Mosteiro de Nossa Senhora dos Remédios / Mosteiro das Trinitárias do Rato

IPA.00004043
Portugal, Lisboa, Lisboa, Campo de Ourique
 
Arquitectura religiosa, maneirista, barroca e neoclássica. Mosteiro trinitário feminino.
Número IPA Antigo: PT031106300409
 
Registo visualizado 1016 vezes desde 27 Julho de 2011
 
   
   

Registo

 
Edifício e estrutura  Edifício  Religioso  Convento / Mosteiro  Mosteiro feminino  Ordem da Santíssima Trindade para a Redenção dos Cativos - Trinas

Descrição

De planta em C de perímetro irregular e organizada em torno de pátio, o edifício apresenta volumetria paralelepipédica, sendo a cobertura efectuada por telhados a 2, 3 e 4 águas. Com abertura a ritmo regular de vãos com emolduramento simples em cantaria, o alçado principal em reboco pintado (S.) e soco em cantaria, organiza-se em 4 pisos (um deles parcialmente enterrado) e 7 corpos, separados respectivamente por frisos e pilastras de cantaria, dos quais se destaca o corpo central: totalmente revestido com placagem de cantaria e desenvolvido em 2 níveis, apresenta-se ritmado por pilastras de ordem colossal com sugestão de capitéis, exibindo, a eixo, porta com bandeira radial inscrita em arco de volta perfeita; servida por escadaria bifurcante contígua ao alçado. A porta é ladeada por 2 janelas de peito de verga recta destacada encimadas por tabelas. No 1º andar, registam-se 3 janelas de sacada guarnecidas por varandas individuais com guarda em ferro fundido e suportadas por mísulas, distinguindo-se a janela que encima a porta: de verga recta, sobrepujada por ática curva suportada por consolas e interrompida por busto feminino, diferencia-se das que a ladeiam, as quais se apresentam rematadas por frontões triangulares. O conjunto é superiormente rematado por frontão triangular, ostentando no tímpano esfera armilar com armas de Portugal. Os restantes corpos apresentam-se vazados por janelas rectangulares de peito, destacando-se ainda os corpos extremos, idênticos, que exibem, a eixo, porta de verga recta destacada precedida de tabela com inscrição, por sua vez articulada por emolduramento de cantaria rematado lateralmente por pináculos e aletas com janela que a encima. O corpo principal permite o acesso à igreja, através de átrio de planta rectangular, lateralmente vazado por portas com remate esculpido em cantaria e servidas por degraus: no muro de topo identifica-se vão conducente à nave única do templo. De planta rectangular e cobertura em tecto de madeira, apresenta panos de muro vazados por reentrâncias em arco de volta perfeita encimadas por clerestório. Antecede a capela-mor, arco triunfal em cantaria ladeado por 2 altares inscritos em arcos de volta inteira. A capela-mor, de planta quadrada e cobertura em abóbada de aresta ornada com pintura, ostenta panos de muro laterais animados por 2 altares encimados por janelas de verga recta destacada precedida de friso em cantaria. No muro de topo observa-se o altar-mor com retábulo de tratamento maneirista.

Acessos

Largo do Rato; Rua do Sol ao Rato, n.º 2 - 6; Rua Dom João V

Protecção

Parcialmente incluído na Zona de Proteção do Aqueduto das Águas Livres (v. IPA.00006811)

Enquadramento

Urbano, destacado, isolado, em posição altimétrica dominante.

Descrição Complementar

Sobre o portal lateral S. (porta da DGSS) uma inscrição cuja a leitura é a seguinte: "ESTE CONVENTO DE FREIRAS DA ORDEM DA S(ANTISSIMA) TRINDADE MANDOV EDI/FICAR MANOEL GOMES DELVAS FIDALGO DA CAZA DE SVA MA(GESTADE) O QVAL DOTOV COM TRES MIL E QVINHENTOS CRVZADOS DE RENDA CADA ANNO PARA / NELLE SE RECEBEREM DE GRAÇA QVARENTA MOLHERES NOBRES CVIO / PADROADO DEIXOV A SVA SOBRINHA DONA FR(ANCISC)A CORONEL E A SEV F(ILH)O LVIS / NVNES CORONEL E A SEVS NETOS LVIS GOMES DE SA E MENEZES E F(RANCIS)CO DE SA E MENE-/ZES E SEVS DESCENDENTES COMECOV CE A EDIFICAR NO ANNO DE 1633". O portal lateral N. da fachada principal (porta da esquadra da P.S.P.) apresenta uma inscrição cuja a leitura é a seguinte: "ESTA OBRA MANDOV CONTINVAR MANOEL CORREA DE LACERDA PADRO/EIRO Q OYE HE DESTE MOSTEIRO E ADMINISTRADOR DELLE EM O QVAL SE / NAO AVIA TRABALHADO DESDE O ANNO DE 1654 ATIE O DE 1672 EM Q O SOBREDITO / APPLICOV A QVE SE FIZESSE A DITA OBRA E ESTE PORTAL SE POS NO ANNO DE 1675".

Utilização Inicial

Religiosa: mosteiro feminino

Utilização Actual

Religiosa: igreja / Política e administrativa: direção-geral / Educativa: colégio / Assistencial: organismo de acção social estatal / Segurança: Posto da Polícia de Segurança Pública (PSP)

Propriedade

Pública: estatal / Privada: Igreja Católica

Afectação

Sem afectação

Época Construção

Séc. 17 / 19

Arquitecto / Construtor / Autor

ARQUITECTO: Baltazar Álvares (1614); Luís Caetano Pedro de Ávila (1881-1885). CANTEIRO: José Francisco (1722). PEDREIRO: João Álvares (1722). PINTOR: António Machado Sapeiro (séc. 18); Jerónimo de Barros Ferreira (séc. 18); Vitorino Manuel da Serra (séc. 18).

Cronologia

1614 - fundação de convento, destinado a receber 40 mulheres nobres, sob a invocação de Nossa Senhora dos Remédios, patrocinada por Manuel Gomes de Elvas, fidalgo da casa de Sua Magestade e filho do 1º correio-mor do reino; projecto de Baltazar Álvares; 1633 - início da construção do edifício; séc. 17, 2ª metade - decoração do interior, patrocinada pelo 1º cardeal patriarca de Lisboa, D. Tomás de Almeida; 1675 - colocação do portal lateral N. da fachada principal; séc. 18 - execução de um oratório com presépio *1; pintura do convento por Vitorino Manuel da Serra; 1721 - o edifício encontra-se concluído e fecha-se a clausura, contando a comunidade religiosa, da ordem da Santíssima Trindade, com 40 freiras, 2 capelães, médico, botica e 3.500 cruzados de renda; 1722 - contrato para a obra da fachada principal com os mestres pedreiro João Álvares e o canteiro José Francisco, morador em Bela (COUTINHO: 319); 1755, 1 novembro - o terramoto causa poucos danos ao edifício, mas a igreja fica muito danificada; demolição do terreiro para a construção da Fábrica do Rato; o espaço passa a servir de armazéns; 1758, 26 março - nas Memórias Paroquiais, assinadas pelo pároco de Santa Isabel Felisberto Leitão de Carvalho, é referido o Convento que tem como padroeiro Luís José Correia de Lacerda, que autoriza a entrada das religiosas, em n.º de 40; 1831 - sepultado non local o Padre José Agostinho de Macedo; 1833 - segundo Luís Gonzaga Pereira, a igreja tem a capela-mor, as colaterais e mais três laterais; na entrada, a Capela de Nossa Senhora da Caridade com confraria; tem teto pintado por Vitorino Manuel da Serra e o centro por Jerónimo de Barros Ferreira; tem um quadro de Santo António, pintado por António Machado Sapeiro; na capela da direita, as imagens de São Miguel e Nossa Senhora das Necessidades; noutra, a imagem do Beato Simão de Roxas; 1834 - decreto liberal da expulsão das Ordens Religiosas; 1880 - morte da última freira; 1881 - 1885 - remodelação geral do imóvel, com vista à instalação de um Asilo, sob a direcção do arquiteto Luís Caetano Pedro de Ávila, responsável designadamente pela aposição do corpo central, de feição neoclássica; 1895 - instalação no antigo complexo arquitectónico conventual, já remodelado, do Asilo de Nossa Senhora da Conceição; séc. 20, década de 30 - a capela recebe o retábulo maneirista proveniente do transepto do Mosteiro da Batalha (v. PT021004010001).

Dados Técnicos

Paredes autoportantes

Materiais

Alvenaria mista, reboco pintado, cantaria de calcário, estuque, ferro forjado, madeira

Bibliografia

ALMEIDA, D. Fernando de, (dir. de), Monumentos e Edifícios Notáveis do Distrito de Lisboa, Vol. V (Vol. II-Lisboa), 1975; ARAUJO, Norberto de, Peregrinações em Lisboa, Vol. III, Livro XI, Lisboa, s.d.; CAEIRO, Baltazar Matos, Os Conventos de Lisboa, Lisboa, 1989; CONSIGLIERI, Carlos e OUTROS, Pelas Freguesias de Lisboa. Santo Condestável, Santa Isabel, São Mamede, Coração de Jesus, Lisboa, 1995; COUTINHO, Maria João Fontes Pereira, A produção portuguesa de obras de embutidos de pedraria policroma (1670-1720). Lisboa, Dissertação de Doutoramento em História da Arte apresentada à Faculdade de Letras de Lisboa, 2010, 3 vols.; FRANÇA, José-Augusto, A Sétima Colina, Lisboa, 1994; História dos Mosteiros, Conventos e Casas Religiosas de Lisboa, Lisboa, 1972, vol. II, ; MATOS, Alfredo, PORTUGAL, Fernando, Lisboa em 1758. Memórias Paroquiais de Lisboa, Lisboa, Câmara Municipal de Lisboa, 1974; Ministério das Obras Públicas, Relatório da Actividade do Ministério nos anos de 1957 e 1958, 1º Volume, Lisboa, 1959; Monumentos, n.º 7 e n.º 10 a n.º 12, n.º 15-17, n.º 19-20, n.º 23, Lisboa, DGEMN, 1997, 1999-2005; PAIS, Alexandre Manuel Nobre da Silva, Presépios Portugueses Monumentais do século XVIII em Terracota [dissertação de Mestrado na Universidade Nova de Lisboa ], Lisboa, 1998; PEREIRA, Luís Gonzaga - Monumentos Sacros de Lisboa em 1833. Lisboa: Oficinas Gráficas da Biblioteca Nacional, 1927; SERRÃO, Vítor, História da Arte em Portugal - o Barroco, Barcarena, Editorial Presença, 2003.

Documentação Gráfica

IHRU: DGEMN/DSARH, DGEMN/DRELisboa/DRC/DIE/DEM, DGEMN/DRMLisboa, DGEMN/DSEP/DNISP

Documentação Fotográfica

IHRU: DGEMN/DSID, DGEMN/DRELisboa, DGEMN/DSARH

Documentação Administrativa

IHRU: DGEMN/DRELisboa

Intervenção Realizada

DGEMN: 1957 / 1958 - obras pelos Serviços de Construção e Conservação; 1997 - beneficiação de revestimentos, paredes e tectos; remodelação das instalações sanitárias; remodelação da instalação eléctrica e do ar condicionado; 1998 - remodelação das salas de aula do Colégio de Nossa Senhora da Conceição; 1998 / 1999 - beneficiação da instalação eléctrica e remodelação do ar condicionado; reforma das instalações sanitárias; remodelação da entrada principal da Direcção-Geral e demolição de uma sala ampla, para formar 3 gabinetes; 1999 - beneficiação das coberturas da Direcção-Geral e do Colégio; 2001 / 2002/ 2003 - beneficiação das salas, para adaptação a escola do ensino básico, com feitura de novas salas de aula, arranjo das instalações sanitárias e arranjos exteriores; 2003 / 2004 / 2005 - projecto e execução de adaptação de algumas dependências ao ensino da pré-primária; 2005 - conclusão da obra de acesso ao piso da pré-primária no Colégio de Nossa Senhora da Conceição e continuação da obra para remodelação do piso para instalação da pré-primária.

Observações

*1 - integra o espólio do Museu Nacional do Azulejo.

Autor e Data

Teresa Vale e Maria Ferreira 1998 / João Machado 2006

Actualização

 
 
 
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