Convento de Santo António / Igreja e Convento de São Francisco
| IPA.00004660 |
Portugal, Setúbal, Alcácer do Sal, Torrão |
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Arquitectura religiosa, maneirista, chã, barroca, joanina, neoclássica, pombalina. Edificação maneirista pela sobriedade e austeridade espacial e decorativa; pelo emprego de repertório renascentista no portal da igreja e nas ordens toscana e dórica do claustro, onde se assiste a diferenciação de noção de escala. A talha dos retábulos caracteriza-se pela utilização de colunas pseudo-salomónicas, arcos concêntricos e meninos, do barroco nacional; barroco joanino na capela lateral com imagens inseridas nos nichos com mísulas. Nesta capela, da mesma época, é a composição dos silhares de azulejos, com friso de albarradas, envoltas por ornatos e pares de golfinhos, querubins e volutas, separados por palmitos, sendo o conjunto contornado por barra de folhagem estilizada enrolada. Na nave central, os azulejos neoclássicos caracterizam-se pela frescura dos motivos, de tratamento linear e gráfico, praticamente sem sugestões volumétricas e pelo enquadramento de fitas que se entrelaçam, numa técnica muito caligráfica, sobre fundo branco. |
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Número IPA Antigo: PT041501040016 |
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Registo visualizado 1603 vezes desde 27 Julho de 2011 |
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Edifício e estrutura Edifício Religioso Convento / Mosteiro Convento masculino Ordem de São Francisco - Franciscanos (Província dos Algarves)
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Descrição
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Planta composta, irregular, de volumes adossados. Igreja flanqueada pelo convento e pelo anexo paroquial; volume a E. embebido em secante num cunhal e torre. Coincidência exterior-interior. A verticalidade dos vãos sobrepostos e das empenas, contrapoe-se a horizontalidade dada pela série de janelas do convento. Cobertura diferenciada: telhado de 1, 2 e 3 águas, coruchéu piramidal e terraço. O edifício tem embasamento pouco proeminente, remata em cornija e beiral; tem 2 registos e a torre 3. Vãos com verga em arco abatido; pilastras embebidas com urnas e pináculos de coroamento. Na fachada principal a NO., 4 panos: o da ala conventual e o do frontispício da igreja enquadrados por pilastras, e 2 panos de um anexo. Frontispício da igreja, de empena angular, com platibanda fantasiosa, encimado por cruz; nártex exterior com vestígios de pinturas murais de medalhões e elementos vegetalistas estilizados, com arcadas de ordem dórica: uma geminada, em asa de cesto e 2 simples, de volta inteira; coberto por abóbada de arestas, portal com moldura de pedra, tudo sobrepujado por janelão de 2 lumes. Pano esquerdo tendo no térreo 1 porta e no superior, uma série de janelas. Dos outros 2 panos, um é cego e o outro tem um janelão sobrepujado por óculo, rematando em frontão alto e curvo. Fachada SO. de 2 panos: um, com cruz em baixo-relevo, rasgado por 2 janelas flanqueando porta; outro definido por pilastras embebidas; remata em frontão angular. A fachada NE., com 9 janelas no 2º piso, adossam-se 4 contrafortes. INTERIOR: diferencia-se 1 nave (11,80 m de altura), 1 capela lateral profunda à direita e capela-mor com arco triunfal, pleno. A luz entra pelo janelão do coro-alto e por uma janela no flanco esquerdo da capela lateral. As ilhargas da nave e da capela lateral (6,80 m de altura) coroadas por cornija, arranque de ambas as abóbadas de berço. As paredes da nave e da capela lateral estão revestidas, a cerca de um terço da sua altura, por silhar azulejar. A capela lateral forrada a madeira com pinturas, opoe-se uma capela rasa. Nas capelas, arcos de ordem toscana; paredes fundeiras e frontais dos altares revestidos com retábulos de talha dourada. Capela-mor revestida com silhar de azulejos policromos, padrão de tapete, amarelo e azul sobre fundo branco, com cercadura guarnecida com roxo-manganés. Interiormente, os dois pisos do convento desenvolvem-se à volta do claustro de ordens sobrepostas, toscana e dórica, com arcos plenos no térreo e de asa de cesto no 1º piso. |
Acessos
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Largo de São Francisco; Rua da Estalagem; Rua do Relógio |
Protecção
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Categoria: MIP - Monumento de Interesse Público / ZEP, Portaria nº 445/2012, DR, 2.ª série, n.º 181, de 18 setembro 2012 |
Enquadramento
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Urbano, em planície, isolado em largo, junto a jardim, separado dele por rodovia. Está rodeado por edificações modernas, de porte idêntico estendendo-se nas traseiras, o logradouro com horta, terreno de cultivo e pomar. |
Descrição Complementar
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Os azulejos da capela-mor são de padronagem composta: faixas curvas desadornadas que enquadram ramos floridos, envolvendo jarra com flores de grande leveza. Na capela lateral as paredes estão cobertas por silhar de azulejos, seriado, de repetição linear, de albarradas, sendo o resto preenchido pelo vão de janelas e por pintura. Nesta capela a decoração do tecto é feita à volta de uma pintura central, com curvas e contracurvas, concheados, enrolamentos e fitas entrelaçadas. Os 3 retábulos de altar são decorados por rica talha dourada. Nos 2 pisos do edifício do antigo convento, em torno do claustro aberto, desenvolvem-se 10 divisões. O pátio tem o piso a um nível inferior ao do corredor térreo. Nas galerias, vêm-se mísulas de apoio às abóbadas de arestas que as cobrem. Numa das paredes do piso térreo há uma lápide onde se lembra que o claustro servirá para enterramento apenas dos Irmãos da Ordem Terceira que desfrutavam o convento. Vê-se, ainda, um arco pleno, cego. O chão das galerias é coberto por tijoleira. No terraço eleva-se um arco sineiro, com frontão triangular e pináculos. |
Utilização Inicial
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Religiosa: convento masculino |
Utilização Actual
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Religiosa: Igreja / Residencial unifamiliar: casa paroquial |
Propriedade
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Privada: Igreja Católica (Diocese de Évora) |
Afectação
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Época Construção
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Séc. 16 / 17 |
Arquitecto / Construtor / Autor
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Cronologia
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Séc. 16 - construção; séc. 17 - silhar de azulejos policromos da capela-mor; 1737 - início da reedificação; séc. 18 - silhar de azulejos da capela lateral; 1958 - o Padre Daniel Bernardes, fez uma permuta com a Misericórdia ficando a Diocese na posse do Convento; 1991, 20 novembro - proposta de classificação da Câmara Municipal de Alcácer do Sal; 1994, 25 fevereiro - proposta de abertura do processo de classificação da DRÉvora; 28 fevereiro - despacho de abertura do processo de classificação do Presidente do IPPAR; 2010, 25 março - proposta da DRCAlentejo para a classificação como de Interesse Público; 15 novembro - nova proposta da DRCAlentejo para a classificação como Conjunto de Interesse Público e estabelecimento de Zona Especial de Proteção; 2011, 09 fevereiro - parecer da SPAA do Conselho Nacional de Cultura a propor a classificação como Monumento de Interesse Público e estabelecimento de Zona Especial de Proteção; 25 outubro - Anúncio n.º 15401/2011, DR, 1.ª série, n.º 205, do projecto de decisão de classificar o imóvel como Monumento de Interesse Público e fixação da respectiva Zona Especial de Proteção. |
Dados Técnicos
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Sistema estrutural de paredes portantes. |
Materiais
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Alvenaria, cantaria de calcário, mármore, pinturas murais, madeira, talha, azulejos, tijoleira, telhas |
Bibliografia
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DUARTE, Ana, Igrejas e Capelas da Costa Azul, Setúbal, s. d.; FREIRE, José, Autenticidade da Inscrição do Torrão, datada de 682 d.C. - Fidedignidade de André de Resende, s. l., s. d.; GOMES, Fernando, Convento de São Francisco (texto policopiado, CMA, existe exemplar do trabalho no IPPAR); http://www.patrimoniocultural.pt/pt/patrimonio/patrimonio-imovel/pesquisa-do-patrimonio/classificado-ou-em-vias-de-classificacao/geral/view/72003 [consultado em 5 agosto 2016]. |
Documentação Gráfica
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IHRU: DGEMN/DSID / Paróquia do Torrão / CMA |
Documentação Fotográfica
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IHRU: DGEMN/DSID |
Documentação Administrativa
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Paróquia do Torrão: Caderneta Predial |
Intervenção Realizada
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Diocese de Grândola: 1968, c. de - obras de recuperação geral do edifício: conservação geral e limpeza, instalações de sistema de anti-intrusão, detecção e segurança contra incêndios, recuperação e conservação de coberturas, de tectos, de rebocos, das caixilharias, conservação, restauro de objectos de arte e decoração, guarda e segurança, tratamento da envolvência; CMA: 1998 - obras de recuperação da envolvência do convento. |
Observações
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No templo estão guardadas peças arqueológicas diversas: duas colunas de mármore que, segundo informação do Padre António José Esteves Fernandes, terão vindo das ruínas da Igreja de São João dos Azinhais; da mesma proveniência, serão as partes de capitéis, bases de colunas e fragmentos vários que se encontram no deambulatório; num nicho do claustro, do lado da sacristia, há uma ara romana formada por pilastra rectangular, anepígrafe e sem fóculo, com uma curvatura na parte superior, adornada com um filete marcando a área do capitel e tendo nas faces anterior e posterior um desenho que lembra uma ânfora (FREIRE). |
Autor e Data
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Albertina Belo 1998 |
Actualização
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