Palácio de Monserrate

IPA.00004069
Portugal, Lisboa, Sintra, União das freguesias de Sintra (Santa Maria e São Miguel, São Martinho e São Pedro de Penaferrim)
 
Arquitectura residencial, ecléctica, revivalista. Palácio de planta longitudinal e simétrica, concebida a partir do eixo criado pelo grande corredor central que liga as duas torres circulares. Programa decorativo neogótico, neoárabe e de gosto acentuadamente orientalizante, com predominância da influência hindu. Parque influenciado pelo conceito de jardim botânico, onde se organizam colecções de plantas de espécies oriundas dos cinco continentes, algumas exóticas, as quais, cenograficamemte conjugadas com falsas ruínas, estátuas, riachos e cascatas artificiais, recriam ambiências românticas, onde o gosto orientalizante se mistura com as características do jardim inglês vitoriano, expressas sobretudo no vasto relvado fronteiro à fachada SO. do palácio. O conjunto reflecte um cuidadoso estudo de perspectivas, onde os percursos serpenteantes, desenvolvidos cenograficamemte à volta do palácio, foram programados para nunca o perderem de vista. O relvado do grande espaço aberto junto ao palácio foi o primeiro a ser plantado num jardim português e o parque foi considerado, na altura da sua plantação, um dos mais notáveis jardins exóticos dos mundo. O parque de Monserrate, juntamente com o parque da Pena, constituem os melhores exemplos do conceito de jardim romântico em Portugal, devido à influência estrangeira dos seus construtores, o primeiro mandado fazer por Francis Cook e o segundo por D. Fernando de Saxe-Cobourg-Gotha.
Número IPA Antigo: PT031111110034
 
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Registo

 
Edifício e estrutura  Edifício  Residencial unifamiliar  Casa  Palacete  

Descrição

Planta longitudinal, simétrica, composta por corpo central rectangular com duas torres de planta circular nos extremos. Massa horizontalizante, quebrada pelo verticalismo das duas torres que rematam os topos do rectângulo e por um enorme torreão quadrangular que se eleva ao centro de todo o conjunto. O edifício assenta em plataforma elevada, protegida por guarda vazada de cantaria lavrada, a que se acede por escadarias a SE., SO. e NE.. Coberturas diferenciadas, cónicas e rematadas por lanternim nas duas torres dos topos, e de três e quatro águas, respectivamente no corpo rectangular e no torreão central, este com pequenos minaretes nos ângulos e coroado por cúpula lobulada também rematada por lanternim. Fachadas de cantaria lavrada e rusticada, animadas por corpos em ressalto, embasamento de cantaria simples, e dois registos separados por friso decorado, sem coincidência interior. Acesso principal no eixo do conjunto, ao nível do primeiro piso da torre SE., precedido por pequena galilé, com colunas de fuste liso e capitéis de decoração vegetalista, sustentando arcos quebrados e conopiais de intradorso rendilhado, entre rosetões. No primeiro piso da fachada SO. abre-se galeria de arco quebrado, de decoração idêntica à da galilé da fachada SE.. As fachadas são animadas pela abertura de vãos em arco quebrado e mainelado, regularmente distribuídos, existindo na torre NO., ao nível do primeiro piso janelas de sacada protegidas por guarda de cantaria vazada, e rematadas por cachorrada de decoração geométrica. INTERIOR: Espaço diferenciado de dois e três pisos, cave e subcave comunicantes por três escadas, uma localizada no torreão, de quatro lanços, protegida por guarda de mármore vazada por decoração vegetalista, e outras duas na torre SE., onde se faz o acesso principal através de vestíbulo circular, onde se abrem vãos em arco quebrado de ligação a pequenos compartimentos, de serviços e bengaleiro. O vestíbulo comunica com extenso corredor central que liga à torre oposta, ritmado por colunas de mármore com capitéis decorados por motivos vegetalistas, que suportam arcos polilobados, com intradorso rendilhado. Ao centro do corredor, átrio octogonal, com fonte circular, e superiormente galeria encimada por pequena colunata de arcos quebrados com vãos protegidos por crivaria. Coberturas em tectos de estuque decorados por motivos vegetalistas, aberto por clarabóias circulares no corredor e cúpulas no torreão e torre NO.. Pavimentos de soalho de madeira, parquet e mosaico cerâmico. No primeiro piso distribuem-se a sala de jantar, com ligação a pequena copa com elevador de serviço que liga à cozinha, a biblioteca, com paredes forradas por estantes de madeira, a capela, a sala de chá e de bilhar, ambas de decoração idêntica, a sala de baile, percorrida por colunata, em arcos quebrados, entre decoração superior de bustos de gesso com alegorias à música, e dois pequenos quartos com roupeiros embutidos na parede. No segundo piso localizam-se quartos com antecâmaras, na subcave despensas e na cave, a cozinha iluminada por portas que se abrem para o jardim, coberta por falsas abóbadas de canhão revestidas a azulejo industrial de padrão e zona de serviço iluminada por lanternim. Todos os espaços nobres dispõem de lareira e são ricamente decorados com cantarias lavradas, estuques, medalhões e arcos de intradorso rendilhado. PARQUE constituído por áreas de mata, horta e jardim, onde se localizam estufas, pontes, lagos e cascata artificiais, fontes, tanques, falsas ruínas de uma ermida, um falso cromeleque e um arco indiano, distribuídos de forma a criarem diferentes cenários e ambientes, interligados por uma complexa rede de caminhos pedonais. Nas proximidades do palácio localizam-se casas usadas para serviços de apoio ao parque. Para além de um extenso relvado, desenvolvido no grande espaço aberto e de declive acentuado fronteiro à fachada S. do palácio, no coberto vegetal do parque misturam-se espécies autóctones de origem Atlântico-Mediterrânica (sobreiros, medronheiros, azevinhos, pinheiros, cedros e carvalhos) e espécies exóticas originárias de outros continentes, como o taxódio dístico do Sudoeste dos E.U.A, os metrosideros da Nova Zelândia e os eucaliptos, araucárias e fetos da Austrália, estes últimos adquiridos no local de origem pelo próprio Francis Cook, numa tentativa de recriação do ambiente australiano e plantados num local hoje conhecido como Vale dos fetos. O parque dispõe também de um complexo sistema de rega que inclui diversas nascentes, minas e três barragens para armazenamento de água.

Acessos

EN 375, no troço designado por Rua Barbosa du Bocage. WGS84 (graus decimais) lat.: 38.794278, long.: -9.420706

Protecção

Categoria: IIP - Imóvel de Interesse Público, Decreto n.º 95/78, DR, 1.ª série, n.º 210 de 12 setembro 1978 *1 / Incluído na Área Protegida de Sintra - Cascais (v. PT031111050264)

Enquadramento

Rural, meia-encosta, isolado. O Palácio localiza-se no centro do Parque de Monserrate, fechado por muro de alvenaria de granito, na sua zona mais elevada, implantado na vertente N. da Serra de Sintra e incluído no Parque Natural de Sintra-Cascais. A SE. e em cota mais elevada avista-se o Palácio Nacional da Pena (v. PT031111120007) e o frondoso parque que o envolve. Fronteiro à entrada principal, pequeno parque de merendas e parque de estacionamento. Acesso principal por portal enquadrado por colunas molduradas, sendo a da direita encimada por estátua de cão alado com escudo liso. Junto ao portal, localiza-se a casa da portaria, de planta quadrangular, com entrada por pequeno exonártex, aberto por vão em arco de ferradura apontada e coberta por telhado de quatro águas com lanternim no vértice.

Descrição Complementar

Utilização Inicial

Residencial: casa

Utilização Actual

Cultural e recreativa: monumento

Propriedade

Pública: estatal

Afectação

Parques de Sintra - Monte da Lua S. A (Instituto da Conservação da Natureza, Ministério da Agricultura, Desenvolvimento Rural e Pescas, Câmara Municipal de Sintra e Instituto da Conservação da Natureza, tel. 219237300)

Época Construção

Séc. 18 / 19

Arquitecto / Construtor / Autor

ARQUITECTOS: Inácio de Oliveira Bernardes (séc. 18); James Thomas Knowles Jr. (1858); William Eldsen (atr., 1790). BOTÂNICO: William Nevill. JARDINEIROS: James Burt (1887); Walter Oates (1887). PINTOR: William Stockdale.

Cronologia

1540 - após peregrinação ao Eremitério Beneditino de Monserrat, na Catalunha, Frei Gaspar Preto manda construir uma capela votiva a Nossa Senhora de Monserrate, cuja imagem de alabastro mandou vir de Roma, na Quinta da Bela Vista, em terrenos do Hospital de Todos-os-Santos na encosta N. da Serra; 1601- aforamento da propriedade a um fidalgo da família Mello e Castro, em Goa, administrando-a por procuradores que arrendam a propriedade; mais tarde adquiriu também o domínio directo do edifício ali construído; 1718 - instituição de um vínculo, onde se integrava a propriedade de Monserrate, por D. Caetano de Mello e Castro, Comendador de Cristo e 36º Vice-Rei da Índia, casado com D. Mariana Faro, filha dos segundos Condes da Ilha do Príncipe; a partir de então, a família Mello e Castro, a residir em Goa, administrava Monserrate por meio de procuradores, os quais escolhiam os rendeiros ou caseiros locais para proceder à exploração agrícola; 1755, 1 Novembro - terramoto provoca grandes estragos nas casas, tornando-as quase inabitáveis; 1755 / 1786, entre - foi 2º administrador do vínculo D. Francisco de Mello e Castro, filho segundo do instituidor do vínculo; 1755 / 1784, entre - era rendeiro Francisco Gomes da Costa, que pagava a renda anual de 350$00; provável restauro da casa, conforme projecto de Inácio de Oliveira Bernardes; 1790 - por meio do procurador e conselheiro familiar Jacinto Fernandes Bandeira, 1º barão de Porto Covo da Bandeira, a 3ª administradora do vínculo, D. Francisca Xavier Mariana de Faro Mello e Castro, decide "arrendar utilmente a quinta" e "promover a sua conservação e aumento"; 14 Janeiro - escritura de arrendamento da quinta a Gerard DeVisme (1726 - 1798), sócio da empresa Purry & Mellish que possuía o monopólio da importação do pau-Brasil; na escritura referia-se que DeVisme pretendia arrendar a quinta por largo tempo, por ser um sítio muito remoto, "o mais semelhante aos ares da sua pátria" e por isso o mais conveniente para a sua saúde e para descansar das fadigas do seu comércio; mas também pretendia restabelecer a quinta, "aumentando os seus pomares e dando-lhes o benefício de que careciam, reedificando a seu arbítrio as casas"; até então a quinta era aberta, ou seja, não possuía vedação; o prazo estipulado era de nove anos, a contar de 1 de Julho de 1789 até 30 de Junho de 1798, e o preço era de quatrocentos mil réis em dinheiro corrente no fim de cada semestre à razão de duzentos mil réis em cada um, livres de décima e de outros tributos e encargos que a quinta tivesse no presente ou que se lhe imponha no futuro, ficando tudo o resto por conta do rendeiro; os melhoramentos ficariam pertencendo ao prédio arrendado, mas em compensação, o rendeiro desfrutaria das mesmas benfeitorias não só ao longo dos nove anos de arrendamento, como também por outros nove anos, prorrogação esta que o senhorio desde já prometia conceder ao arrendatário ou a seus herdeiros; DeVisme manda edificar um palácio acastelado neogótico no local onde teria existido a antiga capela, com projecto atribuído a William Eldsen, cria espaços ajardinados decorados com estatuária e manda edificar uma capela também neogótica, num dos morros da propriedade como se de um eremitério se tratasse; 1793, 14 Outubro - publicação de uma gravura de Monserrate, vista de Sudoeste, desenhada por Baker e gravada por Wells em Londres; nesta, a quinta surge murada, e a casa apalaçada concluída, no cimo do monte, acima dos limoeiros e dos castanheiros; a casa parecia ter planta rectangular com duas torres circulares nos topos laterais, cobertas por telhados cónicos, e corpo central rectangular sobrelevado com cobertura facetada; 2 Dezembro - publicação de uma outra gravura de Monserrate, igualmente desenhada por Baker e gravada por Wells; 1794, Junho / Julho - Gerad DeVisme subarrendou a quinta, com todas as suas benfeitorias, a William Beckford; o prazo de arrendamento terminava a 30 de Junho de 1798, com a obrigação expressa dos senhorios prorrogá-lo por mais nove anos; William Beckford continuou os trabalhos no palácio e no jardim, onde manda construir uma cascata e um falso cromeleque; 1798 - o caseiro presente à ratificação da posse era Filipe Duarte; DeVisme retira-se para Inglaterra, por motivos de saúde ou devido a divergências com o governo de D. Maria I; 1798, Outubro / 1799, Junho, entre - renovação do arrendamento de Monserrate a Beckford, mas com a sua partida inicia-se o processo de abandono da casa e da quinta; 1799 / 1807 - a propriedade é arrendada aos herdeiros de Geralde De Visme; 1799 / 1855, entre - foi administrador do vínculo de Monserrate D. José Maria de Castro e Almeida Pimentel de Siqueira e Abreu, conde de Nova Goa; 1809 - Lord Byron visita a propriedade; 1818 / 1823, entre - era rendeiro Pedro de Oliveira, o qual pagava 500$00; 1821 - descrição romântica da casa pela viajante inglesa Mariana Baillie: a quinta era constituída por árvores de fruto e regada por quedas de água; a casa estava ao abandono, mas refere que as portas entalhadas dos melhores quartos ainda estavam intactas, restos de cristais nas portas envidraçadas, e a sala de música ser redonda; 1826, Janeiro - publicação de uma litografia colorida de F. Nicholson, feita segundo desenho de James Bulwer, mostrando a estrutura exterior primitiva sem alterações; 1826 / 1830, entre - arrendamento da quinta a João Rodrigues que pagava anualmente 400$00; 1836 / 1839, entre - novo arrendamento da quinta a João Rodrigues por 350$00; 1839, depois - venda do chumbo das coberturas; 1840, cerca - litografia de Manuel Luiz com desenho de Célestine Brélaz retratando o palácio de Monserrate sem telhado sobre o corpo central; 1849 - quadro a óleo de Hoffmann, com Monserrate visto da estrada de Colares, já sem os telhados cónicos nas torres laterais; 1852 - gravura anónima da quinta retrata o edifício apenas com as paredes mestras, sem telhados, janelas ou portas; séc. 19 - segundo António A. R. da Cunha, vários estrangeiros endinheirados tentaram comprar o palácio, bem como D. Fernando, que pretendia construir uma estrada pela serra ligando a Pena a Monserrate, no entanto nunca consegui chegar a um acordo; 1855 - D. José Maria de Castro e Almeida Pimentel de Siqueira e Abreu regressou da Índia com a sua família; 1856, 13 Setembro - após a morte do pai aos 91 anos, sucedeu-lhe o filho menor D. Luiz Caetano; a viúva, D. Veridiana Constança Leite de Sousa e Noronha, com autorização do conselho da família, realiza contrato de subrogação em inscrições da quinta de Monserrate ao rico negociante inglês Francis Cook ( 1817-1901), segundo filho de William Cook de Wymondham e de Mary Lainson; o valor nominal da subrogação foi de 40.000$000; nesse ano, Francis Cook residiu na Quinta de São Bento, perto de Monserrate; 1858 - encomenda ao Arquitecto James Knowles Jr. do projecto de reconstrução do palácio; 1860 e 1863 - depois da promulgação da legislação abolindo vínculos e morgados, procedeu-se à venda completa da quinta a Francis Cook; James Knowles inicia as obras de remodelação do palácio, aproveitando as suas antigas estruturas e mantendo as áreas da primitiva construção, acrescentando uma pequena galilé no torreão E. e uma outra voltada a S.; plantação e construção do jardim e parque, plantado pelo jardineiro Burt, que, tal como o arquitecto foi trazido de Inglaterra, e onde Francis Cook manda colocar inúmeras peças por ele adquiridas em diversas viagens, de forma a criar diferentes cenários e ambientes, nomeadamente um arco indiano que fazia parte do espólio de guerra de uma revolta de marajás; concluído o edifício e dependências, o casal Cook *2 passa a residir em Portugal dois a três meses por ano; 1870, 7 Junho - por decreto o rei D. Luís eleva Francis Cook a Visconde de Monserrate; este ampliou progressivamente a quinta comprando várias propriedades confinantes *3; abriu escolas primárias em Galamares e Colares para os filhos do seu pessoal, constiutído por cerca de 300 pessoas; séc. 19, finais - Francis Cook manda retirar o telhado da capela edificada por DeVisme, destruir as paredes interiores, plantar trepadeiras e abrir uma gruta no local que corresponderia à abside, onde manda colocar um dos três sarcófagos etruscos por ele adquiridos em Roma em 1860, criando um cenário de ruína; 1885 - Francis, viúvo, casa em segundas núpcias com uma americana, filha de R. B. Caflin, de New York; 1886 - é-lhe concedido, em Inglaterra, o título hereditário de Baronet, passando a ser Sir. Francis Cook; 1887 - os trabalhos de plantação e manutenção dos jardins são entregues a Walter Oates; 1901 - Sir Francis morre em Inglaterra com 84 anos; 17 Janeiro - por decreto de D. Carlos I, Sir Frederick Cook sucede ao pai com o título de 2º Visconde de Monserrate; faz grandes melhoramentos e compra a Quinta da Penha Verde; a quinta era aberta ao público, mediante pagamento de bilhete, cujo produto era doado à Misericórida de Sintra; 1920 - após a morte do pai, Sir Herbert Cook, sucede -lhe; desenvolveu o jardim, empregando Walter Oates; 1928, Novembro - tendo tomado conhecimento que os bens da família Cook em Sintra iam ser postos à venda, a Junta de Freguesia de São Martinho escreve à Câmara para se proceder a um movimento colectivo de modo a estimular o Governo a intervir no assunto, pois o turismo local sofreria um rude golpe se o novo proprietário vedasse ao público os jardins de Monserrate; nesta sequência, Sir Herbert Cook, através do seu administrador Guilherme Oram, informa que tomaria providências para que o novo proprietário concordasse em manter abertos os jardins; 1929 - Sir Herbert começou por vender a baixo preço as quintas anexas e esperava vender em Inglaterra ou na América o palácio e jardins de Monserrate e, a S. da estrada de Sintra - Colares, toda a encosta silvestre até ao Convento dos Capuchos e sua cerca; publicação de um artigo acerca do jardim botânico de Monserrate por Walter Oates; publicação de Album dos agentes de vendas, descrevendo a quinta e ilustrando-a com fotografias; 1936 - Sir Herbert, já bastante doente, ainda não tinha conseguido vender a quinta; Julho - Lady Cook e seu filho Francis vieram a Portugal passar alguns dias no Palácio de Monserrate, onde ofereceram uma recepção simples ao Presidente da Câmara, Dr. Álvaro de Vasconcelos e ao Provedor da Misericórdia, Dr. Florentino Vieira; 1946 - a quinta passou a ser administrada por Walter Kingsbury e o seu pessoal efectivo era cada vez mais reduzido; oferta da quinta ao Governo português, que hesita em realizar a compra; 22 Setembro - ajuste de compra e venda entre Sir Francis Ferdinand Maurice Cook, filho herdeiro universal de Sir Herbert, e o financeiro português Saúl Saragga, dos prédios e recheio do palácio por 95.000$00; 1947, 30 Junho - assinatura de escritura segundo a qual os prédios urbanos e rústicos, são vendidos por 6 500 000$00, tendo o comprador pago a diferença de 4.250 000$00; o recheio do palácio ficou em cerca de 2 850 000$00; depois da escritura o proprietário apresentou à Câmara Municipal um projecto de loteamento dos 143 hectares, mas foi impossibilitado de o realizar; leilão de todo o recheio do palácio; 1949, 25 Maio - escritura de venda da quinta e da encosta até ao convento dos Capuchos por Saúl Saragga à Fazenda Nacional, por 9 000 000$00, retendo o comprador 50 000$00 para despesas de conservação e 100 000$00 para entregar à Santa Casa da Misericórdia de Sintra; 1968 - a quinta e jardins foram entregues à Direcção-Geral das Florestas; 1992, 01 Junho - o edifício foi afecto ao Instituto Português do Património Arquitectónico, por decreto-lei 106F/92; 1994, 21 Julho - por despacho conjunto dos Ministros da Agricultura, do Ambiente e Recursos Naturais, a administração do parque, então na Dependência do Instituto Florestal, passa para a tutela do Instituto da Conservação da natureza, sob gestão do Parque Natural Sintra-Cascais; 2001, 12 Janeiro - abertura do Concurso Público, publicado no DR III Série, n.º 10, para reparação da cobertura e dos paramentos exteriores do palácio e restauro dos pavimentos, paredes e tectos dos 1º e 2º andares do torreão S., sendo a entidade adjudicante os Parques de Sintra - Monte da Lua *4; 2003, Julho - elaboração da Carta de Risco do imóvel pela DGEMN; 2005 - Abertura ao público, com visitas limitadas, devido às obras; 2005, Dezembro - visitas guiadas suspensas, devido a infiltrações, após as obras da 1.ª fase, de recuperação.

Dados Técnicos

Estrutura autoportante

Materiais

Estrutura do palácio, elementos decorativos, muros, fontes e tanques em cantaria de calcário e granito; escadaria principal, lareiras dos salões do andar nobre e colunas do corredor de mármore; estuque na decoração de tectos e paredes interiores; azulejos industriais nas casas de banho e cozinha e de fabrico tradicional na fachada NE. e fontes, mosaico de grês nos pavimentos do andar nobre, casas de banho, cozinha e zonas de serviço; madeira nas portas, janelas e pavimentos interiores; vidro nas janelas e clarabóias; telha cerâmica nas cobeturas do palácio, casas do parque e casa da portaria.

Bibliografia

VATES, Walter, Monserrate, um pequeno Guia para os Jardins, s.l., 1923; FRANÇA, José Augusto, A Arte no séc. XIX, 1º vol. Lisboa, 1966; TAVARES, Salete, Dois jardins românticos de Sintra in Estética do Romantismo em Portugal, 1º colóquio, 1970, Lisboa, 1974; PEREIRA, Artur, CARDOSO, Filipe Espírito Santo, CORREIA, Fernando, Sintra e as suas Quintas, Sintra, 1983; COSTA, Francisco, História da Quinta e Palácio de Monserrate, Sintra, 1985; STOOP, Anne de, Quinta e Palácios nos Arredores de Lisboa, Barcelos, 1986; BINNEY, Marcus, Casas Nobres de Portugal, Lisboa, 1987; SERRÃO, Vítor, Cidades e Vilas de Portugal - Sintra, Lisboa, 1989; CARITA, Helder, CARDOSO, Homem, Tratado da Grandeza dos Jardins em Portugal ou da originalidade e desaires desta Arte, Lisboa 1990; PEDREIRINHO, José Manuel, Dicionário de arquitectos activos em Portugal do Séc. I à actualidade, Porto, Edições Afrontamento, 1994; AZEVEDO, José Alfredo da Costa, Obras de José Alfredo da Costa Azevedo, Recantos e espaços, Sintra, 1997; CÂMARA MUNICIPAL DE SINTRA, Sintra Património da Humanidade, Sintra, Dezembro de 1996; ICN - Instituto da Conservação da Natureza, Parque de Monserrate, Sintra, 1996; AZEVEDO, José Alfredo da Costa, Obras de José Alfredo da Costa Azevedo, Postais da Vila Velha e de Gigarós... e coisas de Sintra, Vol. VI, Sintra, 1998; IPPAR, Património. Balanço e Perspectivas (2000-2006), s.l., 2000; COUTINHO, Glória Azevedo, "A propósito do Palácio de Monserrate em Sintra - obra inglesa do século XIX - Perspectivas sobre a Historiografia da Arquitectura Gótica" Dissertação de mestrado em História de Arte, Património e Restauro no IHA, FLUL, Lisboa, 2004.

Documentação Gráfica

IHRU: DGEMN/DSID, Carta de Risco, DGEMN/DRMLisboa, DGEMN/DRELisboa

Documentação Fotográfica

IHRU: DGEMN/DSID, Carta de Risco, DGEMN/DRMLisboa

Documentação Administrativa

IHRU: DGEMN/DSID, Carta de Risco

Intervenção Realizada

DGEMN: 1950 - Instalação de bocas de incêndio; 1952 - instalação de vidros; 1954 - reparação, canalização e estufa; 1958 - obras de conservação; arranjo dos jardins e moradias; 1961 / 1963 / 1964 - obras de conservação; 1966 - reparação de coberturas e diversos trabalhos; 1967 - obras de conservação; 1968 - conservação interior e exterior; 1969 - obras de conservação; 1977 - reparação geral de coberturas; substituição de colunas de madeira do torreão central e arcos; reconstrução de chaminé; 1980 - beneficiação de coberturas; 1986 - beneficiação de coberturas; IPPAR: 1995 - início do estudo de reforço da vedação; lançamento do estudo prévio para recuperação das coberturas; 1997- colocação de coberturas provisórias em todo o conjunto, de modo a permitir o adiantamento de tais estudos e a execução de um projecto de restauro integral das coberturas; 1999 - conclusão do projecto de restauro integral das coberturas, optando-se pela reconstituição da cobertura original em chumbo; 2004 - conclusão da 1ª fase do obras de reabilitação, que incluiu: reabilitação das estruturas de madeira das coberturas e pavimentos subjacentes; recuperação dos pavimentos das coberturas em placas de chumbo; recuperação dos pavimentos exteriores, rebocos e elementos de pedra; recuperação de coberturas em telha romana, terraços e coberturas inclinadas; recuperação de elementos de madeira com furações não estruturais; reposição dos sistemas de pintura dos revestimentos de chumbo, madeiras e ferro; reabilitação das redes de drenagem de águas pluviais; 2007 - reabertura do palácio ao público; recuperação das Instalações sanitárias do 1.º andar do torreão central. 2008 / 2009 - Restauro da biblioteca, fogão e capela; início de projecto de conservação e restauro de estuques com a Escola profissional de Recuperação de Património de Sintra (2008 / 2011). 2009 / 2010 - reabilitação da galeria técnica e instalação de novas redes de infraestruturas (águas, esgotos, electricidade, iluminação normal e de emergência, comunicações, detecção de incêndios, aquecimento central); recuperação de instalações sanitárias, cozinha e copa; conservação e restauro dos tectos do torreão sul e sala de jantar.

Observações

1* - DOF.:.. Jardins e Mata. *2- Francis Cook casou com Emily Martha Lucas. *3 - Francis Cook ampliou a quinta de Monserrate com a compra de várias quintas que ficavam na envolvente; são elas: Quinta de São Bento, Quinta da Infanta, Quinta da Cabeça, Quinta da Ponte Redonda, Quinta da Bela Vista, Quinta de São Tiago, Quinta de Pombal, Quinta das Bochechas, Quinta da Boiça, Quinta da Bela Vista e as terras a S. da estrada, frente a Monserrate, e o Convento dos Capuchos com a respectiva cerca. Para além disso, Cook comprou a Quinta Pequena e a Quinta Grande, a Quinta do Cosme e a da Sanfanha, depois revendidas a vários. *4 - o Monte da Lua, empresa pública, com outros accionistas e o IPPAR, Direção Geral de Florestas e Instituto de Conservação da Natureza, têm a seu cargo a recuperação, desenvolvimento e gestão dos parques de Monserrate, da Pena, do Convento dos Capuchos e do Castelo dos Mouros.

Autor e Data

Paula Noé 1990 / Mónica Figueiredo e Joaquim Gonçalves 2003

Actualização

Luísa Cortesão 2010
 
 
 
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