Igreja Paroquial da Azinhaga / Igreja Matriz de Nossa Senhora da Conceição

IPA.00004654
Portugal, Santarém, Golegã, Azinhaga
 
Igreja paroquial de construção medieval, de que subsistirão os dois absidíolos laterais com coberturas em cruzaria de ogivas e abertos para a capela-mor, esta bastante profunda, ainda de estrutura medieva. Foi reconstruída no séc. 16, integrando um programa nacional de construção de igrejas paroquiais pelas Ordens Militares, administradas diretamente pela Coroa, neste caso específico a Ordem de Cristo, com três naves de cinco tramos, a altura idêntica, definidos por arcadas assentes em simples colunas cilíndricas, sendo a estrutura bem visível na fachada principal, tripartida, iluminada uniformemente por janelas rasgadas nas fachadas laterais, as atuais datáveis do séc. 17. No final do séc. 18, sofreu uma renovação das estruturas retabulares, de talha pintada de marmoreados fingidos e dourada, de estilo tardo-barroco. É de planta retangular composta pelo corpo, capela-mor com as sacristias da paróquia e do Santíssimo, no lado da Epístola, com coberturas interiores diferenciadas de madeira na nave e em abóbada de caixotões de pedra na capela-mor. Fachada principal rematada em frontão triangular, tripartida, com o eixo central rasgado por portal rematado por tabela, aberta pelo janelão do coro, de feitura seiscentista. Fachadas com cunhais em silharia fendida, rematadas em cornijas, as laterais rasgadas por portas travessas. Torre sineira de provável construção oitocentista, com duplas ventanas em duas das suas faces, tendo acesso pelo interior, por escada de caracol. Interior com coro-alto, batistério no lado do Evangelho, integrando pia quinhentista, púlpito adossado a uma das colunas na nave e capelas laterais à face. Possui silhares de azulejo de padrão seiscentista, que também surge na parede sobre o arco triunfal, a enquadrar um painel com a "Adoração do Santíssimo". A ladear as portas, quatro pias de água benta, do final de setecentos. No pavimento da capela-mor, mantêm-se duas lápides sepulcrais setecentistas, uma delas armoriada.
Número IPA Antigo: PT031412010006
 
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Registo

 
Edifício e estrutura  Edifício  Religioso  Templo  Igreja paroquial  

Descrição

Planta retangular, composta por corpo de três naves de cinco tramos, capela-mor com dois corpos adossados e torre sineira no lado direito, de volumes articulados e escalonados com coberturas diferenciadas em telhados de uma e duas águas, rematadas em beiradas simples, sendo em cúpula rebocada e pintada sobre a torre sineira. Fachadas rebocadas e pintadas de branco, flanqueadas por cunhais em silharia almofadada e rematadas por cornijas pintadas de ocre. Fachada principal virada a oeste, de três panos separados por pilastras colossais, rematados em frontão triangular, franjado de volutas, com cruz latina no vértice, e vazado por óculo, integrando, no lado direito, a torre sineira. O pano central é rasgado por portal de verga reta, enquadrado por pilastras de capitéis coríntios e sobre plintos almofadados, rematado por frisos e cornija, sobrepujados por janela de sacada, flanqueada por pilastras toscanas e orelhas de enrolamentos, encimado por frisos e frontão interrompido por cruz latina e pináculos; o janelão está ladeado por pináculos. Cada um dos eixos laterais possui janela retilínea, encimada por friso e cornija. Sobre o do lado direito, a torre sineira, de dois registos, o inferior com mostradores do relógio e o superior com quatro ventanas de volta perfeita (duas nas faces oeste e sul), assentes em impostas salientes e com panos de peito plenos. A estrutura remata em frisos e cornijas, integrando gárgulas, com pináculos de bola nos ângulos. As fachadas laterais são semelhantes, rasgadas, no corpo da nave, por porta travessa de verga reta e remate em friso e cornija, e por cinco janelões retilíneos e em capialço, um deles entaipado; o corpo da cabeceira é escalonado, marcado pela capela-mor, com janela retilínea e pelos corpos adossados, com janela e porta. A lateral esquerda mostra o arranque da segunda torre sineira, rasgada por pequena janela que ilumina o corpo do batistério. Fachada posterior rematada em empena, rasgada por janela retilínea e por três pequenas frestas, surgindo, nos corpos laterais, uma janela em cada. INTERIOR de três naves de 5 tramos separadas por arcos de volta perfeita, assentes em pilastras coríntias, havendo um sexto tramo, constituído pelo coro-alto, corpo da torre sineira e batistério, com paredes rebocadas e pintadas de branco, percorridas por silhares de azulejo de padrão policromo, com coberturas diferenciadas, em madeira, na central em masseira e reforçada por tirantes metálicos, e nas laterais em esteira; pavimento em lajeado, formando sepulturas, nas naves laterais, sendo em soalho na central. Coro alto de madeira, com guarda balaustrada, tendo acesso por porta no lado da Epístola. Portal axial protegido por guarda-vento de madeira e com bandeiras em vidro colorido, ladeado por duas pias de água benta em cantaria, surgindo duas nas portas travessas, embutidas no muro, com espaldar concheado e remate em friso entrelaçado e taça em gomos. Lateralmente, o batistério, no lado do Evangelho e, no lado oposto, o acesso à sineira, por escada de caracol. No primeiro, com pavimento em ladrilho, a pia batismal, em cantaria de calcário, sobre pequena coluna facetada e seccionada por anel, encimada por friso cordiforme que separa da taça, em gomos torsos, sendo, superiormente facetada, com os ângulos marcados por folhagem. Adossado à última coluna do lado do Evangelho, surge o púlpito, em cantaria de calcário, com bacia em forma de cálice sobre balaústre e guarda plena, com acesso por escada em caracol. Confrontantes, surgem dois confessionários móveis e duas capelas embutidas no muro, enquadradas por arcos de volta perfeita assentes em pilastras toscanas, a do Evangelho dedicada a Santo António e a oposta a São José. O arco triunfal é de volta perfeita, assente em pilastras toscanas, com a parede revestida de azulejos de padrão policromo, semelhantes aos da nave, enquadrando um painel de azulejos polícromos (12x12) com uma alegoria eucarística, representando uma "Adoração do Santíssimo". Está ladeado por duas capelas colaterais, com abóbadas de cruzaria assentes em mísulas, dedicadas a Nossa Senhora de Fátima (Evangelho) e Sagrado Coração de Jesus (Epístola). Ambas têm acesso direto para a capela-mor. Capela-mor com as paredes rebocadas e pintadas de branco, com cobertura em abóbada de trinta caixotões em cantaria decorados por florões relevados, e pavimento em cantaria, integrando as lápides de D. José da Câmara e de D. Joana Tomásia da Câmara, condessa da Ribeira, a primeira brasonada. Ao centro, mesa de altar de talha pintada de marmoreados fingidos e dourada, composta por colunas e tampo simples, ladeado por ambão do mesmo material. Sobre supedâneo de degraus centrais, em leque, ergue-se o retábulo-mor, de talha pintada de marmoreados fingidos e de dourado, com corpo côncavo e três eixos definidos por quatro colunas coríntias, assentes em duas ordens de plintos paralelepipédicos. Ao centro, tribuna de volta perfeita, contendo trono. Casa um dos eixos laterais, possui mísulas com imaginária. A estrutura remata em fragmentos de frontão, entablamentos e anjos de vulto, enquadrados por falso frontão de volta perfeita. Altar paralelepipédico. Confrontantes, surgem portas de verga reta, de acesso às sacristias. Possui lavabo em cantaria, composto por pequeno espaldar, encimado por cruz, contendo duas bicas que vertem para tanque retilíneo.

Acessos

Azinhaga, Rua do Espírito Santo

Protecção

Inexistente

Enquadramento

Urbano, isolado, implantado em zona plana, junto à via principal de circulação da povoação, nas imediações do Rio Almonda e a alguns metros da Lezíria. Está rodeado por adro envolvido por murete em alvenaria, rebocada e pintada de branco, pavimentado a calçada e pontuado por várias árvores de pequeno porte. Junto à fachada posterior, situa-se a capela mortuária e, fronteira, a Igreja da Misericórdia da Azinhaga (v. IPA.00008549).

Descrição Complementar

Na verga do PORTAL AXIAL, a inscrição: "1882". Nas paredes, AZULEJOS de padrão policromo 4x4 (P-17-01015 - http://redeazulejo.fl.ul.pt/pesquisa-az/padrao.aspx?id=90). Os RETÁBULOS LATERAIS são semelhantes, cada um deles de talha pintada de marmoreados fingidos e dourados, de corpo reto e um eixo definido por pilastras toscanas, encimadas por albarradas. Ao centro, nicho de perfil contracurvo e moldura saliente, contendo o orago. A estrutura remata em falso frontão pintado, com óculo central, contendo resplendor. Altares em forma de urna, decorados por rosetões. OS RETÁBULOS COLATERAIS são semelhantes, cada um deles de talha pintada de rosa, verde, marmoreados fingidos azuis e dourado, de corpo côncavo e um eixo definido por duas colunas coríntias em paraestática, assentes em plintos paralelepipédicos, com as faces em falsos almofadados. Ao centro, nicho de perfil contracurvo com fecho marcado por folhagem, contendo imaginária e ladeado por mísulas. A estrutura remata em fragmentos de frontão, encimados por folhagem, que centram espaldar recortado e pintado, rematado por cornija e contendo resplendor. Altar paralelepipédico com o frontal bipartido. Sobre o altar do lado da Epístola, o sacrário em forma de caixa. O TÚMULO DE D. José da Câmara possui as armas do defunto, contidas em cartela recortada, encimada por coroa e ladeada por folhagem. São de "(...) negro, com uma torre de prata, assente num monte de verde, sustida por dois lobos rampantes de ouro." (Armorial: 130).

Utilização Inicial

Religiosa: igreja paroquial

Utilização Actual

Religiosa: igreja paroquial

Propriedade

Privada: Igreja Católica (Diocese de Santarém)

Afectação

Sem afetação

Época Construção

Séc. 15 / 16 (conjetural) / 17 / 18 / 19

Arquitecto / Construtor / Autor

Desconhecido.

Cronologia

1297 - referência à paróquia, integrando o padroado da diocese de Lisboa; séc. 14 - 15 - construção do templo; 1574 - a Igreja é do padroado da Coroa; séc. 16, final - reconstrução da igreja, adaptando-a a um programa definido para os templos das comendas das ordens militares; 1592 - a igreja de Santa Maria de Almonda integra uma nova comenda da Ordem de Cristo, tendo, nesta data, um rendimento de 600$000; séc. 17 - provável remodelação do templo, adaptando-o às normas tridentinas; colocação dos azulejos no interior; séc. 18, meados - feitura do retábulo-mor; 1758, 05 abril - nas Memórias Paroquiais, surge referida a paróquia de Nossa Senhora da Ponte de Almonda, do Lugar de Azinhaga, com 303 vizinhos; a igreja é um dos maiores templos, com cinco arcos e um grande coro, com cinco capelas, a mor, com as imagens de Nossa Senhora da Conceição e São João Baptista, em tribuna ainda por dourar; tem duas sacristias, a do templo e a da Irmandade do Santíssimo, com cancelas de madeira e as capelas do Senhor Jesus, com uma admirável imagem do Crucificado, a de Nossa Senhora da Encarnação, do desembargador António Manuel Nogueira, por cabeça de sua mulher, filha do morgado José Correia Serrão, da mais nobre família da terra, muito mal ornada e sem celebração, apesar da obrigação de missa quotidiana; fora das grades, a Capela das Almas, altar privilegiado e o de Nossa Senhora do Rosário, com uma confraria com pouco rendimento, mas bem ornada; o pároco é prior, por concurso ordinário e pertence à comenda tutelada pelo Marquês de Marialva, com o rendimento de 40$000 e 10$000 para as casas; séc. 18, 2.ª metade - pintura e douramento do retábulo-mor; feitura dos retábulos laterais e colaterais; 1763 - falecimento de D. José da Câmara, sepultado na capela-mor; 1782 - falecimento de D. Tomásia da Câmara, mãe de D. José, sepultada na capela-mor; 1873 - Pinho Leal refere que "a matriz era um templo sumptuosissimo de tres naves; mas está em ruínas"; 1882 - data de obras na igreja assinalada no pórtico da fachada, com a feitura do coro-alto e reforma da torre sineira.

Dados Técnicos

Sistema estrutural de paredes portantes.

Materiais

Estrutura em alvenaria rebocada e caiada; colunas, cornijas, modinaturas, pavimentos, sepulturas, púlpito, pias de água benta, pia batismal em cantaria de granito; pavimento, coberturas, coro-alto, caixilharias, portas e mobiliário de madeira; guarda-vento de madeira e vidro colorido; pavimento do batistério em ladrilho; guarda da sacada do janelão do coro, tirantes e grades de ferro; retábulos, mesa de altar e ambão em talha pintada e dourada; silhares e painéis de azulejo tradicional; coberturas exteriores em telha cerâmica.

Bibliografia

Armorial Lusitano - genealogia e heráldica. Lisboa: Editorial Enciclopédia, Lda., 1961; BARREIROS, Augusto do Souto - Azinhaga: Livro de Horas. Chamusca: Câmara Municipal da Golegã / Junta de Freguesia de Azinhaga, 1995; Diffiniçoens & Estatutos dos Cavalleyros e Freyres da Ordem de Nosso Senhor Jesu Christo, Lisboa: Pascoal da Sylva, 1697; LEAL, Augusto Soares d'Azevedo Barbosa de Pinho - Portugal Antigo e Moderno. Lisboa: Livraria Editora de Mattos Moreira & Companhia, 1873, vol. 1; SEQUEIRA, Gustavo de Matos, Inventário Artístico de Portugal - Distrito de Santarém. Lisboa: Academia Nacional de Belas-Artes, 1949 vol. 5.

Documentação Gráfica

IHRU: DGEMN/DRMLisboa

Documentação Fotográfica

IHRU: DGEMN/DSID, SIPA; Diocese de Santarém: Comissão Diocesana para os Bens Culturais

Documentação Administrativa

IHRU: PT DGEMN:DSARH-010/109-0022; DGLAB/TT: Memórias Paroquiais, vol. 5, n.º 74, fls. 999 - 1006

Intervenção Realizada

PROPRIETÁRIO: 2009 - recuperação das fachadas e telhados da igreja.

Observações

Autor e Data

Paula Figueiredo 2015 (no âmbito da parceria IHRU / Diocese de Santarém)

Actualização

 
 
 
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