Casa da Quinta da Pimenta / Casa da Madre Paula / Palácio Galvão Mexia / Museu da Cidade de Lisboa
| IPA.00004040 |
Portugal, Lisboa, Lisboa, Alvalade |
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Arquitectura residencial, barroca. Palácio de planta rectangular, com a fachada posterior a envolver um pátio interno, integrando capela exteriormente indistinta. Fachada principal de execução tardo-barroca, evoluindo em dois pisos, possuindo cornija que se alteia, dando origem às armas de Portugal, encimadas por coroa fachada, marcada por vários panos com duas ordens de pilastras toscanas, rematadas por bustos; os vãos rasgam-se de forma regular, em arco abatido, sendo mais exuberante os do pano central, formando o pórtico de acesso, flanqueado por pilastras em ângulo, criando um portal convexo, sobre as quais surgem mísulas que sustentam a sacada corrida do piso superior, para onde abrem janelas altas e com molduras recortadas, as do pano central encimadas por friso almofadado e cornija. As fachadas laterais possuem amplas mansardas. Interior com acesso por vestíbulo. Exterior de grande sobriedade estrutural, mas com elegantes janelas emolduradas e portal exuberante, ladeado por pilastras em ângulo, criando os típicos portais do final do séc. 18. Na fachada posterior desenvolve-se um amplo pátio, fechado por três alas. Azulejos joaninos de figura avulsa do 2º quartel do séc. 18 na cozinha e azulejos rococó no andar nobre. |
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Número IPA Antigo: PT031106090049 |
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Registo visualizado 3680 vezes desde 27 Julho de 2011 |
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Edifício e estrutura Edifício Residencial senhorial Casa nobre Casa nobre Tipo planta retangular com pátio central
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Descrição
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Planta rectangular composta, desenvolvendo-se o primeiro piso à volta de pátio central, com coberturas diferenciadas em telhados de quatro águas formando mansarda nas fachadas laterais e na posterior. Fachadas rebocadas e pintadas de branco, evoluindo em dois pisos separados por friso, percorridas por embasamento de cantaria e flanqueadas por cunhais de cantaria, estes últimos sobrepujados por urnas e bustos clássicos, rematando em friso e corija, alteada na zona central, dando origem a um escudo e coroa fechada, encimado por busto clássico. Fachada principal virada a E., formado por cinco panos, os extremos sensivelmente recuados, divididos por duas ordens de pilastras toscanas, rasgados de forma regular e simétrica por vãos em arco abatido e molduras recortadas, com pingentes laterais e encimados por botões; possuem caixilharias de madeira pintadas de branco e verde, com vidros simples e protegidas por portadas interiores de madeira pintadas de branco. No piso inferior, surge, ao centro, portal em arco de volta perfeita, sustentado por duas pilastras, que se prolongam em duas arquivoltas com fecho em forma de consola; é protegido por duas folhas de madeira almofadadas, encimadas por bandeira de ferro forjado e vidro; está ladeado por duas pilastras dispostas de forma diagonal, encimadas por enrolamentos, servindo de mísulas à janela de sacada corrida do segundo piso, com bacia recortada e de cantaria, assente em mais quatro mísulas laterais, com guarda em ferro forjado, pintado de verde, formando enrolamentos e linhas sinuosas; para esta abrem duas portas-janelas, intercaladas por dois bustos, um masculino e um feminino, assentes em estípides; no centro da sacada, um mastro da bandeira. O portal inferior é ladeado por duas janelas de peitoril, protegidas por grades. Os panos intermédios possuem três janelas de peitoril no piso inferior, com grades em peito de rola, encimadas por três janelas de sacada, assentes em duas mísulas e com guardas semelhantes à da sacada central, para as quais abre uma porta-janela. Os panos exteriores possuem duas janelas de peitoril no piso inferior e duas de sacada no superior, semelhantes às dos panos intermédios. As fachadas laterais são semelhantes, possuindo quatro janelas de sacada no segundo piso, semelhantes às da fachada principal, encimadas por ampla mansarda, revestida a telha, onde se rasgam duas janelas rectilíneas com molduras simples e caixilharia de guilhotina. Fachada posterior abre para pátio quadrangular, fechado por alas rectilíneas, com coberturas diferenciadas em telhados de quatro águas; o corpo principal evolui em dois pisos, rasgados por vãos semelhantes aos das demais fachadas. INTERIOR com vestíbulo calcetado, de onde evolui escadaria imperial, em cantaria de calcário. Possui pátio calcetado para onde davam a capela, cozinha e cavalariça. Cozinha com alto lambril de azulejos de figura avulsa integrando, num painel, uma escrava negra arranjando peixe. As salas da ala S. do 1º piso têm lambril de azulejos (*2) figurativos, com cenas inspiradas "chinoiseries", paisagens ribeirinhas, cenas mitológicas e caçadas. Do pátio parte escada para o andar nobre com lambril de azulejos figurativos azuis e brancos e polícromos, painéis que revestem igualmente os salões. Junto à fachada posterior, desenvolve-se jardim de cerimónias conservando com pequenas alterações o traçado primitivo; nos limites posteriores da mata existe também a construção para o jogo da péla, uma nora, poço e alpendre para alfaias agrícolas. |
Acessos
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Campo Grande, n.º 245 (extremo ocidental). WGS84 (graus decimais) lat.: 38,758452; long.: -9,156664 |
Protecção
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Categoria: IIP - Imóvel de Interesse Público, Decreto nº 27 396, DG, 1.ª série, n.º 302 de 26 dezembro 1936 *1 |
Enquadramento
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Urbano, isolado, implantado num dos extremos do Campo Grande, fronteiro ao Jardim (v. PT031106091148), erguendo-se junto à Segunda Circular de Lisboa, sendo vedado por alto muro, a E. rasgado por dois vãos rectangulares gradeados e portões, e precedido por espaço ajardinado com pano de muro formando meia-laranja. |
Descrição Complementar
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Utilização Inicial
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Residencial: casa nobre |
Utilização Actual
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Cultural e recreativa: museu |
Propriedade
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Pública: municipal |
Afectação
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Sem afectação |
Época Construção
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Séc. 18 |
Arquitecto / Construtor / Autor
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ARQUITECTO: Raul Lino (1974). PINTOR de AZULEJOS: Nicolau de Freitas (1744). |
Cronologia
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Séc. 18, 1ª metade - construção, atribuída, segundo a tradição, a D. João V para ali instalar Madre Paula, freira do Mosteiro de São Dinis de Odivelas; 1744-1747 - provável construção do edifício pela família Galvão Mexia, que aí passou a residir; 1744 - pintura de um registo de azulejo por Nicolau de Freitas; 1746 - data dos azulejos do 1º piso; c. 1760 - produção dos azulejos do andar nobre; séc. 19 - pertencia a Joaquim Pedro Quintela, Conde de Farrobo, que nunca o habitou; 1832 - o 2.º Barão, Joaquim Pedro Quintela, fez um empréstimo sobre o contrato do Tabaco, para financiar a causa liberal, sub-rogando o negócio a Lino da Silveira e Manuel Joaquim Pimenta; devido à falta de cumprimento pela Casa Real, o caso esteve em tribunal, e a casa acabou por ir parar às mãos de Manuel Joaquim Pimenta; séc. 20, início - a casa foi vendida pela Companhia Bairro Europa, que visava a construção de um bairro de casas económicas no local; 1910 - vivia no local Carlos Luís Ahrends; 1914 - adquirido pelo engenheiro Jorge Lobo de Ávila Graça; 1956 - construção da Segunda Circular corta parte do jardim; 1957 - os herdeiros do engenheiro deixaram de habitar o palácio; 1961 - adquirido pela Câmara Municipal de Lisboa por 9000 contos, estando o Brasil interessado no imóvel para instalar a sua Embaixada; 1974 - aprovação do projecto do arquitecto Raul Lino, para instalação do Museu da cidade *3; 1979 / 1984 - aberto ao público em fases sucessivas, com projeto de arquitetura de Duarte Nuno Simões e projeto museológico de Irisalva Moita; 2007, 14 fevereiro - proposta de definição de Zona Especial de Proteção pela DRLisboa; 19 março - parecer favorável do Conselho Consultivo do IPPAR; 2008, 28 janeiro - Despacho de homologação da Zona Especial de Proteção pela Ministra da Cultura. |
Dados Técnicos
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Sistema estrutural de paredes portantes. |
Materiais
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Estrutura em alvenaria de calcário, rebocada e pintada; modinaturas, pilastras, cornijas, mísulas, pavimentos em cantaria calcária; portas, pavimentos e portadas de madeira; caixilharias de madeira e vidro simples; decoração interior em azulejo tradicional e estuques; guardas das sacadas em ferro forjado; cobertura de telha. |
Bibliografia
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O Museu da Cidade. História, Instalações e significado, Lisboa, s.d; DIAS, Jaime Lopes, O Museu da Cidade de Lisboa, Separata da Revista Municipal, Lisboa, 1943; MECO, José, Azulejaria Portuguesa, Lisboa, 1985; BINNEY, Marcus, Casas Nobres de Portugal, Lisboa, 1987; ALMEIDA, Dir. José António Ferreira de, Tesouros Artísticos de Portugal, Porto, 1988; SANTANA, Francisco, SUCCENA, Eduardo, Dicionário da História de Lisboa, Lisboa, 1994; RÊGO, Manuela, Um passeio à volta do Campo Grande, Lisboa, Contexto Editora, Lda., 1996; SERRÃO, Vítor, História da Arte em Portugal - o Barroco, Barcarena, Editorial Presença, 2003. |
Documentação Gráfica
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IHRU: DGEMN/DRMLisboa |
Documentação Fotográfica
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IHRU: SIPA, DGEMN/DSID, DGEMN/DRMLisboa |
Documentação Administrativa
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IHRU: DGEMN/DSID, DGEMN/DRMLisboa; CML: Arquivo do Alto da Eira, pº nº 5.831 |
Intervenção Realizada
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PROPRIETÁRIO: 1918 - Jorge Graça obtém autorização para mudar o portão da horta para o lado N.; 1919 - limpeza da casa; 1927 - intimidação para beneficiação; 1930 - substituição do madeiramento do telhado da casa abarracada das traseiras; 1933 - beneficiação; construção de uma divisória a tijolo; 1940 - reparos interiores, nos telhados e canos de esgoto; limpeza exterior; pintura do portão; 1943 - retiro das biqueiras no telhado; 1950 - reparações urgentes; 1957 - arranjo local exterior da casa; 1963 - substituição da cobertura; CML: 1963 / 1964 - obras de adaptação pela Câmara para instalação do Museu; 1969 - instalação do sistema automático de detecção de alarme de incêndio, pela Câmara. |
Observações
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*1 - DOF: "Edifício no extremo ocidental do Campo 28 de Maio (Campo Grande) / Casa da Quinta da Pimenta / Casa da Madre Paula / Palácio Galvão Mexia, jardim e a meia-laranja fronteira". *2 - a aplicação destes azulejos é posterior à construção do palácio. *3 - 1909, 15 Julho - por proposta do vereador Tomás Cabreira, foi resolvido criar um Museu Municipal Histórico, provisoriamente instalado nos Paços do Concelho, dirigido por uma comissão composta por um vereador, um delegado da Academia de Belas Artes e outro da Associação dos Arqueólogos Portugueses, e pelo director e um funcionário do Arquivo Municipal; o vereador Ventura Terra alvitrou que se localizasse o Museu no futuro Palácio das Exposições, a construir no Parque Eduardo VII; 1910, 25 Maio - a comissão estava constituída, formada pelo vereador Tomás Cabreira, José Pessanha e Gabriel Pereira, Eduardo Freire de Oliveira e Carlos Ulrico Teixeira de Magalhães; 1911 - é disponibilizado orçamento para a compra de objectos e outras despesas com o Museu; 1921, 26 Maio - a organização do Museu Municipal ficaria a cargo da Associação dos Arqueólogos; 1922, 17 Abril - perante o atraso na instalação do Museu, Afonso Dornelas propõe que se ceda uma parte do Convento do Carmo para a instalaçao do mesmo; 27 Abril - resolução para acautelar lápides e pedras de armas que aparecessem durante obras; 10 Junho - inauguração do Museu da Cidade nas ruínas do Carmo, estando presente o Presidente da República, António José de Almeida; desse Museu constava o levantamento da cidade de Tinoco, um relevo do Passeio Público e da Praça de Touros de Santa Ana, o tinteiro do Visconde de Castilho, fósseis, artefactos romanos, fotografia do Arco da Rua Augusta e do foral de Lisboa; 1931, 19 Março - foi aprovado a instalação de uma colecção de objectos orientais na Câmara, enquanto o edifício do Parque Eduardo VII não estivesse concluído. |
Autor e Data
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Paula Noé 1990 / Paula Figueiredo 2008 |
Actualização
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