de bancos genuflexórios; 1973 - impermeabilização da cobertura, com aplicação de novas camadas de isoplástico; proteção dos terraços já impermeabilizados (nave central, cruzeiro, absidíolos, sacristia e capelas laterais), conclusão da proteção das zonas ainda não cobertas, reparação de vitrais, alteração dos caixilhos da sacristia, Capela dos Pinas e Capela dos Ferros; 1974 - conclusão das obras de impermeabilização da cobertura, impermeabilização das ligações das gárgulas, reparação da rede elétrica, fixação de rede de proteção nos vitrais, limpeza das janelas, execução de móveis para a sacristia; 1975 - reparação de vitrais na fachada S. e O.; 1977 - reparação da rede elétrica, reparação de vitrais, limpeza e desobstrução das gárgulas e caleiras; 1979 - impermeabilização dos terraços com asfalto e lâminas de alumínio, para acudir aos estragos da colocação de iluminação festiva; 1980 - impermeabilização das coberturas à base de asfalto com lâminas intercaladas de alumínio (terraços superiores); proteção da impermeabilização da cobertura dos terraços superiores; 1983 - impermeabilização de terraços com telas à base de borracha, limpeza das cantarias; 1983 / 1984 - beneficiação da rede elétrica; 1984 / 1985 - montagem de andaime para escoramento; 1985 / 1986 - beneficiação da rede elétrica; 1986 - consolidação, levantamento dos pavimentos existentes na cobertura, limpeza e beneficiação do extradorso das abóbadas do transepto, execução de cobertura em betão armado e lajetas de betão pré-fabricadas, limpeza e consolidação de abóbadas e de paredes, colunas e contrafortes, aumento da cintagem de betão nas abóbadas do transepto, limpeza dos vitrais e das guardas, saneamento da face rochosa da parede lateral direita, consolidação de cantarias, beneficiação da rede elétrica; 1987 - consolidação das torres sineiras, reparação dos guarda-ventos, reposição de vitral em falta, execução de caixilho para óculo do cruzeiro, vedação dos vitrais dos terraços laterais, beneficiação de portas e da instalação sanitária, execução de escada metálica para acesso aos terraços das capelas laterais esquerdas; 1987 - consolidação da fachada N.; IPPAR: 1999 - obras de drenagens exteriores; 2000 - obras de conservação e restauro genéricas (drenagens periféricas, torre S.); 2001 / 2002 / 2003 - obras de conservação e restauro da capela-mor equipamento e revisão dos espaços afetos ao Cabido; projeto de iluminação monumental interior; obras de instalação da iluminação monumental. |
Observações
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*1 - o órgão possuía caixa de talha dourada, assente em ampla mísula, com tribuna contracurva, balaustrada; tinha planta trapezoidal, com três castelos, o central mais elevado e com as flautas em meia-cana, sendo os laterais disposto em ângulo, com seis nichos, quatro deles sobrepostos, todos com gelosias rendilhadas; os castelos assentavam em mísulas, os laterais sobre "putti" atlantes e o central em carranca; a estrutura rematava em friso, cornija e volutas, que sustentavam fragmentos de frontão, encimados por anjos músicos, e cariátides, que seguram baldaquino, com drapeados fingidos a abrir em boca de cena. *2 - em 15 de Abril de 1913, o Seminário foi fechado e a imagem passou para a capela do Solar da Família Póvoas, dedicada a São João Baptista. *3 - são também obras de João Machado os Jazigos de Ângelo dos Santos Patrício e de Leopoldina Lopo de Carvalho existentes no Cemitério da Guarda. |
Autor e Data
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Paula Figueiredo 2008 |
Actualização
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