Castelo de Avis / Castelo e cerca urbana de Avis

IPA.00004571
Portugal, Portalegre, Avis, Avis
 
Arquitectura militar, medieval, moderna. Castelo medieval com cubelos; fortificação abaluartada, moderna.
Número IPA Antigo: PT041203030003
 
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Registo

 
Edifício e estrutura  Edifício  Militar  Castelo e cerca urbana    

Descrição

Fortificação composta por muralhas de que subsistem vestígios nos lados S., E. e O. da povoação, por três torres, a da Rainha, de Santo António e de São Roque, por dois cubelos circulares e por dois baluartes. As MURALHAS são em alvenaria de granito e xisto, este em predominância, ostentando nas mais antigas aparelho em espinha, com vestígios de adarve. INTERIOR das torres com abóbadas de berço. Na torre de São Roque a inscrição: "FERNANDUS MAGISTER DEI GRA ORDINIS CALATRAVEN IN PORTUGAL CUM SUO CONVENTU IPLAVIT AVIS IN FESTIVITATE ASSUPCIONIS SCE MAR E M.CC.LII STEFANUS MARTINI SCRIPSIT PATER NOSTER PRO AIA EIUS"."FERNANDO POR GRAÇA DE DEUS MESTRE DA ORDEM DE CALATRAVA EM PORTUGAL COM SEU CONVENTO FUNDOU AVIS 1214".

Acessos

Na zona mais alta da vila, com acesso pela Rua Machado dos Santos. WGS84 (graus decimais) lat.: 39.055860; long.: -7.889656

Protecção

Categoria: MN - Monumento Nacional, Decreto de 16-06-1910, DG, 1.ª série, n.º 136 de 23 junho 1910

Enquadramento

Urbano, adossado ou integrado em edifícios residenciais, implantado no topo de uma colina, dominando o vale envolvente e permitindo a observação de uma vasta paisagem e a comunicação visual com outros pontos fortificados, como Alter do Chão e Pavia.

Descrição Complementar

Utilização Inicial

Militar: castelo e cerca urbana

Utilização Actual

Cultural e recreativa: marco histórico-cultural

Propriedade

Pública: estatal

Afectação

DRCAlentejo, Portaria n.º 829/2009, DR, 2.ª série, n.º 163 de 24 agosto 2009

Época Construção

Séc. 13 / 15 / 16 / 17

Arquitecto / Construtor / Autor

EMPREITEIRO: António Serra (1971, 1985-86); José Faustino dos Santos (1974); Odilom Martins Garcia (1959). MESTRES de OBRA: Fernando Rodrigues Monteiro (1214-1223); Fernão Anes (1214-1223).

Cronologia

1211 - D. Afonso II doa as Terras de Avis aos Cavaleiros de Évora, sob a dependência da Ordem de Calatrava, na pessoa de D. Fernão Anes, com a condição de a povoar e erigir um castelo; 1214 - instalação da Ordem Militar de São Bento em Avis; 1214-1223 - construção do castelo e cerca urbana, com as obras orientadas pelo Meste D. Prior, Fernão Anes e o mestre D. Fernando Rodrigues Monteiro; Abril - composição entre Fernão Eanes, mestre de Avis, e o bispo de Évora, D. Soeiro, sobre a utilização dos rendimentos da albergaria de Évora e da povoação de Benavente; 1215, 12 Janeiro - D. Mafalda, filha de D. Sancho I, doa ao mestre de Avis a povoação de Seia; 10 Julho - D. Afonso II dá aos povoadores de Avis um foral semelhante ao de Évora; 1218, Agosto - confirmação da doação do foral, pelo rei; 1223, 20 Agosto - Martim Fernandes, mestre da Ordem de Avis, outorga foral à povoação; 1331 - Gil Peres, mestre da Ordem conseguiu uma sentença contra o mouro forro, Mafamede Francelho, que fora designado pela sua comunidade como alcaide e juiz da mesma, ficando, a partir desta data, dependente dos alcaides do castelo; séc. 15 - reabilitações das fortificações pelo Condestável D. Pedro; 1456 - construção da torre de menagem adossada aos aposentos conventuais e pintura do interior da mesma, por ordem do mestre D. Pedro; 1473 - D. Afonso V autoriza o corte na torre da Porta de Évora, para a transformar em pombal; séc. 16 - a tradição historiográfica refere ter havido alterações nas fortificações; 1512, 1 Janeiro - foral novo de D. Manuel; 1556 - tombo dos bens do Convento, feito por Jorge Lopes refere a torre de menagem ligada ao Paço dos Mestres, com duas salas abobadadas e escada interna abobadada e iluminada por seteiras, levando ao topo, onde surge uma construção revestida a cortiça e com chaminé; é ameada e tem, nos ângulos, orifícios onde se hasteiam as bandeiras; tem uma janela gradeada, encimada pelas armas de Avis e inscrição; séc. 17 - entaipamento da antiga Porta do Arco de Baixo e construção da nova Porta do Arco; 1625 - o Padre Jorge Cardoso, no Agiológio Lusitano refere que existiam cinco torres e seis portas; 1654, 19 Outubro - pedido de Frei Ambrósio Marques para o derrube da torre do castelo adossada ao convento, que ameaçava ruína *1, tendo caído uma parte sobre um galinheiro; séc. 17, final - no reinado de D. João IV, são demolidas duas torres, uma a NE. e outra a SO., provavelmente para, com os seus materiais, se construírem os 2 revelins ou redentes, a S. e a SO.; 1708 - o Padre Carvalho da Costa refere na Corografia Portuguesa que existiam cinco torres e seis portas, a do Anjo, a de Baixo (ou Porta da Rainha), a de Évora, com um cruzeiro fronteiro, de Santo António (ou Porta Nova), a de São Roque e a do Postigo; 1730 - descrição do castelo por D. Francisco Xavier do Rego, referindo a existência de seis torres, a da Rainha, da Porta de Évora, da Porta de São Roque, da Porta de Santo António, de Santo António e a Torre de Menagem, com seus portas, a do Anjo, de Baixo, de Évora, de São Roque, de Santo António e do Postigo *2; 1758 - nas Memórias Paroquiais, assinadas por Frei Gaspar Xavier Leitão, é referido que a vila tem um muro em toda a volta, constituindo uma praça regular, tendo, no séc. 17, sido construídos dois fortes a protegerem as portas de Évora e de Santo António; tinha seis torres bastante altas, duas delas derrubadas para a feitura dos fortes, ficando à altura dos demais muros; as quatro estão incólumes, sendo a de Menagem, da Porta de Santo António, da Porta de São Roque, que era do rebate, e a dos Mestre, por nela viverem os mestres da Ordem e agora servindo de cárcere aos frades; tem seis portas, a Debaixo, a do Anjo, de Évora, de Santo António, São Roque e do Postigo; é rodeado por uma ribeira, criando um fosso natural e por penhascos, tornando-a de difícil acesso; 1892, 4 Dezembro - num artigo do jornal "O Século", é referida a existência de uma torre muito antiga, com janelas góticas, cada uma delas com um sino; 1915 - 1918 - demolição da antiga torre de menagem, anexa ao Convento de São Bento de Avis; 1941, 30 Maio - pensa-se manter a cedência de uma das torres do prédio militar n.º 1 de Avis, o Castelo, ao Hospital da Misericórdia; é dado o parecer que o imóvel não deve ser alienado, mantendo-se arrendado a particulares; constata-se que grande parte da muralha está integrada em prédios particulares; 1943, 25 Novembro - ofício da DGEMN sobre a necessidade de expropriar alguns edifícios, para se proceder ao desafrontamento das muralhas e torres do castelo; 1944, 8 Novembro - António Pais da Silva Marques escreve uma carta à DGEMN, onde refere que é utópica a pretensão de restituir o Castelo ao seu estado primitivo, pois seria necessário demolir toda a povoação, com as casas adossadas à muralha ou a menos de 50 metros das mesmas; 1945, 20 Janeiro - decide-se o levantamento da planta da vila e das muralhas e o estudo da possibilidade de demolir alguns imóveis; 1947, 5 Março - a planta ainda não estava levantada nem haviam sido designados os imóveis para demolição; 1953, 24 Novembro - carta de Joana Procópio, com casa em Avis, solicitando a intervenção da DGEMN no restauro da muralha que abatera devido ao mau tempo, pois tinha a sua residência em risco; 23 Dezembro - numa vistoria é referida a necessidade de consolidar o cunhal de uma torre, consolidar silhares desagregados e evitar as infiltrações em certas zonas, devido à colocação de alegretes; 1955, 16 Junho - a Câmara pretendia construir um passadiço turístico sobre as muralhas; 1956, 2 Abril - carta de João Lopes Aleixo Cravitas, solicitando autorização para consolidar a muralha junto à sua habitação, obra que orçaria em 500$00 e que ele pretendia levar a cabo; é dada autorização, com a condição das obras serem acompanhadas pela DREMS; 1970, 07 Agosto - carta do presidente da Câmara fazendo seguir um pedido da Misericórdia de Avis, que alude à necessidade de se proceder ao arranjo da muralha junto ao hospital daquela instituição; 1979, 29 Agosto - pedido dos Bombeiros Voluntários de Avis para colocar a sirene da corporação na torre S. do Castelo, o que é autorizado; 1992, 01 junho - o imóvel é afeto ao Instituto Português do Património Arquitetónico, pelo Decreto-lei 106F/92, DR, 1.ª série A, n.º 126.

Dados Técnicos

Fortificações medievais e de transição: alvenaria de pedra disposta à fiada ou em espinha, com argamassa de cal muito argilosa; muros perpendiculares ao solo; torres de secção rectangular ou de frente arredondada e gola recta. Fortificação abaluartada: muros escarpados de alvenaria de pedra com argamassa de cal e reboco, com terraplenos"

Materiais

Xisto, cal e areia, barro e terra

Bibliografia

REGO, Francisco Xavier do, Descripção da Vila e Ordem d'Avis, 1730 (Ms. 106 da BNL); CARDOSO, P. Luís, Dicionário Geográfico de Portugal, Lisboa, 1758; KEIL, Luís, Inventário Artístico de Portugal. Distrito de Portalegre, Lisboa, 1943; ALMEIDA, João, Roteiro dos Monumentos Militares Portugueses, Lisboa, 1945/1948; COSTA, Maria Clara Pereira da, A Vila de Avis, cabeça de Comarca e da Ordem, Lisboa, 1982; REGO, Francisco Xavier do, Descrição Geográfica Cronológica, Histórica e Crítica da Vila e Real Ordem de Avis, in Cadernos de Divulgação Cultural, ano I, n.º 1, Avis, Câmara Municipal de Avis, Novembro 1985 [1.ª ed. de 1730]; RODRIGUES, Jorge, Guia Artístico de Avis, Avis, 1993.

Documentação Gráfica

IHRU: DGEMN/DSID, DGEMN/DREMS; Câmara Municipal de Avis

Documentação Fotográfica

IHRU: DGEMN/DSID, DGEMN/DREMS

Documentação Administrativa

IHRU: DGEMN/DSID-001/012-1705/1 a 1705/3, DGEMN/DSARH-010/039-0006 a 039-0007, 039-0009 a 039-0010, 039-0022 a 039-0023; CMAvis

Intervenção Realizada

CMA: 1921 - caiação de parte das muralhas junto ao terreiro do Mosteiro de Avis; DGEMN: 1959 - reconstrução de panos de muralha e consolidação das que estavam em mau estado, junto à Rua dos Muros; consolidação dos cunhais da torre; a obra foi adjudicada a Odilom Martind Garcia; 1967 - restauro dos terraços da torre e do adarve junto ao Hospital da Misericórdia, a zona do antigo Mosteiro; 1970 - consolidação da torre junto ao Hospital; SCMA: 1970 - desentupimento e aterro da fossa existente no interior da torre junto ao Hospital; DGEMN: 1971 - construção de cintas de betão na torre junto ao Hospital; reparação da segunda torre; reconstrução de rebocos e caiação no arco de acesso ao Mosteiro; reparação de diversos panos de muralha; a obra foi adjudicada a António Serra; 1974 - reconstrução de coberturas e telhados; picagem de rebocos e refechamento das juntas das muralhas e limpeza de vegetação; assentamento de uma porta de madeira na torre; reparação de paramentos, rebocos e caiação dos mesmos; a obra foi adjudicada a José Faustino dos Santos, de Évora; 1985 / 1986 - obras de conservação nas torres e muralhas, com reconstrução e impermeabilização do terraço da torre junto ao Hospital, com colocação de pavimento de tijoleira e reparação das gárgulas; reconstrução das zonas afectadas da torre, com limpeza de vegetação e substituição de silhares; a obra foi adjudicada a António Serra; 1988 - recuperação do adarve e construção de alguns degraus no mesmo para vencer desníveis; consolidação de um troço de muralha.

Observações

*1 - esta torre ficava junto às escadas de acesso à actual Câmara Municipal de Avis. *2 - existiam duas inscrições: uma em lápide de calcário - "Era de 1330, a 6 dias de Fevereiro, começárão a fazer este Castello por mandado do Mestre de Aviz Dom Lourenço Affonso, e elle pos a primeira pedra, M.C.C.B.III.C Castello"; a segunda surgia na torre de menagem, sobre a cruz da Ordem de Avis: "Era de 1336 annos a 25. dias andados de Fevereiro, fez este Castello Dom Lourenço Affonso Mestre de Aviz à honra, e Serviço de Deos, e de Santa Maria sua Madre, e das Ordens do muito nobre Senhor Dom Diniz Rey de portugal, e do Algarve, Reynante em aquelle tempo, e em defendimento de seus Reynos. Salvator mundi Salva me".

Autor e Data

Rosário Gordalina 1992 / Domingos Bucho 1998

Actualização

 
 
 
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