Convento de São Domingos / Igreja de Santa Cruz / Igreja Paroquial de São Domingos

IPA.00004146
Portugal, Viana do Castelo, Viana do Castelo, União das freguesias de Viana do Castelo (Santa Maria Maior e Monserrate) e Meadela
 
Convento masculino da ordem de São Domingos, cuja igreja constituiu paradigma das origens do chamado "Estilo Chão". A igreja possui planta composta por uma nave em cruz latina, com capelas laterais intercomunicantes, separadas por arcaria da ordem jónica, e capela-mor rectangular, com cobertura de madeira, constituindo uma versão simplificada do que então se divulgava na Europa com origem na igreja de "Jesu". Apresenta fachada principal tipo retábulo, maneirista, tendo grandes semelhanças com o pórtico lateral do Convento de São Gonçalo de Amarante, do arquiteto Julião Romeno, em que uma das características das suas fachadas é a confluência de elementos decorativos renascentistas com modelos compósitos de tratadística mais tardia e na igreja de Viana, as colunas, entablamentos, nichos e a sua coroação são de modelo mais antigo que a composição geral do retábulo de pedra. Segundo Carlos Ruão, a Igreja de São Domingos de Viana, devido às claras analogias estilísticas, deverá ser encarada como uma obra conjunta da escola dos irmãos Lopes. No interior, os retábulos têm talha maneirista, barroca e rococó, sendo o da capela-mor em barroco nacional. Destacam-se o retábulo da capela de Nossa Senhora dos Mares, onde o entalhador abandonou as altas proporções maneiristas e imitou a fachada de uma igreja contemporânea do tipo da de Santa Susana ou de Nossa Senhora da Vitória; e o grande e rico retábulo de Nossa Senhora do Rosário no braço do transepto, do arquiteto André Soares da Silva e executado por José Álvares de Araújo, em "talha gorda" típica do Alto Minho, em estilo rococó, mostrando influências das capelas do Rosário das igrejas dominicanas espanholas. A árvore de Jessé que ocupava a Capela do Rosário seria muito semelhante à que se encontra nos altares da mesma invocação na Igreja de São Francisco de Estremoz, também localizado no transepto (v. PT040704060011) e na Igreja de Santa Maria da Feira de Beja (v. PT040205110010). Os azulejos de padrão da capela-mor são de finais do séc. 17. Segundo Vítor Serrão, o tríptico da cela privativa de Frei Bartolomeu dos Mártires, trata-se de um conjunto regional de inspiração "tradicionalista" e aflamengada, de execução regular e de rico cromatismo, mas limitado de recursos inventivos além de convenções de iconografia imposta.
Número IPA Antigo: PT011609190002
 
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Registo

 
Edifício e estrutura  Edifício  Religioso  Convento / Mosteiro  Convento masculino  Ordem de São Domingos - Dominicanos

Descrição

Igreja com planta em cruz latina, reforçada por contrafortes, nave única, capela-mor rectangular e torres circulares adossadas de ambos os lados entre esta e construção mais baixa. Dependências conventuais e anexos adossam-se também de ambos os lados. Volumes articulados com coberturas diferenciadas a 2 águas e cúpulas nos torreões. Fachada principal com corpo central de cantaria, pórtico tipo retábulo, de 3 registos separados por cornijas e ritmados por colunas estriadas enquadrando, no 1º registo, o portal de vão curvo e estátuas sobre mísulas, no 2º, nichos com estátuas e janelas e no terceiro registo óculo oval encimado por frontão triangular e vários bustos nos ângulos. Corpos laterais mais baixos, de alvenaria rebocada com cunhais de aparelho almofadado e terminando em aletas. À fachada lateral esquerda adossa-se torre sineira, quadrangular. Nave com lambril de azulejos, coro-alto com órgão ao centro, 6 capelas colaterais intercomunicantes, com retábulos de talha dourada ou policroma e clerestório; cobertura de madeira em caixotões pintados por molduras. Braço esquerdo do transepto com altar de talha no topo e 2 laterais mais pequenos de tipo edícula; no braço oposto, grande retábulo de talha dourada dedicado a Nossa Senhora do Rosário; e capela lateral, com pilastras suportando frontão interrompido, abóbada de berço em caixotões, mesa de altar de mármores embutidos e retábulo de talha tipo edícula. No cruzeiro, altar rectangular, de talha, sobre pilares esculpidos e tendo, enquadrado por arco bilobado, representação escultórica com "Última Ceia". Cobertura de caixotões imitando abóbada de arestas. Capela-mor profunda forrada de azulejos de padrão, em 2 níveis, e com 2 cenas historiadas; cadeiral de ambos os lados e no lado do Evangelho órgão e arcossólio de mármore; este tem pilastras apoiando frontão interrompido e o túmulo de Frei Bartolomeu dos Mártires, de essas, encimada por epitáfio e medalhão com o seu retrato. Grande retábulo de talha, com colunas enquadrando 2 nichos e, ao centro, altar trono. Cobertura curva de madeira com representação central pintada.

Acessos

Largo de São Domingos

Protecção

Categoria: MN - Monumento Nacional, Decreto de 16-06-1910, DG n.º 136 de 23 junho 1910 (igreja) / ZEP, Portaria, DG, 2.ª série, n.º 149 de 27 junho 1973

Enquadramento

Urbano, flanqueado, implantação harmónica. Ergue-se junto à estrada e frente a um largo, tendo adossada algumas construções no lado direito e as antigas dependências conventuais no lado esquerdo. Cabeceira precedida por pátio fechado.

Descrição Complementar

Segundo Adriano de Gusmão, as quatro grandes tábuas existentes na igreja, representando São João Baptista, São João Evangelista, São Pedro e São Paulo, pertenceriam ao antigo retábulo-mor, pintado por Simão Rodrigues, e entretanto desaparecido. Na antiga sala do consistório da Irmandade de Nossa Senhora do Rosário, sobre a capela, existem vários elementos e fragmentos do antigo retábulo seiscentista, nomeadamente a de Jessé, deitado sob o retábulo da sala, e diversos reis da linhagem de Davi pertencentes à árvore de Jessé.

Utilização Inicial

Religiosa: convento masculino

Utilização Actual

Religiosa: igreja paroquial

Propriedade

Pública: estatal

Afectação

Sem afectação

Época Construção

Séc. 16 / 17 / 18

Arquitecto / Construtor / Autor

AUTOR DO RISCO: André Soares Ribeiro da Silva (1761 - 1762). DOURADOR: Domingos Rodrigues Mendes (1746); João Alves Cardoso (1746); José da Costa Pinto (1746); Manuel Almeida Ribeiro (1764). ENGENHEIRO: Manuel Pinto de Vila Lobos (1745-1746). ENTALHADOR: Ambrósio Carlos (1720); José Álvares de Araújo (1761 - 1762); Simão Rodrigues (séc. 17). ESCULTOR: Domingos de Magalhães (1746-1754); Manuel António Rodrigues (1745); PEDREIRO: Feliciano Alves do Rego (1739); Francisco Afonso (1615); Gonçalo Araújo Africano (1651); João Álvares (1745); João Lopes, filho (séc. 16); Manuel Alves Martins (1739). PINTOR: António Maciel (1580, 1609). PINTOR-DOURADOR: Constantino Leitão de Braga (1621). PINTOR DE AZULEJOS: Domingos de Magalhães (1746).

Cronologia

1560 - Frei Bartolomeu dos Mártires decide fundar um mosteiro dominicano em Viana; escolhe-se o local, compreendendo os terrenos na R. de São Sebastião e algumas casas cujo quintal dava para a antiga R. das Rosas; 1561, 11 março - alvará autoriza expropriações das casas e terrenos convenientes à edificação; 1562 - chegando o Frei Jerónimo Borges, o primeiro prior do convento, a obra, já adiantada, é embargada por julgar o local menos conveniente; opta-se por outro terreno ao fim da R. de São Sebastião e de Altamira, por detrás das hortas da R. do Loureiro e sobre a Veiga da Foz; 1562, 20 dezembro - tomada de posse pelo prior Frei Jerónimo Borges; 1563, abril - já está levantado o dormitório com 100 celas e claustro; 1566, 22 janeiro - lançamento da primeira pedra da igreja pelo Arcebispo Bartolomeu dos Mártires; 1571, 04 agosto - celebração da 1ª missa na capela-mor por Frei João de Leiria; 1576 - conclusão das obras da igreja, ficando as capelas laterais por concluir durante décadas devido à falta de meios; 1580, cerca - o pintor António Maciel executa o tríptico que orna o altar da cela privativa de Frei Bartolomeu dos Mártires, representando o Calvário, São Bartolomeu e São Domingos; séc. 16 - construção do chafariz no largo do convento, por João Lopes, filho; 1582, 27 janeiro - Arcebispo doa a sua pensão de 400$000; pouco depois de erguida a parte principal do convento, engenheiros espanhóis, com o fundamento de que, em caso de guerra, ele afrontava o castelo, propõem a D. Filipe I mandá-lo arrasar; é avaliado em 32 contos, mas não o chegam a arrasar; durante o domínio Filipino é dotado de um segundo pavimento, espaçosa varanda sobre a barra, chafariz acrescido para oeste e concluem-se as capelas da igreja; 1590, 16 julho - sepultamento de Frei Bartolomeu dos Mártires na capela-mor; séc. 17, princípio - feitura de retábulo-mor por Simão Rodrigues; 1605, 18 dezembro - escritura para os religiosos tratarem da feitura do retábulo da capela de Nossa Senhora das Dores e Jesus Crucificado, de Baltasar Jácome do Lago, que ficava no cruzeiro, com imagem de um crucifixo, e dizerem 3 missas semanais e 16 cantadas, por 21.000$000 ano; 1607 - D. Jorge de Ataíde manda fazer sarcófago para o seu amigo Bartolomeu dos Mártires; 1608, 14 janeiro - obrigação do convento dizer 62 missas rezadas e uma cantada no dia de São Francisco na capela de São Francisco, de Francisco da Rocha Pariz, dando pela cantada $400 e pelas rezadas $100; 1609 - transladação do corpo de Bartolomeu dos Mártires; o pintor António Maciel pinta o retrato de Frei Bartolomeu dos Mártires, de formato oval, colocado sobre o túmulo do mesmo; 1611, 09 fevereiro - escritura para Rui de Sá Sottomayor e esposa fazerem capela do Senhor dos Passos; 1615 - fundação da Irmandade de Nossa Senhora dos Remédios, pelo prior Fr. Cristóvão de Brito, ocupando a capela do transepto, do lado da Epístola; calcetamento do Largo de São Domingos pelo pedreiro Francisco Afonso, por 12$000; 1618 - conclusão da capela de Nossa Senhora da Soledade; 1620, 11 abril - Manuel Bravo de Távora, filho do navegador Álvaro Rodrigues de Távora, compra a capela da Piedade, ficando os religiosos com a obrigação de dizerem missa todos os domingos e dias santos, 93 missas rezadas e 12 cantadas, por 112$000 *1; 11 maio - Francisco Martins Viana e esposa compram capela da Senhora dos Mares; 1621, 25 maio - douramento do retábulo e imagem da capela da Senhora dos Mares por Constantino Leitão de Braga; 1630, julho - contrato de capela que Gaspar Caminha fez no convento com obrigação dos religiosos dizerem uma missa quotidiana e uma cantada e sermão por dia dos santos reis, dando para tal 400$000; séc. 17, 1ª metade - execução de um retábulo para a capela de Nossa Senhora do Rosário, com uma árvore de Jessé; 1651, 20 novembro - obra de captação de água a partir do chafariz da vila para o convento pelo pedreiro Gonçalo Araújo Africano; 1670, cerca - data provável do painel de azulejos que existiu na fachada figurando São Domingos recebendo o Rosário, executado pela Fábrica de Lisboa; 1702 - o epitáfio do túmulo do Frei Bartolomeu dos Mártires era então diferente; 1707 - construção da torre sineira; 1711 - o convento tem a obrigação de dizer na capela de Jácome Soares Pereira, mais tarde de Rui de Sá Sotomaior, 2 missas semanais; 1716 - ampliação dos dormitórios e oficinas; conclusão da dependência destinada a hospício; construção da Capela da Ordem Terceira dos Dominicanos, mais tarde demolida pela Câmara; 1720, 19 fevereiro - feitura do retábulo-mor por Ambrósio Carlos, de Barcelos, por 800$000; 1727, 15 setembro - obra do retábulo destinada a uma capela conjunta do mosteiro, encomendada pelo padre Manuel Rodrigues de Lima, prior da Ordem Terceira, ao mestre entalhador Miguel Coelho, de Barcelos, com risco de Ambrósio Coelho, por 180$000; 1739, 15 julho - construção da livraria pelos pedreiros Feliciano Alves do Rego e Manuel Alves Martins, por 250$000; 1744 - construção do refeitório, com forro a azulejos, livraria, cartório e escada de comunicação do claustro para o coro; 1745, 02 janeiro - em reunião da Mesa, o juiz da Irmandade de Nossa Senhora do Rosário, o reverendo Caetano de Sousa Brandão, refere ser muito preciso para o aumento do culto de Maria Santíssima que se mande fazer as grades e escadas do altar, por estar muito arruinado e sem a decência devida; convocam-se os mestres escultores e pedreiros, depois de se desenhar com toda a perfeição a obra pelo engenheiro Manuel Pinto de Vila Lobos, determinando-se que se desse a obra das grades na forma de planta ao mestre Manuel António Rodrigues, por 150$000 e a de pedraria ao mestre João Álvares, por 53$000; 06 setembro - douramento e jaspeado das grades e escadas do altar de Nossa Senhora do Rosário, por João Alves Cardoso, José da Costa Pinto e Domingos Rodrigues Mendes; esta escritura refere o ouro dos órgãos da Sé de Braga que serviam de referência para o douramento e bate-folha que forneceu o referido ouro dos órgãos, Francisco Carvalho, morador nos Chãos de Cima, Braga; 21 outubro - em reunião, os mesários concedem ao mestre António Rodrigues um pagamento suplementar de 12$800 do acréscimo de 6 buxeiros e 4 balaústres à obra das grades de retábulo; 1746 - data do painel de azulejos do refeitório figurando Nossa Senhora do Rosário, executados por Domingos de Magalhães; 18 abril - em sessão decide-se dourar as grades, escadas e pedras do retábulo de Nossa Senhora do Rosário, contratando-se os douradores Domingos Rodrigues Mendes, José da Costa Pinto e João Álvares Cardoso; decide-se ainda abrir duas portas na tribuna do retábulo, onde estava colocada a imagem de Nossa Senhora, para através delas se pôr as cortinas e cera nas festas principais para substituir a escada portátil para compor o altar; o juíz Capitão Manuel Vilela de Lima propõe mandar fazer umas grades, em forma de varanda, para se por ao pé da árvore de Jessé, em todo o comprimento do retábulo, para melhor composição do dito retábulo nos dias de festa e para melhor culto e veneração da Virgem Nossa Senhora do Rosário; são desenhadas pelo engenheiro Manuel Pinto Vila Lobos; a obra é dada ao mestre escultor Domingos de Magalhães por 120$000, o qual diz só receber depois da obra pronta e montada; 1747, 22 junho - acórdão em que António José de Araújo, mestre seringueiro, se obrigava por sua pessoa e bens a dar a todos os rosários que fossem necessários para a Irmandade do Rosário, feitos na vila da Batalha, bem feitos, grossos e redondos para os Irmãos, e para as Irmãs menos grossos, enfiados em retros de cores cujos cordões serão sobre o cheio e os botões com sua prata; 03 dezembro - recorda-se em mesa obras feitas no retábulo da Senhora do Rosário: novas cortinas para o sacrário do altar em forma de dois pavilhões, dois frontais de damasco branco guarnecido do mesmo galão para o comum; decide-se fazer uma cruz de pau prateada para servir de comum e que no varão de ferro, que sai do teto e cume do retábulo, se ponham as cortinas; e se fizesse uma grade para a porta da sacristia que vai para o quintal; 1747 - 1754 - acrescentam-se 10 rapazes nos balaústres do retábulo do Rosário pelo escultor Domingos Magalhães; 1759, 24 julho - data do termo referindo o retábulo Nossa Senhora do Rosário se achar muito velho, sem ouro e indecente para o culto e veneração devida e com o perigo evidente de maior ruína, devendo ser feito de novo e ao moderno com toda a perfeição; a proposta de substituição do retábulo, do juiz Rev. João Jácome Pereira, é aprovada por unanimidade, logo se tomando medidas necessárias para pessoa perita fazer a planta do novo retábulo; 1760, 09 agosto - reunião da mesa para o novo juiz, o Dr. Silvestre Brandão Marinho, fazer o ponto de situação da obra do novo retábulo da Senhora do Rosário; diz que aos editais postos nas cidades e vilas das províncias, ninguém aparecera para arrematar a obra, por isso, a Mesa falara com o entalhador José Álvares de Araújo, de Braga, que veio de propósito a Viana, no dia 26 julho, oferecendo-se-lhe 1:300$000 pela obra e acabada com os acrescentos além da planta e na forma dos apontamentos, mas que ele não aceitara; no mesmo dia aparecera o mestre António Rodrigues, de Viana, dispondo-se a fazer a empreitada por 1:200$000; a Mesa opta, no entanto, pelo mestre André Soares Vieira, de Braga, por achar ter maior experiência, dando-se-lhe o risco da obra; 1761, 04 outubro - documento da Irmandade do Rosário refere que ao chegar o tempo para assentar o novo retábulo era necessário desfazer o madeiramento da casa do consistório por cima da capela, devido à elevação do arco ao trono da Senhora, razão que levava a tirarem as linhas de ferro que se acham formada no que existe; decide-se levantar as paredes da casa, em altura proporcional para o que se aproveitava todo o madeiramento, forro e telha; a Mesa resolve vender as grades, escadas e camarim da Virgem, o último, ao que parece, comprado pela freguesia de São Salvador da Torre; 16 outubro - o mestre pedreiro Paulo Vidal, talvez genro de André Soares, aproveita a construção dos degraus do altar e arco do camarim da imagem da Senhora do Rosário; 1763, 18 maio - requerimento de Domingas Pinheiro de Carvalho, viúva de José Álvares, que falecera depois de ter tomado a obra do novo retábulo do Rosário, pedindo 400$000 por saldo de oficiais e de acréscimos de salários que foi necessário dar para se finalizar o retábulo; pagam-se 100$000 mais o acréscimo dos castiçais e dos caixilhos dos quadros em atenção do agrado pela obra feita; 25 outubro - por não aparecer comprador para as grades e degraus, decide-se colocar, para maior decência do culto, as grades no cruzeiro da igreja entre os dois púlpitos; 1764, 15 janeiro - Mesários decidem mandar dourar o novo retábulo do Rosário e, para melhor ornato do templo, visto não haver quem quisesse comprar as grades que tinham estado sob árvore de Jessé, que se desse por esmola para o altar do Senhor Jesus, o que acaba por não se fazer; 19 agosto - trespasse do douramento do retábulo da Senhora do Rosário que fez Boaventura José da Silva, morador na Rua dos Pelames, a Manuel Almeida Ribeiro, morador na Fonte da Cárcova, por 1:150$000; 02 setembro - tendo-se principiado o douramento, decide-se encomendar para o remate do retábulo a obra do quadro em que se há de linear a Ascensão da Virgem, substituindo a anterior escolha da Coroação da Virgem; 1766, 31 agosto - Mesa considera a súplica do prior do convento para uma esmola para se ajudar a dourar o retábulo da capela-mor, o que é concedido; 1769, 01 janeiro - autorizada a compra de uma alcatifa para os degraus do altar de Nossa Senhora do Rosário, de "papagaios"; acórdão refere a oferta de duas grades para as capelas de São Gonçalo e Santa Catarina, e a Irmandade ajuda o prior do convento a pintar e "alviar" o teto do cruzeiro e corpo da igreja e abrir duas frestas na fachada principal, entre as imagens dos nichos; 1783, 25 julho - decide-se redourar a parte inferior do retábulo do Rosário por estar indecente; 1769 - 1774, 18 maio - a Irmandade de Nossa Senhora do Rosário pede à Câmara uma pena de água para a sua sacristia; 1818 - feitura do órgão; 1834 - profanação da capela do fundador; com extinção das Ordens Religiosas, o convento é ocupado para várias funções; 1835, 16 outubro - convento é requisitado pelo Governo Civil para instalar repartições públicas; 12 novembro - o Governo Civil pede autorização para transferir a paróquia da Igreja Paroquial de Monserrate para o convento de São Domingos e demolir a igreja; 19 outubro - o convento é requisitado para instalação do Liceu; 1836, 20 abril - igreja passa a Paroquial de Nossa Senhora de Monserrate; 05 Julho - transferência da pia batismal da Igreja de Monserrate para o convento e, cinco dias depois, do restante recheio do templo *2; 24 dezembro - entrega dos sinos do Convento do Carmo à Irmandade do Rosário, exceto um que foi para a Igreja Matriz; 1838, 18 janeiro - o convento é entregue ao Governador Civil para instalação de repartições públicas; 1851 - orçamento do Estado inclui a construção de um Colégio em Viana; começa por ser instalado numa sala do convento, onde antes se ministrava uma aula de latim, com 40 palmos de comprimento por 20 de largura e 13 de altura; a verba concedida para a instalação não excedia 150.000$000, sendo necessário obter um suplemento de 90.000$000; a entrada fazia-se pelo pátio, também utilizada pela contígua Escola de Ensino Mútuo; no resto do edifício conventual, instalam-se repartições públicas; 1853, 04 outubro - inauguração do Liceu, sendo o seu primeiro reitor o Dr. Albano José da Cruz e Sousa; 1854 - transferência do Liceu para outro edifício; 1867 - demolição do chafariz no largo do convento; 1877 - a paróquia de Monserrate pede que se lhe dê para uso da paróquia o claustro e a sala do capítulo do convento; 16 junho - o arcebispo de Braga, D. João Crisóstomo de Amorim Pessoa, visita a Igreja e manda abrir o túmulo de Frei Bartolomeu dos Mártires e depois selá-lo; encarrega ainda José Caldas de escrever um estudo crítico e biográfico sobre o Frei; 1887 - abate dos olmos ao longo da cerca norte e sul; 1889, 03 janeiro - a capela da Ordem Terceira de São Domingos e o consistório são expropriados pela Câmara para posterior demolição, com o objetivo de alargar a entrada para a Praça de D. Fernando e da R. São Domingos, respetivamente, prescindindo a ordem da indemnização da Câmara; 1913, março - nova abertura do túmulo de Frei Bartolomeu dos Mártires; 1929, 22 junho - sarcófago é aberto mais uma vez; 1938, 01 junho - incêndio nas dependências conventuais; 1964, 09 maio - publicação de Portaria a fixar Zona Especial de Proteção da Igreja de Santa Cruz, no DG, 2.ª série, n.º 111; 2019, 28 setembro - apresentação do programa de conservação e restauro da fachada da igreja, a iniciar no próximo mês, um investimento rondando os 150 mil euros, com a presença do presidente da Câmara Municipal de Viana do Castelo, do diretor regional da Cultura do Norte e do pároco de Monserrate.

Dados Técnicos

Sistema estrutural de paredes autoportantes.

Materiais

Alvenaria rebocada e cantaria granítica. Azulejos, talha, mármore, mármores embutidos, telas e trabalhos de estuque na decoração. Pavimento de madeira e cobertura de telha marselha e em aba de canudo.

Bibliografia

ALVES, Natália Marinho Ferreira - De arquitecto a entalhador. Itinerário de um artista nos séculos XVII e XVIII. In Actas do I Congresso Internacional do Barroco. Porto: 1991, vol. I, pp. 355-369; BRANCO, José Luis - Túmulos, Epitáfios e Retratos do Venerável D. Frei Bartolomeu dos Mártires. In Cadernos Vianenses. Viana do Castelo: 1989, vol. 13, p. 85-97; CALDAS, João Vieira, GOMES, Paulo Varela - Viana do Castelo. Lisboa: 1990; Capellas que em 1711 eram administradas pela comunidade do Convento de Santa Cruz, de Viana, cópia de uma certidão inédita. In Arquivo do Alto Minho. Viana do Castelo: s.d., vol. 4, tomos I e II, pp. 78-82; CARDONA, Paula Cristina Machado - A actividade mecenática das confrarias nas Matrizes do Vale do Lima nos séc. XVII a XIX. Dissertação apresentada no Departamento de Ciências e Técnicas do Património da Faculdade de Letras da Universidade do Porto. Porto: 2004, vol. 3; COSTA, Amadeu - Sítios, Monumentos e Obras de Arte. Viana do Castelo 2000; CRESPO, José - Monografia de Viana do Castelo. Viana do Castelo: 1957; FELGUEIRAS, Guilherme - O Azulejo em Viana do Castelo e seu termo. Defenda-se da ruína este valor artístico. In Cadernos Vianenses. Viana do Castelo: 1981, vol. 5, pp. 17-23; FERNANDES, Francisco José Carneiro - Igreja e Convento de S. Domingos. In Cadernos Vianenses. Viana do Castelo, 1983, vol. 7, p. 68-85; GOMES, Comandante Carlos - EX-VOTOS. In Cadernos Vianenses. Viana do Castelo: 1984, vol. VIII; GUERRA, L. de Figueiredo - Túmulo do Arcebispo in Vianna - 20 de Agosto. Vianna: 1986, p. 3-4; MARTINS, Carla Sofia - Estado vai recuperar velha igreja de Viana. Público. Porto: 21 janeiro 2005; RODRIGUES, P. Armando de Jesus E. - O Convento de S. Domingos de Viana (Breve Resenha histórica). In Estudos Regionais. Viana do Castelo: 1992, nº 10 / 11, pp. 93-102; RUÃO, Carlos - Arquitectura Maneirista no Noroeste de Portugal. Italianismo e Flamenguismo. Coimbra: 1996; SERRÃO, Vítor - André de Padilha e a pintura quinhentista entre o Minho e a Galiza. Lisboa: 1998; SMITH, Robert C. - André Soares, Arquitecto do Minho. Lisboa: s.d.; SMITH, Robert C. - A Talha em Portugal. Lisboa: 1968; SMITH, Robert C. - A Verdadeira História do Retábulo de Nª Sª do Rosário, da Igreja de São Domingos, de Viana do Castelo. Sep. Belas Artes. Lisboa: 1968, nº 23; VASCONCELOS, Maria Emília Sena de - Mestres, Alunos e Aulas em Viana do Castelo. In Cadernos Vianenses. Viana do Castelo: 1984, vol. 8, p. 57 e seguintes.

Documentação Gráfica

Documentação Fotográfica

DGPC: DGEMN:DSID, DGEMN:DREMN

Documentação Administrativa

DGPC: DGEMN:DSID, DGEMN:DREMN; DGLAB/TT: Ministério do Reino, 1ª Direção, 2ª Repartição, Arquivo do Ministério das Finanças: Conventos Extintos - Convento de São Domingos de Viana do Castelo, cx. 2260; Arquivo Distrital de Braga: Nota geral, n.º 760, fl. 59v.-60

Intervenção Realizada

1925 - Restauro do órgão; 1981 - Informação que nos últimos anos a igreja tem recebido avultadas obras de beneficiação e adaptação, financiadas pela Paróquia, Diocese e Direcção-Geral do Equipamento Regional e Urbano; restauro do claustro; DGEMN: 2005 - 1º fase das obras de conservação das coberturas do lado N. e 2ª fase recuperação da fachada principal (previstas).

Observações

*1 - A capela Manuel Bravo de Távora possuía placa de bronze com o brasão dos Távoras e inscrição "com a obrigação de uma missa todos os domingos e uma missa cantada dia dos Santos aos quais tem obrigação de dizer os religiosos desta caza". A placa foi removida e dada aos descendentes do Visconde de Carreira talvez quando se colocou o retábulo da Igreja de Monserrate. *2 - Segundo Amadeu Costa, o retábulo da capela de São Gonçalo, dedicada atualmente ao Coração de Jesus, pertencia à Igreja de Monserrate e era o seu retábulo-mor; e os que flanqueiam a porta da sacristia no transepto, dedicados à Senhora de Monserrate e a Santa Teresinha também pertenciam à Igreja de Monserrate.

Autor e Data

Paula Noé 1992

Actualização

Paula Noé 1998
 
 
 
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