Igreja Paroquial de Ermida / Igreja de Nossa Senhora da Conceição / Ermida do Paiva

IPA.00004296
Portugal, Viseu, Castro Daire, União das freguesias de Picão e Ermida
 
Mosteiro masculino de Cónegos Regrantes de Santo Agostinho, medieval, de que subsiste a igreja e as dependências monacais muito arruinadas. A primeira é de construção românica, mas que se terá prolongado no tempo, como se constata na preferência pelo uso do arco quebrado nas portas, nas coberturas e arco triunfal, testemunhando-nos, possivelmente, uma transição do estilo Românico para o Gótico. Tem panta retangular composta por nave única e abside poligonal, de menor secção e volumetria que a nave, com coberturas diferenciadas, em vigamento de madeira na nave e em abóbada de berço quebrado na capela-mor, iluminada por pequenas frestas rasgadas nas fachadas laterais e óculos nos topos. O perfil poligonal da abside tem paralelo na Igreja de São Pedro de Ferreira (v. PT011309050001). Fachada principal rematada em empena, com sineira rectilínea sobre o lado direito, com os vãos rasgados em eixo composto por portal escavado em arco apontado e tendo várias arquivoltas assentes em colunelos e capitéis com decoração vegetalista, e por óculo circular. Fachadas laterais marcadas por contrafortes, sendo a direita rasgada por porta travessa, de estrutura semelhante à axial. Interior com coro-alto, sob o qual surge a pia baptismal. No lado do Evangelho, púlpito de talha, com acesso por escadas no lado direito e tendo guarda plena. Arco triunfal de perfil abatido, ladeado por retábulos de talha policroma, do estilo barroco nacional. Capela-mor marcada por arcadas sustentadas por duplas colunas. As dependências desenvolvem-se no lado S., sendo visíveis as arcadas de perfil apontado do antigo claustro. Desde o inicio do séc. 20, o mosteiro ficou conhecido como "Templo das Siglas", nome dado do Aarão de Lacerda, devido ao extraordinário trabalho de sinais, ou marcas de canteiro, que chancelam, tanto exterior como interiormente, a face visível de cada uma das pedras que compõem as paredes da igreja. Além destes sinais, nas paredes do corpo da igreja, existem três cruzes pintadas, iguais à que encontramos no portal, estas relacionadas com o acto da sagração. A inscrição que se encontra no tímpano do portal S. pintada a ocre, é um caso particular na Epigrafia medieval portuguesa, que se conservou até hoje, por ter estado, durante muito tempo protegida pela cobertura do claustro e posteriormente por um coberto de madeira. É de destacar o desenho representando o Agnus Dei gravado na pedra que encontramos na parede interior do lado N.. Um friso geométrico, formando quadriculado, surge a sublinhar o portal axial, solução também visível nos portais principais das igrejas de São Martinho de Mouros (v. PT011813140002) e Santa Maria de Almacave (v. PT011805010002). De destacar, ainda, a profusa decoração dos capitéis, quer no interior quer no exterior, onde se vislumbra, a par das usuais decorações fitomórficas e geométricas, interessantes composições historiadas. Os exteriores fazem lembrar o românico francês, enquanto os do interior estão mais próximos da tradição nacional. De fase mais recente, o púlpito apresentando um óptimo trabalho de talha do estilo barroco, que no entanto nunca chegou a ser dourado.
Número IPA Antigo: PT021803060001
 
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Registo

 
Edifício e estrutura  Edifício  Religioso  Convento / Mosteiro  Mosteiro masculino  Ordem dos Cónegos Regrantes de Santo Agostinho

Descrição

IGREJA de planta longitudinal composta por nave única e abside poligonal, de volumes articulados e disposição horizontalista das massas, com coberturas diferenciadas, em telhados de duas águas na nave e de cinco na capela-mor. Fachadas em cantaria de granito aparente, de aparelho isódomo, tendo, em todas as faces visíveis dos silhares, siglas; são percorridas por embasamento, rematadas por cornija assente em cachorros simples ou com decoração zoomórfica, antropomórfica, vegetalista e geométrica, com excepção da fachada O., onde a cobertura se apoia directamente no pano mural. As fenestrações estão protegidas por vidro tipo catedral. Fachada principal voltada a O. em empena com uma cruz de Calatrava no vértice, sendo truncada no lado direito para receber sineira em arco de volta perfeita, rematada por cornija, pináculos e cruz latina central; possui um sino de bronze suportado por estrutura de madeira. A fachada divide-se em três panos definidos por dois contrafortes, o central com portal escavado, com acesso por quatro degraus, vencendo o desnível do terreno. O portal é em arco quebrado, formando três arquivoltas boleadas, apoiadas em três colunelos de fuste liso de cada lado, sustentados por bases sem decoração, com excepção de um, no lado esquerdo, que parece ter sido substituído posteriormente por um capitel semelhante aos que encimam os colunelos e que apresentam decoração zoomórfica, antropomórfica e vegetalista. O conjunto é envolvido exteriormente por faixa quebrada com relevo quadriculado. O tímpano, assente em impostas salientes, apresenta cruz bizantina levemente esculpida e o vão é protegido por porta de duas folhas de madeira com almofadas, com fechos e lemes de ferro. No alinhamento do portal, rasga-se um óculo circular, gradeado. Fachada lateral esquerda, virada a N., com quatro contrafortes (três correspondendo ao corpo da igreja e, o outro já fazendo parte da capela-mor), que sobem até ao nível da cornija, sendo um deles cortado por um arcossólio, quase ao nível do solo *1. A iluminar a nave, três frestas emolduradas por arcos de volta perfeita, que se apoiam em capitéis com decoração zoomórfica, antropomórfica e vegetalista, que por sua vez assentam em colunelos de fuste liso e bases simples; sob as fenestrações existem algumas mísulas que serviriam de apoio à estrutura anterior, que se podem também encontrar na fachada S.. A capela-mor é rasgada por uma janela de arco de volta perfeita, de uma folha, com caixilhos em quadricula, que tem à sua direita uma coluna com capitel historiado. Fachada lateral direita, virada a S., com dois contrafortes subindo até à cornija, rasgada por duas frestas de arco de volta perfeita com as mesmas características que as da fachada oposta e uma fenestração rectilínea. É rasgada por porta travessa, em arco quebrado, com arquivolta boleada, assente em dois colunelos de bases simples, com fustes lisos e capitéis com decoração vegetalista (lado esquerdo) e zoomórfica (lado direito). O tímpano é liso e tem inscrição pintada a vermelho. A porta é protegida por duas folhas de madeira com almofadas, com fechos e lemes de ferro. Na zona da abside, encontra-se um silhar com uma inscrição, sob o qual se acha um sarcófago monolítico sem tampa. Fachada posterior marcada pelo polígono da capela, formando vários panos, definidos por colunas de fuste liso e capitéis historiados, alguns de temática irreconhecível e outros mostrando, ao centro da cabeceira, dois menestréis a tocarem cada um a sua viola de arco; perto deste, um outro expõe uma fera a engolir um homem pelas pernas e, de um dos lados da fresta que se rasga no pano central, surge um busto feminino a apertar os seios contra o peito. Sobre a capela-mor é visível a empena da nave, rasgada por óculo circular. INTERIOR com paredes em cantaria de granito aparente, tendo, na nave, cobertura em travejamento de madeira e pavimento em lajeado de granito. Coro-alto de madeira, sob o qual se encontra, no lado do Evangelho, a pia baptismal. No mesmo lado, surge, gravado na pedra, um Agnus Dei crucífero e outros símbolos religiosos; ainda no lado do Evangelho, um confessionário em madeira, rematado por cornija, friso rendilhado e pináculos nos ângulos; a porta possui perfil trilobado e os genuflexórios estão protegidos por baldaquinos. A seu lado, existe uma mísula em cantaria de granito, onde se apoia o púlpito quadrangular, com guarda plena em madeira, onde se destacam "putti" e, ao centro, uma cartela com concheados rematada por coroa fechada. Tem acesso por escadas no lado direito, com guarda, corrimão e balaústres em talha. Arco triunfal de perfil quebrado, com três arquivoltas, a interior apoiada em colunas adossadas de fuste liso e bases simples, com capitéis decorados, tendo o do lado da Epistola motivos vegetalistas e o do lado do Evangelho bestiário medieval. A ladear o arco triunfal existem dois altares colaterais: o de Nossa Senhora do Rosário, do lado do Evangelho e o do Coração de Jesus do lado da Epístola, com retábulos iguais, de talha policroma. Ascende-se à capela-mor através de um degrau, sendo esta seccionada por um arco formeiro, suportado por estrutura idêntica à do arco triunfal, cujos capitéis apresentam, no lado da Epistola, duas figuras humanas, talvez músicos tocando saltério (LACERDA, 1919) e, no lado do Evangelho, duas aves, que segundo alguns autores, são pelicanos. Tem cobertura em abóbada de berço quebrado, em cantaria. As paredes são marcadas por arcos quebrados cegos alternando com arcos com abertura para o exterior, assentes em colunas duplas, com capitéis ornados por motivos zoomórficos e antropomórficos. Ao centro, altar-mor paralelepipédico com três plintos escalonados, o central mais alto, tendo, sob ele, o sacrário com pavilhão em tecido. O MOSTEIRO desenvolvia-se para S., onde ainda subsiste uma arcada constituída por arcos de volta perfeita, assentes em impostas, que fariam parte do primitivo claustro.

Acessos

EN 225, c. de 6 Km de Castro Daire

Protecção

Categoria: MN - Monumento Nacional, Decreto n.º 2 303, DG, 1.ª série, n.º 60 de 29 março 1916

Enquadramento

Rural, isolado e destacado, implantado a meia encosta, adaptando-se ao forte declive do terreno, sobre o vale e sobranceira ao rio Paiva, ladeada de floresta e pomares. A S., as ruínas do antigo mosteiro e, a SO., uma casa de arquitectura vernácula e um espigueiro. A E., desenvolve-se a vertente da serra, com plantação de pinheiros e, a NE., o cemitério.

Descrição Complementar

Nas paredes onde encostam os retábulos colaterais existem vestígios de pinturas murais. Os retábulos colaterais são semelhantes, de planta recta, constituídos por um eixo, definido por duas colunas torsas decoradas com motivos fitomórficos e "putti", assentes em consolas, as quais se prolongam numa arquivolta torsa com fecho saliente. Ao centro, apainelado de perfil curvo, com o fundo pintado de azul e pontuado por flores, onde se inscreve uma mísula, ladeada por dois nichos em arco de volta perfeita sustentado por pilastras, contendo pequenas mísulas centrais, e rematados por espaldares recortados. Sob a mísula central, o sacrário, o do lado do Evangelho com a porta sobrepujada por sanefa e ladeada por anjos, sendo o oposto rectilíneo e embutido na estrutura. Altares paralelepipédicos, com frontal tripartido e decorado por motivos vegetalistas pintados. Sobre as colunas exteriores das estruturas, surgem anjos tenentes. INSCRIÇÕES: EXTERIOR: 1. (CEMP: nº 105), inscrição funerária de D. Roberto, gravada em silhar, na face exterior da parede S. da abside. Granito. Dimensões: 38 X 114. Tipo de letra: Inicial Capitular Carolino-Gótica e um "q" minúsculo. Leitura modernizada: ERA Mª Cª LX'(=40) VIIIª qVANDO OBIIT PATER RVBERT MENSE OCTV-BER. Tradução: Na Era Mª Cª LX VIIIª (=ano de 1168) no mês de Outubro faleceu o padre Roberto. 2. (CEMP: nº 273), inscrição comemorativa da Sagração da igreja, pintada a tinta ocre na face externa do tímpano, do portal lateral S. Granito. Dimensões: a altura a que se encontra impede obter medidas. Tipo de letra: Inicial Capitular Carolino-Gótica. Leitura modernizada: ERA Mª CCª Lª IIª [...] NI [...] [PELAG] II EPISCOPO LAMECENSI [...] IN PRESBITER: PREMONSTRATENSIS. [...] [IP]SIUS NOMINE +. Tradução: Na Era Mª CCª Lª (=ano de 1214) [...] O Bispo de Lamego D. Paio, presbítero premonstratence [...] em seu nome.

Utilização Inicial

Religiosa: mosteiro masculino

Utilização Actual

Religiosa: igreja paroquial

Propriedade

Pública: estatal

Afectação

Sem afectação

Época Construção

Séc. 12 / 13 / 16 / 18 / 20

Arquitecto / Construtor / Autor

PINTOR - DOURADOR: António Rodrigues (1659).

Cronologia

Séc. 12, 2.ª metade - fundação da ermida por D. Roberto e D. Afonso, monges franceses da Ordem Premonstratense de Santo Agostinho, numa herdade da coroa, sendo D. Afonso III o próprio patrono; 1214 - sagração da igreja; provável construção da zona conventual; 1278, 4 de Março - D. Pedro Anes e sua esposa D. Urraca Afonso assinam contrato cedendo dízimos e primícias da sua Póvoa de Vila Flor, entre Penamacor e Sortelha ao mosteiro e ao seu prior; 1312 - dissolvido o mosteiro; 1321 - mosteiro taxado em 300 libras; 1386, 3 de Agosto - D. João I dispensou os moradores da aldeia de São Joaninho de pagarem foros dos frutos e de servirem nos ofícios e encargos do concelho, declarando outorgar-lhes tal privilégio para fazer mercê ao mosteiro de Santa Maria da Ermida; séc. 15, meados - ermida não resistiu à crise e a igreja de Santa Maria foi reduzida a paróquia, servida por clérigos seculares; 1458, 18 de Junho - D. Afonso V confirma o privilégio anteriormente dado por D. João I; séc. 16 - construção do coro-alto; D. Manuel faz doação a D. Pedro de Meneses, conde de Vila Real, do padroado do mosteiro de Ermida, a que foi anexado o mosteiro de Baltar; 1514 - conversão das terras do convento em couto no foral passado por D. Manuel I ao couto da Ermida, são citados vários lugares que pertenceram ao convento: São Joaninho, Codeçais, Ester, Carvalhosa, Sobrado e Cujó; 1517 / 1520 - D. Manuel converte as terras em Comenda da Ordem de Cristo; 1574 - a igreja pertence ao padroado real e integra o território da Diocese de Lamego; 1659, 30 Abril - contrato com o pintor António Rodrigues de Chãos para o douramento e pintura do retábulo-mor, por 62$500 *2; 1680 - execução do sino e, provavelmente, da sineira; séc. 18, 1.ª metade - construção dos retábulos colaterais, em talha; 2.ª metade - feitura do púlpito; séc. 19 - provável feitura do confessionário; 1890 - fundição do actual sino, no Porto; 1891, 17 Novembro - colocação do sino na sineira e inauguração do mesmo; 1911, 13 de Janeiro - arrolamento de todos os bens móveis e imóveis da ermida *3; 1941 - ermida sofre diversos danos devido a um ciclone; 1979 - técnicos do Instituto José de Figueiredo visitam a ermida para verificar o estado das pinturas.

Dados Técnicos

Paredes autoportantes com aparelho "vittatum".

Materiais

Estrutura em cantaria de granito; colunas, capitéis, cornijas, cachorros, modinaturas, pavimento, cobertura interior da capela-mor em cantaria de granito; cobertura da nave, coro-alto, púlpito, escadas, painéis, bancos, portas, confessionário, suporte do sino de madeira; retábulos, altares e imagens em talha; coberturas exteriores em telha de capa e caleira; cobertura em betão pré-esforçado; janelas com vidro tipo catedral; fechos e lemes das portas em ferro; sino em bronze.

Bibliografia

LACERDA, Aarão, O Templo das Siglas, a igreja da Ermida do Paiva, Porto, 1919; Guia de Portugal, vol III, Lisboa, 1944; SANTOS, Reynaldo dos, O Românico em Portugal, 1955; COSTA, M. Gonçalves da, História do Bispado e da Cidade de Lamego - A Mitra e o Município, vol. I, Lamego, 1977; IDEM, História do Bispado e da Cidade de Lamego - Paróquias e Conventos, vol. II, Lamego, 1979; ALMEIDA, Carlos Alberto Ferreira de, História da Arte em Portugal, O Românico, vol III, Lisboa, 1986; CORREIA, Alberto, ALVES, Alexandre, VAZ, João Inês, Castro Daire, Edição da Câmara Municipal de Castro Daire, 1986; CORREIA, Alberto, Castro Daire, Roteiro Turístico, Edição da Câmara Municipal de Castro Daire, 1995; RODRIGUES, Jorge, O mundo românico (séc. XI - XIII), in História da Arte Portuguesa, (Dir. Paulo Pereira), vol. 1, Lisboa, 1995; BARROCA, Mário Jorge, Epigrafia Medieval Portuguesa (862-1422), vol. II, Porto, Fundação Calouste Gulbenkian, Fundação para a Ciência e a Tecnologia, 2000; Foz Côa Inventário e Memória, [coord. de SOALHEIRO, João], Porto, 2000; ALVES, Alexandre, Artistas e Artífices nas Dioceses de Lamego e Viseu, vol. III, Viseu, 2001; CARVALHO, Abílio Pereira de, Mosteiro da Ermida, Edição do Autor, 2001; SERRÃO, Joaquim Veríssimo - Livro das Igrejas e Capelas do Padroado dos Reis de Portugal - 1574. Paris: Fundação Calouste Gulbenkian Centro Cultural Português, 1971.

Documentação Gráfica

IHRU: DGEMN/DSID, DGEMN/DREMC

Documentação Fotográfica

IHRU: DGEMN/DSID

Documentação Administrativa

IHRU: DGEMN/DSID

Intervenção Realizada

DGEMN: 1955 - consolidação da cobertura e dos madeiramentos, substituição de caixilharias e dos vitrais; 1963 - pequenas obras de limpeza e de conservação; 1975 - reconstrução da cobertura em betão pré-esforçado, cintagem das paredes, limpeza e refechamento dos silhares interiores e exteriores, protecção dos altares e púlpitos, reparação dos vitrais; 1976 - restauro do tecto e reconstrução das portas; 1977 - reparação e reconstrução de janelas e portais, beneficiação da rede eléctrica, fornecimento de algum mobiliário; 1978 - drenagem exterior e interior, regularização do adro, incluindo calcetamento, reparação dos altares; 1982 - consolidação da arcaria exterior e conservação das portas de madeira.

Observações

*1 - este serviu para acolher um sepulcro; na fachada S., sob uma inscrição iremos encontrar um sarcófago monolítico, o qual constituiria, possivelmente um dos túmulos dos fundadores do mosteiro: D. Roberto e D. Afonso - "(…) Jazem na igreja duas sepulturas, uma do lado sul, certamente a de D. Roberto, outra a norte, sob arcossólio encostado a um contraforte, talvez do companheiro (…)" (COSTA, 1979). *2 - "(...) será dourado de frisos, colunas e tudo mais que for necessário para adorno dele, de maneira que no dourar de ouro brunido ficará obra prima, os anjos e serafins serão dourados e estofados e encarnados na melhor forma que possa ser: no retábulo, no primeiro banco, pintará quatro meios corpos de apóstolos como o Reverendo Reitor lhe mandar; o painel do meio aonde está um crucifixo se porá um resplandor de ouro e campo azul, e de cada banda deste resplandor se pintará um painel da Anunciação e da outra parte a Visitação de Nossa Senhora e serão os corpos inteiros e grandes para que se vejam de toda a igreja, e por cima do friso aonde está a Senhora, de vulto, se porá um resplandor de ouro e vermelho, e as cartelas e remates será todo ouro e as colunas e tudo o mais fique obra boa de ouro bornido (...)" (ALVES, 2001, vol. III, pp. 85-86). *3 - na época constavam, no altar da capela-mor: uma imagem de Nossa Senhora da Conceição, uma do Coração de Jesus, outra de São Miguel, uma banqueta com seis castiçais grandes e quatro mais pequenos e um crucifixo de madeira pintada. Nos altares laterais: as imagens de São Sebastião, Santo António, Menino Jesus, Nossa Senhora do Rosário, dois castiçais de estanho e um crucifixo de madeira pintada. Existiam ainda: custódia de prata, pequeno cibório de prata dourada, cruz de prata processional e outra de metal amarelo, caldeirinha de metal amarelo e lâmpada do mesmo material, pequena campainha de mão, seis lanternas de folhas pintadas, três missais, cadeira de madeira, caixa de madeira de castanho para azeite, caixão com duas gavetas para arrumação de paramentos, capa de asperges de pano de damasco branco, dez casulas de pano de damasco nas cores branca, preta, roxa, vermelha e verde, um véu de ombros de pano de damasco, um pálio de pano de damasco vermelho, dois guiões no mesmo material e cor, seis opas de pano baeta de cor vermelha, cinco alvas e cíngulos de pano de linho branco, seis toalhas de pano de linho branco dos altares. A curta distância da ermida, a S. situavam-se uma casa de habitação, lojas, quinteiro e palheiro, tudo já em ruínas. Hoje conservam-se no Museu Nacional de Arte Antiga, uma mitra de seda branca, datada do séc. 13 ou 14 e, uma crossa de báculo de cobre dourado do séc. 12 ou 13, provenientes da Ermida do Paiva, que segundo a opinião de Mário Jorge Barroca, podem ser associadas à conclusão do templo, época em que já não devia ter dificuldades económicas.

Autor e Data

Anouk Costa 1997 / Rute Antunes 2006

Actualização

 
 
 
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