Cromeleque da Portela de Modos / Cromeleque da Portela de Mogos

IPA.00004457
Portugal, Évora, Évora, União das freguesias de Nossa Senhora da Tourega e Nossa Senhora de Guadalupe
 
Cromeleque megalítico com menires decorados e estátuas-menires. As estátuas menires com decorações antropomórficas, são em conjunto com outros dois monólitos do cromeleque dos Almendres (v. IPA.00003946), os primeiros monumentos deste tipo encontrados no Alto Alentejo e os únicos in situ na Península Ibérica. Trata-se de um caso raro de permanência de um cromeleque, com a mesma função religiosa, em períodos posteriores ao Neolítico e também do primeiro recinto religioso de ar livre atribuível à Idade do Bronze do Sudoeste. A par do Cromeleque dos Almendres (v. IPA.00003946) e do Cromeleque de Vale de Maria do Meio (v. IPA.00034014) constitui um dos grandes recintos megalíticos do aro eborense.
Número IPA Antigo: PT040705020080
 
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Registo

 
Conjunto arquitetónico  Estrutura  Religioso  Alinhamento    

Descrição

O cromeleque é composto por cerca de 40 menires, de dimensões e morfologias variadas, embora prepondere a forma ovóide . A maioria dos menires estão dispostos segundo uma elipse irregular, com cerca de 15 m. no seu eixo maior, quase orientado no sentido E. - O., e 12 m. no seu eixo menor. No interior da elipse uma linha de cinco menires, em que um é de maiores dimensões, define o eixo N. - S.. A E. um grupo de seis menires forma um alinhamento com 30 m de comprimento. Alguns menires apresentam decorações em superfícies previamente aplanadas para o efeito, onde se identificaram "covinhas" (no topo de três menires); representações em relevo de báculos; composições de linhas incisas, ziguezagueantes e onduladas associadas a semicírculos e a representações antropomórficas; representações solares (menir de maiores dimensões, com cerca de 4 m. de comprimento por 1.30 m de diâmetro); Em quatro dos seis menires de forma estelar, designados também por estátuas - menires, existem representações antropomórficas com figurações do nariz e dos olhos circulares, tendo uma também a representação dos seios. O monumento apresenta ainda c. de 10 menires in situ.

Acessos

Estrada que liga o Alto da Abaneja (estrada Évora - Montemor) ao cruzamento da Valeira, (estrada Évora - Arraiolos). O Alto da Portela de Mogos localiza-se a c, de 3,5Km do Alto da Abaneja, a c. de 200 m. a E. da estrada. O monumento encontra-se na divisão das propriedades Herdade de Mogos, Herdade Vale de Maria das Palanganas e Herdade de Vale Maria de Cima

Protecção

Categoria: IIP - Imóvel de Interesse Público, Decreto n.º 67/97, DR, 1.ª série-B, n.º 301 de 31 dezembro 1997

Enquadramento

Rural. Situado no interior de um denso sobreiral, no topo de uma encosta suave, em zona de pequeno relevo.

Descrição Complementar

Espólio recolhido nas três camadas arqueológicas reconhecidas após a escavação do monumento: Na primeira camada recolheram-se fragmentos de cerâmicas medievais, modernas e contemporâneas, fragmento de telha romana e cerâmicas da Idade do Ferro. Na segunda camada recolheram-se fragmentos de taças carenadas, com decoração impressa e incisa e material lítico atribuível à Idade do Bronze do Sudõeste. Na terceira camada recolheram-se cerâmicas neolíticas e calcolíticas e artefactos em pedra lascada. Na estrutura de sustentação do menir de maiores dimensões foi encontrado um machado de pedra polida e na estrutura de sustentação de um dos menires do alinhamento foi encontrada uma enxó.

Utilização Inicial

Religiosa: alinhamento

Utilização Actual

Cultural e recreativa: marco histórico-cultural

Propriedade

Pública : estatal / Privada : pessoa singular

Afectação

Época Construção

Época megalítica

Arquitecto / Construtor / Autor

Não aplicável.

Cronologia

5000 a.C. - 01 a.C. - construção; 1966 - o monumento foi identificado por Henrique Leonor Pina; 1995 - Realização de trabalhos de investigação arqueológica que consistiram na escavação integral da zona onde se encontravam os menires, com posterior programa de recuperação em que se procedeu à anastilose dos monólitos fragmentados e se recolocaram outros nas primitivas estruturas de sustentação (foram detectadas doze), uma vez que quando se iniciaram os trabalhos apenas dois menires se conservavam erectos e cerca de onze tombados in loco; 1996, 07 de Outubro - Despacho de classificação como Imóvel de Interesse Público; 1997, 31 Dezembro - no decreto de classificação, como imóvel de Interesse Público, surge denominado como Cromeleque da Portela de Modos; 2002, 19 de Fevereiro - por Dec. nº5/2001, DR 42, a designação é corrigida para Cromeleque da Portela de Mogos.

Dados Técnicos

Blocos afeiçoados em granodiorito, com estruturas de implantação constituídas por fossas, com diferentes profundidades, e coroas de blocos em pedra, em alguns casos cobertas por pedras de pequenas dimensões.

Materiais

Granodiorito

Bibliografia

PINA, Henrique Leonor, Novos Monumentos Megalíticos do Distrito de Évora in Actas do 2º Congresso Nacional de Arqueologia 1, Coimbra, 1971; GONÇALVES, José Pires, Roteiro de Alguns Megalitos da Região de Évora, A Cidade de Évora, 58, Évora, 1975; ARNAUD, José Morais, Núcleo dolménico de Graça do Divor in Tesouros Artísticos de Portugal, Lisboa, 1976; Cromlechs und menhir bei Évora in Portugal, Madrider Mitteilungen, vol. 17, 1976; GOMES, M.V., Cromeleque da Portela de Mogos, um monumento sócio-religioso megalítico in Paisagens arqueológicas a oeste de Évora, Évora, 1997; Aspects of megalitic religion according to the portuguese menhirs, The intelectual expression of Prehistoric man, art and religion, III The Valcamonica Symposium, pp.385 - 401, Capo di Ponte.

Documentação Gráfica

IPPAR: DRE, procº. 2.00.356; Carta Militar 1:25 000, reconstituição de planta (segundo Mário Varela Gomes)

Documentação Fotográfica

IHRU: DGEMN/DSID

Documentação Administrativa

IHRU: DGEMN/DSID; IPPAR: DRE., procº 2.00.356

Intervenção Realizada

CME: 1995 - programa de estudo e valorização do monumento no âmbito do programa LIFE, com a responsabilidade científica do Arq. Mário Varela Gomes.

Observações

Segundo o responsável pelos trabalhos arqueológicos, o monumento teria sido erguido durante o Neolítico Médio, embora a erecção dos menires do eixo N. - S. e o alinhamento sejam posteriores, bem como alguns dos menires decorados. Os menires transformados em estelas pertencem já ao Neolítico Final. No Calcolítico destruíram-se alguns menires, fase que terá correspondido ao abandono das actividades mágico - religiosas, retomadas mais tarde, na Idade do Bronze.

Autor e Data

Paula Noé 1996 / Paula Amendoeira 1998

Actualização

 
 
 
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