Igreja de Flor da Rosa / Convento de Flor da Rosa / Paço de Flor da Rosa / Pousada da Flor da Rosa

IPA.00004573
Portugal, Portalegre, Crato, União das freguesias de Crato e Mártires, Flor da Rosa e Vale do Peso
 
Arquitectura religiosa, civil e militar, gótica, manuelina, mudejar, renascentista, contemporânea. Edifício complexo composto por 3 edificações distintas que se interpenetraram ao longo do tempo: Paço acastelado gótico ampliado na centúria de Quinhentos que lhe conferiu o prospecto actual renascentista e mudejar; Igreja-fortaleza gótica e manuelina, de nave única de grande altura e largo transepto e cabeceira pouco profunda; dependências conventuais renascentistas e mudejares. A intervenção de adaptação a Pousada optou por soluções assumidamente contemporâneas, reestruturando radicalmente algumas zonas e construindo outras de raiz; mobiliário de características minimalistas. Conjuga três edificações de tipologias diferenciadas, constituindo o núcleo primitivo, gótico, uma casa forte ou paço acastelado, junto a uma igreja-fortaleza, a que se adossaram instalações monacais quinhentistas. Paralelismos com a capela-fortaleza do Santuário de Nossa Senhora da Assunção da Boa Nova no Alandroal (v. PT040701050002). Estabelecimento de hotelaria inserido na rede Pousadas de Portugal, integrado no grupo das Pousadas Design Histórico.
Número IPA Antigo: PT041206030003
 
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Registo

 
Edifício e estrutura  Edifício  Religioso  Convento / Mosteiro  Convento masculino  Ordem Soberana e Militar Hospitalária de São João de Jerusalém, de Rodes e de Malta - Hospitalários

Descrição

Planta composta pelo Paço acastelado (ou casa-forte), pela igreja de Santa Maria e pelas dependências conventuais. PAÇO *2: constituído por três torres que se dispõem na fachada principal, virada a S., direccionadas e escalonadas de E. para O.; a entrada far-se-ia pela face O. da torre mais baixa, através de porta sobrelevada, de arco quebrado, guardada por matacães; portas e janelas de verga recta e moldura lavrada com sulcos paralelos e vãos com arco conopial; a torre O. e a torre do meio apresentam, nos pisos superiores, respectivamente cozinha e lareira junto a janela mainelada; a N. entrada, antecedida de escada, a rodear a torre O., dando acesso a enorme sala, primitivamente bicompartimentada; possuía caixa de ar no pavimento de tijoleira e é actualmente a sala de jantar da pousada. IGREJA: planta longitudinal composta por nave, transepto saliente, sacristia. Na fachada principal pórtico de acesso; um alto alpendre antecede um corredor que se abre em arco de asa de cesto, moldurado a cantaria, e termina na porta renascentista que antecede uma zona de passagem; a partir daqui acede-se ao claustro, para N., à nave da igreja, para E., e ao prolongamento da nave para O.. Interior: cobertura em abóbada de berço quebrado a grande altura, completamente reconstruída em pedra aparelhada; na nave o túmulo do fundador D. Frei Alvaro Gonçalves Pereira e na parede N. vão em arco abatido que comunica com o claustro; mais para E., uma janela em arco quebrado dá para a sala dita do velório com abóbada manuelina e porta em arco abatido a comunicar com o claustro. No transepto três arcosólios de arco quebrado, vazios, em cada braço; no braço S. uma porta em arco quebrado dá acesso à sacristia, com abóbada achatada, estrelada; no braço N. um vão em arco abatido dá acesso a uma sala abobadada; desta acede-se, para N., ao vestíbulo da chamada Porta do Cavalo (entrada E.); esta entrada comunica, para N., com o que se supõe ter sido um antigo celeiro, e para O., com as cavalariças, rodeando o claustro, e em cujo piso superior funcionava o antigo dormitório); da sacristia acede-se, através de escadas, a duas salas sobre o corredor da entrada principal, com janela e fresta também para essa entrada e uma porta que dá acesso ao coro da igreja, sobre a nave. CLAUSTRO: de planta quadrada com, acesso principal a S.; galerias cobertas por abóbadas nervuradas, achatadas, de quatro tramos incluindo o dos cantos; os arcos torais e formeiros apoiam-se nos oito pilares que estruturam o claustro, sendo de secção rectangular na base e pentagonal no prolongamento, após zona de molduração; os arcos formeiros, de granito, que abrem para o jardim, são em asa de cesto, apoiando-se em colunelos de mármore com fuste liso e base e capitel moldurados ao gosto mudejar; na ala O. corredor, de arcos redondos nos topos, dando acesso à sala do capítulo com dois janelões de arco redondo a O., porta de arco quebrado a S., comunicando com a torre central da frontaria do paço e tecto de abóbada nervurada, achatada; portal manuelino, em arco conopial, que dá acesso a uma antecâmara do refeitório, a O., uma pequena sala a S. que comunica também com o refeitório, uma escada para o piso superior, a N., e também, para N., uma porta em arco românico com molduração manuelina que dá acesso a uma pequena sala que antecede a antiga cozinha do projectado mosteiro, hoje recepção da Pousada, com porta, a N., para a cisterna; no exterior, esta cisterna está guardada por corpo defensivo com matacães; o refeitório é uma ampla sala iluminada por três altos janelões em arco redondo com um tecto de abóbada nervurada, achatada, suportada por três colunas torsas*3.

Acessos

Largo da Igreja. WGS84 (graus decimais) lat.: 39,306734, long.: -7,648174

Protecção

Categoria: MN - Monumento Nacional, Decreto de 16-06-1910, DG, 1.ª série, n.º 136 de 23 junho 1910 / ZEP, Portaria n.º 524/97, DR, 1.ª série-B, n.º 167 de 22 julho 1997 *1

Enquadramento

Urbano, isolado, junto à aldeia, rodeado a O., N. e E. de terrenos agrícolas, com uma Pousada adossada a O..

Descrição Complementar

Utilização Inicial

Religiosa: convento masculino

Utilização Actual

Comercial e turística: pousada

Propriedade

Pública: estatal

Afectação

DRCAlentejo, Portaria n.º 829/2009, DR, 2.ª série, n.º 163 de 24 agosto 2009

Época Construção

Séc. 14 / 15 / 16 / 20

Arquitecto / Construtor / Autor

ARQUITETO: João Luís Carrilho da Graça (projecto de adaptação a pousada (séc. 20);

Cronologia

1340 - mudança da sede da Ordem do Hospital, de Leça do Balio, ou de Belver, para o Crato; 1341 - documento que prova a intenção de D. Álvaro Gonçalves Pereira, Prior da Ordem, fundar uma capela no termo do Crato; 1356 - data que, por tradição, se atribui à fundação do paço; 1527 - o Infante D. Luís assume a administração dos bens da Ordem de Malta e decide fundar um colégio de teologia para trinta religiosos, atestado pelas ampliações manuelinas mas que nunca chegou a funcionar; 1615 - o arquitecto Pedro Nunes Tinoco faz o levantamento arquitectónico dos "Paços da Frol da Rosa" e refere que estavam ruinosos e desabitados; 1755, após - obras de melhoramento após o terramoto; 1789 - os bens da Ordem de Malta transitam para a Casa do Infantado; 1834 - extinção da Casa do Infantado sendo o Infante D. Miguel o Grão Prior; 1897, 17 de Janeiro - desaba a cabeceira da igreja; 1990 - início obras de construção de uma pousada adossada ao mosteiro, utilizando algumas das suas dependências, projecto do arquitecto Carrilho da Graça, autor igualmente de algumas das peças de mobiliário; 1995, 24 Julho - inauguração da Pousada; 1992, 01 junho - o imóvel é afeto ao Instituto Português do Património Arquitetónico, pelo Decreto-lei 106F/92, DR, 1.ª série A, n.º 126; 2001, 01 fevereiro - anúncio do concurso público para a empreitada e reforço de estruturas, recuperação de coberturas e drenagens, pelo IPPAR, publicado em Diário da República, 3ª Série, nº 27.

Dados Técnicos

Muros e torres perpendiculares ao solo construídos com alvenaria de pedra disposta à fiada ou com silharia e argamassa de cal. Abóbadas de berço quebrado de silharia, na igreja, e achatadas, de tijolo, suportadas ou não por colunas, nas instalações monacais. Coberturas telhadas.

Materiais

Ganito, tijolo, cal, areia, madeira e telha.

Bibliografia

KEIL, Luís, Inventário Artístico de Portugal - Distrito de Portalegre, Lisboa, 1943; LOBO, Susana, Pousadas de Portugal. Reflexos da Arquitectura Portuguesa no Século XX, Coimbra, Imprensa Universitária de Coimbra, 2006; Ministério das Obras Públicas, Relatório da Actividade do Ministério no ano de 1956, Lisboa, 1957; PORTUGAL, D. José de, Vida do Infante D. Luís, Lisboa, 1735; RODRIGUES, Jorge e PEREIRA, Paulo, Santa Maria de Flor da Rosa, Crato, 1986; SILVA, José Custódio Vieira da, Paços Medievais Portugueses, Lisboa, 1995; SOUSA, Tude Martins de e RASQUILHO, Francisco Vieira, Amieira do antigo Priorado do Crato, Lisboa, 1982; VITERBO, Sousa, Diccionario Historico e Documental dos Architectos, Engenheiros e Construtores Portuguezes ou a serviço de Portugal, Lisboa, Imprensa Nacional, 1904, vol. III.

Documentação Gráfica

IHRU: DGEMN/DSID, DGEMN/DREMS; IPPAR

Documentação Fotográfica

IHRU: DGEMN/DSID, DGEMN/DREMS; IPPAR

Documentação Administrativa

IHRU: DGEMN/DREMS; Câmara Municipal do Crato; IPPAR

Intervenção Realizada

DGEMN: 1940 - restauro da cabeceira e da parte arruinada do convento; 1958/1962 - reconstrução de coberturas, terraços, pavimentos e ameias; consolidação de torres; colocação de gárgulas; limpeza geral de paramentos; mudança dos túmulos de D. Diogo de Almeida e D. Álvaro Gonçalves Pereira; 1967 - colocação de grade de ferro na entrada da cerca; regularização do pavimento da sala do capítulo; assentamento de cantaria de granito no transepto da igreja; 1974 - limpeza e consolidação de panos de muralha; 1975 - implantação da estátua de D. Nuno Álvares Pereira; 1977/1979 - escavações e remoção de terras; reconstrução de abóbadas e de coberturas; limpeza; 1982 - levantamento de pavimentos, limpeza de telhados, consolidação de muros, assentamento de portas; 1984 - reparação de muros, assentamento de pavimentos, limpeza e reconstrução de coberturas; reconstrução de alvenarias; 1986 - construção de muretes, assentamento de pavimentos, reparação de paramentos e rebocos; caiações; 1987 - abertura do túmulo de D. Álvaro G. Pereira e sua recolocação no lugar inicial; colocação de lajes tumulares; 1988 - intervenção ao nível das fundações; IPPAR: 1990 - escavações arqueológicas; ENATUR: 1990/1995 - construção de uma pousada adossada ao mosteiro, utilizando algumas das suas dependências; recuperação e renovação; IPPAR/ENATUR: 2001/2002 - conservação geral e recuperação de pavimentos. Reforço de estruturas, recuperação de coberturas e drenagens, incluindo tratamento de juntas, impermeabilizações, escavações arqueológicas.

Observações

*1 - DOF...compreendendo o túmulo de D. Álvaro Gonçalves Pereira; *2 - o Paço é tradicionalmete denominado de Quartos ou aposentos de D. Nuno; *3 - há interpretações destes espaços que vocacionam a sala que chamámos do capítulo para refeitório e vice versa, pela maior dignidade arquitectónica da sala N.. pensamos que a presença da cozinha no topo N. desta ala fundamenta melhor a nossa leitura; o primitivo paço possuía um claustro com um piso superior a que se acedia através de estrutura de madeira.

Autor e Data

Rosário Gordalina 1992 / Domingos Bucho 1998

Actualização

 
 
 
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