Igreja de Nossa Senhora da Atalaia / Santuário de Nossa Senhora da Atalaia

IPA.00004663
Portugal, Setúbal, Montijo, União das freguesias de Atalaia e Alto-Estanqueiro-Jardia
 
Arquitetura religiosa, quinhentista, seiscentista e barroca. Santuário Mariano composto por igreja, escadaria, casas dos círios, três cruzeiros delimitando antigo arraial e fonte santa. Igreja seiscentista de planta retangular composta por nave, antecedida por galilé, e capela-mor, mais baixa e estreita, interiormente com iluminação axial e bilateral e coberturas em falsas abóbadas de berço. Fachadas de cunhais apilastrados, os da fachada principal rematados por fogaréus. Fachada principal terminada em frontão triangular, com nártex rasgado por três arcos de volta perfeita sobre pilares, formando motivo serliano e tendo no interior o portal axial entre janelas, encimado por janela retangular. No interior tem silhar de azulejos barrocos de composição figurativa, com cenas da vida da Virgem, coro-alto sobre o nártex, com guarda em balaustrada de madeira e acrotérios de cantaria, e púlpito de cantaria no lado do Evangelho, acedido por porta. Lateralmente surgem duas capelas laterais à face com retábulos barrocos, de talha policroma, de planta reta e um eixo. Arco triunfal de volta perfeita assente em pilastras toscanas. Capela-mor com retábulo-mor joanino, em talha dourada, de planta reta e corpo côncavo e um eixo. A sacristia possui lavabo maneirista, em mármore, silhar de azulejos de albarradas, do séc. 18, e oratório barroco, de talha policroma e dourada. Em frente da igreja desenvolve-se ampla escadaria delimitada pelas casas dos círios, que também flanqueiam a igreja, formando um U, de alas desiguais, compostas por casas de planta retangular e fachadas diferentes, de dois pisos, rasgadas por vãos predominantemente retilíneos, seguindo a arquitetura típica da região. Cruzeiro alpendrado renascentista, composto por plataforma circular de três degraus, plinto paralelepipédico, coluna toscana coroada por cruz, com grupo escultórico em ambas as faces, tendo na frontal uma Pietá e, na posterior, Cristo na cruz. O alpendre tem planta quadrangular com quatro colunas, sobre plintos, sustentando a cobertura. O cruzeiro de Alcochete, composto por plinto e cruz de braços lisos, é seiscentista.
Número IPA Antigo: PT031507070008
 
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Registo

 
Edifício e estrutura  Edifício  Religioso  Templo  Capela / Ermida  

Descrição

Santuário constituído pela igreja, escadaria delimitada pelas casas dos círios, cruzeiro alpendrado no terreiro frontal e dois outros cruzeiros que delimitavam a N. e a S. a zona do antigo arraial, e pela Fonte Santa. IGREJA de planta retangular composta por nave e capela-mor, mais estreita e mais baixa, tendo adossado à fachada lateral direita torre quadrangular e anexo retangular, à fachada lateral esquerda sacristia retangular e à posterior torre sineira quadrangular. Volumes articulados com cobertura em telhados de duas águas na igreja e de uma nos anexos, rematadas em beirada simples, em coruchéu piramidal na torre frontal e em terraço com marco geodésico na torre posterior. Fachadas rebocadas e pintadas de branco, a igreja com cunhais apilastrados. A fachada principal surge virada a O., com pilastras toscanas coroadas por fogaréus, e termina em frontão triangular, coroado por cruz latina, em ferro, sobre acrotério. É rasgada por três arcos de volta perfeita, com chave saliente, o central maior, sobre pilares, cerrados por portões em ferro, que acedem a nártex, e tendo nos seguintes pequenos registos de azulejos; superiormente, abre-se janela retilínea, moldurada. No nártex, com pavimento em lajes de cantaria e cobertura plana de madeira, abre-se portal axial, de verga reta e moldura formando ligeiro recorte lateral, entre duas janelas de peitoril, molduradas e gradeadas. Lateralmente possui amplos vãos retilíneos, revestidos a pastilha cerâmica. Torre sineira sensivelmente recuada da frontaria, com cunhais apilastrados e remate em cornija, sobreposta por platibanda plena coroada por pináculos piramidais, nos cunhais. Na face frontal rasgam-se duas frestas sobrepostas, encimadas por relógio quadrangular, e sineira em arco de volta perfeita e moldura formando falsos brincos retos, albergando sino; nas restantes faces tem igualmente sineira. Fachadas laterais terminadas em friso e cornija de massa; na lateral esquerda, a sacristia, com cunhal apilastrado, é rasgada por duas janelas de peitoril, molduradas e gradeadas. A torre sineira posterior apresenta três registos, o inferior com cunhais apilastrados, o segundo em cantaria, com vãos em arco de volta perfeita, desnudos, alteado por um terceiro registo, mais estreito, rebocado e pintado de branco, rematado em cornija e platibanda plena; no primeiro registo possui a S. janela retangular, moldurada e gradeada, e mísula e na fachada E. cartela inscrita. A fachada posterior da capela-mor termina em empena. INTERIOR: com as paredes rebocadas e pintadas de amarelo, com silhar de azulejos, azuis e brancos, de composição figurativa, representando cenas da vida da Virgem, pavimento em tijoleira e em lajes, uma delas com inscrição alusiva à data dos antigos azulejos existentes na igreja, e cobertura em falsa abóbada de berço, de estuque, sobre friso e cornija de cantaria. A nave possui coro-alto sobre o nártex, com guarda em balaustrada de madeira e quatro acrotérios de cantaria, almofadados e, os dos extremos, com elementos decorativos relevados. No coro, acedido lateralmente por portas de verga reta, existe silhar de azulejos com Litanias da Virgem. Junto à parede fundeira, existem lateralmente portas de acesso aos corpos adossados, ladeadas por pias de água benta, concheadas, em brecha da Arrábida, e, a meio da nave, uma janela de cada lado, a do Evangelho cega devido ao corpo adossado. No lado do Evangelho, surge púlpito de cantaria, em brecha da Arrábida, com bacia retangular, e guarda plena, acedido por porta de verga reta, inscrita. No topo da nave dispõem-se duas capelas laterais à face, com arco de volta perfeita, de fecho saliente, sobre pilastras almofadadas, em mármore branco e rosa, albergando retábulos de talha policroma, de planta reta e um eixo. Arco triunfal de volta perfeita sobre pilastras toscanas, precedido por quatro degraus. Na capela-mor rasgam-se lateralmente portas de verga reta de acesso às dependências anexas, com intradorso revestido a azulejos, encimadas por janelas. Sobre supedâneo com três degraus, dispõe-se o retábulo-mor, em talha dourada, de planta reta e corpo côncavo, e um eixo, definido por seis pilastras, as exteriores mais largas, ornadas de motivos vegetalistas distintos, sobre plintos paralelepipédicos, e por seis colunas torsas, sobre mísulas, e de capitel coríntio. Ao centro abre-se nicho, de boca rendilhada, interiormente pintado de azul e albergando imaginária. A estrutura remata em fragmentos de frontão e cornija, encimados por anjos de vulto, sustentando brasão com as armas de Portugal e cartela com o monograma "AM" encimado por coroa, dando origem a falso frontão semicircular, sobreposto por acantos vazados e dois anjos de vulto laterais. No banco integra sacrário em forma de templete e no sotobanco portas e apainelados de acantos. Altar paralelepipédico com frontal em mármore envolvido por friso de embrechados. Acedida pela porta do lado do Evangelho, a sacristia possui as paredes rebocadas e pintadas de branco, silhar de azulejos de padrão, azuis e brancos, formando albarradas e vasos floridos, e cobertura em apainelados de madeira, recentes. Possui maquineta em talha policroma e dourada, definida por pilastras e alhetas, e rematada em espaldar contracurvo, com coração inflamado sobre resplendor, albergando imaginária. Inserido em vão curvo, existe lavabo em mármore rosa e branco, com espaldar retangular, disposto na horizontal, decorado com dois apainelados contendo losangos, e duas bicas torneiras, rematado em cornija reta encimada por cruz latina; em frente possui bacia retangular. CASAS DOS CÍRIOS: flanqueando a igreja e prolongando-se para O., dispõem-se as casas dos círios, formando U deitado, com alas desiguais e abertas nos ângulos. As alas são compostas por casas de dois pisos, de dimensões distintas e volumes diferenciados, com coberturas em telhados de duas, três ou quatro águas ou em terraço. Apresentam fachadas rebocadas e pintadas de branco, algumas com faixas, frisos, cunhais e molduras dos vãos sublinhados a policromia azul, à exceção de duas, que são integralmente pintadas ou têm os elementos a amarelo. São rasgadas, predominantemente, por vãos retilíneos e rematam em cornija de betão ou platibanda plena sobre cornija. Algumas possuem estruturas metálicas sobre os terraços. CRUZEIRO ALPENDRADO: alpendre de planta quadrangular, composto por quatro colunas toscanas, sobre plintos paralelepipédicos, sustentando estrutura em alvenaria rebocada e pintada de branco, com arcos em volta perfeita, rematada em cornija, com pináculos piramidais nos ângulos e cobertura em domo, coroada por plinto paralelepipédico. No interior possui cobertura em cúpula, pintada de azul e alberga cruzeiro em pedra lioz. Este é composto por plataforma de planta circular, formada por três degraus, plinto paralelepipédico, possuindo na face frontal, virada a O., escudo inscrito, sustentando coluna, com vestígios de gatos e de antiga estrutura retangular a N., entretanto removidos, e de capitel com ábaco decorado por querubins e motivos vegetalistas. O cruzeiro remata em cruz, de braços quadrangulares, terminados em cornija e ponta de diamante, possuindo grupo escultórico na face frontal e na posterior. Na primeira surge uma Pietá, decapitada, em que a Virgem sentada, portando manto, segura Cristo morto no regaço, com braço direito descaído. Na face E., virada à igreja, surge imagem de Cristo na cruz, de pés sobrepostos, com mãos cravadas, em posição de "palavra", perizonium com dobra no lado direito, tronco com marcação do ventre e cabeça inclinada, com coroa de espinhos. Sobre o Cristo existe cartela com a inscrição "INRI". CRUZEIRO DE ALCOCHETE (a N.): sobre plataforma de planta quadrangular, de dois degraus, assenta plinto paralelepipédico, com escócia inferior, remate em gola reversa e de face frontal inscrita. No plinto assenta cruz latina, de braços quadrangulares, na face frontal, virada a N., lisos e na face posterior com o braço horizontal rusticado. CRUZEIRO DA ESTRADA OU CRUZEIRO DAS ESMOLAS (a S.): sobre soco quadrangular nivelador do terreno, rebocado e pintado de branco, assenta largo plinto cúbico, com remate inclinado e orifício para encaixe da cruz, em cantaria, marcando a base e de braços quadrangulares lisos, possuindo no braço vertical, virado a S. e à estrada, pequeno nicho, em arco, desnudo e mísula frontal. FONTE SANTA com caixa de água de planta circular e massa simples, com cobertura em coruchéu bolboso, ambos rebocados e pintados de branco, à exceção do soco envolvente e do topo do remate, que têm faixas pintadas de azul. A atual face principal surge virada a SO., com parede retilínea, terminada ao nível do soco, circundante da fonte, encimada por lápide de cantaria inscrita; inferiormente possui bica que escorre a água para uma grelha em ferro integrada no pavimento, rebaixado, cimentado, delimitado por muros, capeados a cantaria, e com acesso frontal por dois degraus. A face posterior, virada a NE., possui o primitivo vão da fonte, de perfil retilíneo, sublinhado por faixa azul e com porta em ferro.

Acessos

Escadaria do Adro da Igreja; Rua dos Círios; Rua do Alecrim; Rua Álvaro Tavares (Cruzeiro alpendrado) WGS84 (graus decimais) lat.: 38,706997; long.: -8,924623); Rua da Atalaia (Cruzeiro de Alcochete) WGS84 (graus decimais) lat.: 38,708247; long.: -8,922515); Rua Cruzeiro das Esmolas e EN 4 - Estrada Montijo - Pegões (Cruzeiro da Estrada ou das Esmolas) (graus decimais) lat.: 38,706357; long.: -8,922215); Alameda da Fonte e Rua António Ribeiro Dias (Fonte Santa) (graus decimais) lat.: 38,711451; long.: -8,916752)

Protecção

Categoria: MIP - Monumento de Interesse Público / ZEP, Portaria n.º 259/2010, DR, 2.ª série, n.º 71 de 13 abril 2010 *1

Enquadramento

Urbano, adossado, no cimo do monte de Atalaia, sobranceiro à envolvente, e de onde se desfruta vista panorâmica sobre o estuário do Tejo até Lisboa. A igreja possui adro frontal, retangular, pavimentado a calçada à portuguesa, decorada com três losangos, sendo o nártex precedido por vários degraus. A partir do adro desenvolve-se larga escadaria, de cinco patamares iguais, pontuados por árvores e sob as quais existem bancos de madeira, e um sexto patamar, mais largo, com pavimento igualmente decorado por losangos. O adro e a escadaria são delimitados pelas casas dos círios, onde se alojam os romeiros durante as festas, tendo normalmente cada círio a casa onde se recolhe, propriedade da povoação ou da aldeia que aí se desloca. As casas que flanqueiam a igreja formam um quarteirão desenvolvido para E., delimitado por vias e com logradouros posteriores, vedados por muros; aí existe parque infantil e, a N. da sacristia, um depósito de água, da Câmara Municipal do Montijo. A zona do antigo arraial do santuário é delimitada por três cruzeiros: um alpendrado a O. da igreja, à volta do qual, em agosto, os círios dão as tradicionais três voltas, inserido numa plataforma circular de cantaria, ao nível do solo, e com projetores de iluminação, e nas imediações do qual se faz a feira; o Cruzeiro de Alcochete, a N. da igreja, implantado no denominado Jardim Círio dos Marítimos de Alcochete, junto à linha do limite do concelho do Montijo e integrado num canteiro quadrangular de roseiras; e o Cruzeiro da Estrada, disposto a S., sobranceiro à estrada Montijo - Pegões. A cerca de 650 m a NE. da igreja, já no concelho de Alcochete, implanta-se a Fonte Santa, junto à qual, segundo a tradição, teria aparecido a Virgem e onde durante a romaria se realizam as tradicionais lavagens. Insere-se num espaço quase ovalado, vedado por muro de perfil recortado, rebocado e pintado a branco e azul, formado por vários patamares, pavimentados a cantaria, com canteiros ajardinados e árvores de grande porte e várias mesas e bancos. A fonte dispõe-se ao centro do topo do recinto, com pavimento rebaixado, adaptada ao declive, sendo o muro nessa zona circundado por bailéu e integrando ao centro duas inscrições e registo de azulejos policromo, com a representação de Nossa Senhora da Atalaia. Outrora em local descampado, a fonte encontra-se atualmente rodeada de casas.

Descrição Complementar

Santuário dedicado a Nossa Senhora da Atalaia, com culto documentado na região desde 1409 e referência documental à capela datada de 1470. A visitação de 1525 descreve uma capela alpendrada com nave e capela-mor, cobertas de madeira, com dois altares laterais e um altar-mor, em frente do qual existiam "três degraus de pedra forrados de azulejos". Em redor da capela já existiam seis casas que serviam de hospedaria, quatro delas dispostas a N. e, uma delas, pertencente ao ermitão. A atual igreja foi construída no séc. 17, com linhas eruditas de influência maneirista, com obras pagas pelas várias confrarias ou círios, existindo inscrições alusivas, nomeadamente, à feitura do púlpito, pelo Círio de Palmela, ou, em 1602, por uma outra confraria, à colocação de um anterior silhar de azulejos, com policromia azul e amarela, de que hoje existem fragmentos integrados no silhar do coro-alto. O retábulo-mor é joanino mas evidencia reforma e ampliação posterior e os laterais são de finais do séc. 18. A colocação dos painéis de azulejos na igreja obedece a uma ordem cronológica e circular, com início na entrada, do lado do Evangelho, e a terminar na face oposta, do lado da Epístola. Na capela-mor assiste-se a uma equivalência temática, através do tema da Apresentações no Templo, com a de Jesus do lado do Evangelho e a da Virgem no da Epístola. Segundo Isabel Pires e Rosário Salema, é possível que o silhar da capela-mor seja posterior, em poucos anos, ao da nave, datado de cerca e 1745, pois embora se admita que ambos sejam da mesma oficina, o vocabulário empregue na cabeceira apresenta algumas incongruências estilísticas mais evidentes do que as observadas na nave. No coro-alto, o silhar de azulejos apresenta troca de filacteras sobre as respetivas Litanias, como acontece com a representação do cipreste, encimado por uma estrela com a inscrição Stella Maris, encontrando-se a frase correta Quasi cypressus noutro local. O vocabulário e a melhor qualidade destes painéis indica que o conjunto é anterior aos da igreja, tendo sido readaptados ao local, talvez depois do terramoto, o que poderia explicar alguns painéis estarem incompletos e o recurso a azulejos subsistentes. A igreja possui duas torres sineiras, uma construída na fachada posterior, datada de 1894, e a outra lateralmente, construída depois de 1942. O cruzeiro alpendrado, com inscrição alusiva à sua construção pelo Círio de Lisboa, em 1551, no plinto do cruzeiro e num do alpendre, sofreu várias mutilações. Em 1873 ainda é descrito por Pinho Leal coberto por alpendre com cúpula de cantaria, mas atualmente a cobertura é de alvenaria, a Pietá está decapitada, a figura de Cristo mutilada em várias zonas do corpo e as colunas e plintos do cruzeiro com vestígios de antigos gatos para reforço da estrutura. A fonte santa, junto à qual, segundo a tradição, apareceu a Virgem, é uma fonte mergulho profundamente descaracterizada pelas obras de finais do séc. 19 e do séc. 20. Sabe-se que já em 1752 a Câmara Municipal de Aldeia Galega deu pedra e tijolo para consertar a fonte, e em 1873 a Câmara de Alcochete re-edificou-a, invertendo a sua orientação, mas foi sobretudo as obras de 1897 e as de 1964 que descaracterizaram a fonte, transformando a caixa de água retangular num corpo cilíndrico com cobertura em coruchéu bolboso, pontiagudo. O cruzeiro da Estrada chegou a dispor de caixa de esmolas em ferro no plinto. Entre os arcos do nártex surgem afixados, nos seguintes, pequenos registos de azulejos, o da esquerda com representação de Alminhas e a inscrição "P. N. A. M." e o da direita já inlegível. O portal axial é ladeado por lápide com a seguinte inscrição: "GRATA VENERAÇÃO / DO / PESSOAL DAS ALFÂNDEGAS / ... DO CIRIO". O relógio tem a inscrição "OUSINHA / ALMADA". Na fachada posterior da torre sineira adossada posteriormente à igreja existe cartela com a inscrição: "12 / 12 / 1894" (?). No interior da igreja a porta de acesso ao púlpito tem a inscrição "PALMELA" e o pavimento integra lápide com a inscrição: "(...)VAALOS MORDOMOS DO / ANO DE 1602. FIZERÃO / O AZVLEIO DESTA P. DE A / SVA CVSTA MANOEL MONTEIRO / ANTO. PINHEIRO Pº GONÇALVEZ". O silhar de azulejos da nave, com 15 azulejos de altura sobre um rodapé de cantaria, tem cercaduras de elementos arquitetónicos, como pilastras, entablamentos e volutas, com múltiplos enrolamentos e, pontualmente, anjos, a envolver cenas da vida da Virgem; representam os Esponsais da Virgem e a Anunciação (Evangelho), a Visitação e a Fuga do Egito (Epístola). No coro-alto o silhar de azulejos tem cartelas recortadas com a lua e palmeira, Litanias Marianas, encimadas por filacteras inscritas. Na capela-mor, com 16 azulejos de altura, as cercaduras possuem motivos arquitetónicos, igualmente com enrolamentos e anjos, e uma simulação de almofadado no rodapé, cuja cartela central apresenta símbolos Marianos; nos painéis surge representado a Apresentação de Jesus no Templo (Evangelho) e a Apresentação da Virgem no Templo (Epístola). O intradorso do vão da porta da sacristia é revestido por painéis com elementos alusivos à Virgem, surgindo árvores que simbolizam a Imaculada Conceição de Maria, em cima duma estrela de seis pontas inscrita numa vieira com volutas e acantos. Os retábulos laterais, em talha pintada a marmoreados fingidos, a verde, rosa, bege e dourado, têm estrutura semelhante: planta reta e um eixo, definido por duas colunas de fuste liso, assentes em plintos galbados e de capitéis coríntios, sustentando o ático, em fragmentos de frontão, com remate contracurvo, ornado por resplendor e coração inflamado e concheados. Ao centro abre-se nicho em arco recortado, albergando imaginária. Banco com apainelado de talha, o do Evangelho possuindo frontalmente imagem de Cristo Morto. Altar tipo urna com frontal decorado com motivos vegetalistas. Ladeia o retábulo-mor, a cerca de dois metros de altura, do lado da Epístola, a inscrição "O ALTAR DE N. SNRA. DA ATALAIA / HE PREVILIGIADO TODOS OS DI / AS DO ANNO MERCE Q.UE CON / CEDEV O SS. P. PIO C A INSTACI / AS DOS DEVOTOS. DE OEIRAS / ANNO DE MDCCXCII". No corredor da sacristia existe uma caixa do Círio dos Pescadores de Aldeia Galega com a inscrição "Sº D. N. S. Da Tª El-Rei D Manoel juiz Propria. D. Festa DOS pescadores Dalda Gª e todos os mais Res. 1534". A casa adossada à esquerda da igreja tem, na frontaria, lápide com a inscrição "ESA OBRA MANDOV / FAZER A COMFRA / RIA DE SETUVAL SEM / DO MORDOMO bEL / CHIOR FERNAN/ DES bERTAM 1551". O cruzeiro alpendrado tem o plinto com cartela em forma de escudo com a inscrição: "ESTE CRUZEIRO / MANDOU FAZER HA CON / FRARIA / DE LIXBOA / 1551", e o plinto da coluna esquerda do alpendre, do lado O., com a inscrição: "ESTA MESMA OBRA MANDOU FAZER A CONFRARIA DE LISBOA 1551". O Cruzeiro de Alcochete tem no plinto a inscrição: "ESTA CRVS. MANDOV / FAZER D.OS F. RA PATA / RATA E SVA MOLHER POR SVA DEVACAÕ, PEDE / HV PADRE NOSSO E AVE / MARIA PELAS ALMAS / FEITA NO ANNO DE / 1669 / DE ALCOCHETE". No jardim onde este se ergue, um afloramento rochoso integra a lápide "JARDIM CÍRIO / DOS MARÍTIMOS / DE ALCOCHETE / ATALAIA, 24 DE ABRIL DE 2000". O Cruzeiro da estrada possui na face N. do plinto lápide em mármore, preto, com a inscrição, em dourado: "CRUZEIRO / DA ESTRADA / OU / CRUZEIRO / DAS ESMOLAS". Sobre a face SO. da Fonte Santa existe lápide com a inscrição "FONTE / DE N. S. DE ATALAIA / MANDADA REEDIFICAR PELA / CÂMARA MUNICIPAL / DE ALÇOCHETE / 1873", encimada por uma placa moderna com o aviso "ÁGUA / IMPRÓPRIA / PARA / CONSUMO". Na zona central do muro, atrás da fonte, existe pequeno nicho retilíneo de cantaria com registo de azulejos policromos com a representação de Nossa Senhora da Atalaia, inserida em cartela ovalada, e com a inscrição "ALELUIA / AVEIRO" e "Nª Sª / DA / ATALAIA". Inferiormente, um painel de azulejos, azuis e brancos, tem inscrição, adaptada da obra Santuário Mariano, de Frei Agostinho de Santa Maria: "SEGUNDO REZA A TRADIÇÃO, FOI JUNTO DESTA FONTE (A QUE CHAMAVAM FONTE SANTA), NUMA AROEIRA / FRONDOSA QUE A COBRIA, E QUE PRODUZIA INCENSO E DONDE OS DEVOTOS TIRAVAM VARAS E AS LEVAVAM / COMO REMÉDIO CONTRA AS SEZÓES, QUE APARECEU A IMAGEM DE NOSSA SENHORA. CONDUZIDA PARA UMA / CASINHA, NO CIMO DO MONTE COLOCARAM-NA NUMA CANTAREIRA, SENDO-LHE PRESTADO CULTO FERVEROSO. / ECOANDO A NOTÍCIA PELOS ARREDORES, COMEÇOU A AFLUIR IMENSO POVO, FAZENDO À SENHORA PRO- / DÍGIOS E MILAGRES. À VISTA DESTES, DESPERTANDO A FÉ E A DEVOÇÃO DOS FIÉIS, RESOLVERAM, COM AS / OFERTAS, EDIFICAR AO LADO UMA CAPELA, COLOCANDO A IMAGEM NO ALTAR-MOR; PORÉM, COM SURPRESA, / DE TODOS, NO DIA SEGUINTE FORAM ENCONTRÁ-LA NA CANTAREIRA, FACTO QUE SE REPETIA SEMPRE. / ENTÃO OS DEVOTOS, PARA NÃO CONTRARIAREM A VONTADE DA SENHORA, MANDARAM FAZER UMA OUTRA / IMAGEM, A QUE DERAM A MESMA IVOCAÇÃO, COLOCANDO-A NO ALTAR NOVO, SENDO ESTA A QUE SE VENE- / RA NO TEMPLO: A IMAGEM QUE APARECEU, MAIS PEQUENA E COM UM CUNHO DE MUITA ANTIGUIDADE, FI- / COU NA CANTAREIRA, TRANSFORMADA MAIS TARDE EM DEVOTO NICHO, NA PRIMITIVA CASINHA, A QUE / CORRESPONDE A ACTUAL SACRISTIA. / DO LIVRO SANTUÁRIO MARIANO / DE FREI AGOSTINHO DE SANTA MARIA". Inferiormente existe ainda uma outra lápide, em mármore, com a inscrição "CAMARA MUNICIPAL DE ALCOCHETE / OBRA EXECUTADA NO ANO DE / 1962". Em frente da fonte existe, do lado esquerdo, chafariz ligado à rede pública, de taça hemisférica, sobre pé cilíndrico, assente em soco quadrangular de dois degraus.

Utilização Inicial

Religiosa: ermida

Utilização Actual

Religiosa: santuário

Propriedade

Privada: Igreja Católica (Diocese de Setúbal)

Afectação

Sem afetação

Época Construção

Séc. 17 / 18 / 20

Arquitecto / Construtor / Autor

FÁBRICA DE AZULEJOS: Fábrica Aleluia (1962).

Cronologia

Séc. 13, final - Aldeia Galega constitui um dos lugares do concelho de Riba Tejo, tendo como paroquial a Igreja de Sabonha; 1409 - documentada a devoção a Nossa Senhora da Atalaia desde esta data; 1470 - referência à "ermida de Stª Mª da Atalaya"; 1500, cerca - terrenos coutados são destinados à capela por D. Jorge de Lencastre, filho de D. João II, para património da capela e logradouro dos romeiros; 1507 - na sequência de uma epidemia que assola a capital, os oficiais da Alfândega de Lisboa organizam uma romagem ao santuário de Aldeia Galega; data do Compromisso do Círio da Alfândega de Lisboa; 1525 - segundo a Visitação dos freires da Ordem de Santiago, Aldeia Galega tem 145 vizinhos e a capela, com as paredes de pedra e cal, tem a nave com onze varas de comprimento e cinco varas e quarta de largura e a capela-mor, com seis varas de comprido e cinco varas e meia de largura; o arco da porta principal é de pedraria; a nave tem dois altares, um com invocação de São Gregório, de alvenaria e tendo em cima um retábulo com imagem do orago e umas cortinas brancas com seu guarda-pó, e o outro com invocação de Santo André e de Santa Catarina, com outras cortinas brancas e um retábulo pequeno; o corpo da igreja é ladrilhado e coberto e forrado "dolivell muito bem olivellada" e tem uma roda de campainhas; no arco triunfal, de pedraria, tem um crucifixo de vulto e à entrada da capela-mor umas grades pintadas; na capela-mor tem um altar forrado a azulejos e detrás do altar um retábulo "pintado de Images Rico e muito boõ de gramdura do altar e no meio dele hua charola pymtada douro e dentro dela hua imagem de nossa senhora cõ ho menino Jhesuu no colo E mais no dito altar hua Imagem de sam Sebastião nova e muito devota E outra de sam cristovam com o menino Jhesuu em cima dele E outra imagem de samta luzia piquena e muito devota"; no altar há ainda dois espelhos grandes e uma "corrediça de pano de calecu pymtado"; em frente do dito altar há três degraus de pedra forrados de azulejos, por onde se sobe ao altar; a capela-mor é forrada "dolivell e ho olivell pymtado dazul e estrellas douro e no meio della estão tres alampadas"; diante da porta principal está um alpendre cercado todo de pedraria e sobre esteios de pedra coberto de telha vã, tendo 13 varas de comprimento, três varas e terça de largura, e nele está uma "campãa cõ que tamjem a deus"; à direita da capela-mor existe sacristia de pedra e cal, sobradada e coberta de telha vã, com quatro varas de comprimento e duas varas e duas terças de largura, com duas arcas para guardar os ornamentos; em frente do dito alpendre e igreja estão 59 pinheiros grandes e muito bons onde se agasalha a gente que vem à romaria; em redor da ermida existem seis casas suas, quatro do lado N. que servem de hospedaria e uma delas tem uma chaminé e forno de duas em que vive o ermitão e uma delas tem uma chaminé e as paredes são de pedra e cal e cobertas de telha vã e madeiradas de madeira de castanho; o Visitador manda fazer na ermida as seguintes obras, no termo de seis meses: retelhar os telhados, colocar uma vidraça na fresta da capela-mor, consertar e igualar as escadas da entrada do alpendre, em frente da porta principal, antes que se danifiquem de todo, sob pena de dez cruzados pagos de suas fazendas aplicadas a metade para as obras da ermida e a outra para o meirinho da visitação; 1527 - segundo o Cadastro da população ordenado por D. João III, Aldeia Galega tem 106 vizinhos e 67 moradores; 1540, 10 janeiro - carta do Mestre da Ordem de Santiago confirmando o acordo que estabeleceu a separação da freguesia de Alcochete e da de Aldeia Galega, na qual ficou incorporada a ermida da Atalaia, com a condição de que a casa do Círio que a confraria de Alcochete ali possuía, estivesse ao dispor sempre da mesma e dos moradores de Alcochete quando fizessem a sua romaria; séc. 16, meados - a capela passa a ser administrada pela paróquia de Aldeia Galega; 1551 - data inscrita no cruzeiro alpendrado assinalando a sua construção pela confraria de Lisboa; data inscrita na casa adossada à fachada lateral esqueda da igreja assinalando a sua construção pela confraria de Setúbal, sendo mordomo Belchior Fernandez Bertam; 1574 - feitura de algumas marcações por "aver algas diferenças e duvidas antre as vilas d'aldeia Galega de Ribatejo e Alcochete sobre a demarcação dos termos delas"; 1602 - data da lápide inscrita integrada no pavimento, com os nomes dos mordomos Manuel Monteiro, António Pinheiro e Pedro Gonçalves, que pagam à sua custa os azulejos da igreja; 1606 - deslocavam-se à Atalaia 23 círios; 1609 - Visitação refere a falta de obras, para o que pediam que Sua Majestade lhes concedesse mais tempo, tendo-se encontrado feito apenas o telhado; 1613 - Visitação revela que nem todas as obras haviam sido feitas, referindo-se que nas traseiras da igreja, no alto da parede situada ao lado da anterior torre sineira, é bem visível parte de uma pedra saindo do alinhamento com uma inscrição que não se consegue decifrar, provavelmente correspondente às obras executadas nessa data, à re-edificação ou a anterior templo; 1620 - Aldeia Galega tem 290 fogos e 2920 pessoas; 1623 - data apontada por Frei Agostinho de Santa Maria para obras na igreja; 1669 - data inscrita no plinto do cruzeiro de Alcochete, assinalando a sua construção; 1686, 2 dezembro - Câmara Municipal determina que se "entregasse a chave do caixão dos ditos vestidos ao procurador da Câmara, afim d'este dispor a quem vestisse Nossa Senhora, até Sua Magestade ordenar, quem entendesse nomear e confirmar"; séc. 18, início - segundo Frei Agostinho de Santa Maria, no Santuário Mariano, vão ao Santuário 25 círios *2, e a imagem grande da Virgem é "estofada, & está sentada em hua cadeira, & faz assim de altura pouco mais de três palmos. Tem nos braços ao Menino Deos, mas unido, & formado da mesma matéria, de que he a Senhora"; Frei Agostinho de Santa Maria refere ainda que nas paredes daquela casa da Senhora existem "muitas memorias de cera, quadros, mortalhas, & outras coisas..." que oferecem como prova de agradecimento quem recebe benefícios da Senhora; também "parece que a Senhora gosta de que sobre as peanhas se lhe fabriquem os seus Altares"; 1709 - Aldeia Galega tem 400 vizinhos, 9 estalagens e 18 barcos; 1723 - data da caixa do círio dos trabalhadores de Alcochete; 1738, 24 fevereiro - devido a uma prolongada seca, os habitantes da vila de Aldeia Galega trazem a imagem (a mais pequena, a primitiva) processionalmente até à igreja matriz onde lhe celebram uma novena, resultando na imagem, não só fazer chover torrencialmente, mas fazer suspender a chuva durante as procissões naquele dia e no de 25 de março seguinte; 1747, 26 setembro - Câmara nomeia aia da Senhora D. Ana Maria Antónia da Gama, a quem "entregaram todos os ornatos e joias da senhora, por inventário"; 1752 - Câmara Municipal de Aldeia Galega (Montijo) dá pedra e tijolo para "consertar a fonte da Atalaya ou de Caría, que também assim se chamava por estar unida à Quinta do Caría; 1753 - data do ex-voto mais antigo que se conhece dedicado à Senhora da Atalaia, sendo oferta dos quinze romeiros do círio de Oeiras que foram apanhados por um forte temporal; 1755, 1 novembro - as inundações em aldeia Galega, na sequência do terramoto, fazem as populações refugiarem-se no monte da Atalaia; 1758 - Aldeia Galega tem 3703 habitantes; 1780 - alvará de D. Maria I para delimitação do monte com seis marcos de cantaria; medição do monte, verificando-se que "a cabeça e faldas d'este monte, que constituem a coutadinha da capela, medem o contorno de 3613m,50 balisado por seis marcos de cantaria com o nome gravado - Atalaya"; 1792 - mercê de altar privilegiado de Nossa Senhora da Atalaia concedida aos devotos de Oeiras pelo papa Pio VI; 1808, 1 fevereiro - decreto de Junot determinando que todo o ouro e prata de todas as igrejas, capelas e confrarias da cidade de Lisboa e seu termo fosse conduzido à Casa da Moeda; 5 março - entrega à Casa da Moeda de 9 marcos e 3 onças de prata da confraria de Nossa Senhora da Atalaia do Sítio do Louro e aldeia da Quinta do Anjo; dão ainda entrada peças de prata da capela da Atalaia com o peso de 97 marcos e 3 onças, onde se inclui uma lâmpada da capela-mor com o nome do Sereníssimo S. D. Francisco Infante e uma perna de folha de prata com a inscrição "S Dom Franc.cº", ambos oferecidos pelo Infante D. Francisco (irmão de D. João V), devido a uma promessa à Senhora da Atalaia caso melhorasse da fratura de uma perna partida nas imediações da capela; 26 junho - assalto à capela por tropas francesas que levam várias peças de prata, nomeadamente um cálice oferecido por D. Manuel; 1820 - cedência da casa do Círio de Setúbal à capela devido o desaparecimento do círio, casa "com frente para o adro" e cuja lápide gravada na parede tem a data "1700"; 1845, 28 agosto - venda a um particular da casa do Círio da Alfândega de Lisboa, a maior de todas junto à igreja, pelo Tribunal do Tesouro Público, círio que havia sido extinto após a reorganização geral das alfândegas em 1832-1833; 1864 - segundo Vilhena Barbosa aqui vêm 25 Círios; gravura do santuário por Barbosa Lima publicada em Archivo Pittoresco, representa a igreja com arcada tripla na fachada principal precedida por adro murado com escada; 1870 - no sábado, domingo e segunda-feira estão no santuário 18 círios; 30 agosto - segundo o Jornal de Notícias, "na casa dos milagres as paredes estão cobertas de cêra, quadros, mortalhas, moletas e outras promessas que são outros tantos milagres feitos pela Santíssima Virgem", totalizando duzentos quadros; 1873 - segundo Pinho Leal, ao fundo do terreiro, em frente da igreja e à sombra de um corpulento pinheiro, ergue-se cruzeiro de pedra sob cúpula também de pedra, sustentado por quatro pilares; desde o São João até outubro os círios e as romarias à igreja fazem-se sem interrupção, sendo o sítio um verdadeiro arraial; de inverno só tem uns 25 moradores permanentes; a Câmara de Alcochete procede à re-edificação da fonte; até esta data "assimilhando-se a uma capellinha com um pequno reservatório, cuja frente olhava para o nascente. Permaneceu por muito tempo deteriorada e quasi reduzida a nada; e só depois de muitos pedidos á camara da vila d'Alcochete a quem de facto pertence, se reparou condignamente a expensas da mesma, no ano de 1873 como se vê no rótulo..."; conserva a mesma configuração da anterior, diferenciando-se apenas em virar-se para O. ou para a capela; 1874 - vêm ao santuário 31 círios; 1879 - mudança do nome da povoação para Aldegalega do Ribatejo; 1894 (?), 12 dezembro - data inscrita em cartela na fachada posterior da torre sineira adossada à fachada posterior da igreja; 1897 - fotografia desta data retrata a fonte num sítio isolado, com caixa de água retangular, rebocada e pintada de branco, com cobertura piramidal formando curva; na face frontal possui vão retilíneo, moldurado e encimado por lápide inscrita; séc. 19, finais - provável feitura da pintura representando as festas em honra de Nossa Senhora da Atalaia e representando a capela e o cruzeiro alpendrado; 1900 - já nesta altura a estrutura da cúpula do cruzeiro alpendrado está reforçado com tirantes de ferro, aplicados no capitel das colunas; 1903 - venda das casas do Círio de Oeiras, em hasta pública, devido ao declínio do mesmo, a um morador de aldeia Galega; 1930 - mudança do nome de Aldegalega do Ribatejo para Montijo; 1942 - fotografia do santuário mostra que os arcos laterais da frontaria haviam sido fechados, possuindo janelas com molduras curvas superiores; em frente da igreja existe uma ladeira, em terra, flanqueada pelas casas dos círios; ainda não havia sido construída a torre sineira na fachada lateral direita; 1962 - arranjo do recinto envolvente à Fonte Santa, pela Câmara Municipal de Alcochete, com colocação de registo de azulejos de Nossa Senhora da Atalaia, feito pela Fábrica de Aleluia; 1985 - criação da freguesia da Atalaia, desintegrada da do Montijo; 1987 - são desenterradas as bases das colunas que sustentam a cúpula do cruzeiro manuelino, tendo sido feito uma caixa em cimento a enquadrar o monumento, cuja base se encontrava a um nível inferior; 1988, 10 novembro - proposta de classificação do imóvel pela Câmara Municipal do Montijo; 1996 - construção dos sanitários junto ao jardim da Fonte Santa pela Junta de Freguesia de Alcochete; 2003, 30 junho - despacho de homologação como Imóvel de Interesse Público do Ministro da Cultura; 2007, 19 janeiro - proposta de fixação de Zona Especial de Proteção; 12 fevereiro - parecer favorável à classificação pelo Conselho Consultivo do IPPAR; 2004 - equipa de arqueólogos detetou no local vestígios pertencentes à Pré-História recente e à Pré-História, tendo-se anteriormente encontrado próximo da capela um machado de pedra polida; 2009, 24 setembro - novo despacho de homologação como Imóvel de Interesse Público e fixação de Zona Especial de Proteção do Ministro da Cultura.

Dados Técnicos

Sistema estrutural de paredes portantes.

Materiais

Estrutura em alvenaria, rebocada e pintada; pilastras, frisos, cornijas, fogaréus, molduras dos vãos em calcário de lioz; púlpito e pias de água benta em brecha da Arrábida; vãos das capelas laterais, arco triunfal, lavabo, acrotérios do coro-alto e outros em mármore; retábulos em talha policroma e dourada; lápides em mármore; pavimento cerâmico e em calcário; vidros simples e policromos; portas e portadas de madeira; grades, portões do nártex e porta da fonte em ferro; silhar de azulejos azuis e brancos; cobertura em telha; cruzeiro alpendrado e o de Alcochete em calcário de lioz.

Bibliografia

COSTA, Pe. Manuel F. Ribeiro da - Narrativa Historica da Imagem de Nossa Snhora de Atalaya que se venera na capela sita no monte d'Atalaya do concelho de Aldeagallega do Ribatejo. Lisboa: Typ. Henrique Zeferino, 1887; GIL, Júlio, CALVET, Nuno - Nª Senhora de Portugal. Santuários Marianos. Lisboa: Intermezzo, 2003; GRAÇA, Luís - Edifícios e Monumentos Notáveis do Concelho do Montijo: Montijo, 1989; LEAL, Alberto Pimentel Pinho - Portugal Antigo e Moderno. Lisboa: Livraria Editora de Mattos Moreira & Companhia, 1873, vol. 1; LUCAS, Isabel Maria Mendes Oleiro - Memória Descritiva da Igreja da Atalaia. 1986; LUCAS, Isabel Maria Mendes Oleiro - Subsídios para a História do Concelho do Montijo. Cronologia Geral. Montijo: Câmara Municipal do Montijo, 1992; MARQUES, Luís - Tradições religiosas entre o Tejo e o Sado - os círios do Santuário da Atalaia. Lisboa: Assírio e Alvim, 2004; PIRES, Isabel, CARVALHO, Rosário Salema de - O Património Azulejar do Concelho do Montijo. Lisboa: Edições Colibri, Câmara Municipal do Montijo, 2008; RAMA, José de Sousa - Coisas da Nossa Terra: Breves Notícias de Aldeia Gallega do Riba-tejo. Lisboa: Typ. do Annuário Commercial, 1906; VASCONCELOS, João - Romarias. Um Inventário dos Santuários de Portugal. Lisboa: OLHAPIM, 1998, vol. 2; Luís Marques, Os Círios do Santuário da Atalaia (), [consultado em 18-11-2013].

Documentação Gráfica

IHRU: DGEMN/DSID

Documentação Fotográfica

IHRU: DGEMN/DSID, SIPA; Associação de Reitores dos Santuários de Portugal / Paulinas

Documentação Administrativa

Compromisso do Ciro da Alfândega de Lisboa (1507); Livro das Visitações da Ordem de Sant'Iago (1525, 1607 e 1609); Acórdãos da Câmara da Aldeia Galega (1618)

Intervenção Realizada

CÂMARA MUNICIPAL DE ALCOCHETE: 1962 - arranjo do recinto envolvente da Fonte Santa; 2000 - arranjo do Jardim Círio dos Marítimos de Alcochete; CÂMARA MUNICIPAL DE MONTIJO: 2001 - obras de conservação, limpeza e pintura do cruzeiro alpendrado; restauro da tela pintada representando as festas em honra de Nossa Senhora da Atalaia.

Observações

*1 - DOF: Igreja de Nossa Senhora da Atalaia e três cruzeiros. *2 - Segundo Frei Agostinho de Santa Maria, no Santuário Mariano, a N. da igreja erguia-se a Fonte Santa e, junto dela e cobrindo-a, uma aroeira grande, que produzia incenso e da qual os devotos tiravam os paus e levavam para remédio contra as sezões. Segundo a tradição, teria sido nesta aroeira que apareceu a Senhora da Atalaia e que dali a levaram para uma casinha que ali havia, recolhendo-a na cantareira que tinha. Logo com a fama do aparecimento, começou a concorrer gente e a Senhora a operar prodígios e milagres. Parecendo-lhes o local muito pequeno para depósito de tão sagrada relíquia, resolveram fazer uma igreja competente, o que se fez com muita diligência. Acabada e posta em toda a perfeição a igreja, mudaram a Senhora para o altar-mor, mas a Senhora não desprezou o primeiro lugar, que lhe haviam dado naquele nicho ou cantareira e, no dia seguinte, a acharam novamente recolhida nela. Diz a tradição que repetira a milagrosa mudança tantas vezes que os seus devotos, para não irem contra a vontade da Senhora, mandaram fazer outra imagem da mesma invocação, para a colocar em seu lugar, no altar-mor da igreja, sendo denominada de Senhora Moça, e a principal, que aparecera, chamada de Senhora Velha, colocaram na primeira casinha, que serve de sacristia. Segundo Frei Agostinho de Santa Maria, o nicho conservou-se com poucos aumentos, até que em 1623 os mordomos da Senhora o acrescentaram, fazendo-o mais côncavo e, depois de algum tempo, o adornaram e fecharam com vidraças. *2 - O culto a Nossa Senhora da Atalaia, desenvolvido à margem da Igreja Católica, já que os membros dos círios não chegam a entrar na igreja e as procissões não contam com a presença do pároco, é prestado por confrarias populares que se deslocam ao santuário, em cumprimento de uma promessa antiga da aldeia ou da povoação, transportando a imagem venerada, bem como o guião e as bandeiras com o nome da povoação e do santuário. No local têm o ritual das três voltas ao templo; as arrematações das bandeiras e das fogaças à porta da igreja; procissões; a lavagem simbólica da cara na "fonte santa" pela manhã, onde antigamente se alugavam alguidares e toalhas para o efeito; a eleição com um ano de antecedência de juízes, mordomos ou comissões que se responsabilizam pela continuidade do culto; etc. O cruzeiro alpendrado está intimamente ligado ao culto de Nossa Senhora e é incluído no ritual processional dos círios que chegam ao Santuário. No princípio do século, as festas tinham grande dimensão, ali se reunindo círios provenientes de localidades ao redor, mas também de povoações da margem norte do Tejo, que utilizavam barcos como meio de transporte. Atualmente o número de círios está reduzido a seis: o de Carregueira, Olhos de Água, Pinhal Novo e Quinta do Anjo (localidades do concelho de Palmela) e o de Azóia (Sesimbra). Estes visitam o santuário nos dias da festa maior, enquanto o círio de Alcochete fá-lo no domingo de Páscoa. O de Pinhal Novo, por ser o mais recente, é designado de Círio Novo. A romaria de agosto integra um conjunto de atos religiosos e espetáculos recreativos organizados pelos juízes e mordomos dos cinco círios que visitam o Santuário da Atalaia na ocasião. No domingo de manhã, as pessoas dirigem-se à fonte Santa e lavam a cara. Durante a tarde sucedem-se os bailes oferecidos por diversos círios e, ao fim do dia, realiza-se a grande procissão com o andor da Senhora da Atalaia, que integra sempre todos os círios. À noite há bailes no terreiro, nos locais destinados a cada um dos círios. Cada círio tem o seu baile e no final de cada um, procede-se à arrematação da bandeira que os membros do círio levaram à frente no cortejo. A pessoa que fica com o estandarte será o juiz do respetivo círio no ano seguinte, e o responsável pela organização da romagem e dos espetáculos oferecidos aos restantes romeiros.

Autor e Data

Paula Noé 2013 (no âmbito da parceria IHRU / Secretariado Nacional para os Bens Culturais da Igreja)

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